Não interessa fazer mais comentários. A
crónica de Rui Ramos historia
bem os factos, os seus comentadores esforçam-se por aclarar um vasto romance de
palavras de variadas chaves, bem risíveis algumas, de tosco radicalismo
esquerdista.
UNIÃO
EUROPEIA: O nosso regime ainda é deste mundo? /premium
O nosso regime assenta, desde 1976,
na premissa da solidariedade do Ocidente, tal como existiu durante a Guerra
Fria e nos anos 90. Num mundo menos internacionalista, que poderá acontecer ao
regime? Depois da bancarrota de 2011,
imposta ao país pelas mesmas famílias socialistas que hoje ainda nos regem, o
medo em Portugal passou a ter uma cara: a do programa da troika. Sempre que a
economia desacelera, as bolsas caem, ou os juros sobem na América, é isso que
vagamente se receia: o regresso da troika. Este medo tem duas faces. A primeira é realista, a
segunda é uma ilusão. A face realista tem a ver com a consciência de que,
embora a conjuntura tenha mudado, pouco mudou estruturalmente: os turistas
desembarcam, mas a nossa dívida cresce e o Estado continua a constranger-nos
com a sua burocracia e os seus impostos. A ilusão tem a ver com outra coisa: a
ideia de que, se tudo correr mal, não será pior do que da última vez. Como se,
durante estes oito anos, nada tivesse acontecido e o mundo continuasse na
mesma.
O facto, porém, é que aconteceu muita
coisa: o Brexit, o Syriza, Donald Trump, Matteo Salvini, a Alternativ fur
Deutschland, etc. Sim, Angela
Merkel ainda lá está, mas derrotada e com sucessor à vista. Podemos tratar tudo
isso como uma mão cheia de episódios avulsos. Ou podemos ver nessa sequência o
princípio do fim daquele mundo em que, durante anos, fizemos défices e dívidas
sem outra preocupação senão a de receber um puxão de orelhas da Comissão
Europeia ou, no pior cenário, uma visita da troika, a pedir-nos que
moderássemos os gastos em troca de mais empréstimos. O mundo está hoje menos “internacionalista” do que há oito anos. Com
Trump, mas já antes dele com Obama, os EUA deixaram de esconder a impaciência
com o papel de polícia do planeta. Com o referendo do Syriza na Grécia, a crise
migratória de 2015, o Brexit, o desafio de Salvini em Itália ou os coletes
amarelos em França, algo se deslassou na maionese integracionista europeia. É
verdade: o euro continua a existir, o Syriza acabou por cumprir os tratados,
Salvini recuou nas provocações, e ainda nem sabemos se o Reino Unido vai mesmo
sair. Mas parece muito óbvio que não será fácil um governo europeu pôr os seus
cidadãos a fazerem sacrifícios pela Europa, mesmo que o interesse do país seja
esse. Os “populistas” disciplinaram o integracionismo ilimitado dos anos 90,
quando o governo de Kohl pôde obrigar os alemães a renunciar à sua moeda ou
quando, sempre que um país votava contra Bruxelas, bastava obrigá-lo a votar
outra vez. Ora, o
resgate português de 2011 pertence a esse mundo pré-Brexit e pré-AfD. E se da
próxima vez não houver troika como em 2011?
O
nosso regime assenta, desde 1976, na premissa da solidariedade e unidade do
Ocidente, tal como existiu durante a Guerra Fria e ainda nos anos 90. Era um
mundo em que também havia egoísmo e impaciência, mas em que a causa da coesão
prevalecia sempre. Em 1975, talvez Kissinger não se tivesse importado de usar
Portugal como vacina contra o eurocomunismo, mas Carlucci não deixou um aliado
da NATO tornar-se uma Cuba europeia. Os dez países da CEE demoraram muito tempo
a integrar Portugal, mas nunca houve dúvidas de que o fariam. A nossa
oligarquia habituou-se a confiar no enquadramento internacional para se
dispensar de garantir o regular funcionamento das instituições ou o crescimento
sustentado da economia. Ainda se lembram de quando nos explicavam que, com o
euro, o défice externo já não tinha importância? Afinal tinha. Bastará, para
estarmos descansados, a expectativa de que a “Europa” intervirá sempre que
houver dificuldades? Que será do regime se o 112 da integração internacional
falhar ou não funcionar como esperado? Estamos na mesma num mundo que já não é
o mesmo: eis o que pode, um dia, ser o princípio de um grande sarilho.
COMENTÁRIOS
Lew Perry: O problema de que RR se esquece, é que para muitos comunistas derrotados, a
NATO e a UE se tornaram na continuação do eurocomunismo por outros meios.
(vide. Teresa de Sousa).
Quinto Império: Sabem qual é o cúmulo da
insanidade? É continuar a fazer sempre a
mesma coisa (neste caso erros) e esperar um resultado diferente.
Alexandre AC: Sério aviso à navegação imprudente em curso. Oxalá
sirva pelo menos para provocar uma reflexão. Excelente artigo como é
habitual
Maria Narciso: Um dos Problemas Sérios da
Europa é o Défice Democrático: Não se sabe quem toma as Decisões Político
- Financeiro. - Não Têm de Prestar Contas a um Parlamento- Estão á Parte
do Debate Politico. A liderança Política foi Substituída por uma Máquina
Burocrática que Não Responde a Ninguém. Este Nobre Povo e Esta Nação Valente à
qual me Orgulho de Pertencer, já Demonstrou que Honra os seus Compromissos . Os
Portugueses Hoje Mais do que Antes - Precisam de Ter Esperança - Confiança e
Expectativa de Vida.
Helder Vaz Pereira: Os esquerdalhas não se importam nada com isso; O tacho
para já está garantido; é vê-los pelas tascas do Bairro Alto e
Cais-de-Sodré todos pimpones e lampeiros com as mininas a tiracolo
a gozar os proveitos da mesa do Orçamento. Este regime é do "outro"
mundo.
Maria Narciso: Portugal faz parte da UE.. É na EU que se tem de encontrar as
Alternativas. A UE Não pode repetir o mesmo Erro do Passado Recente em que
respondeu Muito Mal á Crise : - Violando os Tratados e Expondo os Estados
Membros com Economias Frágeis a comportamentos Especulativos dos Mercados
Financeiros.
Antonio Fonseca > Maria Narciso: Podemos ser irresponsáveis à vontade que a UE alinha em
todas as nossas loucuras!
Maria Narciso > Maria Narciso: O Papel do BCE deve ir para
além da Estabilização de Preços e os Tratados Europeus Devem ser Alterados de
Forma a Permitir ao BCE de Emitir Moeda em Semelhança á Reserva Federal da
América. Os Países Precisam de Receita - Sendo Necessário Criar Medidas Eficazes no
Combate á Evasão Fiscal.
Quinto Império > Maria Narciso: OH maria narcisa sempre a mesma ideologia cega. Você
aposto que tem a melhor das intenções mas na prática está longe da verdade.
dragone, Pedro: Evitar mais bancarrotas e Troikas não é uma questão de
direitas ou de esquerdas. É uma questão de cultura de rigor, competência e
sentido de responsabilidade. E, nos tempos que correm, arrumar a ideologia
junto ao rolo de papel higiénico também ajuda. Seja ela ideologia de direita,
de esquerda, de "esguelha", a fazer o pino ou de pernas para o
ar. De qualquer forma não vale pena assustar as hostes, como se
fossem criancinhas porque, ainda que a UE desaparecesse do mapa, em caso de dificuldades
há sempre o FMI. Como aconteceu nos anos 80.
Liberal Impenitente: Desde 2011 o mundo não mudou assim tanto, mas isso não é preciso para que
devamos saber que o segundo resgate a Portugal, que Wolfgang Schauble afirmou
categoricamente que seria necessário, não será como o de 2011. Há múltiplas
razões para que assim seja, e deveria bastar-nos o conhecimento do caso grego
para o saber. Quem admite que poderá acontecer uma segunda Troika benevolente,
quase condescendente, como a primeira, vive, de facto, na ilusão. Para quem não
gosta desse estupefaciente socialista, como é o meu caso, ver de novo os altos
funcionários do FMI a saírem do avião na Portela deveria fazer-nos tremer. Como
é óbvio, a esmagadora maioria dos portugueses está-se nas tintas, e basta ver
como votam para o saber. Esse é um erro que lamentarão amargamente.
Paulo Silva: Se ainda é, caro Rui Ramos?!... O nosso
regime da IIIª, (ou IIª), República nunca foi deste mundo porque assentou em
equívocos e modelos que já estavam moribundos à data da nascença. Um mix de
dogmatismo marxista-leninista com o modelo keynesiano que alimentou os “30 anos
gloriosos”... Este pequeno País foi de facto pioneiro da “Grande Divergência”,
e curiosamente a última talassocracia do Ocidente, mas a pergunta é. Que papel
terá na fase conhecida por ‘Globalização’?… (se é que poderá ter algum).
PS: com o cunhalismo ao leme, Portugal nunca seria eurocomunista. Porque o
eurocomunismo representava uma espécie de não alinhadismo desses PC’s
relativamente ao Kremlin, e isso era tudo o que o secretário-geral Dr.
Barreirinhas Cunhal não era. Creio aliás que foi isso que nos salvou da
possibilidade real de nos transformarmos numa Cuba, ou Albânia da Europa
ocidental.
Ana Ferreira: Sempre no seu estilo capcioso RR faz a pergunta. Acontece que o que está em
causa já não é a solidariedade, mas a óbvia obrigação de estarmos condenados a
entendermo-nos. A globalização, para países com da dimensão e particularidades
geopoliticas como Portugal, acaba por fazer daqueles um resumo de muitas
consequência e poucas causas, sobretudo em matérias económico financeiras.
Restam as questões culturais, verdadeiramente estruturais, sentidas a médio e
longo prazo, as que é preciso, e possível, defender contra iliberais como este
cronista.
Manuel Magalhães > Ana Ferreira: Tanta estupidez... o problema
são os números e não a fantasia da solidariedade, porque quando os números
começarem a escassear em quem nos tem ajudado, vamos ver onde é que está a tal
solidariedade. Cada país tem que saber tratar de si próprio e não basear
a sua independência na eventual solidariedade dos outros. Haja vergonha!!!
Pedro Alves: O futuro deste regime está umbilicalmente ligado ao futuro da integração
europeia. Foi sempre assim, o que garantiu a viabilidade da partidocracia
par(a)lamentar portuguesa pós-1976 foi a integração no espaço económico e
político europeu, sem isso isto já nem estava como a Venezuela, apostem mais em
algo tipo Somália. Quando e se a UE se desagregar ou deixar de pagar o
"pão para malucos", este paradigma político ruirá como um castelo de
cartas. O que virá a seguir? Seguramente nada de bom, mas talvez os portugueses
finalmente (?) se apercebam de que sem produção de riqueza, sem rigor e sem
trabalho, não há milagres.
Vitor Batista: O nosso regime é deste mundo,
um regime bem porco e terreno, mas só porque uma cambada de borregos amestrados
assim o permitem, porque quando chega a hora da decisão ficam em casa, mas aquilo
que outrora era o garante da caridade Europeia está a acabar, de hoje em diante
vamos ter de fazer pela vida, porque os outros Europeus estão fartos de pagar
impostos para satisfazer os nossos oligarcas xuxalistas corruptos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário