domingo, 13 de janeiro de 2019

Bem-vindo a Beirais



Um discurso às pinguinhas, nos altos e baixos de um pensamento flutuante e indomável, traduzindo saber, experiência e uma originalidade de arguta concisão, que não se alargando em pesados descritivos de “Caracteres”, como tantos seus predecessores, transmite um conhecimento humanista sem ilusão. Nem carne nem peixe, contudo, que não está para tomar posições extremistas, numa verrina ligeira à vol d’oiseau, batendo e fugindo, sem compromissos, numa clarividência bonacheirona, ao capricho das suas “boutades” que o pessimismo acompanha.
Seja como for, o nosso regozijo pelo seu retorno, de quem o julgava, tristemente, para sempre desaparecido.
OPINIÃO
Diário
VASCO PULIDO VALENTE
PÚBLICO,
Telefonema de Marcelo para Cristina Ferreira. Não me admira: são cortesias de colegas. Quando sair de Belém o destino natural deste Presidente do Povo é um programa da manhã.
12 de Janeiro de 2019, 6:35
3 de Janeiro
Banalidades de Marcelo no discurso de Ano Novo, mas toda a gente em êxtase a ver se a popularidade dele se lhe pega. Não pega. Nestas coisas, a esquerda chega a ser patética: o Público até lhe chamou “revolucionário”. O mesmo Marcelo foi à inauguração de Bolsonaro, para mais um exercício da falsa fraternidade luso-brasileira. Ao pé do outro pareceu-me velho e caduco. De qualquer maneira, gostei de o ver; porta-se nestas cerimónias com o à vontade de um ministro de Salazar.
4 de Janeiro
Pensamentos de um comentador desportivo sobre o despedimento do treinador do Benfica: “Não se pode ser boa pessoa e ser bom treinador”; “Em qualquer profissão é preciso, para subir, pôr os pés nos ombros dos rivais”.
5 de Janeiro
A esquerda continua a insistir que não se pode banalizar o mal. Seja o mal Trump, Bolsonaro, Visegrado, Salvini, ou um pequeno criminoso político português. Isto parece inócuo mas não é. É igual ao enorme saco do anti-fascismo, que Estaline inventou e que produziu algumas das maiores tragédias políticas dos anos 30 aos anos 50, e em Portugal até aos anos 70, PREC incluído. Depois de todas as confissões, revelações e autocríticas, suspeito que à socapa se está a voltar aos truques do costume com os argumentos do costume. O ministro João Cravinho não aprendeu nada com o pai.
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Fala-se por aí de mais um grupo anti Costa, denominado Movimento “Europa e Liberdade”. Vai-se ver os nomes e, ao princípio, a coisa até nem cheira mal. Infelizmente, quase no fim, vêm à tona o “sector da energia” e o nosso querido amigo Daniel Proença de Carvalho. Nem com pinças.
7 de Janeiro
Telefonema de Marcelo para Cristina Ferreira. Não me admira: são cortesias de colegas. Quando sair de Belém o destino natural deste Presidente do Povo é um programa da manhã.
Um manifesto, assinado por umas dezenas de associações e à volta de 250 “personalidades” – “O racismo e o fascismo não passarão!”. Não se percebe este frenesim, que se comunicou ao Presidente da República e produziu um apelo aos portugueses para não serem intolerantes nem radicais.
Quem acha que Portugal é uma sociedade racista não sabe o que é uma sociedade racista. E quem acha que o país de repente está perto do fascismo – coisa que nem durante a ditadura esteve – endoideceu. Quanto à intolerância e ao radicalismo, que verdadeiramente só existiram durante o PREC, não consigo imaginar onde Marcelo os vê. Espero que ele não se referisse às greves do fim do ano. As nossas greves são, e sempre foram, um exemplo de moderação.
Posto isto, não é difícil perceber a origem do excesso de zelo, que por aí anda. A Europa quer alistar os portugueses na campanha pela União e contra o populismo (seja o que for que se entende por isso). Compete aos portugueses decidir se querem entrar em querelas que não lhes dizem respeito.
8 de Janeiro
Suponham que Trump nunca pensou em construir o muro (que, de resto, é obviamente uma metáfora), e está a desafiar o Congresso para os americanos se convencerem que os democratas o impediram de construir o muro.
9 de Janeiro
Uma discussão hipócrita sobre a abolição das propinas. Para abolir as propinas basta uma assinatura; para construir residências e restaurantes universitários é preciso uma política.
10 de Janeiro
A que propósito a RTP transmite em directo, ou tentou transmitir, as cerimónias de posse de um ditador demente como Nicolás Maduro? Maduro não é populista?
11 de Janeiro
Luís Montenegro e Miguel Morgado, mais dois que se tomam por Sá Carneiro. Quando deviam falar, não falaram; e agora que não deviam falar, não conseguiram ficar calados. É transparente que as listas de candidatos para o parlamento europeu e para a Assembleia da República é aquilo que do coração os move.
A dra. Manuela Ferreira Leite também veio proclamar ao povo que não era de direita. Sempre a achei um bocado desorientada.
Colunista

COMENTÁRIOS
AA...Para a mentira ser segura ... tem que ter qualquer coisa de verdade, Portugal : As crónicas de VPV são sempre irreverentes. Sem tomar partido por ninguém, apenas pela sua consciência, malha na esquerda e na direita como poucos. Com humor, escrita escorreita e até chega a ser bastante brincalhão. Que ande por aqui durante muitos e bons anos.
Bertold.  Lisbon : Para os críticos, VPV falha por não pensar exactamente como eles. Por não ter a mesma visão da história, dos políticos, da situação, etc. Mas tudo está em "pensar", e não em "pensar como"...
Espectro, Matosinhos : Já começo a sentir saudades do Vasco Pulido Valente! Confesso que, dada a sua ausência tão prolongada, até já lhe tinha rezado pela alminha, mas ainda bem que ainda anda por aí. O Vasco é uma azeitona azeda, sempre recusou ser adocicado, mas é das azedas que eu gosto. LOL
nelsonfari, Portela-Loures:  Não subscrevo o quadro teórico de referência do articulista mas admiro a sua escrita. Simples, concisa, equilibrada e bem "no osso". Um exemplo para os outros articulistas deste jornal. Também subscrevo o que diz do Presidente dos Afectos. Sou um leitor antigo de VPV desde "O Poder e o Povo".
José Ferreira Barroca Monteiro,  Lisboa: Um 'oráculo' que o poder fazia bem em ouvir. 'Inconveniente' por ser independente e culto, não lhes agrada.
Bertold,  Lisbon : Bela lucidez, boa escrita. É de agradecer... Venham mais dias e mais diários.
moco: Todos os dias são bons, mas o comentário do dia 8 de Janeiro leva a palma. Parabéns!
Andre felman cunha rego: Brilliantly back...!!!




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