Disse-o Cristo, e demonstrou-o, o qual ainda tem hoje seguidores, claro.
O texto de Salles da Fonseca - «ANDA O MALIGNO À SOLTA»
é muito severo na questão das educações
modernas e acusa os pais de abandonarem os filhos pelas ruas, não direi da
amargura mas da liberdade, sem os princípios familiares que dantes se incutiam,
pelo menos nalguns casos. É claro que há outras causas da muita bagunça - o
texto de Salles da Fonseca ainda vai
no adro – e eu permito-me alvitrar que esta era da alienação causada pela
electrónica vai conduzir a sociedade pelos caminhos de uma desumanização
progressiva, mas deixo o tema ao cuidado de S.F.
Eu limito-me a fazer uma ressalva ao seu pessimismo, e exemplifico com o caso
de José Sócrates e o vínculo afectivo
profundo entre este e sua mãe e vice-versa, como refere a notícia – que transcrevo
a seguir - apresentada no Público
pela redactora Ana Henriques, segundo ela, para as suas (dele,
Sócrates) “cenas” de sobrevivência, “tá a ver”? E isso comprova
enternecedoramente a perenidade do sentimento e coesão familiar, pelo menos o
maternal e o filial. Por isso estou optimista là-dessus, que me desculpe S. F., sendo que, «tá visto», todas as regras admitem excepções,
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 25.01.19
A
nossa juventude adora o luxo, é mal-educada, despreza a autoridade e não tem o
menor respeito pelos mais velhos. Os nossos filhos hoje são verdadeiros
tiranos. Eles não se levantam quando uma pessoa idosa entra, respondem aos
pais, são simplesmente maus. - frase que Platão atribui a Sócrates em diálogo com Polemarco, in «A República».
Habituamo-nos
a viver em determinados enquadramentos e, quando sentimos que as «coisas»
mudam, sentimo-nos perdidos e somos levados a pensar que as novas gerações é
que são as culpadas dos desarranjos por que passamos. E quanto mais aposentados
estamos, mais desadaptados nos sentimos e não faltará muito para que digamos
que «anda o maligno à solta».
(continua)
HENRIQUE
SALLES DA FONSECA
A BEM DA
NAÇÃO, 26.01.19
Uma
das «coisas» a que nos habituamos fácil e rapidamente é à qualidade de vida.
Assim é que todos na Europa temos como adquirida a segurança social, a reforma,
a democracia, as férias, etc. A paz internacional também é um «must» -
relativamente recente, sim, mas todos a vemos como um dado adquirido.
A
segurança física, essa, lastimavelmente, não está assim tão garantida como
todos gostaríamos.
Porquê?
Porque
o pai e a mãe foram trabalhar enquanto os filhos ficaram nas ruas da selva
urbana e suburbana e, cumprindo o espírito gregário que rege a nossa espécie,
constituíram grupos que nem sempre se dedicam às causas mais nobres.
Jovens
desenquadrados da cultura da tradição dos pais, não tiveram quem deles cuidasse
e gentilmente os acolhesse e integrasse numa cultura urbana.
E,
mesmo esta, que cultura é? A cultura pós-moderna, laica, dissociada de valores
religiosos e correspondentes moral e ética. Uma cultura que, não crendo numa
vida para além da morte, quer usufruir de tudo imediatamente num regresso ao
objectivo platónico da primazia do prazer a que juntou o hedonismo, o
consumismo, o exibicionismo.
E
se não houver meios para obter todo o prazer desejado e tudo o que se vê nos
escaparates, rouba-se porque vinga o sentido de posse e a legitimidade é um
conceito não incutido por qualquer enquadramento ético.
Com
a agravante do narcotráfico e da toxicodependência.
E
se tudo começou pela selva urbana dos bairros de lata, não tardou assim muito
para que o cenário se instalasse por entre o cimento do centro.
Eis
como o maligno se soltou bem perto de todos nós. (continua)
II -JUSTIÇA:
Caixa denunciou Sócrates e motivou Operação Marquês
Expresso avança que investigação ao
ex-primeiro-ministro começou com relatório enviado em 2013 pela Caixa à PJ.
Nele, o banco dizia que c
PÚBLICO, 26 de Janeiro de 2019
O Expresso (acesso pago) chama-lhe
o “capítulo oculto da Operação Marquês”. Ficou disponível este mês como anexo
dos autos do processo – meio milhar de "páginas inéditas" relativas aos
primórdios do caso, as primeiras de todas a serem produzidas, antes mesmo de
haver uma investigação oficial.
Ainda
no ano de 2013, esta comunicação bancária feita no âmbito do sistema de
prevenção do branqueamento de capitais desperta a atenção do Departamento
Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP). “Comunicou a CGD a verificação
de operações suspeitas em conta de José Sócrates Pinto de Sousa, porquanto
teria recebido na sua conta, entre Junho e Dezembro de 2012, transferências no
montante total de 450 mil euros, com origem na conta da sua mãe, Adelaide
Monteiro”, pode ler-se num ofício deste departamento do Ministério Público, que
tem por missão investigar a criminalidade económico financeira mais complexa.
“Fundamenta
essencialmente a suspeita o facto de as transferências terem sido suportadas
por créditos registados na conta de Adelaide Monteiro, que tiveram origem em
conta titulada por Carlos Santos Silva – o qual, por sua vez, já havia sido
alvo de comunicação por anterior operação suspeita”, refere o ofício.
Em
Março de 2012, o empresário amigo do ex-primeiro-ministro havia emitido um
cheque de 600 mil euros que foi depositado numa conta que a empresa Codecity
tinha aberta na CGD – firma de Rui Pedro Soares que, logo em Maio seguinte,
veio a devolver essa quantia a Santos Silva, também por cheque. Ora, deu-se a
coincidência de 600 mil euros ter sido a quantia que perfaziam três
transferências do empresário entre Junho e Setembro desse ano para a conta da
mãe de José Sócrates.
O facto de o ex-primeiro-ministro ter amortizado parcialmente, com o
dinheiro que recebeu da progenitora, um empréstimo de 120 mil euros que
contraíra junto da CGD contribuiu para adensar as suspeitas das autoridades.
Suspeitas que, porém, acabaram por ser dissipadas no que a estas transferências
bancárias específicas diz respeito.
Em
Setembro de 2012 Adelaide Monteiro vendeu ao amigo do filho, precisamente por
600 mil euros, um apartamento que tinha no mesmo edifício em que habitava José
Sócrates na altura, na Rua Braancamp, em Lisboa. O DCIAP acaba por concluir
nesta fase da investigação, em 2013, não terem sido recolhidos elementos que
configurassem um negócio de favor na transacção do apartamento – ou que a conta
do empresário tivesse servido de passagem para fundos destinados ao antigo
líder socialista.
“O relacionamento entre as contas de José Sócrates e da sua mãe traduz
a existência de negócios familiares, mas não a criação de justificativos para
ocultar a verdadeira origem dos fundos”,
concluíram na altura os investigadores que decidiram que não se justificava
converter esta averiguação preliminar num inquérito formal. Porém, o mesmo não
sucedeu com os indícios bancários relativos a Carlos Santos Silva.
Segundo
o semanário Expresso, nem os
arguidos nem os advogados tiveram acesso a estes autos – até agora. Foi o juiz
Ivo Rosa que exigiu estes documentos a tempo de estarem disponíveis no início
das sessões planeadas para a actual fase de instrução da Operação Marquês,
marcados para segunda-feira, dia em que decorre o interrogatório da arguida
Bárbara Vara, filha do ex-ministro socialista Armando Vara. A abertura
da instrução, fase processual facultativa, foi requerida por vários dos
advogados de defesa.
Sócrates,
que chegou a estar preso preventivamente durante dez meses e depois em prisão
domiciliária, está acusado de três crimes de corrupção passiva de titular de
cargo político, 16 de branqueamento de capitais, nove de falsificação de
documentos e três de fraude fiscal qualificada.
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