sábado, 26 de janeiro de 2019

É a Fé que nos salva



Disse-o Cristo, e demonstrou-o, o qual ainda tem hoje seguidores, claro.
O texto de Salles da Fonseca  - «ANDA O MALIGNO À SOLTA» é muito severo na questão das educações modernas e acusa os pais de abandonarem os filhos pelas ruas, não direi da amargura mas da liberdade, sem os princípios familiares que dantes se incutiam, pelo menos nalguns casos. É claro que há outras causas da muita bagunça - o texto de Salles da Fonseca ainda vai no adro – e eu permito-me alvitrar que esta era da alienação causada pela electrónica vai conduzir a sociedade pelos caminhos de uma desumanização progressiva, mas deixo o tema ao cuidado de S.F. Eu limito-me a fazer uma ressalva ao seu pessimismo, e exemplifico com o caso de José Sócrates e o vínculo afectivo profundo entre este e sua mãe e vice-versa, como refere a notícia – que transcrevo a seguir - apresentada no Público pela redactora Ana Henriques, segundo ela, para as suas (dele, Sócrates) “cenas” de sobrevivência, “tá a ver”? E isso comprova enternecedoramente a perenidade do sentimento e coesão familiar, pelo menos o maternal e o filial. Por isso estou optimista là-dessus, que me desculpe S. F., sendo que, «tá visto»,  todas as regras admitem excepções, 
 HENRIQUE SALLES DA FONSECA
 A BEM DA NAÇÃO, 25.01.19
A nossa juventude adora o luxo, é mal-educada, despreza a autoridade e não tem o menor respeito pelos mais velhos. Os nossos filhos hoje são verdadeiros tiranos. Eles não se levantam quando uma pessoa idosa entra, respondem aos pais, são simplesmente maus. - frase que Platão atribui a Sócrates em diálogo com Polemarco, in «A República». 
Habituamo-nos a viver em determinados enquadramentos e, quando sentimos que as «coisas» mudam, sentimo-nos perdidos e somos levados a pensar que as novas gerações é que são as culpadas dos desarranjos por que passamos. E quanto mais aposentados estamos, mais desadaptados nos sentimos e não faltará muito para que digamos que «anda o maligno à solta».
(continua)
 HENRIQUE SALLES DA FONSECA
 A BEM DA NAÇÃO, 26.01.19
Uma das «coisas» a que nos habituamos fácil e rapidamente é à qualidade de vida. Assim é que todos na Europa temos como adquirida a segurança social, a reforma, a democracia, as férias, etc. A paz internacional também é um «must» - relativamente recente, sim, mas todos a vemos como um dado adquirido.
A segurança física, essa, lastimavelmente, não está assim tão garantida como todos gostaríamos.
Porquê?
Porque o pai e a mãe foram trabalhar enquanto os filhos ficaram nas ruas da selva urbana e suburbana e, cumprindo o espírito gregário que rege a nossa espécie, constituíram grupos que nem sempre se dedicam às causas mais nobres.
Jovens desenquadrados da cultura da tradição dos pais, não tiveram quem deles cuidasse e gentilmente os acolhesse e integrasse numa cultura urbana.
E, mesmo esta, que cultura é? A cultura pós-moderna, laica, dissociada de valores religiosos e correspondentes moral e ética. Uma cultura que, não crendo numa vida para além da morte, quer usufruir de tudo imediatamente num regresso ao objectivo platónico da primazia do prazer a que juntou o hedonismo, o consumismo, o exibicionismo.
E se não houver meios para obter todo o prazer desejado e tudo o que se vê nos escaparates, rouba-se porque vinga o sentido de posse e a legitimidade é um conceito não incutido por qualquer enquadramento ético.
Com a agravante do narcotráfico e da toxicodependência.
E se tudo começou pela selva urbana dos bairros de lata, não tardou assim muito para que o cenário se instalasse por entre o cimento do centro.
Eis como o maligno se soltou bem perto de todos nós.       (continua)

II -JUSTIÇA: Caixa denunciou Sócrates e motivou Operação Marquês
Expresso avança que investigação ao ex-primeiro-ministro começou com relatório enviado em 2013 pela Caixa à PJ. Nele, o banco dizia que c
PÚBLICO, 26 de Janeiro de 2019
Expresso (acesso pago) chama-lhe o “capítulo oculto da Operação Marquês”. Ficou disponível este mês como anexo dos autos do processo – meio milhar de "páginas inéditas" relativas aos primórdios do caso, as primeiras de todas a serem produzidas, antes mesmo de haver uma investigação oficial.
Ainda no ano de 2013, esta comunicação bancária feita no âmbito do sistema de prevenção do branqueamento de capitais desperta a atenção do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP). “Comunicou a CGD a verificação de operações suspeitas em conta de José Sócrates Pinto de Sousa, porquanto teria recebido na sua conta, entre Junho e Dezembro de 2012, transferências no montante total de 450 mil euros, com origem na conta da sua mãe, Adelaide Monteiro”, pode ler-se num ofício deste departamento do Ministério Público, que tem por missão investigar a criminalidade económico financeira mais complexa.
“Fundamenta essencialmente a suspeita o facto de as transferências terem sido suportadas por créditos registados na conta de Adelaide Monteiro, que tiveram origem em conta titulada por Carlos Santos Silva – o qual, por sua vez, já havia sido alvo de comunicação por anterior operação suspeita”, refere o ofício.
Em Março de 2012, o empresário amigo do ex-primeiro-ministro havia emitido um cheque de 600 mil euros que foi depositado numa conta que a empresa Codecity tinha aberta na CGD – firma de Rui Pedro Soares que, logo em Maio seguinte, veio a devolver essa quantia a Santos Silva, também por cheque. Ora, deu-se a coincidência de 600 mil euros ter sido a quantia que perfaziam três transferências do empresário entre Junho e Setembro desse ano para a conta da mãe de José Sócrates.
O facto de o ex-primeiro-ministro ter amortizado parcialmente, com o dinheiro que recebeu da progenitora, um empréstimo de 120 mil euros que contraíra junto da CGD contribuiu para adensar as suspeitas das autoridades. Suspeitas que, porém, acabaram por ser dissipadas no que a estas transferências bancárias específicas diz respeito.
Em Setembro de 2012 Adelaide Monteiro vendeu ao amigo do filho, precisamente por 600 mil euros, um apartamento que tinha no mesmo edifício em que habitava José Sócrates na altura, na Rua Braancamp, em Lisboa. O DCIAP acaba por concluir nesta fase da investigação, em 2013, não terem sido recolhidos elementos que configurassem um negócio de favor na transacção do apartamento – ou que a conta do empresário tivesse servido de passagem para fundos destinados ao antigo líder socialista.
“O relacionamento entre as contas de José Sócrates e da sua mãe traduz a existência de negócios familiares, mas não a criação de justificativos para ocultar a verdadeira origem dos fundos”, concluíram na altura os investigadores que decidiram que não se justificava converter esta averiguação preliminar num inquérito formal. Porém, o mesmo não sucedeu com os indícios bancários relativos a Carlos Santos Silva.
Segundo o semanário Expresso, nem os arguidos nem os advogados tiveram acesso a estes autos – até agora. Foi o juiz Ivo Rosa que exigiu estes documentos a tempo de estarem disponíveis no início das sessões planeadas para a actual fase de instrução da Operação Marquês, marcados para segunda-feira, dia em que decorre o interrogatório da arguida Bárbara Vara, filha do ex-ministro socialista Armando Vara.​ A abertura da instrução, fase processual facultativa, foi requerida por vários dos advogados de defesa.​
Sócrates, que chegou a estar preso preventivamente durante dez meses e depois em prisão domiciliária, está acusado de três crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, 16 de branqueamento de capitais, nove de falsificação de documentos e três de fraude fiscal qualificada.


Nenhum comentário: