domingo, 20 de janeiro de 2019

E no entanto, VPV já defendeu Pedro Passos Coelho para Portugal


VPV, de facto, é escritor que arrasa, gosta de arrasar, ao seu modo chocarreiro, faz disso questão, mas fala por boutades, por paradoxos do seu brilho de escritor, que essencialmente se diverte, com o seu génio de manipulador de uma linguagem expedita e afiada, embora certeira, bem no fundo até contente por poder deslumbrar e tudo arrasar. Sim, a massa desses que compuseram os partidos, hoje em dia esbate-se, os interesses pessoais sobrepondo-se a zelos pátrios, as blandícias de uma esquerda virtuosamente empenhada no seu público carente, mais do que no progresso do seu país, sendo o farol orientador das políticas de A. Costa, por necessidade de arrimo. Por isso, os partidos se confundem, impotentes contra a verborreia tosca de um povo pedinchão, manipulado por essa esquerda desestabilizadora da ordem a que, por necessidade, se aliou Costa. Isso justifica Rio, e assusta os que sentem velhos ardores de maior seriedade e grandeza moral. Por isso nos encrespamos contra a brutalidade das afirmações de VPV sobre a não relevância do PSD, genericamente associado a um PS da sua sobrevivência, desprezando VPV a tentativa de remendo de Luís Montenegro, como alguém de uma velha guarda mais cunhada de valores pátrios. É nestas afirmações bombásticas como a que VPV faz sobre a não relevância da existência do PSD, só porque tem um péssimo representante que atraiçoa o espírito do partido, que, para mim, PPC brilha, como homem honesto, de trabalho construtivo e de amor pátrio autêntico, único que soube agarrar o touro pelos cornos, tentando erguer este país da lama do seu rebaixamento parasitário, em que todos pascemos. VPV também.
OPINIÃO    Diário
Assisti, melancolicamente, ao Conselho Nacional do PSD. Ninguém me conseguiu dar uma boa razão para o PSD existir.
VASCO PULIDO VALENTE   PÚBLICO, 19 de Janeiro de 2019
Em Portugal não existe direita. Até Assunção Cristas é de centro-direita. Como Santana também o confessou ser e como será, promete ele, a futura maioria parlamentar, limpinha de toda a suspeita. Valha-nos Deus.
Rui Rio responde a Montenegro. Outra guerra no PSD. Por uma vez concordo com Balsemão: o discurso deste novo chefe foi “melodramático e patético”. A culpa é de Sá Carneiro, que educou o partido num insustentável extremismo emocional. Só que hoje não há razão ou explicação que o justifique.
Em 1974, 1980 ou 1985, o PSD tinha o Norte e o interior: isto é, o campesinato, a pequena indústria, e alguma classe média numa dúzia e meia de cidades e vilas. E tinha, além disso, uma elite em Lisboa e no Porto, que trabalhava nos grandes grupos económicos, na banca ou em certas partes da administração pública (a Educação, o Planeamento) e que encontrara no catolicismo militante e, sejamos justos, no marcelismo, uma oportunidade de expressão política.
As convicções dessa elite, que eram fortes e confusas, oscilavam entre a esquerda e a direita e dela vieram simultaneamente Pintasilgo e Guterres, de um dos lados, e do outro Sá Carneiro, Salgueiro, Balsemão e Marcelo. Sá Carneiro, para sobreviver durante o PREC, rebaptizou o PPD, sem entrar na Internacional Socialista. Não porque não quisesse, mas porque Soares o impediu. Começou aqui um grande equívoco. Sá Carneiro sabia que para chegar ao poder era necessária a grande massa de votos da sociedade rural. O que implicava a bênção da Igreja e a cumplicidade dos padres e das autoridades. Na missa – e assisti a muitas, na primeira fila –, os padres proibiam os fiéis de votar em partidos marxistas, como o PS. E as autoridades – que vinham do antigo regime – escoltavam pressurosamente os notáveis do PPD.
A conclusão lógica disto tudo era que a receita para unir o partido e ganhar eleições estava em arranjar um chefe agradável às duas partes, à elite vagamente “moderna” e ao Portugal arcaico que sobrevivia na província. Pior: ficou claro que o chefe podia sempre apelar para o Portugal arcaico por cima da cabeça da elite que se achava social-democrata. Foi o que Sá Carneiro fez contra os “Inadiáveis”. E o que levou Cavaco, um alto funcionário do marcelismo, a duas maiorias absolutas, com a retaguarda em ordem. Sucede que hoje esse país está em vias de extinção e que Montenegro irá apelar para o vazio.
Rui Rio é uma anormalidade sem importância, um vice-reitor do liceu de Cinfães que se enganou na porta. A direita, nesta encarnação, a de Cristas, Santana e Montenegro, nunca será capaz de recuperar os 500 mil votos que perdeu em 2015.
13 de Janeiro: A visão do mundo da Inquisidora-mor, Ana Gomes:
1. Trump eleito por uma conspiração de agentes de Putin. Se não for ele próprio um agente de Putin. 2. O "Brexit" é o resultado de uma conspiração de Putin, que envolve, pelo menos, o Facebook e a Cambridge Analytica, e também uma inexplicável loucura da aristocracia inglesa. 3. A situação da Venezuela – a inflação e a miséria – é o resultado de uma conspiração de Putin (que tem lá bases de bombardeiros) e do seu cúmplice ou agente Donald Trump (que ainda compra petróleo ao demente Maduro). Quem dá um calmante a esta senhora?
14 de Janeiro: Definição de “populista”: político, partido ou movimento de quem a esquerda não gosta e que ganhou eleições.
15 de Janeiro: A Inglaterra do "Brexit" é horrível, não é? E a Hungria, e a Polónia, e a República Checa, e a Eslováquia, e a Itália de Salvini, e a Espanha do Vox, e a França dos “coletes”? Não são horríveis? Ou será que os europeus não querem esta Europa?
18 de Janeiro: Assisti, melancolicamente, ao Conselho Nacional do PSD. Ninguém me conseguiu dar uma boa razão para o PSD existir.
COMENTÁRIOS:
Nuno Silva,  19.01.2019 : A palavra "Social Democrata" sempre deu aflição ao Vasco (tremores de pernas, até)...
João Macedo,  Porto - Meadela - Perre - Viana do Castelo - Romorantin-Lanthenay - Paris - Bruxelas – Lisboaensonho: O PSD - e ainda menos a direita-direita - nunca foi a minha chávena de chá. Quando no outro dia alguém aqui no Público se referia ao "sentido de Estado do PSD (!) - pensei que (eu próprio) perdia pé, ou perdia o juízo, que lia um jornal estranho numa língua mal assimilada. Se fosse mais fraquinho (já fui) teria desmaiado. Coitado do PSD! Ser de direita (nem que mal amanhada) em Portugal, e vir para aqui falar de sentido de Estado! Do mal o menos, no entanto: ainda bem que Rui Rio venceu a contenda. É o dirigente desse partido que parece estar mais próximo do PS, ou seja, da esquerda democrática. É que esquerda não rima com esquerdalha, e ainda menos com geringonça. A esquerda é a luta denodada a favor da melhoria das condições gerais de vida dos menos favorecidos da sociedade.
DNG, Lisboa: Estimado historiador a tragédia é esta: Na segunda metade do séc XIX, 80 % dos portugueses eram analfafetos. Chegamos ao 25 de Abril com 25 %. Nunca tivemos massa crítica em inteligência para superar o nosso atraso. Essa da história do PSD fica na minha retina. Impecável. Já quanto à deputada diria que, a preguiça procura sempre uma auto-justificação. VPV on target a retratar a decadência. De Portugal. Só gritaria. "A culpa é de Sá Carneiro, que educou o partido num insustentável extremismo emocional. Só que hoje não há razão ou explicação que o justifique" VPV.
nunoamaraljorge: Já era tempo de cortar o Whisky ao VPV. É pena uma mente inteligente estar tão coarctada por azedume sem noção, tendenciosidade sem disfarce e sim, claros laivos de excesso de licorosas... Uma pena...
acg, Porto : O grande e grave problema de VPV - não significa que não tenha piada, a verrina proporciona entretenimento e riso, também esta crítica destrutiva, assim exautorada -, é pensar que Portugal deveria ser um país de elites, governada por elites. Mas não é: nem Portugal nem país nenhum, mais ou menos ricos, mais ou menos cultos e educados. Assim sendo, não há "melancolia" que resista, VPV gosta de se ler e ouvir, à sua maneira é um outsider, cola-se à linha e estorva quem vir o jogo, no fundo ele sabe que as suas ideias (ou ideologia, a do partido padrinho, o PCP, que renegou) não levam a lado nenhum, as utopias não enchem barrigas, são como o caldo insosso e só farelo, engorda mas não aliviam a fome (de cultura, política, ética, serviço, por aí fora). E boa vontade,

Espectro, Matosinhos 12:53: "Querido" Vasco, quanto à insana Ana Gomes, estou plenamente de acordo consigo e vou mais longe: Para quem escreve ou fala na comunicação social deveria ser obrigatório um atestado de sanidade mental. LOL 

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