segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Um memorial



O comentário de Carlos Bernardo ao texto de Salles da Fonseca, contendo um passo do discurso de John Fitzgerald Kennedy, comprovativo da argumentação do autor de “Anda o Maligno à solta” sobre as causas dessa “malignidade” social de que padecemos hoje, levou-me a considerar quanto a figura simpática e jovem desse 35º Presidente dos EUA foi largamente responsável pelas convulsões que o mundo veio a sofrer posteriormente. Eu estava em África e aí assistíamos às movimentações do presidente democrata que distribuía ideias humanitárias de rejeição segregacionista entre os povos, partindo de um igualitarismo belo mas necessariamente utópico, que não é só rejeitado pelas diferenças de cor da pele, sabem-no bem os hipócritas humanitários, a educação, a riqueza e o posicionamento social encarregando-se de prescrever tais desigualdades, em todas as sociedades.
Da internet colhi o texto do Memorial do túmulo de Kennedy, no cemitério de Arlington e transcrevo-o, como comprovativo da constatação da sua responsabilidade no terrorismo que passou a envolver o mundo, como genérico, pese embora a generosidade dessa determinação ideológica, terrorismo que, concretizadas as aspirações às descolonizações, foi tomando outras facetas, cada vez mais surreais, de uma instabilidade absurda, de que os media são igualmente causa.
Eis o texto do Memorial:
"E assim, meus compatriotas americanos, não perguntem o que seu país pode fazer por você, perguntem-se o que vocês podem fazer por seu país. Meus concidadãos do mundo, não perguntem o que a América pode fazer por você, mas o que juntos podemos fazer pela liberdade do homem." - Memorial perto do túmulo de John F. Kennedy, no cemitério de Arlington.
Mas o texto, de Salles da Fonseca, de um esquematismo enriquecedor, põe problemas vários, sobre os desequilíbrios cada vez mais fundos e sem solução à vista, as disparidades sociais, pelas diferenças económicas, sobretudo, e educacionais sem dúvida, cavando o fosso humano com regozijo do Maligno.
E as actuais marcas que pesam nas políticas, com o alastrar de tantos factores que Salles da Fonseca esquematiza, e em que os novos nacionalismos refractários são distintivo, não nos deixam margem a grandes esperanças de um melhor futuro.


A crónica está para durar.

 HENRIQUE SALLES DA FONSECA
 A BEM DA NAÇÃO, 27.01.19

Nos dois textos anteriores sob a mesma epígrafe, abordei dois factores que contribuem directamente para a soltura do maligno, a saber, respectivamente, o antiquíssimo conflito de gerações e a actual pós-modernidade à mistura com a toxicodependência e com o inerente narcotráfico. Ambos, numa perspectiva local.
Para sarilho já bastaria, mas há mais…
O meu mundo evoluiu de acordo com a minha vontade:
- Rendição do Japão  (na Europa já não havia guerra quando eu nasci em Junho de 1945).  (Foto da assinatura, que pôs fim à guerra))
- Evolução da guerra fria no sentido da vitória ocidental até ao derrube do muro de Berlim. (Foto do muro, aquando do derrube)
- Prevalência dos valores democráticos com garantida liberdade de opinião, afirmação do empreendedorismo, obtenção de grande segurança social. (Foto da fachada do Palácio de S. Bento – Assembleia Nacional)

Seria hipócrita se dissesse mal do eurocentrismo. Mas, conhecendo muito mundo extra-europeu, não hesito em afirmar que «nem só da Europa vive o mundo». E não me refiro a uma questão geográfica pois tanto a América Latina como a Austrália e a Nova Zelândia são claramente europeias enquanto o Magreb e o Mackresh, aqui bem próximos, pouco ou nada têm a ver connosco.
Mas há equilíbrios a que nos habituamos e as mexidas provocam tonturas. Por exemplo, a tão propalada ascensão da China, a invasão muçulmana da Europa e o correspondente «revivalismo» sunita, a ascensão totalitária na Turquia e na Venezuela, o bitcoin e o narcodólar, etc., etc.
(continua) 

COMENTÁRIOS:
1º (De Carlos Bernardo): - Henrique, este seu post " Ainda sobre o Maligno ", fez lembrar do discurso de John F. Kennedy em 25 de Abril de 1961 , no Waldorf-Astoria Hotel de NY. , que poderá ter ditado o seu destino..., e do seu irmão:
«For we are opposed around the world by a monolithic and ruthless conspiracy that relies primarily on covert means for expanding its sphere of influence--on infiltration instead of invasion, on subversion instead of elections, on intimidation instead of free choice, on guerrillas by night instead of armies by day. It is a system which has conscripted vast human and material resources into the building of a tightly knit, highly efficient machine that combines military, diplomatic, intelligence, economic, scientific and political operations.»
(Tradução via Internet): «O jovem presidente, que seria silenciado por balas de um assassino dois anos e meio depois, advertiu: "Somos combatidos em todo o mundo por uma conspiração monolítica e implacável, baseada principalmente em meios secretos para expandir sua esfera de influência - na infiltração em vez de invasão, em subversão em vez de eleições, em intimidação em vez de livre escolha, em guerrilheiros de noite em vez de exércitos durante o dia. “É um sistema que recrutou vastos recursos humanos e materiais para a construção de uma máquina altamente eficiente e compacta que combina operações militares, diplomáticas, de inteligência, económicas, científicas e políticas. »
Cont.:(“Suas preparações são escondidas, não publicadas. Seus erros são enterrados, não encabeçados. Seus dissidentes são silenciados, não elogiados. Nenhuma despesa é questionada, nenhum boato é impresso, nenhum segredo é revelado". )

2º Comentário: - Obrigado por mais um texto seu de que gostei . Um abraço   Armando Rebelo


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