sexta-feira, 20 de março de 2020

China, a maior


China, a maior
E as forças de ordem e da desordem em França. Por cá, a emergência alastra.
De besta a bestial: como a China está a tentar mudar a narrativa do coronavírus /premium
A história inicial de uma nação que falhou em proteger os seus cidadãos devido ao receio do contraditório e da contestação está a mudar para uma pretensa narrativa de sucesso de um regime autocrático.
OBSERVADOR, 20 mar 2020
Quando o novo coronavírus apareceu em Wuhan, a resposta inicial das autoridades chinesas foi clamorosamente condenada. Culpava-se o regime nos editoriais de jornais internacionais por ocultar informação e assim impedir que os dados iniciais sobre o coronavírus fossem divulgados e usados para proteger a população.
Escassos meses depois, muita da opinião publicada mudou. Fala-se agora da forma como as extraordinárias medidas de contenção deram preciosas semanas ao resto do mundo para se preparar, e de como em muitos casos essa vantagem foi ignorada por Governos democraticamente eleitos em países do ocidente. Enquanto, o resto do mundo mergulha num shutdown organizado, a China mostra os efeitos da sua política de controlo e contenção absoluta e desapiedada, com umas escassas dezenas de infectados adicionais por dia e o gradual levantamento das restrições. O maior sinal desta mudança aconteceu quando aterrou em Itália na semana passada o primeiro avião vindo da China com material, no mesmo dia em o Governo Italiano admitiu que os seus pedidos de apoio ao mecanismo europeu de protecção civil ficaram sem resposta, dando a entender que a solidariedade dos restantes Estados-Membros soçobrou, pelo receio justificado de algumas semanas depois lhes faltarem esses materiais.
Este invisível e mortífero vírus que consegue abalar mercados como nenhuma crise financeira, cujos efeitos sobre a economia se assemelham aos de uma guerra, que, no longo prazo, tem o potencial para mudar radicalmente métodos de trabalho e de ensino, acelerando a digitalização, terá porventura um efeito ainda mais transformador para as nossas vidas: o de acelerar a alteração da ordem mundial a favor do oriente, em especial da China.
Um grande desafio para as democracias baseadas no Estado de Direito vem da mudança de narrativa sobre a evolução do coronavírus pela China. A história inicial de uma nação que falhou em proteger os seus cidadãos devido ao receio do contraditório e da contestação social de um regime opaco e sem capacidade para lidar com esta crise, está a mudar para uma pretensa narrativa de sucesso de um regime autocrático que conseguiu, graças à sua capacidade de organização, travar o avanço do coronavirus.3
Os próximos episódios desta história serão fundamentais para consolidar a narrativa final. A resposta da União Europeia já está a chegar, com apoios financeiros à investigação e às empresas, a flexibilização do semestre europeu e medidas de contenção do movimento das populações, assegurando a produção e movimento de bens de primeira necessidade. O BCE anunciou um plano de compras de activos especial de 750 mil milhões de euros, ou seja 6,25% do PIB de 2019. Por todo o mundo Governos e Bancos Centrais anunciam novas medidas de apoio às famílias e às empresas, medidas que só têm paralelo na resposta pós segunda guerra mundial. A resposta dos cidadãos, com excepções pontuais e limitadas no tempo, tem sido geralmente o de assegurar o distanciamento social, sem a necessidade de medidas draconianas.
O que está em jogo não é só o bem-estar imediato dos cidadãos, mas também demonstrar o sucesso dos regimes democráticos.
COMENTÁRIO: Zacarias Bidon: Repito o meu comentário ao artigo de Diana Soller: Eu também não gosto nada da China e por isso fico muito chateado quando vejo a China em posição de dar lições à Europa. Por exemplo, em matéria de segurança interna. Os chineses não têm pejo em fazer o necessário para travar a conquista islâmica. Infringem os direitos humanos? Dando de barato que os seguidores da Errada Seita são humanos, sim. Mas... não ser massacrado por fazer caricaturas ou por ir a concertos também é um direito humano. Mais: na China não se vêem terceiro-mundistas a agredir a polícia que tenta fazer respeitar o confinamento, e que põem em risco a segurança de toda a população. Leia a entrevista a Linda Kebbab hoje no Figaro. É aterradora.
Linda Kebbab: «Le difficile confinement des territoires perdus de la République»
FIGAROVOX/ENTRETIEN - Dans certains quartiers, les forces de l’ordre sont prises à partie et les guets-apens se poursuivent, rendant la mission des policiers encore plus difficile et dangereuse, alerte Linda Kebbab (Unité SGP Police-FO).
Publié hier à 18:52, mis à jour hier à 19:33
La police procède à des contrôles au marché de Barbès, à Paris. JOEL SAGET/AFP
LINDA KEBBAB est déléguée nationale de l’Unité SGP Police-FO.
FIGAROVOX. - Certains «territoires perdus» sont d’ordinaire peu enclins à respecter l’Etat de droit. Dans certains de ces quartiers, les réseaux sociaux rapportent des images de heurts avec les forces de l’ordre, qui tentent d’intervenir pour faire appliquer les règles de confinement. Les mesures d’urgence y sont-elles moins observées qu’ailleurs?
Linda KEBBAB. - Malheureusement, dans certains quartiers une partie des habitants ne prend pas la mesure de la situation, alors qu’il en va de la santé de leurs proches. Quotidiennement, les policiers sont confrontés à des refus de confinement de bandes habituées à agresser les forces de l’ordre. Maintien du trafic de stupéfiants, activités crapuleuses qui augmentent sur la voie publique, ou tout simplement rejet de l’autorité de l’État... Plusieurs guets-apens (des voitures sont mises à feu, des commerces dévalisés...) ont été enregistrés avec à chaque fois des agressions contre les pompiers et les policiers qui interviennent. À l’heure où nous parlons, je suis avisée d’un énorme caillassage contre mes collègues à Clichy-sous-Bois. Intenable! À Clichy-sous-Bois, un policier a été mordu pour avoir demandé à un habitant de respecter le confinement.
Les policiers et gendarmes se retrouvent alors au contact de populations qui risquent de les infecter?
Évidemment, plus le contact est inévitable, plus le risque augmente. À Clichy-sous-Bois, un policier a été mordu pour avoir demandé à un habitant de respecter le confinement, près de Lyon d’autres en surnombre ont approché les policiers - dépourvus de masques - et les ont obligés à quitter les lieux au risque de se faire cracher dessus...
L’état-major du 93 a transmis la consigne suivante aux agents déployés sur le terrain: en cas de refus d’une personne de respecter le confinement et si elle est verbalisée plusieurs fois, ordre est donné de l’interpeller pour «mise en danger de la vie d’autrui». Nous le devons pour assurer la protection de la population, mais évidemment cela nous obligera à être encore plus au contact d’un potentiel porteur du virus. Plusieurs interpellations ont déjà eu lieu, d’ailleurs non sans difficulté, parfois sous les outrages de certains habitants depuis leurs fenêtres.
Le déploiement des forces de l’ordre pour faire respecter le confinement conduit-il à démobiliser certains effectifs en charge de la sécurité quotidienne des Français, rendant certaines portions du territoire moins sûres qu’avant?
Le ministère ne semblait pas avoir anticipé, nous avons donc dès dimanche, alors que l’annonce d’un confinement était une évidence à venir, saisi le ministre par courrier et lui avons demandé d’adapter l’organisation des services vers le plus urgent. Les tribunaux tournant désormais au ralenti, c’était une mesure nécessaire. Néanmoins il est vrai qu’il y ait déjà une perception de hausse des délits sur la voie publique tels que les vols ou dégradations de voitures, mais aussi les cambriolages des résidences principales délaissées par leurs propriétaires pour les secondaires. Il est beaucoup trop tôt pour dire si ce phénomène va s’inscrire dans la durée ou sera détectable sur les futures statistiques.
Les policiers se concentrent sur le secours aux personnes.
Lassés de ne pas pouvoir accomplir leurs missions dans des quartiers où l’insécurité chronique exige une attention de tous les instants, les policiers qui connaissent très bien leurs interlocuteurs, se concentrent sur le secours aux personnes - car le confinement est un facteur d’augmentation des violences ou conflits intrafamiliaux - et trouvent progressivement des solutions pour concilier lutte contre la criminalité et confinement à faire respecter. C’est aussi dans ce but que l’état-major du 93 a pu prendre cette initiative compréhensible.


Nenhum comentário: