China, a maior
E as forças de ordem e da desordem em
França. Por cá, a emergência alastra.
De
besta a bestial: como a China está a tentar mudar a narrativa do coronavírus /premium
A história inicial de uma nação que
falhou em proteger os seus cidadãos devido ao receio do contraditório e da
contestação está a mudar para uma pretensa narrativa de sucesso de um regime
autocrático.
OBSERVADOR, 20 mar 2020
Quando
o novo coronavírus apareceu em Wuhan, a resposta inicial das autoridades
chinesas foi clamorosamente condenada. Culpava-se o regime nos editoriais de
jornais internacionais por ocultar informação e assim impedir que os dados
iniciais sobre o coronavírus fossem divulgados e usados para proteger a
população.
Escassos
meses depois, muita da opinião publicada mudou. Fala-se agora da forma como
as extraordinárias medidas de contenção deram preciosas semanas ao resto do
mundo para se preparar, e de como em muitos casos essa vantagem foi ignorada
por Governos democraticamente eleitos em países do ocidente. Enquanto, o
resto do mundo mergulha num shutdown organizado, a China mostra os efeitos da
sua política de controlo e contenção absoluta e desapiedada, com umas escassas dezenas
de infectados adicionais por dia e o gradual levantamento das restrições. O maior
sinal desta mudança aconteceu quando aterrou em Itália na semana passada o
primeiro avião vindo da China com material, no mesmo dia em o Governo Italiano
admitiu que os seus pedidos de apoio ao mecanismo europeu de protecção civil
ficaram sem resposta, dando a entender que a solidariedade dos restantes
Estados-Membros soçobrou, pelo receio justificado de algumas semanas depois
lhes faltarem esses materiais.
Este
invisível e mortífero vírus que consegue abalar mercados como nenhuma crise
financeira, cujos efeitos sobre a economia se assemelham aos de uma guerra,
que, no longo prazo, tem o potencial para mudar radicalmente métodos de
trabalho e de ensino, acelerando a digitalização, terá porventura um efeito
ainda mais transformador para as nossas vidas: o de acelerar a alteração da
ordem mundial a favor do oriente, em especial da China.
Um grande desafio para as democracias
baseadas no Estado de Direito vem da mudança de narrativa sobre a evolução do
coronavírus pela China. A história inicial de uma nação que falhou em proteger
os seus cidadãos devido ao receio do contraditório e da contestação social de
um regime opaco e sem capacidade para lidar com esta crise, está a mudar para
uma pretensa narrativa de sucesso de um regime autocrático que conseguiu,
graças à sua capacidade de organização, travar o avanço do coronavirus.3
Os
próximos episódios desta história serão fundamentais para consolidar a
narrativa final. A resposta da União Europeia já está a chegar, com
apoios financeiros à investigação e às empresas, a flexibilização do semestre
europeu e medidas de contenção do movimento das populações, assegurando a
produção e movimento de bens de primeira necessidade. O BCE anunciou um plano de compras de activos
especial de 750 mil milhões de euros, ou seja 6,25% do PIB de 2019. Por todo o
mundo Governos e Bancos Centrais anunciam novas medidas de apoio às famílias e
às empresas, medidas que só têm paralelo na resposta pós segunda guerra
mundial. A resposta dos cidadãos, com excepções pontuais e limitadas no tempo,
tem sido geralmente o de assegurar o distanciamento social, sem a necessidade
de medidas draconianas.
O que está em jogo não é só o
bem-estar imediato dos cidadãos, mas também demonstrar o sucesso dos regimes
democráticos.
COMENTÁRIO: Zacarias Bidon: Repito o meu comentário ao artigo de Diana
Soller: Eu também não gosto nada da China e por isso fico muito chateado quando
vejo a China em posição de dar lições à Europa. Por exemplo, em matéria de
segurança interna. Os chineses não têm pejo em fazer o necessário para travar a
conquista islâmica. Infringem os direitos humanos? Dando de barato que os
seguidores da Errada Seita são humanos, sim. Mas... não ser massacrado por
fazer caricaturas ou por ir a concertos também é um direito humano. Mais: na China
não se vêem terceiro-mundistas a agredir a polícia que tenta fazer respeitar o
confinamento, e que põem em risco a segurança de toda a população. Leia a
entrevista a Linda Kebbab hoje no Figaro. É aterradora.
Linda Kebbab: «Le difficile confinement
des territoires perdus de la République»
FIGAROVOX/ENTRETIEN - Dans
certains quartiers, les forces de l’ordre sont prises à partie et les
guets-apens se poursuivent, rendant la mission des policiers encore plus
difficile et dangereuse, alerte Linda Kebbab (Unité SGP Police-FO).
Publié hier à 18:52, mis à jour hier à 19:33
La police procède à des contrôles au marché de Barbès, à Paris. JOEL
SAGET/AFP
LINDA KEBBAB est déléguée nationale de l’Unité SGP Police-FO.
FIGAROVOX. - Certains «territoires perdus» sont d’ordinaire peu
enclins à respecter l’Etat de droit. Dans certains de ces quartiers, les
réseaux sociaux rapportent des images de heurts avec les forces de l’ordre, qui
tentent d’intervenir pour faire appliquer les règles de confinement. Les
mesures d’urgence y sont-elles moins observées qu’ailleurs?
Linda KEBBAB. - Malheureusement,
dans certains quartiers une partie des habitants ne prend pas la mesure de la
situation, alors qu’il en va de la santé de leurs proches. Quotidiennement, les
policiers sont confrontés à des refus de confinement de bandes habituées à
agresser les forces de l’ordre. Maintien du trafic de stupéfiants, activités
crapuleuses qui augmentent sur la voie publique, ou tout simplement rejet de
l’autorité de l’État... Plusieurs guets-apens (des voitures sont mises à feu,
des commerces dévalisés...) ont été enregistrés avec à chaque fois des
agressions contre les pompiers et les policiers qui interviennent. À l’heure où
nous parlons, je suis avisée d’un énorme caillassage contre mes collègues à
Clichy-sous-Bois. Intenable! À Clichy-sous-Bois, un policier a été mordu pour
avoir demandé à un habitant de respecter le confinement.
Les policiers et gendarmes se retrouvent alors au contact de
populations qui risquent de les infecter?
Évidemment,
plus le contact est inévitable, plus le risque augmente. À Clichy-sous-Bois, un
policier a été mordu pour avoir demandé à un habitant de respecter le
confinement, près de Lyon d’autres en surnombre ont approché les policiers -
dépourvus de masques - et les ont obligés à quitter les lieux au risque de se
faire cracher dessus...
L’état-major
du 93 a transmis la consigne suivante aux agents déployés sur le terrain: en cas de
refus d’une personne de respecter le confinement et si elle est verbalisée
plusieurs fois, ordre est donné de l’interpeller pour «mise en danger de la vie
d’autrui». Nous le
devons pour assurer la protection de la population, mais évidemment cela nous
obligera à être encore plus au contact d’un potentiel porteur du virus.
Plusieurs interpellations ont déjà eu lieu, d’ailleurs non sans difficulté,
parfois sous les outrages de certains habitants depuis leurs fenêtres.
Le déploiement des forces de l’ordre pour faire respecter le
confinement conduit-il à démobiliser certains effectifs en charge de la
sécurité quotidienne des Français, rendant certaines portions du territoire
moins sûres qu’avant?
Le
ministère ne semblait pas avoir anticipé, nous avons donc dès dimanche, alors
que l’annonce d’un confinement était une évidence à venir, saisi le ministre
par courrier et lui avons demandé d’adapter l’organisation des services vers le
plus urgent. Les tribunaux tournant désormais au ralenti, c’était une mesure
nécessaire. Néanmoins
il est vrai qu’il y ait déjà une perception de hausse des délits sur la voie
publique tels que les vols ou dégradations de voitures, mais aussi les
cambriolages des résidences principales délaissées par leurs propriétaires pour
les secondaires. Il est beaucoup trop tôt pour dire si ce
phénomène va s’inscrire dans la durée ou sera détectable sur les futures
statistiques.
Les policiers se concentrent sur le
secours aux personnes.
Lassés
de ne pas pouvoir accomplir leurs missions dans des quartiers où l’insécurité
chronique exige une attention de tous les instants, les policiers qui
connaissent très bien leurs interlocuteurs, se concentrent sur le secours aux
personnes - car le confinement est un facteur d’augmentation des violences ou
conflits intrafamiliaux - et trouvent progressivement des solutions pour
concilier lutte contre la criminalité et confinement à faire respecter. C’est
aussi dans ce but que l’état-major du 93 a pu prendre cette initiative
compréhensible.
(La rédaction vous conseille: Comment
Montfermeil, la ville des Misérables, a changé depuis les émeutes de 2005)
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