sexta-feira, 27 de março de 2020

Ilhas Caimão, caimões e paraísos fiscais



E o encanto viageiro continua, em tempos não de paraíso mas de inferno…

POR TORDESILHAS ALÉM… - 8    Montões de dinheiro
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 27.03.20
Quando acordámos, estávamos ancorados ao largo da Grande Caimão.  E vá de saber coisas…
Porquê ao largo e não acostados? Porque, como dizem os geólogos, geógrafos e outros sábios, as três ilhas Caimão – a grande, a média e a pequena – são os picos truncados de uma cordilheira submersa e não há um mínimo de plataforma costeira que permita a construção de cais acostáveis por navios de tonelagem séria, o declive submerso é a pique. Eis por que nós e mais dois ou três navios de cruzeiro ficámos ao largo assim como uns quantos yachts de bem menor peso que o nosso. Seríamos trasfegados para terra em barcos com capacidade para 250 passageiros e não em pirogas como (não) seria expectável. E iríamos ver caimões? Não, os caimões (crocodilos de água salgada) eram abundantes nestas três ilhas mas os ingleses que viviam na Jamaica começaram a vir aqui fazer caçadas desportivas e acabaram com eles. E, realmente, como é que se haveria de fazer um paraíso fiscal no meio dos crocodilos? Assim foi que chagámos a terra, nos meteram em pequenos autocarros (uma vintena de passageiros) e fomos dar uma volta pela cidade, George Town, antes de irmos à praia dar um mergulho e almoçar.
Tudo plano, os edifícios mais altos que vi deveriam ter, no máximo, três pisos – rés do chão, 1º e 2º - o que não obsta a albergarem cerca de 250 bancos. Sim, como é do domínio público, quem, por esse mundo além, não gosta de pagar impostos (e há-os muitos), leva para ali as suas poupanças. É que nas Caimão não gostam de cobrar impostos, pura e simplesmente não existem publicanos. E à pergunta sobre do que vive o Estado, a resposta foi curiosa: para já, o Estado (entidade pública que administra um território e exerce a soberania) é o britânico, o do Reino Unido, pois as Caimão são um território ultramarino britânico (eufemismo para «colónia inglesa»); de seguida, o território não tem Forças Armadas – parece que tem meia dúzia de polícias, alguns barcos de vigilância costeira e dois ou três helicópteros para acudirem a acidentes marítimos – e mais do que isto, têm uma Administração Pública muito ligeira encimada por um pequeno Governo, um mini-Parlamento e um Governador (fantoche que representa a Rainha Isabel II). Tudo, financiado pelas taxas cobradas aos forasteiros residentes dos quais sobressaem os contabilistas (por que será?) como autorizações de trabalho - de duração relativamente curta, como não poderia deixar de ser para que as respectivas renovações financiem os polícias.
Infelizmente, ao longo das ruas não tropeçámos em nenhuns montões de dinheiro assim como não corremos o risco de nos cruzarmos com um caimão. Também não vimos nenhum capitalista gordo a fumar charuto, de chapéu alto, calças riscadas, colete, corrente de ouro e fraque como os comunistas gostam de os caricaturar. É que a nossa guia e motorista era uma cubana a quem tentei sacar alguma informação sobre a situação actual no seu país. Saiu a diskette estafada do boicote americano quando é sabido que tudo isso está mais do que furado pelos próprios americanos travestidos de canadianos, mexicanos ou não sei de mais quê. Não tive paciência para lhe dizer que mudasse de diskette pois ela deveria estar com medo de ser espiada por algum amigo de Cuba. Não dei troco, a conversa morreu ali e fiquei a saber que posso continuar a ter pena dos cubanos. A ironia desta conversa está em eu ter ido ao coração do capitalismo saber notícias de um dos últimos redutos do caduco comunismo.
Lá fomos então até à praia dar um mergulho sem caimões mas com um olho sempre alerta na eventualidade de algum primo maior dos cações. Confirmei que a minha querida praia do Barril, em Tavira, é a melhor do mundo.
Almoçámos num daqueles restaurantes de praia e regressámos ao barco. Ficou visto. Julgo que posso dizer «adieu».      (continua) Março de 2020 Henrique Salles da Fonseca
COMENTÁRIOS
Francisco G. de Amorim 27.03.2020: No Caribe é tudo mais ou menos igual. Safa-se, e bem, o clima e as águas limpas com ou sem tubarões e caimões.
Henrique Salles da Fonseca, 27.03.2020: Caro Henrique, há dois erros no resumo da sua viagem ao "Grande Caimão" - A nossa guia, cubana, não era pro Fidel nem comunista, foi bem clara enquanto falou comigo sobre o "paraíso cubano" Foi na sequência de um comentário meu referindo que quando estive em Cuba há ano e meio tinha achado tudo muito melhor (uma grande diferença) comparativamente com a minha viagem anterior (há 11/12 anos), o que ela confirmou, que disse que voltou tudo ao mesmo com culpas para o famoso embargo. Penso que tem toda a razão. Não é necessário pensar muito, nem ser de esquerda, para saber o mal que faz em países sempre pobres como são de centro américa um embargo americano. -E também não almoçámos na praia, fomos almoçar ao barco. o almoço na praia foi no dia seguinte no retorno a Jamaica As) D. Pepe Gener
NOTAS da INTERNET:
Ilhas Cayman
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

As ilhas Caimã, Cayman (em português brasileiro) ou Caimão (em português europeu) (em inglês: Cayman Islands) são um território ultramarino britânico no Caribe (Caraíbas, em português europeu), a sul de Cuba. Relativamente isoladas e afastadas umas das outras, as ilhas têm em Cuba e na Jamaica, 300 km a sudeste, os vizinhos mais próximos. Compreendem a Grande Caimão, Caimão Brac e a Pequena Caimão. A capital é George Town. Até meados dos anos 60 do século XX, estas ilhas dedicavam-se à agricultura e à pesca. Atualmente, este arquipélago é um conhecido paraíso fiscal. O turismo é também um dos principais atrativos destas ilhas, representando cerca de 70% do produto interno bruto. A população residente é maioritariamente de origem afro-europeia, sendo cerca de 20% jamaicana. Possui uma elevada taxa de alfabetização (98%), e a esperança média de vida é de 79 anos.
História
[As Ilhas Cayman foram descobertas por Cristóvão Colombo em 10 de maio de 1503 durante sua quarta viagem à América. Em 1586, o pirata Francis Drake atracou nas ilhas, sendo o primeiro inglês do qual há provas de que ele as visitou, e as batizou como Ilhas Cayman. As ilhas, juntamente com a vizinha Jamaica, foram ocupadas pela Inglaterra durante a Guerra Anglo-Espanhola de 1655-1660; A Espanha reconheceu oficialmente a soberania inglesa sobre eles através do Tratado de Madri de 1670. Juntamente com a Jamaica, eles foram governados como uma colônia até 1962, quando se tornaram territórios ultramarinos britânicos, enquanto a Jamaica conquistou sua independência (na Comunidade Britânica de Nações).
Em 1788, dez navios que retornavam da Jamaica para a Inglaterra naufragaram nas costas da ilha principal e foram recebidos pelos nativos. Por esta ação, o rei Jorge III do Reino Unido isentou a colônia do pagamento de impostos, uma situação que continua até hoje.
Geografia
As Ilhas Cayman estão localizadas na parte ocidental do Mar do Caribe, a cerca de 240 quilômetros ao sul de Cuba e a cerca de 290 km a noroeste da Jamaica. O arquipélago é composto principalmente por três ilhas: Grand Cayman, Cayman Brac e Little Cayman, sendo Grand Cayman a mais extensa com uma área de 197 km². As outras duas ilhas, Cayman Brac e Little Cayman, estão localizadas a 145 km a leste de Grand Cayman, têm uma área de 36 km² e 26 km², respectivamente.
Os acidentes geográficos não são destacadas nas ilhas, com exceção do penhasco The Bluff em Cayman Brac, que possui mais de 40 metros de altitude, sendo o ponto mais alto da ilha.
Demografia
As Ilhas Cayman têm mais empresas registradas do que pessoas. As estimativas populacionais mais recentes para as Ilhas Cayman são de cerca de 69.000 em 2008, representando uma mistura de mais de 100 nacionalidades. Desse número, cerca de metade são descendentes das Ilhas Cayman. Cerca de 60% da população é de raça mista (principalmente Africano-Europeu). Dos 40% restantes, aproximadamente metade é de ascendência européia e metade é de ascendência africana. As ilhas possuem uma maioria cristã, com um grande número de presbiterianos e católicos. Ilhas Cayman goza do mais alto padrão de vida no Caribe. A grande maioria da população reside em Grand Cayman. Cayman Brac é o segundo mais populoso, seguido de Little Cayman.
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