…a
rolha de garrafa do rei da Rússia… » Apenas um processo aliterante, lenga-lenga
escolar, a propósito do próximo preclaro presidente programador do seu próprio
posto, no país poderoso que não pode perder, para bem do seu povo…
Afinal “a montanha voltou a parir um rato” /premium
As emendas à Constituição já faziam prever um cenário
de reforço do poder autoritário e ditatorial na Rússia. E para que tudo fique
“perfeito” elas incluem a proclamação da “fé em Deus” do povo russo.
JOSÉ MILHAZES
OBSERVADOR, 11 mar 2020
Não
obstante todas as promessas de não alterar a Constituição da Rússia para
prolongar o seu poder, Vladimir Putin deixa claro que poderá continuar no
Kremlin depois de 2024. Isto, imaginem!, se o Tribunal Constitucional o
permitir e o povo “apoiar”. Esta jogada do dirigente russo só
é uma surpresa para aqueles que consideram que ele é um homem de palavra, e não
mais um ditador na História da Rússia.
Quando em Fevereiro passado, Vladislav
Surkov, ex-assessor de Putin para os assuntos da Ucrânia, sugeriu a anulação do
limite de mandatos presidenciais na Rússia, o Kremlin apressou-se a demarcar
dessa posição alegando que se tratava de uma “opinião pessoal”.
Porém,
talvez devido à proximidade do Dia Internacional da Mulher e ao peso histórico
da personagem, Putin não pôde deixar de dar ouvidos à proposta da deputada
Valentina Tereshkova, a primeira mulher que realizou uma viagem espacial na
história da humanidade.
Tudo pareceu muito original e nada encenado: durante a discussão das emendas a fazer à Lei
Suprema na Duma Estatal (Câmara Baixa do Parlamento), a
cosmonauta Tereshkova, uma espécie de santa soviética que hoje pertence ao
Partido Rússia Unida, controlado por Putin, decidiu fazer a mesma sugestão, que
foi aprovada pela maioria dos deputados.
“Eu sugiro a retirada do limite de
mandatos presidenciais ou então incluir em um dos artigos do projecto de lei
uma disposição nos termos da qual se estipule que após a entrada em vigor da Constituição
renovada o actual presidente, tal como qualquer outro cidadão, tenha o direito
de ser eleito para o cargo de chefe de Estado”, disse a deputada Valentina Tereshkova durante a
sessão plenária da Duma de Estado.
O
líder nacional-palhaço Vladimir Jirinovski aproveitou a oportunidade para propor
a dissolução antecipada da Duma Estatal, a fim de realizar novas eleições
parlamentares depois da aprovação das emendas “pelo povo”.
Normalmente,
o Kremlin olha para a Duma de Estado como um órgão
obediente que apenas vota como é necessário ao poder. Entre a população, os deputados são vistos como meros
“fantoches”, incluindo a “oposição”. Por
isso, não é muito frequente ver Vladimir Putin discursar ou prestar contas
perante essa câmara do Parlamento. Porém, desta vez, ele reagiu imediatamente
às propostas e foi no mesmo dia conversar com os deputados. Caso nunca visto
nos mais de 20 anos do reinado do “czar” Vladimir II!
Mas
Vladimir Putin não podia deixar estragar a sua imagem de “defensor da
legalidade e da Constituição” e entrou com “pés de veludo” ao declarar: “Sobre a proposta de remoção das
restrições a qualquer pessoa, incluindo o actual Presidente (…), em princípio
esta opção seria possível, mas com uma condição: o Tribunal Constitucional deve
emitir uma decisão oficial a assegurar que a emenda não contradiz os princípios
e as principais disposições da Constituição”.
Além
disso, nesse discurso insistiu que é necessário que “a sociedade tenha
garantias de que lhe será assegurada uma mudança regular de poder” e que haja
“uma alternativa” a quem manda.
Como a palavra de Putin vale o
que vale, a sociedade terá de aceitar as “garantias” de mudança que ele achar
bem. Ora, por enquanto, ele acredita e está profundamente convencido de que “um
poder presidencial forte é absolutamente necessário para o nosso país” e os
russos até já sabem quem é o “garante”.
Mas deixa uma “esperança” para consolação: o poder deixará, num
futuro próximo, de “ser associado a uma pessoa específica”.
Estas tiradas de Vladimir Putin trazem à memória uma anedota soviética
da era de Leonid Brejnev, secretário-geral do Parido Comunista da URSS entre
1964 e 1982: existia uma palavra de ordem, “no socialismo, tudo se faz em nome
do homem”, e as más línguas acrescentavam, “e nós até sabemos o nome desse
homem — Brejnev!”
Esta
decisão da câmara baixa não será chumbada pelo Tribunal Constitucional da
Rússia, pois os juízes também têm famílias para alimentar e a
separação de poderes é coisa praticamente desconhecida na “era putinista”. Por isso, o mais provável é que os russos tenham de
“gostar do seu líder” até que a morte lhe bata à porta ou até que a
cleptocracia encontre outro líder que permita continuar a pilhagem do país.
As emendas à Constituição já faziam
prever este cenário de reforço do poder autoritário e ditatorial na Rússia. E
para que tudo fique “perfeito” elas incluem a definição do casamento como uma
união “entre um homem e uma mulher”, a proclamação da “fé em Deus” do povo
russo, a denominação da Rússia como o Estado “sucessor da União Soviética”, a
defesa da “verdade histórica” do papel dos soviéticos na Segunda Guerra Mundial
e a ilegalização da cedência de território russo a qualquer país estrangeiro.
Como é habitual, as
pseudo-oposições comunista e nacionalista na Duma vão engolir estas emendas e
outras se for necessário, o principal é que o Kremlin não lhes corte os
privilégios e deixe cair algumas migalhas da riqueza roubada.
Quanto à oposição
extraparlamentar, para isso existe a polícia de choque, as detenções
arbitrárias, as torturas e as pesadas penas de prisão. Quem não está contente,
que se vá embora! Onde é que já ouvimos isto?
COMENTÁRIOS:
Venezuela Livre: Grande crónica como sempre.
PortugueseMan: ...ou até que a cleptocracia encontre outro líder quer
permita continuar a pilhagem do país... O país tornou-se novamente uma superpotência, tem
reservas de dinheiro como nunca teve e você com uma tirada destas. Prepare-se, entramos numa década onde a Rússia
vai mostrar os dentes. Nunca a Rússia
esteve tão forte e está a caminho de ficar ainda mais.
Aliás, não deveria estar você agora a anunciar o colapso eminente da
economia russa, com esta guerra da Arábia Saudita aos preços de petróleo? Curiosamente não vejo ninguém, (nem mesmo você)
a dizer que a Rússia para sobreviver precisa do barril pelo menos a uns 100
dólares...
José Manuel >> PortugueseMan: GDP (PPP) per
capita growth since 1998. Russia: 216% Poland: 203% Ireland: 201% Turkey: 173%
Hungary: 141% Sweden: 104% Finland: 90% Germany: 90% Netherlands: 88% Spain:
87% UK: 87% Belgium: 80% Switzerland: 74% France: 74% Portugal: 70% Norway: 67%
Greece: 58% Italy: 49% não
se consegue enganar tolos como antes :D
Venezuela Livre > José Manuel: Quando se está muito em baixo é mais fácil subir...é o
que quer dizer o seu copy paste.
José Manuel > Venezuela Livre: isso ... é como a retórica - "ai e
tal o kremlin precisa de oil a $100 para sobreviver", mas nos últimos dias
lançou uma guerra com a Arábia Saudita atirando o preço para < de $35
aguentando este
preço ou menor por vários anos se for preciso. sabe como são os papagaios, uma
canção de cada vez, até aprender uma nova.
e mais uma copy - parte: Hospital beds per 1,000
people (OECD):
Japan 13 South Korea 12 Russia 8
Germany 8 France 6 Switzerland 4.5 China 4.3
Scotland 4.2 Australia 3.8 Italy 3.6
Ireland 2.96 USA 2.77 England 2.3
victor guerra: San Putin é que sabe.
José Manuel: naaaa ... é só para deixar as abelhas a pensar se vai continuar ou não em
2024. assim ficam ocupados a discutir em vez de os "promissores
opositores" começarem já a angariar fundos $$$$
Maria L Gingeira: Haja quem diga o que é preciso
dizer do ditador cujo poder patrocina muitas outras formas de poderes
castradores da liberdade de muitos povos. Tanto se fala de Trump, tanto o
insultam, mas Putin que é verdadeiramente nocivo está protegido nesta cultura
de esquerda que se impõe como defensora do bem-estar geral e só causa cada vez
mais pobreza.
Siojx Boumerang: Se aquilo é
um rato o que chamar a um país que entrou em banca rota e já vendeu tudo o que
tinha ? Uma democracia ? A dos aflitos ? LOL . Os terroristas também ficam
assim , coitados ?
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