domingo, 29 de março de 2020

Amei



O texto singelo e preciso de Luís Amaral, de gratidão por quem trabalha para suster a crise. Muitos outros trabalham em casa, como os professores, os alunos, e outros oficiais de diversos ofícios, com os meios electrónicos que o possibilitam. Mas foi um lindo texto, que deu para o apetite sério ou malandro dos diversos comentadores, a divertir quem os lê.

Uma carta da Polónia, com orgulho nos portugueses
Ter opiniões diferentes é óptimo e vai ajudar-nos muito a sairmos da crise económica que já se está a formar muito rapidamente, mas espalhar notícias falsas é uma traição que ajuda os nossos inimigos.
LUÍS AMARAL, Empresário, maior accionista do Observador
OBSERVADOR, 28 mar 2020
A minha opinião é diferente da de muitos portugueses. Sou emigrante, tenho funções de responsabilidade no país onde vivo, pois dirijo uma grande cadeia de lojas na área alimentar. Sou também o maior accionista do Observador (onde faço ponto de honra de não interferir na área editorial).
Embora trabalhando no estrangeiro, estou bastante ligado a Portugal, onde vou com frequência e onde tenho grande parte da família.
Esta crise tem sobretudo mostrado tudo o que há de bom entre nós. Todos entendemos rapidamente que é importante ficar em casa e orgulhosamente, estamos a cumprir. Movimentos solidários em coisas tão simples como ajudar os mais idosos a fazer compras apareceram espontaneamente em todo o lado. O país uniu-se e, em geral, deixou o que não era importante fora de casa.
Aqui na Polónia tento garantir que 25.000 pessoas trabalhem todos os dias de forma a não interromper os circuitos de distribuição de comida. Aqui, como em Portugal, os trabalhadores dos supermercados são heróis silenciosos, aqueles que não podem ficar em casa, que não se podem proteger de forma tão eficaz como grande parte da população. Vão trabalhar todos os dias cientes que não podem parar, que são necessários, que têm uma missão a cumprir. Tenho a certeza que os dirigentes da Jerónimo Martins ou da Sonae sentem o mesmo orgulho que eu sinto todos os dias de manhã quando vão para o escritório.
Outros grupos de pessoas são importantes para nos dar o que é necessário, e dou como exemplo os meios de comunicação social. Num mundo cheio de fake news alguém tem que trazer as verdades a público, alguém tem que trabalhar todos os dias para nos mostrar a realidade, para nos proteger de inúmeras teorias da conspiração que só servem inimigos desconhecidos. Aqui começo por agradecer aos nossos colegas do Observador pelo excelente trabalho que fazem, mas como português tenho que agradecer a todos os grupos de comunicação social sérios que nos continuam a informar todos os dias apesar das dificuldades, sobretudo económicas, que esta crise traz. De notar que mais uma vez os portugueses responderam, porque embora a publicidade tenha parado, o número de assinaturas está a crescer mais do que nunca.
Hoje em dia passo muito do meu tempo a desmontar fake news. Vejo isto como uma obrigação social, porque obviamente sempre que partilhamos um vídeo ou uma notícia de fonte duvidosa estamos a fazer mal ao nosso país. É um acto de traição contra a sociedade como outro qualquer.
Ter opiniões diferentes é óptimo e vai ajudar-nos muito para sairmos da crise económica que já se está a formar muito rapidamente, mas espalhar notícias falsas e não confirmadas é claramente dar um tiro no pé e ajudar os nossos inimigos, aqueles que se movem na sombra desta crise.
Os nossos grandes heróis são obviamente os profissionais de saúde, que arriscam literalmente a vida, todos os dias. Eles são a primeira linha e espero sinceramente que não sejam esquecidos quando toda a situação normalizar. Temos que tomar conta deles como eles tomaram conta de nós. É no mínimo uma obrigação moral de todos nós.
É minha opinião que, pelo menos no mundo desenvolvido, vamos ter capacidade de sair da crise sanitária relativamente rápido porque nunca se tomaram medidas tão drásticas como desta vez. A crise económica vai ser resolvida de seguida, pois também neste caso nunca os bancos centrais e governos actuaram tão rápido e tão forte como na última semana.
Em Portugal temos uma oportunidade única para usar todo este dinheiro de forma a ter o máximo efeito na economia não só a curto, mas também a longo prazo. Também aqui me congratulo com iniciativas como a da Universidade Católica, que criou uma task force com os melhores economistas para analisar e aconselhar o momento pós-crise de saúde.
É importante o poder político posicionar o país para sair mais forte e mais competitivo desta situação. A forma como saímos da crise financeira de 2008 é um bom indicador de que somos capazes.
Como emigrante termino agradecendo a forma como todo o país está a proteger os meus pais e todos os nossos idosos.

COMENTÁRIOS:
Lara Liz: Luís Amaral: Gostei do seu artigo, pelo conteúdo, mas também pela forma – em bom Português, sem excesso de anglicismos, sendo os poucos assinalados em itálico, e sobretudo, sem pseudo-acordos. Será por estar fora do país? Normalmente, leio os artigos deste jornal em diagonal, mas o seu li-o na totalidade e com prazer.
Não sou assinante, mas se houvesse aqui 50% de jornalistas a escrever como o Luís, acho que faria parte dos que ajudam o Observador a prestar um bom serviço ao público.
Voto Em Branco > Lara Liz: o país a rebentar e o teu problema é saber como se escreve, e se todos escrevessem sem anglicanismos pagarias a conta premium, ele ha com cada uma!
Lara Liz > Voto Em Branco: É claro que não é O meu problema, nem único nem principal, mas por que é que outros problemas hão-de tirar a importância a este? (não são só os anglicismos). Será que deixa de distinguir entre uma boa e uma má música por haver problemas mais importantes? Eu vejo-os a todos, muito ou pouco ou mediamente importantes.
Jorge Martins Silva: Pois, essa de ser  emigrante é como quem diz....   
Nuno Vilhena > Jorge Martins Silva: Existem vários tipos de emigrantes.  Mas são todos emigrantes. Desde a Linda de Susa até ao Ronaldo.
Voto Em Branco: parabéns por promover a higiene da comunicação social em Portugal. a comunicação social tradicional está comprada pelo governo em forma de publicidade de empresas públicas, daí a importância observador. Defendo também q a comunicação social deveria declarar quanto ganha anualmente com publicidade do Estado. Finalmente encorajo-o a ser também accionista do Eco, que tem muito menos pujança do q o Observador, mas tem jornalistas de igual ou maior competência.
Gildo Baleiras Nascimento: Quem não poderia espalhar notícias falsas pelas responsabilidades que desempenham são os que estão a gerir a crise do Covid 19, mas infelizmente quem espalha notícias falsas mais prejudiciais são precisamente os nossos governantes, desde Graça Freiras a António Costa. Está perdoado porque está longe, nesse magnífico país chamado Polónia.
Stuff McStuff: Li este artigo ao meu namorado polaco e ele agradeceu todo o seu trabalho e dos seus trabalhadores.
Valter Bernardes: Excelente artigo! Independentemente da posição no Observador, com mais ou menos responsabilidade, todos temos uma responsabilidade cívica na anulação de mensagens falsas (por ignorância, negligência ou rara maldade) e no enaltecer de trabalhadores que com mais ou menos formação (esta que hoje vale o que vale) que todos os dias dão o seu melhor para tornar a nossa vida mais fácil. Parabéns pela atitude e pela dinâmica.
António Coimbra: Caro Luís Amaral, quero agradecer-lhe o seu excelente artigo, concordando na sua maior parte. Como accionista maioritário que se reclama neste mesmo artigo deixe-me dizer-lhe o seguinte: - não me conhece, nem eu o conheço a si pessoalmente; - sou assinante do Observador desde que a assinatura existe e pretendo continuar a sê-lo, apesar de com cada vez mais dúvidas na renovação da assinatura; - não posso aceitar, até porque sempre foram plurais neste jornal, que tenham uma defesa pró-Iniciativa Liberal (IL) neste meio de comunicação; - muitos artigos enviados por anónimos ou assinantes para o Observador, desde que mereçam elogios à IL são publicados, conforme acontece hoje; - eu enviei um artigo há cerca de 2 meses que destapava incongruências de atitude do ex-presidente da IL em relação ao CHEGA, o que me desagradou profundamente, a achei um jogo sujo do CGP. Sei que não são obrigados a publicar qualquer envio voluntário contudo vejo aqui publicados comentários que não o merecem; - Votei IL mas cada vez mais me identifico menos com o rumo de opinião além de valores e princípios que têm no seu programa com que não concordo. Pelos motivos acima exposto apenas gostaria que fossem mais isentos e menos parciais na defesa editorial da IL, que se nota cada vez mais nos artigos publicados.
victor guerra > António Coimbra: Tem direito a 10 porcento, em compras no Pingo Doce!
Paulo Guerra > António Coimbra: Liberal quando convém. O Zé Manel já anda a pedir dinheiro ao Estado.


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