E a viagem prossegue, a prever o fim,
despertando o interesse por tais lugares, que os filmes e as canções foram trazendo
ao conhecimento, numa grata euforia, que culmina na canção “Mexico” de Luís Mariano: “Et
tu seras toujours le paradis du coeur et de l’amour”.
POR
TORDESILHAS ALÉM… - 11
- VIVA MÉXICO
HENRIQUE SALLES DA FONSECA A BEM DA NAÇÃO, 30.03.20
Mármore
branco e luzidio por tudo quanto era chão e paredes naquela bela aerogare de
Cancún. Encaminhados
para a fila dos guichets da Polícia de Fronteiras, a Bandeira Nacional Mexicana
panda no seu pau encimado por seta doirada. Grande dignidade merecedora da
admiração dos forasteiros - neste caso, eu. Verificados e carimbados os passaportes,
a agente à paisana a dar-nos as bienvenidas. Cinco estrelas. Contraste
absoluto com a agente fardada e de máscara que rudemente nos verificou os
passaportes à entrada do Panamá. Desculpei-a porque admiti que o marido dela se
tivesse portado mal na véspera. Ou porque nem sequer tivesse marido.
Esperava-nos
um mexicano baixote que se apresentou como José e nos conduziu a uma carrinha –
quatro adultos habituados a mordomias e oito malas não se metem numa
carripana qualquer - que cheirava a limpo. Bom piso nos 30 ou 40 kms até
Playa del Carmen. O guarda da
cerca exterior do hotel não estava informado da nossa chegada senão para daí a
dois dias, não nos deixava entrar. Barafustámos, ameaçámos com a ira divina,
apregoámos o cancelamento das reservas futuras e o Fulano que estava do outro
lado da comunicação do guarda lá deu licença para que entrássemos. Afinal,
esse mini-déspota, tiranete, eunuco de harém, era um atabalhoado que não
era capaz de fazer o nosso check-in e fomos nós (mais uma vez, a Graça e o
Pepe) a fazerem tudo. O José da carrinha não nos abandonou enquanto não teve a
certeza de que estávamos em segurança. De caminho para os quartos já por horas
nada cristãs, o recepcionista estendeu-me a mão num gesto de boas-vindas. Mão
gorda, saposa. Devem ser assim as mãos dos guardas dos haréns.
Arquitectura
e decoração sumptuosas, só tínhamos por ambição verificar tudo isso no dia
seguinte. Para já, cama.
Luxo,
luxo, luxo.
O programa das festas era a
permanência de uma semana com três excursões mas tudo saiu truncado por
estarmos a assistir ao encerramento sucessivo dos espaços aéreos e a corrermos
o risco de ficarmos retidos no México sem ligações a casa. Aliás, a própria companhia aérea se encarregou de
antecipar o voo e nós fizemos apenas uma excursão. Mas os outros dias
foram muito bons: uma dúzia de restaurantes dentro do hotel para que
pudéssemos escolher à vontade no regime de tudo incluído. Para quem este
regime é novidade, a exuberância dos consumos é notória; para quem está
habituado (nós), a moderação é a norma. Quarto sobranceiro à piscina e a
curtíssima distância da praia; baía fechada por rede anti-dentuças, os primos
do cação da nossa sopa; água a condizer com as nossas expectativas – entrada
afoita; comes ligeiros e bebes tanto inocentes como hard servidos à descrição
com água pelo pescoço ou à sombra de alguma palapa. Aquela não é mas poderia
ser a «praia do nababo».
Excursão
interessante de um dia inteiro por local arqueológico (Tulum) e piramidal (Cobá). Mas, mais do que o campus arqueológico (não tive
pernas que lá me levassem) e as pirâmides, interessou-me mais o que se passa
actualmente com a Civilização Maya.
Tanto quanto o homem do rickshaw que nos levou às pirâmides contou, em casa
falam a língua maya mas na escola só aprendem castelhano; aprendem História
maya mas nada mais. Concluo (talvez abusivamente) que o Estado Mexicano tem
medo da Civilização Maya e do que algum revivalismo possa significar para a
integridade nacional - já lhes chega Chiapas.
Entretanto,
as notícias que nos chegavam da Europa e, mais concretamente, de Espanha,
eram aterradoras. Estava (e ainda está, no momento em que escrevo estas
linhas) em curso uma verdadeira chacina. Havia que apressar o regresso antes
que o colapso nos impedisse de voltar a ver as famílias e os amigos.
(continua) Março de 2020 Henrique Salles da Fonseca
NOTAS DA INTERNET:
Tulum
Tulum
é uma cidade na costa das Caraíbas da Península de Iucatão, no México. É
conhecida pelas praias e ruínas bem-preservadas de uma antiga cidade portuária
maia. O edifício principal é uma grande estrutura em pedra denominada El
Castillo (castelo), situada num penhasco
montanhoso sobre a praia de areia branca e o mar
Cobá
Cobá
é uma antiga cidade pré-colombiana em ruínas da civilização maia, localizada no estado de Quintana
Roo, península do Iucatão, no sudeste do México. A
maior parte da cidade foi construída em meados do período clássico da civilização maia,
entre os anos 500 e 900 d.C. Após o início do século XI a cidade perdeu
importância política, ainda que pareça ter conservado a sua importância
simbólica e ritual, que lhe permitiu recuperar certa proeminência entre 1200 e
1500, quando se construíram diversos edifícios já de estilo costa oriental.
A cidade de
Cobá governava um território importante e
lutava contra a cidade maia-tolteca de Chichén
Itzá. Tinha relações comerciais com as pequenas cidades maias da costa do mar
das Caraíbas, como Xcaret, Xel-Há, Tankan e Tulum, e tinha um observatório
astronómico, um campo de jogos para o denominado jogo da bola e uma pirâmide pequena logo
na entrada da zona arqueológica.
O sítio arqueológico é o fulcro da maior rede de
caminhos empedrados do antigo mundo maia e nele foram encontradas várias estelas que
documentam ritos cerimoniais e eventos importantes do período clássico tardio (600-900).
A aldeia moderna actual homónima tinha 1278 habitantes em 2010.[carece de fontes]
Chiapas
Origem:
Wikipédia, a enciclopédia livre.
Chiapas
é um estado do México. A capital é Tuxtla Gutiérrez. Limita-se com o estado de Tabasco ao
norte, de Veracruz
a noroeste e de Oaxaca
a oeste. A leste limita-se com a Guatemala, e
ao sul com o Oceano Pacífico. Um terço de sua população é
descendente dos maias,
sendo que muitos deles não falam espanhol. De Tabasco ao
norte, de Veracruz
a noroeste e de Oaxaca
a oeste. A leste limita-se com a Guatemala, e
ao sul com o Oceano Pacífico. Um terço de sua população é
descendente dos maias,
sendo que muitos deles não falam espanhol.
História
Período
pré-hispânico[
O
florescimento das cidades maias na selva Lacandona, durante o período clássico (300-900
d.C.), é considerado uma das maiores realizações culturais na história da
humanidade. Foi no
período pré-clássico (1800 a.C.-300 d.C) que ocorreram em Chiapas os passos que
tornaram possível a transição da caverna escura para o ponto brilhante da palavra inarticulado
da palavra sonora, coleta de frutos, domesticação, e cultivo do milho, a convivência
em agrupamento primitivo sofisticado, a língua falada por escritos glíficos, e a
escultura rudimentar.
Por
volta de (1500 a.C.), os seus habitantes e começam a cultivar o milho, e viviam
em casas e produziam cerâmicas. Foram seus descendentes, os que falavam uma
antiga língua mixezoque, que mais tarde mudaram-se para as planícies
do Golfo e lá deram à luz a cultura olmeca. Em seu
caminho mítico se entretinham no vale do rio
Grijalva, e fundaram nas margens uma grande cidade, cujas ruínas ainda
podem ser vistas na entrada da Chiapa de Corzo. Lá foi encontrado um pedaço
de cerâmica com a inscrição mais antiga até agora: é datada de 36 a.C,
trezentos anos depois o povo maia retomou todos esses avanços, e levou à sua
máxima perfeição.
Junto
com os inumeráveis e inquestionáveis achados artísticos e intelectuais, eles
também descobriram alguns problemas que parecem ter complicado a vida dos
antigos maias: o aumento da sobre-exploração das terras selvagens e
estratificação social rígida, a exaltação excessiva do solo, incursões
militares incessante contra os vizinhos, o medo da doença e da fome, e a ameaça
de uma catástrofe natural anunciando o fim do seu mundo. Cada um destes
problemas tem sido sugerido pelos estudiosos como a explicação do colapso "Maya",
o colapso político e cultural, isto é das cidades selvagens no final do século IX.
Provavelmente foi uma infeliz conjuntura de vários desses elementos que
levaram os maias clássicos à ruína. Em seu lugar surgiu uma sociedade que
frustrou os sonhos de grandeza de uma vida mais modesta, principalmente
preocupada com a restauração do respeito pela terra sagrada e os
agricultores correm para o trabalho. ….
Período Colonial
Quando
os espanhóis chegaram no século XVI, no território do estado, se depararam com
pessoas de origem maia e outros que não eram, como o zoques e
Chiapanecas. Todos foram submetidos entre 1524 e 1530. Somente os
lacandones resistiram até 1695, e portanto, o estado atual de Chiapas foi totalmente
ocupada pelos europeus. Vários capitães foram os conquistadores de Chiapas, (entre os
quais Francisco
Gil Zapata)
Desde
1528, com a
fundação do primeiro povoado espanhol no Vale do Jovel, se inicia o período
colonial. Os índios foram escravizados,
marcados como animais e sujeitos ao pagamento de tributo e trabalho forçado.
Contato com os europeus também trouxe doenças desconhecidas para estas pessoas.
Os soldados da conquistas se tranformaram em comissários de encomiendas.
A população indígena cai drasticamente para epidemias recorrentes
e fome.
A
condição dos índios tornou-se uma fonte de confronto político e ideológico. As ordens
religiosas, em particular os dominicanos, tornaram-se defensores do
povo aborígene. Em 1542, em que pode ser considerado um triunfo do frei Bartolomé de Las Casas, novas leis são
aprovadas de Barcelona,
para limitar o poder dos administradores. As ordens religiosas ganharam a
partir de então, maior influência sobre a população indígena. A eles é
autorizado a redução e congregação e da população, bem como o nome de um santo
acima do nome indígena da cidade: San Juan Chamula, San Lorenzo Zinacantán,
Santa Catarina, San Clemente Pochutla, entre outros. Se inicia a apresentação
religiosa e consolidação do sistema colonial…….
À
medida que a economia crescia também ocorreram mudanças. Introduziram novas
culturas como a cana-de- açúcar, trigo, cevada, índigo, que
junto com o milho,
algodão,
cacau, feijão e
outros foram se tornando os pilares da economia colonial. Também
introduziam novas técnicas de produção, tais como enxadas, arado de aço com
ponta e rotação de culturas. Qual foi realmente notável foi a introdução
de gado, cavalos e ovelhas. Com esta
melhoria da agricultura pode-se implantar o adubo animal, além de sua utilização
para o trabalho e transporte. Em períodos sucessivos, a economia colonial
centrada sobre o cacau, pecuária e índigo no final da colônia, a
condição física de Chiapas em larga medida, as tendências econômicas regionais.
Tinham as regiões de gado, milho ou grandes plantações, e dava a impressão de
várias províncias em uma só, dada a dificuldade e falta de comunicação.
Outro
elemento importante deste período histórico é a população. A indígena, principalmente
se integraria ao branco, predominantemente espanhóis, que estavam concentrados
em Ciudad Real e ao longo da colônia estavam mudando para outros povoados como uma
Comitán, Chiapa e Tuxtla. A miscigenação, proibida pela legislação
colonial era inevitável, e a partir da segunda metade do século XVII,
os números cresceram tornando-se maioria no século XIX.
Mas, além de índios e brancos foram trazidos para Chiapas escravos de origem africanos. …Assim, os escravos negros executavam tarefas
domésticas, corte de cana e tarefas associadas com a pecuária. Seus números cresceram em que
tinham que fazer o trabalho mais pesado, e era onde a população indígena estava
em declínio.
Período Pós-Colonial]
No
final da era colonial, a sociedade de Chiapas se desenvolvia em três universos
relativamente distintos uns dos outros: as aldeias indígenas, fazendas e casas
mestiças, e as vilas de origem espanhola. Nas duas últimas saíram cidadãos que
concretizaram a independência da província de Chiapas, em primeiro lugar da
Espanha em 1821 e
depois da América Central em 1824. Houve então uma
experiência incipiente democracia que é memorável: a tomada de decisões em
reuniões na cidade com pessoas em lugar visível, em várias capitais regionais.
Período Contemporâneo]
Entre
1920 e 1936 os mapaches
enfrentaram os carracistas, os socialistas
e comunistaspara
o controle do estado. …..
Entre
1941 e 1970 Chiapas está
passando por um período de estabilidade. O
problema central continua sendo o isolamento e confinamento, que por sua vez
despertou atitudes regionais e locais. "Aquele que nasceu em San Cristobal
de Las Casas, -escreve em 1964 José Casahonda Castillo, sente e pensa que seu belo vale é
Chiapas. O tapachulteco, o tuxtleco, o comiteco, o pichucalqueño, pensa da
mesma maneira". Esse isolamento não permite o trânsito de pessoas e
bens, cada região e às vezes mesmo de cada concelho, auto-suficiente e até
culturalmente, e ainda poderia ser avaliada a influência do localismo.
Portanto,
uma preocupação do tempo seria a construção de estradas que favoreça o
desenvolvimento econômico.
Ela transforma a paisagem urbana de Tuxtla Gutiérrez e Tapachula. Se inicia
a construção da ferrovia, … Foi registrado que a partir desta
integração econômica, aumentou e surgiu nesta fase, o caráter de um setor
social que não existia: o agricultor.
O
desenvolvimento de infra-estrutura facilitou o crescimento de
algumas atividades econômicas: exploração de milho, café, bananas e algodão,
assim como bovinos e suínos. A população também cresceu, ….
Invasões
de terras, criação de organizações sociais, camponeses, professores,
trabalhadores e estudantes, são um reflexo de uma crise de legitimidade e de um
desgaste do sistema político mexicano e a insatisfação das demandas sociais. Entre 1970 e 2000 a sociedade
chiapaneca mudou dramaticamente. A
estrutura agrária é agora a favor do sector ejido e comunidade. Os povos
indígenas, anteriormente vistos apenas como parte da paisagem, passaram a
desempenhar um papel de protagonista central. O levante do Exército Zapatista de
Libertação Nacional (EZLN), de janeiro de 1994, é a última expressão
de despertar indígena do estado. A mudança da preferência eleitoral de 20 de
agosto, resume os anos de luta e aspirações de mudança democrática e
pacífica dos homens e mulheres de Chiapas de todas as idades e status social.
Conflitos:
A partir de
1994, o estado de
Chiapas ficou reconhecido internacionalmente pela insurreição do Exército Zapatista de
Libertação Nacional (EZLN), dividindo o México em dois lados: o governo
federal e os zapatistas. Atualmente há 32 municípios autônomos zapatistas
em Chiapas. O grupo é uma referência a Emiliano Zapata, general
que liderou a Revolução Mexicana de 1910, admirado por
defender os direitos dos fazendeiros pobres. A rebelião
zapatista no estado mais pobre do México
começou em 1994,
com a tomada pelo EZLN de quatro cidades mais notavelmente San Cristóbal de las Casas, mais de
600 propriedades rurais, o que totalizou cerca de um quarto do território do
estado. Apesar dos
duros combates iniciais contra as tropas do governo, o EZLN aposta em ações pacíficas
e de impacto - como a ocupação de povoados e a organização de congressos
políticos internacionais no meio da selva de Chiapas. Sua plataforma,
transmitida pelo principal porta-voz, o subcomandante Marcos, prevê a democratização
do país e a ampliação da autonomia e das oportunidades para os grupos indígenas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário