terça-feira, 3 de março de 2020

Bons, maus, assim-assim… sempre os houve



Um passado colonial de muito sangue, suor e lágrimas, de um pequeno povo que se aventurou pioneiro, abrindo caminho a outros. Eu acho admirável, esse desbravar do mundo, digam lá o que disserem, por um povo de bem pequena dimensão. Madeira, Açores, Cabo Verde, Guiné, S. Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Goa, Damão, Diu, Brasil, “e se mais mundo houvera lá chegara”… E até chegou, afinal… mais adiante… como o próprio Fernão Mendes Pinto refere. E por vezes teve que reconquistar as mesmas terras, porque povos mais bem apetrechados as haviam tomado, em tempo de sujeição pátria. Salvador Correia de Sá, por exemplo, retomou Angola e São Tomé e Príncipe aos holandeses, por alturas da Restauração, estudávamos antes, na História pátria, que agora receamos recordar… Porque o que está a dar hoje é o racismo, nesta era de bons sentimentos que por aí grassam, à falta de outra envergadura, coitados… E esses que acusam até são racistas, esses sim, contra os seus próprios conterrâneos, pretos ou brancos. Conheci desses acusadores, até em África, que, sendo ricos – alguns, doutores - exploravam os seus criados, com baixos salários… Mas isso não é racismo, é penúria moral. Como hoje, por cá também, e sobretudo…
O passado colonial não faz de nós racistas
É tão histórica a atitude dos brancos que toleravam o comércio de homens como a dos que passaram a considerá-lo incompatível com a civilização e a olhar os negreiros como Alexandre Herculano os olhava-
JOÃO PEDRO MARQUES  HISTORIADOR E ROMANCISTA  OBSERVADOR, 01 mar 2020
Não estive em directo no último Prós e Contras. A minha participação nesse programa limitou-se a uma pequena intervenção filmada e gravada uns dias antes, na qual eu disse duas coisas: em primeiro lugar que há um exagero na susceptibilidade e reactividade de várias pessoas negras, de forma que qualquer reparo que lhes seja feito é imediatamente visto e sentido como uma manifestação de racismo; afirmei, em segundo lugar, que, num cômputo geral, Portugal não é racista e que é errada a teoria muito difundida segundo a qual o país teria forçosamente de o ser por ter estado longamente envolvido no tráfico transatlântico de escravos e num império colonial. O historiador Francisco Bethencourt, que esteve em directo no Prós e Contras, não gostou dessa minha intervenção. Considerou que ela revelava “enorme insensibilidade ao fenómeno racista” e que era inaceitável por ser um “processo de branqueamento dos problemas racistas”. Seria, além disso, errada por eu (alegadamente) querer “dizer que o passado é o passado e não tem qualquer reflexo no presente”.
Mas Francisco Bethencourt está a ver mal e a pensar pior. O facto de Portugal ter estado envolvido no tráfico de escravos, de ter tido um império colonial e de, em determinado momento da sua história, ter tido uma política orientada segundo ideologias e sentimentos racistas, não significa que os tenha agora. As sociedades podem arrepiar caminho, e muitas vezes fazem-no. Pense-se, por exemplo — e talvez seja esse o melhor exemplo —, nas atitudes ocidentais face à escravatura. Durante três a quatro séculos as sociedades europeias que estabeleceram colónias nas Américas estiveram profundamente envolvidas no tráfico de escravos e na exploração do trabalho de africanos em plantações, minas, etc., e conviveram com isso sem grandes objecções ou questionamentos. Mas a partir do último terço do século XVIII essas mesmas sociedades começaram a inverter a sua visão e a sua prática, no que à escravatura diz respeito. É preciso relembrar mais uma vez que foram as sociedades ocidentais que primeiro a rejeitaram e combateram. Depois da sua abolição houve outras formas de coerção e de exploração violenta do trabalho? Sim, houve. Mas também dessas práticas as sociedades ocidentais se foram demarcando e desviando. Francisco Bethencourt não vê esse lado positivo da História, ou se o vê desvaloriza-o. Já lhe fiz esse reparo em artigos a que preferiu não responder e volto a fazê-lo aqui. Bethencourt acusa-me e a outros de fazermos “branqueamentos” sem se dar conta de que é ele que faz óbvios “escurecimentos”. Não tem a visão calibrada. É uma espécie de permanente advogado de acusação do passado.
De qualquer modo, o que importa dizer e sublinhar é que não ficámos marcados para todo o sempre e de forma indelével por antigas práticas condenáveis. Ao contrário do que Francisco Bethencourt pensa, não estou com isto a rejeitar o peso e a importância da história. Estou apenas a tentar que as pessoas olhem para um quadro mais completo, mais pleno, do que aquele que muitas vezes lhes é mostrado. É que se o tráfico de escravos é história, a sua abolição e os valores que a ela se associaram também o são. É tanto história o navio negreiro que carrega 300 escravos em Luanda como o esforço de um Sá da Bandeira para pôr fim à escravatura. É tão importante a data da chegada dos primeiros escravos negros a Lagos, como aquela em que Portugal começou efectivamente a apresar navios negreiros no mar. É tão histórica a atitude dos brancos que toleravam o comércio de homens como a dos que passaram a abominá-lo, a considerá-lo incompatível com a civilização, e a olhar os negreiros como Alexandre Herculano os olhava, isto é, como criaturas a quem se devia “negar o sal e o lume, a água e a hospitalidade” e das quais se devia fugir “como de empestados”. Francisco Bethencourt estará eventualmente esquecido de que houve gente no século XIX que escreveu nos jornais, discursou e legislou nas Cortes, ou andou nos navios de cruzeiro a combater pela libertação dos escravos negros. Isso também faz parte da nossa história e reverte ou atenua o que de lamentável havia na história anterior.
E o que neste contexto é válido para Portugal é igualmente válido para muitos outros países e situações. Pense-se, por exemplo, no caso alemão. Não é pelo facto de ter existido nas décadas de 1930-40 um regime hitleriano, com todas as suas violências e atrocidades, que a Alemanha tem actualmente de ser nazi. Estou firmemente convencido de que o não é e de os alemães, no seu conjunto, o não são, o que não quer dizer que não existam nazis entre eles. O mesmo se passa quanto ao racismo entre nós. Portugal não é, globalmente falando, um país racista, o que não exclui que existam portugueses que o são. Mas a nossa história colonial não nos condena inapelavelmente ao racismo. Tivemos um império? Sim, mas já não temos. Envolvemo-nos no tráfico de escravos? Envolvemos, mas há muito que já não estamos envolvidos. Tudo isso está no passado. Esse passado deixou marcas? Sim, sem dúvida, mas é preciso perceber que também dinamizou diversas alterações ao nível das ideias, das sensibilidades e dos procedimentos.
Talvez seja por isso que o teor de racismo em Portugal é relativamente baixo a acreditar num recente estudo da União Europeia (Being Black in the EU). Esse estudo passou despercebido porque não resultou naquilo que os auto-proclamados anti-racistas querem ouvir, mas é muito interessante porque mostra que tanto Portugal como o Reino Unido — que também teve um império colonial e um envolvimento extenso e profundo na escravatura —, apresentam níveis diminutos de comportamento racista quando comparados com países como a Finlândia ou o Luxemburgo, que não tiveram impérios coloniais nem envolvimento no comércio negreiro. Ou seja, uma coisa não é necessariamente consequência da outra. É por todas estas razões que Portugal não é nem pode ser prisioneiro das partes negras da sua história. As pessoas demarcam-se, inflectem, rejeitam, mudam, e as sociedades também. Mas para o percebermos é preciso abrir os olhos, pôr o cérebro a trabalhar e pensar fora da caixa, em vez de nos limitarmos a repetir chavões.
PS: Não quero terminar este artigo sem referir que, na sua aparição no Prós e Contras, Francisco Bethencourt foi pouco rigoroso com factos e números, o que é sempre um pecado num historiador. A sua afirmação de que “Portugal esteve envolvido no tráfico de seis milhões de escravos” para as Américas, por exemplo, está errada, como já referi por diversas vezes. Resulta do facto de ter adicionado os quantitativos de Portugal (4,5 milhões) aos do Brasil independente (1,3 milhões) e de ter arredondado para cima, o que mostra bem em que sentido vai o viés ou parcialidade da sua visão. É o tal “escurecimento” da história a que eu me referi acima.
COMENTÁRIOS
Fernando SILVA: Como outro comentador lembrou muito bem aqui em baixo, o colonialismo foi mais uma questão entre povos, de dominação de uns por outros, do que uma questão racista, de hierarquização de raças. Naqueles tempos, a dominação de povos mais atrasados e fracos por outros mais avançados e fortes era algo que era considerado normal e aceite por todos, inclusive pelos colonizados. De resto, os colonizados teriam sido os colonizadores se tivessem podido ou, porque no fim de contas era disso que se tratava, se os outros o tivessem permitido. Em Africa, antes da colonização europeia, certos povos negros dominavam outros povos negros. A alternativa era entre dominar ou ser dominado. O colonialismo europeu permitiu que muitos povos do resto do mundo tivessem registado progressos enormes em relativamente pouco tempo. Ou seja, sem o colonialismo, os territórios que são hoje países formalmente independentes politicamente estariam ainda mais atrasados e mais dependentes em tudo o resto. Os primeiros e os mais convictos anti-colonialistas não saíram do seio dos povos colonizados mas sim dos próprios países colonizadores. Tal como o combate pela abolição da escravatura e o anti-racismo. Sim, é mesmo assim: quem acabou com a escravatura e o colonialismo foram os Ocidentais e os Ocidentais são hoje os menos racistas e mais anti-racistas de todos os povos do mundo.
José Ramos: Estou convencido de que o "racismo" dá de comer a muita gente - e não me refiro só a pão com manteiga, mas a iguarias bem mais refinadas - daí ele ter saltado de repente para presumíveis "doutores", "jornalistas de causas" e "activistas" em geral. Não fora o "racismo", ou, por exemplo, "o patriarcado tóxico" (ou lá o que é), a protecção das pulgas, percevejos e outras espécies oprimidas, etc. e essa "pobre" gente teria de trabalhar. Ora, como se sabe, trabalhar é uma chatice e dá muito trabalho. Além disso, não dá aquele status social de quem protege "a viúva e o órfão". Aliás, com o Estado providência, "a viúva e o órfão" estão relativamente protegidos e tão fora de moda como a "engomadeira tísica", a "entrevadinha" ou o desgraçado " poeta da mansarda". A "esquerda", coitada, ficou sem causas e fazer pela vida é o diacho.
pedro dragone: Excelente argumentação, difícil de rebater. As teses de Bethencourt sobre o racismo são um exemplo perfeito de captura da ciência pela ideologia.
José Monteiro: O autor abaixo, amante da liberdade africana, mas sem cultura (ou deformação) marxista, religioso e meio ocidentalizado, será talvez uma testemunha menos abonatória – Eduardo Mondlane: A) 10/09/51 – Não sou cidadão da África do Sul, embora tenha sido educado em Johansburgo. Nasci na África Ocidental Portuguesa, na capital, chamada Lourenço Marques.(…) Os problemas sociais, políticos e económicos do meu país são um pouco diferentes dos da União da África do Sul. Por exemplo, nós não temos uma barreira de cor ou discriminação racial no nosso país.(…) Pessoalmente penso que há duas maneiras que ajudarão os africanos:1.Educação massiva…2.O espalhar da verdadeira cristandade.(…) É esta a razão por que eu tenho a obrigação de regressar a África para fazer tudo o que puder para contribuir com a pequena parte de boa vontade com que eu sei que Deus quer que eu contribua na vida. B) 24/09/51 – Lembra-te que eu próprio não sou cidadão sul-africano. Sou cidadão português. No meu país não temos leis de segregação… Eu farei tudo para lutar pelos direitos do meu povo no meu próprio paísC) 24/04/54 – O meu desacordo com o governo tem pouco a ver com a sua política racial porque, embora não seja a ideal, não é tão má como a dos países vizinhosO que não posso suportar é a falta de liberdade de expressão. Isto é verdade para todos os cidadãos portugueses, em Portugal e em África. PS: enxertos das cartas de Mondlane a sua mulher Janet.Livro de Nadja Manguezi, Maputo 2001, Centro de Estudos Africanos e Livraria Universitária:Com “Uma história da vida de Janet Mondlane” com o título “O Meu Coração está nas Mãos de um Africano
aac 666: Excelente resposta, ao historiador que vê erradamente a história com o pensamento actual, parabéns
Miguel Teixeira: Francisco Bethencourt não tem distanciamento emocional suficiente para pensar a história, vive o síndrome da “Cabana do Pai Tomás” (branco mau vs negro bom). Não é o facto de termos comprado, comercializado e deslocado escravos negros que terá de fazer de nós racistas. Os negros vendiam os seus irmãos como escravos e disso não tinham remorsos pois todas as sociedades utilizavam escravos no passado. Os negros só eram fisicamente mais adequados ao tipo de trabalho, não traziam consigo a carga religiosa de escravizarmos Cristãos e estavam disponíveis em abundância sendo-nos entregues pelos próprios semelhantes numa troca comercial. Ficámos bem na fotografia? Não! Alguém ficou? Não. Basta verificar que a palavra “slave” tem origem no eslavos feitos escravos pelos muçulmanos da península ibérica do século nono para perceber que a escravatura fazia parte de todas as culturas, infelizmente. E que a escravatura de negros, foi primeiro feita por negros e depois por muçulmanos, que ainda a fazem, ao que se seguiram os europeus. Os europeus não são todos racistas... desonestidade intelectual acompanha sempre os que introduzem uma agenda política nas explicações históricas.
Luís Graham: Para minha grande vergonha e constrangimento sou trisneto de colonizadores. E seguramente que à época dos Descobrimentos ou Achamentos e mais tarde com o Colonialismo, os autóctones teriam o enorme desconforto por serem espoliados e ocupados, traficados, na maioria dos casos ignobilmente por gentes que se arvoravam de qualidade superior. Considero que a maioria dos indígenas desejaria que esses colonizadores fossem "Deportados" pois mais não eram que intrusos molestadores. Pena é que só depois de despojarem povos e subtraírem até à exaustão todo o espólio local tenham tardia e mal e porcamente entregue os mesmos à sua sorte. Por mais que branqueiem, todo o colonialismo é abjecto e na maioria dos casos, potenciou o espírito de hegemonia branca face aos de tom diferente.
De Grammaticon > Luís Graham: Acho que sem se aperceber acabou por sintetizar o manifesto mais cândido da culpa chique e do seu significado: uma extravagância meio blasé para impressionar garinas novas. E o mais maravilhoso é que até pode haver aí sinceridade.
Miguel Teixeira > Luís Graham: O colonialismo não foi entre raças, foi entre povos. Veja os árabes em África e na Ásia .
aac 666 > Luís Graham: Olha, mais um que pensa que os índios eram uns coitadinhos, muitas tribos eram canibais como os tupinambás e outros e viviam regularmente em guerra uns contra os outros, sequestravam sacrificavam raptavam membros de tribos rivais ou pensas que era tudo paz e amor e os brancos é que levaram para lá a guerra e a maldade? Aliás, os portugueses eram pouquíssimos tiveram de se aliar com tribos e derrotar outras em conjunto. Vai ler historiadores isentos não leias só historiadores de extrema esquerda
Henrique Nelson: Aprecio a serenidade, bom senso e elevação do debate, da parte de João Pedro Marques, que conheço de artigos e de um romance histórico magnífico: "Uma fazenda em África". Já quanto ao tal de Bethencourt desconheço em absoluto, mas seguramente é a visão deste e quejandos que prevalece e prevalecerá, pois a história parece q é  sempre escrita pelas "vanguardas"... Por isso, acho q tudo q se possa escrever e contestar sobre este assunto, é gastar cera com ruins defuntos....
José Gaspar: Na "mouche", caro João Pedro Marques. É óbvio que, na época, só não foram potências coloniais as que não conseguiram sê-lo. Disso é prova a Conferência de Berlim. Consideremos agora duas outras evidências: a industrialização atentou contra a saúde do planeta como nenhuma outra actividade humana; é ela que está na origem da potencial catástrofe ecológica que ameaça a Terra. Conclusão: a Inglaterra e os ingleses, que inventaram a máquina a vapor, são uns criminosos empedernidos; como tal, devem ser adequadamente fustigados nos dias de hoje! A lógica é uma batata e o silogismo aristotélico uma falácia...
francisco oliveira: Há bethencourts ansiosos de que os holofotes da comunicação social divulguem algo que diminua a sociedade ocidental e agora a portuguesa. Costumo desprezá- los mas concordo e agradeço que o autor tenha posto os pontos nos ii para repor a verdade e esclarecer quem o desejar.
Antonio Sousa Branco: Um historiador a "martelar" os números (um martelanço superior a 30%) só quer dizer duas coisas: - Boa-fé, mas falta de informação, o que não fica bem num académico que se apresenta com o curiculum de Francisco Bethencourt. - Má fé, inflacionando números, para reforçar o "fofinho do politicamente correcto", que, pela a autoflagelação, pensa ganhar a carta de alforria que o projecta como uma das "referências da superioridade moral" da Nação.
Victor Guerra Antonio Sousa Branco: Ele rejeita a "inferioridade moral" da nação, que parece a sua.
Luís Martins: Este artigo estabelece a diferença entre a História-ciência e a História-ideológica.
Carminda Damiao: Obrigada pela sua luta pela verdade da História.
filipe samuel Nunes: Mais um artigo lúcido e ponderado deste homem. Boa malha!
insana assunta: ai credo que quase me deu uma coisinha má quando soube que era racista por ter nascido em portugal e deve ser por uma gosma que se agarra à nascença e prantes
Manuel Barradas: É por causa dos Franciscos Bethencourts que vivemos neste pântano moral.
Victor Guerra: Não há pachorra. Tolero mal a negra Joacine, mas também a branquíssima Cristina. Empate técnico
insana assunta > Victor Guerra: ai senhor victor que a prima estalina garantiu-me que não gostar de negras nem brancas é racismo para o primeiro caso e racismo invertido para o segundo e a terceira hipótese é ser-se gay e prantes        Victor Guerra > insana assunta: Sou igual com eles
António Josué Barroso:  Gostei. Daqui a uns anos percebem. Acabam dependentes de países que não toleram os princípios ocidentais.     José B.Dias: Descobri que se pode por aqui acusar todo o mundo de racismo ... com excepção do Ba e camaradas!
Ana Ferreira: Qualquer contacto, hoje, com alguém que tenha retornado das colónias depois de lá ter tido algum negócio, dá para perceber o espírito profundamente racista que mantém depois desses anos passados a, com mais ou menos perversidade, explorar a mão de obra negra.
insana assunta > Ana Ferreira: ai dona ana que a dona isabel dos santos diz a mesma coisa e pelo que coitadinha deve ter sofrido muito com o racismo e prantes
Lele Cuca: Por isso insistir na contabilidade é mesmo muito asneiroso. O que era o Brasil independente senão um implante europeu de brancos que falavam português em terras da América do Sul, sendo que muitos desses brancos até eram nascidos em Portugal. Veja-se o próprio fundador desse novo país. É possível indissociá-lo de Portugal, na cultura, nos valores, nas convicções, nas práticas e na essência ontológica mais profunda? Contas de mercearia não se adequam a este debate com seriedade. Portugal teve uma história negra no âmbito da escravatura e do colonialismo. Na minha opinião o mais saudável e prudente será mesmo fazer - nos de esquecidos desses tópicos como até aqui se tem feito, com o objectivo de silenciar as vozes histéricas que não se calam sobre o assunto, usando-o como arma de arremesso revolucionária marxista. Meter - nos na boca do lobo é que não. Só contribui para a derrota das mentes sãs e evoluídas e para a emergência dos fanáticos. Nota - se alguma evolução no pensamento deste autor. As evidências são muito fortes, pelo que a natural síntese a que o presente artigo parece aproximar - se vem muito claramente sobrepor - se a tanta insistência teimosa contra a moral que outros artigos anteriores vinha demonstrando.
João Paulo Moita: Excelente artigo, parabéns ao autor.
António Coimbra: Grande Professor de História, que explica de forma tão clara e no seu todo, o Bom e o Menos Bom. Leio sempre todos os seus artigos com grande alegria e satisfaz-me especialmente por ser descendente de portugueses que viveram quase um século em Moçambique, hoje com toda a certeza à luz destes "iluminados do dia" todos colonialistas e perversos esclavagistas, que consideravam a sua terra, que se miscigenaram sem problemas e os que não o fizeram viviam com todos, os de todas as raças e credos que ali existiam (havia também grande número de indianos e chineses), sem preconceito. Claro que o meu avô me contava estórias de quem procedia de forma racista, mas era residual segundo ele, pelo que me explicava todos os que se deslocavam à África do Sul, onde a minha mãe estudou interna num colégio, ficavam chocados com a segregação racial. Por isso é chocante que estes ditos historiadores, e outros comentadores, de pacotilha, que infelizmente representam a voz dominante nas escolas, universidades e comunicação social, não respeitem a nossa história e acima de tudo os portugueses que vêem a sua memória injustiçada e maltratada por quem não viveu as situações e quer criar ideias erradas do que efectivamente aconteceu. Muito bom exemplo o seu do nazismo, deve haver tantos nazis em Portugal como racistas mas esta gente só está bem a denegrir o que é nosso, mesmo que faltando à verdade, aos factos e à memória colectiva.
Filipe Lobo: O passado colonial não faz dos portugueses racistas mas certamente é relevante para aqueles portugueses que o são e para os descendentes das vítimas do colonialismo português. É este 2o facto que o Sr Prof prefere ignorar, na sua sanha de defender a "verdade" histórica. (Não eram 6 milhões de vítimas, eram "só" 4,5 milhões.) De notar que o racismo em Portugal, tal como noutros países, não se resume ao desrespeito por indivíduos pretos e à sua discriminação. Portugueses e estrangeiros de várias cores, pronúncias, culturas e religiões são objecto de racismo ou xenofobia em Portugal. As caixas de comentários d'Observador são boa evidência deste facto.
Zacarias Bidon > Filipe Lobo: Vai dizer isso aos que manejam o lápis azul.
Pedro Ferreira: Excelente professor.
Manuel Marques: Obrigado por uma argumentação clara e bem calibrada. Que pena os activistas do passado não notarem que a escravidão actual existe sobretudo em África... um indício  monstro que localiza o racismo fora da Europa ou dos países «Ocidentais». Estes «activistas» não saberão que os melhores soldados portugueses foram africanos? Falo dos Flechas que escravizados por centenas de anos pelos Bantu viram na oferta do inspector Óscar Cardoso o caminho da libertação? A História é o bastião das ironias e paradoxos. O melhor é não lhe mexer.
Maria Nunes: Excelente Dr. João Pedro Marques. Há pessoas em Portugal que querem à força que sejamos um país de racistas. É escusado apresentar-lhes factos históricos, pois as palas que têm nos olhos não os deixam ver mais.     Zacarias Bidon: Pole position!

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