Um passado colonial de muito sangue, suor
e lágrimas, de um pequeno povo que se aventurou pioneiro, abrindo caminho a
outros. Eu acho admirável, esse desbravar do mundo, digam lá o que disserem,
por um povo de bem pequena dimensão. Madeira,
Açores, Cabo Verde, Guiné, S. Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Goa, Damão,
Diu, Brasil, “e se mais mundo houvera
lá chegara”… E até chegou, afinal… mais adiante… como o próprio Fernão Mendes Pinto refere. E por vezes teve que reconquistar
as mesmas terras, porque povos mais bem apetrechados as haviam tomado, em tempo
de sujeição pátria. Salvador Correia de Sá, por exemplo, retomou Angola e São
Tomé e Príncipe aos holandeses, por alturas da Restauração, estudávamos antes,
na História pátria, que agora receamos recordar… Porque o que está a dar hoje é
o racismo, nesta era de bons sentimentos que por aí grassam, à falta de outra
envergadura, coitados… E esses que acusam até são racistas, esses sim, contra
os seus próprios conterrâneos, pretos ou brancos. Conheci desses acusadores, até
em África, que, sendo ricos – alguns, doutores - exploravam os seus criados,
com baixos salários… Mas isso não é racismo, é penúria moral. Como hoje, por cá
também, e sobretudo…
O passado colonial não faz de nós racistas
É tão histórica a atitude dos brancos que
toleravam o comércio de homens como a dos que passaram a considerá-lo
incompatível com a civilização e a olhar os negreiros como Alexandre Herculano
os olhava-
JOÃO PEDRO MARQUES HISTORIADOR E ROMANCISTA OBSERVADOR, 01 mar 2020
Não
estive em directo no último Prós e Contras. A minha participação nesse programa limitou-se a uma pequena intervenção filmada e gravada uns dias antes, na qual eu disse duas coisas: em primeiro lugar
que há um exagero na susceptibilidade e reactividade de várias pessoas negras,
de forma que qualquer reparo que lhes seja feito é imediatamente visto e
sentido como uma manifestação de racismo; afirmei, em segundo lugar, que, num
cômputo geral, Portugal não é racista e que é errada a teoria muito difundida
segundo a qual o país teria forçosamente de o ser por ter estado longamente
envolvido no tráfico transatlântico de escravos e num império colonial. O
historiador Francisco Bethencourt, que esteve em directo no Prós e
Contras, não gostou dessa minha intervenção. Considerou que ela
revelava “enorme insensibilidade ao fenómeno racista” e que era
inaceitável por ser um “processo de branqueamento dos problemas racistas”.
Seria, além disso, errada por eu (alegadamente) querer “dizer que o passado
é o passado e não tem qualquer reflexo no presente”.
Mas
Francisco Bethencourt está a ver mal e a pensar pior. O facto de Portugal
ter estado envolvido no tráfico de escravos, de ter tido um império colonial e
de, em determinado momento da sua história, ter tido uma política orientada
segundo ideologias e sentimentos racistas, não significa que os tenha agora. As
sociedades podem arrepiar caminho, e muitas vezes fazem-no. Pense-se, por
exemplo — e talvez seja esse o melhor exemplo —, nas atitudes ocidentais face à
escravatura. Durante três a quatro séculos as sociedades europeias que estabeleceram
colónias nas Américas estiveram profundamente envolvidas no tráfico de escravos
e na exploração do trabalho de africanos em plantações, minas, etc., e
conviveram com isso sem grandes objecções ou questionamentos. Mas a partir do
último terço do século XVIII essas mesmas sociedades começaram a inverter a sua
visão e a sua prática, no que à escravatura diz respeito. É preciso relembrar
mais uma vez que foram as sociedades ocidentais que primeiro a rejeitaram e
combateram. Depois da sua abolição houve outras formas de coerção e de
exploração violenta do trabalho? Sim, houve. Mas também dessas práticas as
sociedades ocidentais se foram demarcando e desviando. Francisco
Bethencourt não vê esse lado positivo da História,
ou se o vê desvaloriza-o. Já lhe fiz
esse reparo em artigos a que preferiu não responder e volto a
fazê-lo aqui. Bethencourt acusa-me e a
outros de fazermos “branqueamentos” sem se dar conta de que é ele que faz óbvios
“escurecimentos”. Não tem a visão calibrada. É uma espécie de permanente
advogado de acusação do passado.
De
qualquer modo, o que importa dizer e sublinhar é que não ficámos marcados para
todo o sempre e de forma indelével por antigas práticas condenáveis. Ao
contrário do que Francisco Bethencourt pensa, não estou com isto a rejeitar o peso e a
importância da história. Estou apenas a tentar que as pessoas olhem para um
quadro mais completo, mais pleno, do que aquele que muitas vezes lhes é
mostrado. É que se
o tráfico de escravos é história, a sua abolição e os valores que a ela se
associaram também o são. É tanto história o navio negreiro que carrega
300 escravos em Luanda como o esforço de um Sá da Bandeira para pôr fim à
escravatura. É tão importante a data da chegada dos primeiros escravos
negros a Lagos, como aquela em que Portugal começou efectivamente a apresar
navios negreiros no mar. É tão histórica a atitude dos brancos que toleravam o
comércio de homens como a dos que passaram a abominá-lo, a considerá-lo
incompatível com a civilização, e a olhar os negreiros como Alexandre Herculano
os olhava, isto é, como criaturas a quem se devia “negar o sal e o lume, a água
e a hospitalidade” e das quais se devia fugir “como de empestados”. Francisco
Bethencourt estará eventualmente esquecido de que houve
gente no século XIX que escreveu nos jornais, discursou e legislou nas Cortes,
ou andou nos navios de cruzeiro a combater pela libertação dos escravos negros.
Isso também faz parte da nossa história e reverte ou atenua o que de lamentável
havia na história anterior.
E
o que neste contexto é válido para Portugal é igualmente válido para muitos
outros países e situações. Pense-se, por exemplo, no caso alemão. Não é pelo
facto de ter existido nas décadas de 1930-40 um regime hitleriano, com todas as
suas violências e atrocidades, que a Alemanha tem actualmente de ser nazi.
Estou firmemente convencido de que o não é e de os alemães, no seu conjunto, o
não são, o que não quer dizer que não existam nazis entre eles. O mesmo se passa quanto ao racismo entre nós. Portugal
não é, globalmente falando, um país racista, o que não exclui que existam
portugueses que o são. Mas a
nossa história colonial não nos condena inapelavelmente ao racismo. Tivemos um
império? Sim, mas já não temos. Envolvemo-nos no tráfico de escravos?
Envolvemos, mas há muito que já não estamos envolvidos. Tudo isso está no
passado. Esse passado deixou marcas? Sim, sem dúvida, mas é preciso perceber
que também dinamizou diversas alterações ao nível das ideias, das
sensibilidades e dos procedimentos.
Talvez
seja por isso que o teor de racismo em Portugal é relativamente baixo a
acreditar num recente estudo da União Europeia (Being
Black in the EU). Esse estudo passou despercebido porque não
resultou naquilo que os auto-proclamados anti-racistas querem ouvir, mas é
muito interessante porque mostra que tanto Portugal como o Reino Unido — que
também teve um império colonial e um envolvimento extenso e profundo na
escravatura —, apresentam níveis diminutos de comportamento racista quando
comparados com países como a Finlândia ou o Luxemburgo, que não tiveram
impérios coloniais nem envolvimento no comércio negreiro. Ou seja, uma coisa não é necessariamente consequência
da outra. É por todas estas razões que Portugal não é nem pode ser
prisioneiro das partes negras da sua história. As pessoas demarcam-se,
inflectem, rejeitam, mudam, e as sociedades também. Mas para o percebermos é
preciso abrir os olhos, pôr o cérebro a trabalhar e pensar fora da caixa, em
vez de nos limitarmos a repetir chavões.
PS: Não quero
terminar este artigo sem referir que, na sua aparição no Prós e Contras, Francisco
Bethencourt foi pouco rigoroso com factos e números, o que é
sempre um pecado num historiador. A sua afirmação de que “Portugal esteve
envolvido no tráfico de seis milhões de escravos” para as Américas, por
exemplo, está errada, como já referi por
diversas vezes. Resulta do facto de ter adicionado os quantitativos
de Portugal (4,5 milhões) aos do Brasil independente (1,3 milhões) e de ter
arredondado para cima, o que mostra bem em que sentido vai o viés ou
parcialidade da sua visão. É o tal “escurecimento” da história a que eu me
referi acima.
COMENTÁRIOS
Fernando SILVA: Como
outro comentador lembrou muito bem aqui em baixo, o colonialismo foi mais
uma questão entre povos, de dominação de uns por outros, do que uma questão
racista, de hierarquização de raças. Naqueles
tempos, a dominação de povos mais atrasados e fracos por outros mais avançados
e fortes era algo que era considerado normal e aceite por todos, inclusive
pelos colonizados. De resto, os colonizados teriam sido os colonizadores se
tivessem podido ou, porque no fim de contas era disso que se tratava, se os
outros o tivessem permitido. Em Africa, antes da colonização europeia, certos
povos negros dominavam outros povos negros. A alternativa era entre dominar ou
ser dominado. O colonialismo europeu
permitiu que muitos povos do resto do mundo tivessem registado progressos
enormes em relativamente pouco tempo. Ou seja, sem o colonialismo, os
territórios que são hoje países formalmente independentes politicamente
estariam ainda mais atrasados e mais dependentes em tudo o resto. Os
primeiros e os mais convictos anti-colonialistas não saíram do seio dos povos
colonizados mas sim dos próprios países colonizadores. Tal como o combate pela
abolição da escravatura e o anti-racismo. Sim, é mesmo assim: quem
acabou com a escravatura e o colonialismo foram os Ocidentais e os Ocidentais
são hoje os menos racistas e mais anti-racistas de todos os povos do mundo.
José Ramos: Estou
convencido de que o "racismo" dá de comer a muita gente - e não me
refiro só a pão com manteiga, mas a iguarias bem mais refinadas - daí ele ter
saltado de repente para presumíveis "doutores", "jornalistas de
causas" e "activistas" em geral. Não fora o
"racismo", ou, por exemplo, "o patriarcado tóxico" (ou lá o
que é), a protecção das pulgas, percevejos e outras espécies oprimidas, etc. e
essa "pobre" gente teria de trabalhar. Ora, como se sabe, trabalhar é
uma chatice e dá muito trabalho. Além disso, não dá aquele status social de
quem protege "a viúva e o órfão". Aliás, com o Estado providência,
"a viúva e o órfão" estão relativamente protegidos e tão fora de moda
como a "engomadeira tísica", a "entrevadinha" ou o
desgraçado " poeta da mansarda". A "esquerda", coitada,
ficou sem causas e fazer pela vida é o diacho.
pedro dragone: Excelente
argumentação, difícil de rebater. As teses de Bethencourt sobre
o racismo são um exemplo perfeito de captura da ciência pela ideologia.
José Monteiro: O autor
abaixo, amante da liberdade africana, mas sem cultura (ou deformação) marxista,
religioso e meio ocidentalizado, será talvez uma testemunha menos abonatória – Eduardo Mondlane: A) 10/09/51 – Não sou cidadão da
África do Sul, embora tenha sido educado em Johansburgo. Nasci na África
Ocidental Portuguesa, na capital, chamada Lourenço Marques.(…) Os problemas sociais, políticos e económicos
do meu país são um pouco diferentes dos da União da África do Sul. Por exemplo,
nós não temos uma barreira de cor ou discriminação racial no nosso país.(…) Pessoalmente penso que há duas maneiras que
ajudarão os africanos:1.Educação massiva…2.O espalhar da verdadeira
cristandade.(…) É esta a razão por que eu tenho a obrigação de regressar a
África para fazer tudo o que puder para contribuir com a pequena parte de boa
vontade com que eu sei que Deus quer que eu contribua na vida. B) 24/09/51 – Lembra-te que eu
próprio não sou cidadão sul-africano. Sou cidadão português. No meu país não
temos leis de segregação… Eu farei tudo para lutar pelos direitos do meu povo
no meu próprio país…C) 24/04/54 – O meu desacordo com o governo tem
pouco a ver com a sua política racial porque, embora não seja a ideal, não é
tão má como a dos países vizinhos… O que não posso suportar é a falta de
liberdade de expressão. Isto é verdade para todos os cidadãos portugueses, em
Portugal e em África. PS: enxertos das cartas de Mondlane a sua mulher
Janet.Livro de Nadja Manguezi, Maputo 2001, Centro de Estudos Africanos e
Livraria Universitária:Com “Uma história da vida de Janet Mondlane” com o
título “O Meu Coração está nas Mãos de um Africano”
aac 666: Excelente
resposta, ao historiador que vê erradamente a história com o pensamento actual,
parabéns
Miguel Teixeira: Francisco
Bethencourt não tem distanciamento emocional suficiente para
pensar a história, vive o síndrome da “Cabana do Pai Tomás” (branco mau vs
negro bom). Não é o facto de termos comprado, comercializado e deslocado
escravos negros que terá de fazer de nós racistas. Os negros vendiam os seus
irmãos como escravos e disso não tinham remorsos pois todas as sociedades
utilizavam escravos no passado. Os negros só eram fisicamente mais
adequados ao tipo de trabalho, não traziam consigo a carga religiosa de
escravizarmos Cristãos e estavam disponíveis em abundância sendo-nos entregues
pelos próprios semelhantes numa troca comercial. Ficámos bem na fotografia?
Não! Alguém ficou? Não. Basta verificar que a palavra “slave” tem origem no
eslavos feitos escravos pelos muçulmanos da península ibérica do século nono
para perceber que a escravatura fazia parte de todas as culturas, infelizmente.
E que a escravatura de negros, foi primeiro feita por negros e depois por
muçulmanos, que ainda a fazem, ao que se seguiram os europeus. Os europeus não
são todos racistas... desonestidade intelectual acompanha sempre os que
introduzem uma agenda política nas explicações históricas.
Luís Graham: Para
minha grande vergonha e constrangimento sou trisneto de colonizadores. E
seguramente que à época dos Descobrimentos ou Achamentos e mais tarde com o
Colonialismo, os autóctones teriam o enorme desconforto por serem espoliados e ocupados, traficados, na maioria dos casos
ignobilmente por gentes que se arvoravam de qualidade superior. Considero que a maioria dos indígenas desejaria
que esses colonizadores fossem "Deportados" pois mais não eram que
intrusos molestadores. Pena é que só depois de despojarem povos e subtraírem
até à exaustão todo o espólio local tenham tardia e mal e porcamente entregue
os mesmos à sua sorte. Por mais que
branqueiem, todo o colonialismo é abjecto e na maioria
dos casos, potenciou o espírito de hegemonia branca face aos de tom diferente.
De Grammaticon > Luís Graham: Acho que sem se aperceber
acabou por sintetizar o manifesto mais cândido da culpa chique e do seu
significado: uma extravagância meio blasé para impressionar garinas novas. E o
mais maravilhoso é que até pode haver aí sinceridade.
Miguel Teixeira > Luís Graham: O colonialismo não foi entre
raças, foi entre povos. Veja os árabes em África e na Ásia .
aac 666 > Luís Graham: Olha, mais um que pensa que os
índios eram uns coitadinhos, muitas tribos eram canibais como os tupinambás e
outros e viviam regularmente em guerra uns contra os outros, sequestravam
sacrificavam raptavam membros de tribos rivais ou pensas que era tudo paz e
amor e os brancos é que levaram para lá a guerra e a maldade? Aliás, os
portugueses eram pouquíssimos tiveram de se aliar com tribos e derrotar outras
em conjunto. Vai ler historiadores isentos não leias só historiadores de
extrema esquerda
Henrique Nelson: Aprecio
a serenidade, bom senso e elevação do debate, da parte de João Pedro Marques, que
conheço de artigos e de um romance histórico magnífico: "Uma fazenda em
África". Já quanto ao tal de Bethencourt desconheço em absoluto, mas
seguramente é a visão deste e quejandos que prevalece e prevalecerá, pois a
história parece q é sempre escrita pelas
"vanguardas"... Por isso, acho q tudo q se possa escrever e contestar
sobre este assunto, é gastar cera com ruins defuntos....
José Gaspar: Na
"mouche", caro João Pedro Marques. É óbvio que, na época, só não
foram potências coloniais as que não conseguiram sê-lo. Disso é prova a
Conferência de Berlim. Consideremos agora duas outras evidências: a industrialização
atentou contra a saúde do planeta como nenhuma outra actividade humana; é ela
que está na origem da potencial catástrofe ecológica que ameaça a Terra.
Conclusão: a Inglaterra e os ingleses, que inventaram a máquina a vapor, são
uns criminosos empedernidos; como tal, devem ser adequadamente fustigados nos
dias de hoje! A lógica é uma batata e o silogismo aristotélico uma falácia...
francisco oliveira: Há bethencourts
ansiosos de que os holofotes da comunicação social divulguem algo que diminua a
sociedade ocidental e agora a portuguesa. Costumo desprezá- los mas concordo e
agradeço que o autor tenha posto os pontos nos ii para repor a verdade e
esclarecer quem o desejar.
Antonio Sousa Branco: Um
historiador a "martelar" os números (um martelanço superior a 30%) só
quer dizer duas coisas: - Boa-fé, mas falta
de informação, o que não fica bem num académico que se apresenta com o curiculum
de Francisco Bethencourt. - Má fé,
inflacionando números, para reforçar o "fofinho do politicamente
correcto", que, pela a autoflagelação, pensa ganhar a carta de alforria
que o projecta como uma das "referências da superioridade moral" da
Nação.
Luís Martins: Este
artigo estabelece a diferença entre a História-ciência e a História-ideológica.
Carminda Damiao: Obrigada
pela sua luta pela verdade da História.
filipe samuel Nunes: Mais um
artigo lúcido e ponderado deste homem. Boa malha!
insana assunta: ai
credo que quase me deu uma coisinha má quando soube que era racista por ter
nascido em portugal e deve ser por uma gosma que se agarra à nascença e prantes
Manuel Barradas: É por
causa dos Franciscos Bethencourts que vivemos neste pântano moral.
Victor Guerra: Não há
pachorra. Tolero mal a negra Joacine, mas também a branquíssima Cristina. Empate
técnico
insana assunta > Victor Guerra: ai senhor victor que a prima
estalina garantiu-me que não gostar de negras nem brancas é racismo para o
primeiro caso e racismo invertido para o segundo e a terceira hipótese é ser-se
gay e prantes Victor Guerra > insana
assunta: Sou
igual com eles
António Josué Barroso: Gostei. Daqui a uns anos
percebem. Acabam dependentes de países que não toleram os princípios
ocidentais.
José B.Dias: Descobri
que se pode por aqui acusar todo o mundo de racismo ... com excepção do Ba e
camaradas!
Ana Ferreira: Qualquer
contacto, hoje, com alguém que tenha retornado das colónias depois de lá ter
tido algum negócio, dá para perceber o espírito profundamente racista que
mantém depois desses anos passados a, com mais ou menos perversidade, explorar
a mão de obra negra.
insana assunta > Ana Ferreira: ai dona ana que a dona isabel dos santos diz a mesma coisa e pelo que
coitadinha deve ter sofrido muito com o racismo e prantes
Lele Cuca: Por
isso insistir na contabilidade é mesmo muito asneiroso. O que era o Brasil
independente senão um implante europeu de brancos que falavam português em
terras da América do Sul, sendo que muitos desses brancos até eram nascidos em
Portugal. Veja-se o próprio fundador desse novo país. É possível indissociá-lo de
Portugal, na cultura, nos valores, nas convicções, nas práticas e na essência
ontológica mais profunda? Contas de mercearia não se adequam a este debate com
seriedade. Portugal teve uma história negra
no âmbito da escravatura e do colonialismo. Na minha opinião o mais saudável e
prudente será mesmo fazer - nos de esquecidos desses tópicos como até aqui se
tem feito, com o objectivo de silenciar as vozes histéricas que não se calam
sobre o assunto, usando-o como arma de arremesso revolucionária marxista. Meter
- nos na boca do lobo é que não. Só contribui para a derrota das mentes sãs e
evoluídas e para a emergência dos fanáticos. Nota - se alguma evolução no
pensamento deste autor. As evidências são muito fortes, pelo que a natural
síntese a que o presente artigo parece aproximar - se vem muito claramente
sobrepor - se a tanta insistência teimosa contra a moral que outros artigos
anteriores vinha demonstrando.
João Paulo Moita: Excelente
artigo, parabéns ao autor.
António Coimbra: Grande
Professor de História, que explica de forma tão clara e no seu todo, o Bom e o
Menos Bom. Leio sempre todos os seus
artigos com grande alegria e satisfaz-me especialmente por ser descendente de
portugueses que viveram quase um século em Moçambique, hoje com toda a certeza
à luz destes "iluminados do dia" todos colonialistas e perversos
esclavagistas, que consideravam a sua terra, que se miscigenaram sem problemas
e os que não o fizeram viviam com todos, os de todas as raças e credos que ali
existiam (havia também grande número de indianos e chineses), sem preconceito. Claro
que o meu avô me contava estórias de quem procedia de forma racista, mas era
residual segundo ele, pelo que me explicava todos os que se deslocavam à África
do Sul, onde a minha mãe estudou interna num colégio, ficavam chocados com a
segregação racial. Por isso é chocante que estes ditos historiadores, e
outros comentadores, de pacotilha, que infelizmente representam a voz dominante
nas escolas, universidades e comunicação social, não respeitem a nossa história
e acima de tudo os portugueses que vêem a sua memória injustiçada e maltratada
por quem não viveu as situações e quer criar ideias erradas do que
efectivamente aconteceu. Muito bom exemplo o seu do nazismo, deve haver
tantos nazis em Portugal como racistas mas esta gente só está bem a denegrir o
que é nosso, mesmo que faltando à verdade, aos factos e à memória colectiva.
Filipe Lobo: O
passado colonial não faz dos portugueses racistas mas certamente é relevante
para aqueles portugueses que o são e para os descendentes das vítimas do
colonialismo português. É este 2o facto que o Sr Prof prefere ignorar, na sua
sanha de defender a "verdade" histórica. (Não eram 6 milhões de
vítimas, eram "só" 4,5 milhões.) De notar que o racismo em Portugal,
tal como noutros países, não se resume ao desrespeito por indivíduos pretos e à
sua discriminação. Portugueses e estrangeiros de várias cores, pronúncias,
culturas e religiões são objecto de racismo ou xenofobia em Portugal. As caixas
de comentários d'Observador são boa evidência deste facto.
Pedro Ferreira: Excelente professor.
Manuel Marques: Obrigado
por uma argumentação clara e bem calibrada. Que pena os activistas do
passado não notarem que a escravidão actual existe sobretudo em África... um
indício monstro que localiza o racismo
fora da Europa ou dos países «Ocidentais». Estes «activistas» não saberão que
os melhores soldados portugueses foram africanos? Falo dos Flechas que
escravizados por centenas de anos pelos Bantu viram na oferta do inspector
Óscar Cardoso o caminho da libertação? A História é o bastião das ironias e
paradoxos. O melhor é não lhe mexer.
Maria Nunes: Excelente
Dr. João Pedro Marques. Há pessoas em Portugal que querem à força que sejamos
um país de racistas. É escusado apresentar-lhes factos históricos, pois as
palas que têm nos olhos não os deixam ver mais. Zacarias Bidon: Pole position!
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