sexta-feira, 13 de março de 2020

Olhe que não! Olhe que não



É só uma questão de antecipação das férias. Houvesse por cá um acompanhamento sadio dos filhos pelos pais, com imposição de trabalhos e leituras, e uma escola a funcionar apenas com os professores a orientar com os meios tecnológicos adequados, o país não colapsaria, como não aconteceu em Ho Chi Minh city, segundo informação de Susana B, que transcrevo:
«Susana B INICIANTE: “A historia de derrotas em guerras resume-se a duas palavras : Tarde demais" (MacArthur) Escrevo-lhe de Ho Chi MInh city. As escolas aqui estão fechadas desde o início desta crise, assim que a China deu o alerta o comité do povo impôs medidas impopulares mas aceites pela população de 99 milhões que preferiria ter os meninos ocupados mas mais ainda prefere ter os pais vivos e com saúde... Estamos há mês e meio enclausurados com os miúdos a dar-nos em loucos e com os teens a conviverem apenas com o grupinho mais próximo e de confiança e a verdade é que o vírus encontra-se contido e o Vietnam tem oficialmente menos casos que em Portugal. O isolamento social funciona, a informação e experiência de outros também deveria, os dados o comprovam, não esperem antes que seja tarde demais. Ninguém parou de estudar, as escolas estão fechadas para os alunos mas os professores estão na escola e o Home schooling foi activado e os miúdos trabalham os horários escolares mas em casa... Menos eficaz para os de 10 anos e mais pequenos mas funciona bem com os teens que trabalham muito e têm a matéria em dia... É preciso tecnologia para estas medidas e não é de acesso para todos, mas no mundo conectado de hoje acho que todos temos um computador em casa... O problema dos estudantes secundários nas praias ficaria resolvido ... Submersos em trabalho nem saem de casa... muito anti social, mas eficaz ! 12.03.2020 »
Talvez que os nossos alunos se tornem mais conscientes, parando para pensar… e progredir…
Seria bem uma história de fadas, dos nossos tempos…
OPINIÃO CORONAVÍRUS
Sem as escolas, o país colapsa
As escolas não fecham porque se tornaram enormes espaços multifunções, em que a função assistencial se sobrepõe à educativa. Sem as escolas, não há qualquer outro tipo de “rede social” funcional. Sem as esco”parando” para pensar   las a funcionar, o país entra em colapso.
PAULO GUINOTE
PÚBLICO, 12 de Março de 2020
Assisti, com o que deveria ser uma imensa incredulidade, à conferência de imprensa da ministra da Saúde e da directora-geral da Saúde, após uma tarde que entrou pela noite à espera do que se anunciou como sendo uma reunião em que se iria decidir se as escolas básicas e secundárias do país iriam encerrar como medida de contenção contra o alastramento da covid-19.
Afinal, a longa reunião, com imensas individualidades presentes, terminou e só então se percebeu que apenas iria fazer “recomendações”, sendo que o primeiro-ministro já aparecera a anunciar que nenhuma decisão iria ser tomada antes da reunião do Conselho de Ministros desta quinta-feira e de uma ronda de contactos com os partidos com assento parlamentar. E quem passou um dia na expectativa ficou num estado de razoável pasmo, em especial quando, na referida conferência de imprensa, se ficou a perceber que as escolas iriam ser fechadas “casuisticamente”, sem uma medida padronizada e uniforme, com base em argumentos que dificilmente se podem considerar baseados nas “evidências científicas”, sendo dito que o encerramento global das escolas seria uma medida “desproporcionada”.
Isto significa duas coisas: a primeira, que já sabíamos mas fica confirmada, é que sem as escolas funcionarem o nosso modelo de subdesenvolvimento social entra em colapso porque, como Graça Freitas interrogou, com quem iriam ficar “estes meninos”? A segunda é que, para as nossas autoridades, as escolas são, no fundo, imensos espaços de isolamento e profilaxia.
Há que ser claro, com base no que se tem constatado em outros países e as próprias autoridades nacionais e internacionais têm repetido: estamos perante uma pandemia com características diferentes de qualquer outra que conhecemos no passado mais ou menos recente. Um pouco por todo o lado se recomenda que se evitem eventos ou iniciativas com “ajuntamentos” significativos de pessoas. Há escolas básicas e secundárias entre nós com muitas centenas ou mesmo milhares de alunos em contacto permanente. O risco potencial é imenso, em especial quando se sabe que não foi feito qualquer inquérito às deslocações dos alunos e suas famílias ou do pessoal docente e não docente.
Não adianta dizer que não se deve agir de forma irresponsável (quem, em vez do isolamento, vai para a praia ou espaços comerciais) e, ao mesmo tempo, afirmar que não se pode ceder ao pânico e ao medo. Porque a mensagem fica muito pouco clara e não adianta apelar para a “confiança”, quando se afirma que as escolas irão permanecer abertas porque não há com quem deixar “estes meninos”. Porque é um argumento sem qualquer sustentação “científica”, remetendo para uma decisão puramente política.
As escolas não fecham porque se tornaram enormes espaços multifunções, em que a função assistencial se sobrepõe à educativa. Sem as escolas, não há qualquer outro tipo de “rede social” funcional. Sem as escolas a funcionar, o país entra em colapso.
Professor do 2.º ciclo do Ensino Básico
COMENTÁRIOS:
Ângelo Miguel INICIANTE: Esta sociedade, este modelo, esta humanidade está destinada ao colapso. "A floresta tropical da Amazónia está a chegar a um ponto sem retorno devido às mudanças climáticas e pode transformar-se numa savana árida dentro de meio século, alertam hoje investigadores num estudo publicado na revista Nature Communications."
bento guerra EXPERIENTE: Este governo não tem ideias, acabou a imitar 12.03.2020
Luis Ribeiro INICIANTE: o karma é lixado….os jovens não querem levar com a velhada, agora é a velhada que não quer levar com eles 12.03.2020
jcandido INICIANTE : Fechem as escolas e já agora fechem os hospitais. Uns são reservatórios de jovens outros são reservatórios de adultos e idosos doentes que só dão despesa. Feche-se tudo, fechem-se os supermercados que só são depósitos de produtos sem função social nenhuma a não ser o lucro. O egocentrismo atingiu o clímax. Quem vai tomar conta dos filhos das médicas e enfermeiras e auxiliares, muitas casadas com outros pares profissionais? O melhor é fechar o país e cada um ficar entregue a si. É o paradigma do egoísmo e a falta de sacrifício pela comunidade. 12.03.2020
Ângelo Miguel INICIANTE: "Falava-me do espírito da Europa e dos sinais destes tempos. Por todo o lado reinava o associativismo, a integração no rebanho, mas em lugar algum se encontrava liberdade e amor. Este associar-se generalizado, desde as uniões de estudantes e dos grupos corais até aos Estados, é uma solução forçada, uma comunidade provocada pelo medo, pelo temor da desorientação. No fundo, ela está podre e caduca; a sua derrocada é iminente." Hermann Hesse 12.03.2020
Eduardo Guevara.885833 INICIANTE : Se não existe uma logística familiar que suporte um filho saudável, duvido que suporte um filho contagiado com uma infecção potencialmente fatal. Mas ainda assim, preferimos depositar os filhos na escola e irmos à lavoura como se nada se estivesse a passar. 12.03.2020
Alberto Pereira INFLUENTE Acertou em cheio!! As escolas hoje, em geral, são apenas "Centros de dia " de adolescentes. Lá andam, conversam, comem, telefonam, enviam mensagens, namoram e, de vez quando, vão a umas reuniões chamadas aulas. Em tempos dei uma sugestão a um inspector. As aulas terem apenas 40 minutos e depois 20 minutos de intervalo! Assim os alunos, fartos do intervalo, até talvez quisessem ir para as aulas... 12.03.2020
FELICIANO JORGE FREITAS LOPES INICIANTE O País vai colapsar, do meu ponto de vista, um pouco á frente: estimo nem 10 anos quando, quando este "pateta" e muitos (milhares) "patetas" como este se aposentarem com pensões generosas que o País (finanças da CGA) não pode pagar. O País colapsará quando a elasticidade de pagar impostos entrar em "burnout". A Escola tem de ser "rede social" funcional" e educativa, não pode ser a "quinta" de uns tantos senhores(as) que o que aprenderam nestes quase 46 de Democracia foi a prática de "terror" a pais, avós e alunos com as greves selvagens. 12.03.2020
Sérgio Dantas INICIANTE: Portanto... o problema da Escola são as greves... brilhante! 12.03.2020
ricardob INICIANTE : "A Escola tem de ser "rede social" funcional" e educativa (...)" Pois, blá blá, mas a escola não tem de ser albergue, nem deve se for de qualidade, mas é nisso que se transformou nas últimas décadas em Portugal. Tanto é assim que certos pais e avós até se sentem (e acham natural sentirem-se) aterrorizados quando os professores entram em greve... 12.03.2020
João G Mota INICIANTE : A afirmação "Sem as escolas a funcionar, o país entra em colapso." carece de fundamento. Que me conste, as escolas do sistema estatal de educação, não têm alunos todos os anos entre 15 de Junho e 31 de Agosto. E o país não colapsa todos os anos e os educadores das crianças não têm 50 dias úteis de férias para responder à pergunta "com quem iriam ficar estes meninos?" Pode haver argumentos para fechar escolas, mas este não serve. 12.03.2020
Jorge Carlos INICIANTE: É isso mesmo. O que se percebeu no discurso do primeiro-ministro e responsáveis de saúde é que o problema não é o contágio, o problema é que a segurança social não tem como pagar aos pais que ficam a tomar conta dos filhos, e que é mais preocupante para o governo assegurar o «rendimento» das famílias do que a «sobrevivência» ao vírus. E os pais que não concordam com esta medida? São obrigados a mandar os filhos para a escola como se estivessem num corredor de morte anunciada? Haja bom senso. Porque se encerram museus, teatros, cinemas, jogos de futebol? Para evitar concentração de pessoas e evitar o contágio generalizado. Pela mesma razão, porque se mantêm as escolas abertas? Não há risco de concentração e difusão do vírus? Para os políticos cá do burgo, tal como na Itália, não... 12.03.2020
Dinis Souto INICIANTE Excelente comentário 12.03.2020
Ceratioidei EXPERIENTE: Subscrevo na íntegra. 12.03.2020
Tiago Carvalho INICIANTE Falou tudo! Isto é o que ocorre quando o valor supremo de uma sociedade é o sacrossanto orçamento. Mais vale morrerem centenas de idosos do que pagar baixas aos pais dos miúdos! 12.03.2020
reis reis.889609 INICIANTE Se as escolas se tornaram espaços multifunções, desviando-se de sua função educativa, este não é o momento de se discutir isto, revelar o problema sim, mas existe um mal maior a ser combatido: a pandemia. Se existe dúvida de com quem iriam ficar "estes meninos", que sejam antecipadas férias aos pais e que se necessário pare o pais por algumas semanas, antes que o país seja obrigado a parar, a contabilizar gastos no sistema de saúde com milhares de infectados e a contar mortos, como acontece em Itália. 12.03.2020
bento guerra EXPERIENTE: As escolas que não são afectadas por contactos, ou contágios, não devem ser fechadas .Isso é uma irresponsabilidade social, alimentada pelos funcionários e alguns professores 12.03.2020
Jorge Carlos INICIANTE: Como é que você sabe? Os museus que fecharam estavam afectados? Afinal opta-se pela prevenção ou pela cura? Como é que você pode controlar uma comunidade escolar se é formada por pais, avós, amigos, e alunos? Como controla os movimentos de todas essas pessoas? Como se evita o contágio? Pelo que sabemos, por exemplo da China, só a quarentena evita o contágio. A quarentena não são 40 dias, são 14. É irresponsabilidade antecipar as férias da páscoa ou é um problema de saber como pagar aos pais que terão um problema, os filhos em casa...? 12.03.2020
Sérgio Dantas INICIANTE Sim claro q sim... são até os professores e funcionários q andam nas escolas a infectar os meninos... qdo tiveres algum na tua família infectado é q vais a ver a estupidez do teu comentário 12.03.2020
Anjo Caído MODERADOR A questão de saber com quem ficam os meninos é não só política mas também de saúde. A Susana Peralta já tinha referido num artigo aqui no Público que quando as escolas fecham as epidemias se abatem com mais força sobre os idosos, que são muitas vezes chamados a ocupar-se delas. Se a rede familiar alargada não pode tomar conta das crianças, restam os pais, que são a grande força motriz da produtividade do país (em idade de pleno pico de produtividade no mercado laboral). Se paramos as crianças, paramos os pais. Receio que isso signifique parar o país. Já os jovens, são, consabidamente, difíceis de domar. Sem escola, que vão fazer? Ver TV e videojogos durante 3 semanas? Não é realista. Portanto, conter o coronavírus não pode ser feito a qualquer custo. Já limitar a mobilidade, sim. 12.03.2020
Rosalina Maria Caeiro Tique INICIANTE Limitar, por exemplo, a mobilidade dos alunos, que diariamente se deslocam em transportes públicos apinhados para a escola - com pessoas a respirar umas por cima das outras - o que só se conseguiria fechando escolas... 12.03.2020
Anjo Caído MODERADOR Não, Rosalina, a mobilidade para fora da zona habitual. Ainda agora 3 turistas italianos estão com Covi19.... em Cuba! Porque é que as pessoas têm tanto de se passear de um lado para o outro? Acha mesmo que encerrar as escolas no país todo é mais eficaz do que compartimentar o país em regiões mais ou menos estanques? Fechar comboios e proibir movimentações que não estritamente motivadas por trabalho, de carácter essencial, seria bem mais eficaz. de resto, quem paga a estes pais? As empresas que ficam sem eles? O Estado? Com que dinheiro? Isto não se pode decidir de ânimo leve, não sem se esgotarem outras possibilidades. 12.03.2020
Rodrigo F. INICIANTE: "...que quando as escolas fecham as epidemias se abatem com mais força sobre os idosos, que são muitas vezes chamados a ocupar-se delas." É verdade, mas apenas quando as crianças estão infectadas. Ora, se uma escola fechar por prevenção, sem casos ou suspeitas como vai ela contagiar alguém com algo que não tem? Outro facto curioso é a incoerência DEGest, não se fecham as escolas mas fecham-se os serviços de atendimento nesta Direcção. Outra incoerência é existirem professores a terem formação por videoconferência para evitar contágios mas a seguir à mesma vão leccionar e passear-se no meio de centenas/milhares de alunos. O mais grave disto tudo é a total ausência de medidas preventivas nas escolas. 12.03.2020



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