E assim se vai passeando, nestes tempos fechados da
peste, graças a uma pluma generosa …
POR
TORDESILHAS ALÉM… - 7 - Os cabelos da Natália
HENRIQUE SALLES DA FONSECA A BEM DA NAÇÃO, 26.03.20
Era
ali pelas bandas do tempo que antecedeu o 25 de Abril de 1974 que a RTP
transmitia o anúncio a um shampoo qualquer em que aparecia uma pequena mais ou
menos coberta (ou mais ou menos despida) por uma túnica branca, metida até aos
joelhos na água de um laguinho, tendo como fundo da imagem uma pequena cascata.
E enquanto a pequena mexia e remexia na sua farta cabeleira, a voz-off dizia
que «a Natália foi à Jamaica lavar o cabelo com…» (e dizia o nome do shampoo que
já esqueci). Ora, naquela época, a filha solteira do então Presidente da
República, Almirante Américo Thomaz, chamava-se Natália e, vai daí, o bom povo
português encheu o anedotário nacional duma quantidade enorme de chistes a que
a minha memória deu entretanto o mesmo tratamento que ao nome do shampoo. Eis o que
até há bem pouco tempo, eu sabia da Jamaica.
Mas agora, indo lá, pareceu-me de alguma conveniência passar pelo Google e
estudar um pouco sobre o dito país.
Então, a Jamaica compõe-se de uma única
Nação negra, Estado independente mas integrado na Commonwealth. O território é a ilha do mesmo nome. A actividade
económica baseia-se na exploração de bauxite e no turismo enquanto o equilíbrio
financeiro é muito ajudado pelas remessas dos emigrantes. Assim sendo e
nesta conformidade de viajantes, aportámos durante a noite a Ocho
Rios (e não Eight Rivers como alguém me confundiu), desembarcámos num cais
florido e desembocámos numa simpática praça ajardinada onde os autocarros nos
esperavam. Visto da varando do nosso camarote, Ocho Rios fez-me lembrar
o Machico e não mais. Pequena vila a que por ali se chama cidade, tem aspecto
asseado e não se vê miséria nem a chusma de vendedores ambulantes (mendicidade
disfarçada) que nos assediara na esplanada em que almoçáramos em Cartagena de
las Índias. Encamionados, lá fomos nós rumo ao desconhecido… E qual não foi
o meu espanto quando deparei com a «cascata da Natália». Trata-se de um riacho cantante dentre os mais de
mil que se diz existirem na Jamaica e que, enquadrado num parque de lazer,
desce até à praia onde existe um rudimento de apoio turístico. Foi então que,
pela primeira vez, molhei os pés naquela região caribenha. Não avancei mar
adentro porque me disseram que os tubarões também gostam de tomar banho por
ali. Gostei do que vi mas achei pouco para justificar uma
viagem tão longa.
Foi então, no regresso ao barco, que
comecei a pensar nas diferenças óbvias entre a Jamaica e o Haiti, outra
República negra nas Caraíbas, onde impera a miséria e o desmando político. E notei para comigo e em silêncio que nunca
me passou pelas orelhas o som do nome de algum político jamaicano enquanto que
os haitianos «Papa Doc» Duvalier e seu filho gordo e perdulário encheram as
notícias urbi et orbe. E desse desmando – aparentemente justificado
pelos vapores da liberdade, igualdade e fraternidade - resulta por certo a fuga
das gentes que não remetem poupanças para os bancos em Port au Prince. Pelo
contrário, os emigrantes jamaicanos enchem de remessas os bancos do seu país
porque sabem que ali tudo é sereno.
Um
slogan curioso: «Na
Jamaica não há problemas, há acontecimentos e estes têm soluções». Trata-se, evidentemente de um eufemismo jocoso mas não
deixa de mostrar uma faceta da bonomia geral. E a pergunta que me ocorreu foi
se essa bonomia não resultará de «aquela malta andar toda ganzada». Talvez sim,
talvez não. Eu não vi nada que me fizesse supor uma sociedade abandalhada. Vi-a
sorridente e serena, mas não eufórica no pico da ganza nem deprimida na
ressaca.
Concluindo, nesta minha primeira
visita à Jamaica, vou com uma ideia positiva.
Almoçámos
no barco e zarpámos rumo à Grande Caimão onde chegaríamos na manhã seguinte. Tanto quanto me
apercebi, as ondas devem ter sido tão grandes como as do lago do Campo Grande
em Lisboa.
NOTAS: Jamaica
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Jamaica é um país
insular situado no mar do Caribe (em português europeu, Mar das Caraíbas)
que compreende a terceira maior ilha das Grandes
Antilhas. A Jamaica é o quinto maior país insular do Caribe (Caraíbas).
Os povos indígenas da ilha, os taínos,
chamavam-na de Xaymaca em aruaque, ou seja, a "terra da madeira e da água" ou a "terra dos mananciais".
Depois de tornar uma possessão espanhola conhecida como Santiago, em
1655 a ilha passa ao domínio britânico e é nomeada como
"Jamaica". O país
conseguiu sua completa independência do Reino
Unido apenas em 6 de agosto de 1962. Com
2,8 milhões de pessoas, é o terceiro país
anglófono mais populoso na América,
depois dos Estados Unidos e do Canadá. Kingston é
a maior cidade e a capital do país, com uma população que ronda um milhão de
habitantes. A Jamaica tem uma grande diáspora
em todo o mundo, devido à emigração
do país. O país é um reino da Commonwealth,
com a rainha Isabel II como seu monarca e chefe
de Estado. Seu
representante designado no país é o governador-geral da Jamaica, atualmente Patrick Allen. O
chefe de governo e primeiro-ministro da Jamaica é Andrew
Holness. A Jamaica é uma monarquia constitucional parlamentar
com o poder legislativo investido no parlamento bicameral nacional, que consiste
de um senado e uma câmara composta por representantes eleitos pela população.
História
Pré-história: Os índios aruaques e taínos,
originários da América do Sul, se estabeleceram na ilha entre 4.000
e 1.000 a.C. Quando Cristóvão Colombo chegou em 1494, havia mais de 200 aldeias
governadas por caciques (chefes de aldeias). A costa sul da Jamaica era a mais povoada,
especialmente em torno da área hoje conhecida como Porto Velho. Os taínos
ainda habitavam a Jamaica quando os britânicos assumiram o controle da ilha em
1655. O Jamaican National Heritage Trust
está a tentar localizar e documentar qualquer evidência dos povos taínos e aruaques.
Colonização: Domínio espanhol: Cristóvão Colombo reivindicou
a Jamaica para a Espanha
após aportar lá em 1494, provavelmente em Porto Seco, agora chamado de
Discovery Bay. Há algum debate sobre se ele desembarcou em St. Ann Bay ou em
Discovery Bay. St. Ann Bay foi batizada de “Santa Glória" por Colombo,
como o primeiro avistamento de terra. Uma milha a oeste de St. Ann Bay é
o local do primeiro assentamento espanhol na ilha, conhecido como Sevilla, que
foi criado em 1509 e abandonado por volta de 1524 porque foi considerado insalubre. A capital foi
transferida para a cidade espanhola então chamada São Jago
de la Vega, em torno de
1534 (na atual St.
Catherine).
Domínio britânico: Spanish Town tem a catedral mais antiga das colônias britânicas no Caribe. Os espanhóis
foram expulsos à força pelos britânicos em Ocho Rios,
em St. Ann. Em 1655, os
britânicos, liderados por Sir William
Penn e pelo General Robert Venables, assumiram o
último forte espanhol na Jamaica. O
nome de Montego Bay,
a capital da paróquia de St. James, é proveniente do nome em espanhol mantega
bahía (ou baía
de banha), aludindo à indústria de fabricação de banha com base no
processamento dos inúmeros iavalis na área.
Henry Morgan foi um famoso pirata e corsário do Caribe; ele veio
primeiro para as Índias Ocidentais como um trabalhador escravo,
como a maioria dos primeiros colonos ingleses. Em 1660, a população da
Jamaica era de cerca de 4.500 brancos e 1.500 negros, mas, já na
década de 1670, os negros formaram a maioria da população. Por conta
de perseguição na Europa,
a Jamaica tornou-se um refúgio para os judeus no Novo Mundo,
atraindo também aqueles que tinham sido expulsos de Espanha e Portugal. Os primeiros judeus tinham chegado em 1510, logo após o
filho de Cristóvão Colombo se estabelecer na ilha. Formada principalmente por mercadores e
comerciantes, a comunidade judaica foi forçada a viver uma vida clandestina e
se autodenominam "portugals". Depois que os britânicos assumiram o governo da Jamaica, os
judeus da ilha decidiram que a melhor defesa contra uma possível tentativa de
reconquista por parte da Espanha era contribuir para que a colônia se tornasse
uma base para os piratas do Caribe. Com os piratas instalados
em Port
Royal, os espanhóis seriam dissuadidos de atacar. Os líderes britânicos
concordaram com a viabilidade desta estratégia para evitar uma agressão externa.
Quando os britânicos capturaram a
Jamaica em 1655, os colonos espanhóis fugiram depois de libertar seus escravos. Os escravos ficaram dispersos nas montanhas,
juntando-se aos maroons ou com os
que tinham anteriormente escapado dos espanhóis para viver com os taínos. Os
maroons jamaicanos combateram os britânicos
durante o século XVIII. O nome é usado ainda hoje por seus descendentes
modernos. Durante os séculos de escravidão, os quilombolas
estabeleceram comunidades livres no interior montanhoso da Jamaica, onde eles
mantiveram a sua liberdade e independência por gerações.[
Durante os primeiros 200 anos de
domínio britânico, a Jamaica tornou-se um dos principais exportadores de açúcar
e uma das nações dependentes de escravos do mundo,
produzindo mais de 77 mil toneladas de açúcar por ano entre 1820 e 1824. Após a abolição do tráfico de escravos em 1807, os ingleses
importaram trabalhadores indianos e chineses como servos para
complementar a força de trabalho. Muitos de seus descendentes
continuam a residir na Jamaica atualmente.
Independência e era contemporânea
O
excesso de zelo britânico no uso de escravos voltou-se contra eles, e no início
do século XIX o número de negros era quase 10 vezes maior do que o de brancos.
Seguiu-se uma série de revoltas e, em 1838, a escravatura foi formalmente abolida. Ao longo dos
anos que se seguiram, o grau de autonomia da Jamaica foi aumentando e, em 1958,
a Jamaica passou a ser uma província de uma nação independente chamada Federação das Índias Ocidentais. A
Jamaica saiu da federação em 1962 e é hoje uma nação soberana.
A
deterioração das condições econômicas durante a década de 1970 levou a um
estado de violência endêmica e à queda do turismo. Uma das antigas capitais
da Jamaica era Port Royal, onde se acoitava o pirata e posteriormente
governador Henry Morgan.
Foi destruída por uma tempestade e um tremor de terra, e Spanish
Town, na paróquia de St. Catherine, que foi o local da antiga capital
colonial espanhola e da capital inglesa durante os séculos XVIII e XIX.
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