É ela que justifica todas essas
infantilidades de regozijo em promessas hiperbólicas destinadas a tranquilizar “les moutons de Panurge”, seguidores do
primeiro que é lançado à água – como se observa na agressividade de certos
comentadores de JMT, fechados à
lucidez da sua crítica. O fito do PM
será
eleitoralista, como supõe JMT, mas é descaradamente infantil, para não dizer
perverso, porque falso. É pena que assim seja, pois também me parecia que António Costa estava a comportar-se como um leader,
nesta crise de extraordinário relevo.
OPINIÃO CORONAVÍRUS
Uma asneira monumental de António Costa
Sou um admirador do talento político
de António Costa, e até valorizo o seu optimismo irritante – mas as
politiquices do “não faltou nem faltará” são indesculpáveis no actual contexto.
JOÃO MIGUEL
TAVARFES
PÚBLICO, 26 de Março de 2020
Pela
boca morre o peixe – e há frases que têm o poder de fazer desabar uma boa
estratégia, tal como o soar das trombetas desmoronou as muralhas de Jericó.
Ainda há dias eu elogiava neste espaço o sangue frio de António Costa e o bom senso
com que tem gerido a crise. Mas na entrevista
que deu na segunda-feira à TVI, o primeiro-ministro disse aquilo que
jamais poderia ter dito sobre os meios com que o Serviço Nacional de Saúde está
a enfrentar a pandemia: “Até agora não faltou nada e não é previsível que
venha a faltar o que quer que seja.” Mais do que esta frase ser ridícula,
inaceitável e uma falsidade descarada, ela é agora uma bomba-relógio nas mãos
de António Costa. A cada falha do SNS
– e haverá muitas – ela será esfregada na sua cara, como já está a ser, e
nenhuma máscara lhe valerá.
Na
segunda-feira, dia da entrevista, 8% dos infectados com coronavírus em Portugal –
165 pessoas – já eram profissionais de saúde. Desses, 82 eram médicos.
É pouco provável que todos se tenham infectado a passar férias na neve nas
montanhas Dolomitas. É mais provável que tenham sido infectados no
cumprimento da sua missão, ou por não terem à disposição meios eficazes para se
protegerem, ou por o país ter começado demasiado tarde a testar a população
hospitalar internada com quadros de pneumonia. Quem está
na primeira linha de combate à pandemia queixa-se diariamente de falta de
material de protecção. Não há boas máscaras, não há batas, não há óculos, há
poucas luvas. Os armazéns dos hospitais são uma tentação para funcionários
menos escrupulosos. E conheço sítios onde os médicos escondem máscaras e luvas
como se estivessem a proteger as jóias da bisavó dos exércitos de Junot.
Marcelo
Rebelo de Sousa afirmou, na sua primeira comunicação ao país pós-quarentena,
que “ninguém”
iria “mentir a ninguém” a propósito do combate ao coronavírus. “Isto
vos garante o Presidente da República”, acrescentou. Eis uma promessa
rapidamente incumprida, não por sua culpa, mas por culpa do primeiro-ministro.
No dia seguinte à entrevista, o Governo enviou à comunicação social uma
longuíssima lista de todo o material entretanto encomendado, com centenas de
milhares de fatos, milhões de toucas e dezenas de milhões de máscaras. Fico
muito feliz com a dimensão da encomenda. Mas o problema da frase de António
Costa é que ela não se conjugava apenas no futuro (“não faltará nada ao SNS!”)
– o que, com boa-vontade, poderia ser encarado como uma injecção de motivação –
mas também no passado (“até agora não faltou nada ao SNS”), o que é uma retinta
aldrabice, como todos sabemos.
Ora,
esta não é uma declaração que possa passar impune, por razões bastante
evidentes: ela traduz um enorme desrespeito pelos milhares de
profissionais de saúde que todos os dias enfrentam corajosamente, com mais boa
vontade do que bom equipamento, uma pandemia que põe em causa as suas próprias
vidas. Em Itália já morreram mais de
vinte médicos com covid-19. Esses mortos merecem, ao menos, o respeito da
verdade. Os números que surgiram até agora, em termos de internamentos
hospitalares, dão alguma esperança a Portugal. Mas é demasiado cedo para
embandeirar em arco, sobretudo quando existe uma flagrante ausência de testes,
muito aquém dos necessários. Sou um admirador do talento político de
António Costa, e até valorizo o seu optimismo irritante – mas as politiquices
do “não faltou nem faltará” são indesculpáveis no actual contexto e não se
podem repetir.
Jornalista
COMENTÁRIOS
OldVic1 MODERADOR: Costa é um
bom político, mas um governante medíocre com momentos de péssimo (incêndios,
Tancos, etc.). O seu optimismo já deixou de ser apenas irritante para se tornar
perigoso, porque vai descredibilizar o Estado numa altura onde isso custa
vidas. Que autoridade moral têm as autoridades para impor as restrições do
estado de emergência por um lado se pelo outro são apanhadas a mentir
descaradamente ao país?
ALRB EXPERIENTE: É
extraordinário o que António Costa vai fazer ou ter, no futuro, sempre no
futuro: centenas de milhares de fatos, milhões de toucas, dezenas de milhões de
máscaras, milhares de óculos, milhares de ventiladores, etc.. Mas a realidade é
que, passados 3 meses sobre a eclosão da doença, repito 3 meses, não há sequer
álcool nos supermercados para as pessoas fazerem aquilo que a DGS diz ser mais
importante, deve ser massificado e que é muito simples: desinfectar as mãos. E
não me digam que é porque os produtores de álcool foram desviados para se
concentrarem na produção de ventiladores. A manha de António Costa servirá para
muito em política mas não para combater uma epidemia.
Manuel de Jesus Saraiva INICIANTE: Este Senhor vive de ódio permanente. Não consegue ver
nada de positivo em alguém que não pertença à sua minoria politica. Custa ver
um jornal como este "sustentar" gente tão limitada na forma de
criticar. Quando precisamos de esperança este Senhor transmite ódio. Não é
próprio de um homem deste tempo, neste tempo. ´mais próprio de alguém que viveu
há séculos e que entendia que o lugar dos inimigos era a fogueira,
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