Contra um inimigo invisível. O certo é
que nem todos podem parar. Há muitos que se arriscam. Que seria se fizessem
também greve? Médicos, enfermeiros, produtores e fornecedores de alimento e
bens essenciais… E agora, a polícia zeladora… Onde se fecharão os Sem-Abrigo?
Será que continuarão a ser ajudados pelos dedicados habituais, arriscando-se
estes a contraírem o Covid-19?
Entretanto… Eu vi, na televisão, o
abraço do PR a Ferro Rodrigues. Sem medos! Que o nosso PR é dos corajosos a
semear abraços. E vi a imagem do lava-mãos ensaboado e muito demorado e
explicado, enquanto a torneira despejava água, num esbanjamento criminoso.
Vivemos em pânico, sim, mas nem isso nos subtrai às parlapatices usuais do
nosso modus vivendi.
Estado de pânico institucionalizado
Sr. primeiro-ministro, peça à
Assembleia da República que não deixe que o homem dos afectos se transforme em
contagiador de pânico! Se ao fim de uma vítima mortal já aqui estamos, como
estaremos ao fim de cem? Não nos deixe morrer da cura.
MANUEL LOFF
PÚBLICO, 18 de
Março de 2020
Não,
não é minimamente proporcional! Não, não é aceitável que o Presidente da
República finja que se esqueceu de tudo quanto escreveu sobre Direito
Constitucional democrático e, intimidado pelos Torquemadas todos que difundem o
vírus do pânico e acusam de “cobardia” quem não está em pânico como eles, se
coloque à frente do partido do alarmismo e banalize o
recurso ao estado de emergência num
momento em que não há qualquer indício social de desprezo pelas medidas
sanitárias já impostas!
O
Presidente faz mal em dar ouvidos aos alarmistas (autarcas, académicos do “eu
bem vos avisei”, Chicões e influencers do terror social no Facebook) que, depois de fecharem
milhões em casa (ajudando a que quem é já portador do vírus contamine depressa
os seus conviventes forçados 24/24 horas), se horrorizam com gente a correr ao
ar livre ou sentada num parque público, e que, só por isso, quer polícias e
soldados transformados em gestores improvisados de saúde pública, a deterem
cidadãos pela rua. Era bem
melhor que, por cima da sua idiossincrática visão da doença e da saúde (cada um
tem direito à sua, mas o Presidente de uma República não tem o direito de a
impor sem boa fundamentação científica e ponderação política), ele
ouvisse mais a Direcção-Geral da Saúde, gente que lhe explique o necessário
equilíbrio entre medidas de contenção e esse mínimo de vida social e afectiva
que permite produzir, distribuir, assegurar a vida daqueles a quem se recomenda
ficar em casa.
Ou
será que o Presidente também quer mandar para casa quem trabalha? Não se dá ele
conta que o estado de emergência só vem aumentar o estado de alarme social que
serviu de justificação para o encerramento de tudo quanto é público, fazendo
com que aqueles que têm mantido o país a funcionar se perguntem porque não
podem/deveriam eles fechar-se em casa também? Julga ele que o estado de emergência aumenta a
segurança sanitária para quem tem, deve, continuar a trabalhar? Quando o
número de casos continuar a subir (como sobe em
Itália desde que se impuseram as medidas de restrição absoluta à mobilidade,
ao mesmo ritmo que subia sem elas), não
percebeu ele que o partido do pânico clamará que “isto não está a funcionar!” e
vai pedir que se parem transportes públicos, se fechem fábricas, se imponha o
recolher obrigatório, se limite a uma hora por dia a saída de casa? Cedeu-se
ao pânico uma vez, ceder-se-á sempre...
Não,
sr. primeiro-ministro, não diga que “sempre que o Presidente assim
considerar, o Governo cá estará para executar essa ordem”! Diga-lhe
não, agora, para não ter de lhe dizer sim cada 15 dias, quando, perante uma
situação inevitavelmente pior que a actual, o Presidente continuar a insistir
que há que renovar o estado de emergência, ou pedir um upgrade para o estado de sítio! Não, não deixe que o partido do pânico
venha pedir a revisão da Constituição para permitir tornar permanentes excepções
que só se deviam permitir por 15 dias! Não,
peça à Assembleia da República que não deixe que o homem dos afectos se
transforme em contagiador de pânico! Se
ao fim de uma vítima mortal já aqui estamos, como estaremos ao fim de cem? Não
nos deixe morrer da cura.
Historiador
TÓPICOS
POLÍTICA CORONAVÍRUS ESTADO CONSTITUIÇÃO MARCELO REBELO DE SOUSA ANTÓNIO COSTA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA
COMENTÁRIOS
Bruno Sommer Ferreira INICIANTE: Lamento,
mas discordo totalmente. As curvas de contágio de países afectados antes de nós
são claras. Recebo diariamente mensagens de colegas em universidades italianas
e são todas unânimes: “não cometam o nosso erro, aproveitem o tempo de alerta
que tiveram e parem já o contágio e tentem evitar o colapso do sistema de
saúde. Não queiram chegar a um ponto em que um médico tem de decidir quem salva
e quem deixa morrer por falta de meios”. Não é ceder ao pânico. É
responsabilidade e não fazer como a avestruz, neste caso, equivalente a
espalhar doença e morte, um crime dada a informação que temos para levar isto
tudo a sério. 18.03.2020
Manuel AR INICIANTE: Caro Manuel Loff quando afirma no seu artigo que
"num momento em que não há qualquer indício social de desprezo pelas
medidas sanitárias já impostas!" é porque não percorre esta cidade em
alguns locais onde a irresponsabilidade impera. Posso indicar-lhe alguns. E aqueles
que fugiram, já contaminados, de outro lados para Lisboa e se hospedaram em
grupos nos alojamentos locais e em casas arrendadas ao dia. 18.03.2020
James Parsons INICIANTE: Que
artigo ridículo. O problema de fechar em casa é contaminar os conviventes?? E
se as pessoas não ficassem presas em casa, o contágio com a mulher e filhos não
ocorre com igual facilidade? Infelizmente não há responsabilidade social e daí
a infeliz necessidade do estado de emergência, o café da minha rua já de si
bastante pequeno está a abarrotar de gente! 18.03.2020
FERNANDO RODRIGUES INICIANTE: Muito
bem... O Presidente precisa de se acalmar e reflectir. 18.3.2020
José Teixeira, cidadão mais descansado por saber que o
SNS está a ser defendido pela Margarida Paredes INICIANTE: Este lunático não deve estar a ler o mesmo que todos
nós sobre a maneira de combater o vírus. É igual ao Bolsonaro. Que clichê, os
extremos a tocarem-se... 18.03.2020
rodrigos INICIANTE :Eis
o epidemiologista céptico, que, tal como o ambientalista céptico descrê da
necessidade de medidas de redução de CO2 contra o consenso científico geral,
também não se convence da necessidade de tomar medidas sérias contra a
epidemia…"é só uma gripe", noutra versão...mas ontem o Presidente da
Faculdade de Medicina de Lisboa dizia "Sr. Presidente, feche o país".
Será alarmismo? 18.03.2020
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