quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Agora já não vou esquecer

 

Só o Dr. Salles para repor uma tal coincidência de datas, o Tratado de Zamora mantendo-se pela imprecisão convencional – mas taxativa - do “ano” que, esse sim, fixámos – 1143, data da “Fundação de Portugal”, e portanto da Monarquia portuguesa, na memória das comemorações, mantendo-se apenas a da República 5 de Outubro de 1910, como data única que o feriado recorda hoje, nos discursos.

Mas existe a referência de Maria Clara, com a sua voz de oiro, para recordar o facto, embora numa "marcha de Lisboa":

A GRANDE MARCHA DE LISBOA DE 1955, POR MARIA CLARA

É Lisboa, venham vê-la

São de sonhos as graças que encerra!

Só Deus sabe se foi estrela

E baixou lá de Céu à terra.

 

Tem craveiros à janela;

No amor é leal ardente.

A falar não há voz mais bela

A  cantar não há voz mais quente.

 

Refrão:

Esta Lisboa bendita

Feita cristã pra viver

É a  menina  bonita.

De quem tem olhos pra ver.

Moira sem alma nem lei,

Quis dar-lhe o Céu cor e luz

E o nosso primeiro rei

Deu-lhe nova grei

E o sinal da cruz.

 

Nas airosas caravelas

Tempo após com génio profundo.

Cruz sangrando, sobre as velas

Portugal dilatou o Mundo.

 

E a Lisboa ribeirinha

Ao impor a sua cruz na guerra

Foi então a gentil rainha

Ante a qual se curvou a Terra.

 

Retrão

Esta  Lisboa  Bendita

Feita cristã pra viver

É a menina bonita,

De quem tem olhos pra ver.

Moira sem alma nem lei

Quis dar-lhe o Ceú cor e luz,

E o nosso primeiro rei,

Deu-lhe nova grei

 E o sinal da cruz. 

 

TRATADO DE ZAMORA

HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÃO, 05.10.21

5 de Outubro de 1143 - Quem não conhece esta data não é bom português.

Tags: história

COMENTÁRIOS:

Anónimo 05.10.2021: Não é bom português, nem bom aluno de História, Henrique. Nunca me esqueço que no 5º ano (nosso), numa prova oral, que não estava a correr bem, o examinador perguntou ao meu colega qual a data de fundação de Portugal. O colega não soube responder e o professor mandou-o sentar. Estava chumbado. Nunca mais me esqueci da data!... Pelos vistos, o 5 de outubro é ecuménico – os monárquicos e os republicanos têm razões para se felicitar, embora os motivos estejam distanciados de quase 8 séculos… Por razões que adivinhas, Henrique, tenho ultimamente recordado muitas cenas vividas por mim, no passado longínquo, apesar de ainda não ser tempo de proferir “rosebud”, como Orson Welles o fez em “O mundo a seus pés”. Mas, ainda hoje, a propósito da proclamação da República, lembrei-me de que minha avó paterna costumava dizer que, no tempo da Monarquia, os políticos republicanos prometiam que em regime republicano o “bacalhau seria a pataco”. É claro que isso, ainda segundo a minha avó, nunca aconteceu. Se já nessa época as promessas não eram para se cumprir, por que haveria de ser agora? Não há motivo… Abraço. Carlos Traguelho

NOTAS DA INTERNET:

Tratado de Zamora

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

 

Assinatura do Tratado de Zamora. Painel de azulejos do início do século XX, em Portimão.

O Tratado de Zamora foi um diploma resultante da conferência de paz entre D. Afonso Henriques e seu primo, Afonso VII de Leão, assinado a 5 de Outubro de 1143.[1] Alguns historiadores consideram a assinatura do tratado como a declaração de independência de Portugal e o início da dinastia afonsina. Nesse dia, simpatizantes da causa monárquica costumam celebrar o nascimento do Reino de Portugal, embora a razão oficial que o torna feriado nacional seja a implantação da República, em Portugal, em 1910.[carecede fontes]

Em Braga foi revogado o anterior Tratado de Tui datado de 1137-

Após a vitória na batalha de Ourique, em 1139,  D. Afonso Henriques rompeu o tratado de paz com Tui e invadiu a Galiza. Em resposta, o exército de Afonso VII de Leão e Castela entraram em terras portuguesas e desceram até às montanhas do Soajo, em direcção a Arcos de Valdevez. Os dois exércitos acabaram por se encontrar, em 1141, no Vale do Rio Vez, para disputar aquele que ficou conhecido como Torneio de Arcos de Valdevez ou Recontro de Valdevez. Esta espécie de contenda/torneio medieval evitou uma batalha quase certa que deu uma importante vantagem aos portucalenses e às ambições autonomistas do seu jovem monarca.

D. Afonso Henriques beneficiou então da acção desenvolvida, em favor da constituição do novo Reino de Portugal, pelo arcebispo de Braga, D. João Peculiar. Este procurara conciliar os dois primeiros e fez com que eles se encontrassem em Zamora nos dias 4 e 5 de Outubro de 1143 na presença do cardeal Guido de Vico.

Todavia, não usou, entre 1128 e 1139, o título de rei, mas de "príncipe" ou de "infante", o que significa, decerto, que não podia resolver por si próprio a questão da sua categoria política; isto é, devia admitir que ela dependesse também do assentimento de Afonso VII, que era, de facto, o herdeiro legítimo de Afonso VI. Mas também não usou nunca o título de "conde", que o colocaria numa nítida posição de dependência para com o rei de Leão.

os termos do tratado, Afonso VII concordou em que o Condado Portucalense passasse a ser reino, tendo D. Afonso Henriques como seu rex (rei).

A soberania portuguesa, reconhecida por Afonso VII em Zamora, veio a ser confirmada pelo Papa Alexandre III só em 1179, mas o título de rex, que D. Afonso Henriques usava desde 1139, foi confirmado em Zamora, comprometendo-se então o monarca português, ante o cardeal, a considerar-se vassalo da Santa Sé, obrigando-se, por si e pelos seus descendentes, ao pagamento de um censo anual.

 A partir de 1143 D. Afonso Henriques vai enviar ao Papa remissórias declarando-se seu vassalo lígio e comprometendo-se a enviar anualmente uma determinada quantia de ouro. As negociações vão durar vários anos, de 1143 a 1179.[9]

...os usos peninsulares deviam ser bastante flexíveis quanto à designação de um membro da família real como rei. A cúria romana, porém, tinha concepções diferentes a esse respeito. A chancelaria pontifícia atribuía uma importância cada vez maior às noções jurídicas rigorosas e precisas. Apesar de Afonso VII não ver inconveniente em chamar rei a seu primo, parecia, decerto, aos canonistas da cúria romana que não estava provada a sua verdadeira independência.

Em 1179 o Papa Alexandre III envia a D. Afonso Henriques a  Bula Manifestis probatum", na qual o Papa aceita que D. Afonso Henriques lhe preste vassalagem directa, reconhece-se definitivamente a independência do Reino de Portugal sem vassalagem em relação a D. Afonso VII de Leão (pois nenhum vassalo podia ter dois senhores directos) e D. Afonso Henriques como primeiro rei de Portugal, ou seja, Afonso I de Portugal.

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