De um assunto que não comento,
disciplinadamente seguidora do conceito estatuído por cá mais recentemente que
por lá – fora – mas que toda a vida, afinal, segui – a do respeito pela
liberdade alheia nas questões ideológicas, com permissão, todavia, para delas
discordar. Não direi o mesmo dos comportamentos que, de resto, são passíveis de
crítica, quando se afastam da racionalidade e do bom senso, mas isso é problema
pessoal, que esta história da covid veio acentuar, murchos que andamos. Não é
caso genérico, todavia, que esta história dos trans – gressores tem que se lhe
diga, nos seus extremismos desvairados, de exibicionismo perverso, chamariz de
atenção.
Afinal não me contenho, decididamente
avessa ao tema, mas grata pelo ensinamento.
Margaret
Atwood, de “The
Handmaid's Tale”, debaixo de fogo depois de partilhar texto que
critica neutralidade de género.
O artigo argumenta que a linguagem
neutra no universo da gravidez significa um “apagamento das mulheres”. Atwood é
comparada a J.K. Rowling e apelidada de TERF (Feminista
Radical Trans-Excludente).
20 out 2021
Margaret Atwood foi criticada no Twitter
onde fez a partilha do texto de opinião
FACUNDO ARRIZABALAGA/EPA
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A romancista canadiana Margaret
Atwood, autora do conhecido romance “The Handmaid’s Tale” que deu origem a uma série, está debaixo de fogo
depois de ter partilhado no Twitter um texto de
opinião que critica a neutralidade de género na linguagem quando
se discute a gravidez. Apesar de o
texto não ser da sua autoria, a partilha do mesmo provocou uma onda de polémica
nas redes sociais entre fãs de Atwood e outras pessoas que acusam a autora de não
entender a necessidade de inclusão de pessoas transgénero e não binárias na
equação.
“Porque é que já não podemos dizer
‘mulher’?” é o título
do artigo assinado por Rosie DiManno
do Toronto Star,
que Margaret Atwood partilhou no Twitter e que já levou a que muitas
pessoas acusassem a autora de ser como a escritora J.K. Rowling,
que foi acusada de ser TERF (Feminista
Radical Trans-Excludente), um termo
usado para designer feministas
que não acham possível transportar a totalidade da experiência da mulher
cisgénero para mulheres trans.
“Fazes-me
sentir como uma pessoa com uma vagina” ou “Sinto-me como uma pessoa que menstrua”
são apenas alguns exemplos de expressões que a autora do texto usa para
arrancar o artigo de opinião, atirando logo de seguida: “pedimos desculpa a
Aretha Franklin, Shania Twain e Roy Orbison, mas parece ser para aqui que nos
dirigimos se os radicais da língua conseguirem fazer o seu caminho”.
O mesmo artigo argumenta que a adopção
de uma linguagem neutra no universo do mundo gestacional significa um
“apagamento das mulheres” e que a palavra “mulher” corre o risco de se “tornar
uma palavra suja” e, eventualmente, “erradicada do vocabulário médico e expulsa
dos termos de uma conversa”, pode ler-se. “Isto não deve deixar as pessoas bem
intencionadas amarradas à língua, para não serem atacadas como transfóbicas ou
insensíveis às construções cada vez mais complexas do género.”
A
partilha tem já centenas de comentários, onde a grande maioria é explicativo e
alerta a autora de que o teor do artigo não é verdadeiro, inclua os trans e
as pessoas não binárias.
“Podemos dizer mulher. Mas TAMBÉM está OK DIZER PESSOA. Vais ficar bem, Jesus Cristo, Maggie”, comentou uma utilizadora à qual Atwood respondeu “Talvez
devesses ler o artigo de Rosie?”. Num outro comentário negativo, a romancista
canadiana reafirma: “Leiam o texto. Ela não é uma TERF”.
A
autora do texto esclarece que “isto não é um argumento contra a
auto-identificação do género”, e que isso já foi ultrapassado, diz ser antes uma
“evolução infeliz da linguagem” e “um fenómeno resultante do activismo trans descontrolado.”
Rosie
DiManno faz ainda
referência à decisão da Associação Médica Britânica que, em 2016, decidiu
recomendar ao pessoal que utilizasse a expressão “pessoas grávidas” em vez de
mulheres grávidas, ou quando a congressista Alexandria Ocasio-Cortez falou de “pessoas menstruadas”. A autora
acabou por defender J.K. Rowling quando a escritora da saga Harry Potter
ironicamente abordou a questão das “pessoas que menstruam” num tweet e começou
a ser apelidada de TE RF.
A
autora continuou: “estes exemplos vão muito além da insistência em pronomes
neutros, numa órbita externa da linguística onde tanto as mulheres, como
género, como ‘mulher’ como substantivo estão a ser apagados”, escreveu.
As
críticas a Atwood, que se
manteve afincadamente ligada à opinião da autora do artigo, são claras, e uma
das primeiras foi dirigida por Amanda Jetté Knox, pessoa não
binária. “Estou triste
por ter partilhado isto, porque é factualmente falso. Ainda podemos dizer
‘mulher’ e também podemos dizer ‘pessoas’ quando faz sentido usar uma linguagem
mais inclusiva. Sou uma pessoa não binário. Também menstruei e dei à luz três
filhos. Dizer ‘pessoas com período’ inclui as mulheres e inclui-me a mim”,
escreveu.
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COMENTÁRIOS:
I G: Pobres pessoas
confusas.
Pietista: Esta senhora é uma criminosa, não sabe que fruto de uma
relação sexual entre um homem e uma mulher, a mulher pode engravidar o homem...
Estas feministas conservadoras têm muito que aprender.
José Paulo C Castro: TERF,
feminista radical trans-excludente. Ou seja, uma feminista sensata. Os
não-binários têm de deixar de utilizar substantivos binários e inventar uns
para eles em vez de deturparem o sentido dos originais.
Carlos Santos: E os detractores da senhora serão por sua vez cancelados
no futuro por se oporem por exemplo a que um homem que se identifica com um cão
seja realmente um cão. E assim por diante...
bento guerra: Nada como folhas como esta, para difundir a parvoíce
José Santos: O que está a acontecer com Margaret Atwood é
simbólico do que poderá bem ser a tragédia do séc XXI. Na ficção criada pela
escritora, era a direita religiosa que iria impor uma tirania. Por alguma
razão, pessoas "bem pensantes" viram sempre na direita o perigo,
ignorando que a maioria das tiranias mais homicidas do Séc XX vieram da
esquerda. Mesmo perante a evidência do que hoje ocorre no mundo Anglo
Saxónico, e chega a uma velocidade estonteante à Europa continental, continuamos
a teimar que o perigo da ideologia woke é poder despertar a fúria da direita,
que não é um perigo em si mesma. Esta ideologia, que controla
praticamente todas as universidades, silicone valley, wall street, e a maioria
dos meios de comunicação nos EUA e RU, tem de facto os piores vícios das
ideologias mais homicidas do século passado. As pessoas são divididas em
grupo de opressores e grupos de oprimidos, deixam de contar como indivíduos, a
sua raça, etnia, orientação sexual, etc, definem os seus direitos. Os
woke aceitam e pregam o mesmo tipo de ódio racial e anti semitismo dos nazis,
sendo os grupos que têm "privilégio", os visados (caucasianos,
judeus, alguns asiáticos), e possuem o mesmo frenesim de destruição
cultural dos guardas vermelhos de Mao, a mesma fúria puritana de destruir os
que "pensam da forma errada". Não sei o que mais será necessário
acontecer para se perceber que esta ideologia tem de ser travada. Só na
França e um pouco nos tories do RU vejo responsáveis políticos reconhecerem que
há aqui um problema grave, mas ambos parecem subscrever a opinião que o
problema desta ideologia é alimentar a extrema-direita. Quantas
pessoas terão desta vez de morrer noutra experiência utópica devastadora para
aprendermos a reconhecer o totalitarismo quando está à frente dos nossos
narizes.
João Floriano > José Santos Excelente comentário com o qual concordo inteiramente. Não
conhecia o termo: trans-excludente e para ser sincero não percebo muito bem o
significado. Parece que o wokismo pretende meter todos os conceitos «em
caixinhas», tudo tem de ser cuidadosamente etiquetado. Esta gente faz-me
lembrar os puritanos de golas brancas e vestimenta severa do início das
colónias americanas no século XVII como apresentados em obras como “Scarlet
Letter” de Hawthorne.
jose Afonso > José Santos: e
você vai na cantiga woke de que o perigo é a extrema-direita. Amigo, a
extrema-direita já é o último reduto da defesa.
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