quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Mundos diversos


Um humor juvenil, fruto de frustração, na nossa parcimónia de exigência glorificadora, contrastante com outros casos mais arrebatadores das nossas preocupações ou pontos de vista. Um jovem – TIAGO DORES - preocupado com o que vai pelo mundo, e é caso para tal. Também ontem li notícias preocupantes no “Courrier Internacional” de Outubro 2021, cuja capa indica:

«AFEGANISTÃO: Como enfrentar o regresso dos talibãs – A estratégias dos vários países face à ameaça do novo governo de Cabul. O risco do retorno da Al-Qaeda. O medo e a resistência das mulheres. »

Mas outras notícias leio, na mesma revista, preocupantes, como a referente a Daniel Ortega, déspota dos tempos modernos, no governo da Nicarágua, juntamente com sua mulher, vice-presidente Rosario Murillo - perante a impotência da “Comunidade Internacional”. Ou a assustadora notícia referente à Holanda, extraída do “CORRIERE DELLA SERA”- MILÃO – e cujo título e epígrafe transcrevo: “DENÚNCIA: “O vosso país tornou-se um paraíso para os criminosos!” – A 6 de Julho, o jornalista holandês Peter R. de Vries foi baleado em Amesterdão, provavelmente por membros da Mocro Maffia, e morreu a 15 de Julho. Numa carta aberta, o jornalista e especialista italiano em crime organizado Roberto Saviano acusa o país de se ter tornado o “ramo podre da Europa”, por se ter tornado “um território offshore”.

Outras notícias preocupantes que desconhecíamos, surgem na mesma revista - sobre a tragédia da Lituânia, com as suas fronteiras com a Biolorrússia atravessadas por migrantes do Médio Oriente e da África, como “revanche” do Presidente bielorrusso contra a U E. Eis o título e o índice: “BIELORRÚSSIA – A ARMADILHA DOS REFUGIADOS – Ter-se-á a Lituânia tornado o ponta-se lança da pressão ocidental ao Presidente bielorrusso? Alexander Lukashenko riposta permitindo que centenas de migrantes estrangeiros transponham a fronteira entre os dois países. E a União Europeia não está verdadeiramente pronta para auxiliar a república báltica”.

E ainda aGronelândia a derreter” (“A maior ilha da Terra já perdeu mais gelo na última década do que em todo o século anterior….”

E outras mais notícias nesta revista mensal - que se lê sempre com muito interesse – a acrescentar às preocupações de TIAGO DORES - notícias que bem contrastam com o sentimento do ridículo pelas nossas desmesuras nos “afectos” ruidosos.

 

China em Taiwan, vice-almirante nos Globos de Ouro /premium

Após gastar os termos “batalha” e “guerra mundial” para referir a vacinação, que vocábulos restarão ao vice-almirante para descrever, sei lá, as consequências da China enviar 100 aviões contra Taiwan?

TIAGO DORES

OBSERVADOR, 06 out 2021

Estreou um novo filme do James Bond. Tempo para recordar que os filmes antigos do James Bond é que eram bons. Como, por exemplo, o clássico de 1963, “Da Rússia, com Amor”, protagonizado por Sean Connery, e recordação dos tempos em que a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas era a grande ameaça para o ocidente. Ou era isso, ou era o “sol da terra”, como diria, com um brilhozinho nos olhos, Álvaro Cunhal. Uma destas duas coisas a ex-URSS era. Deixo-vos a tarefa de concluírem qual seria, tomando a liberdade de sugerir um método: revejam as imagens da queda no muro de Berlim, se necessário com recurso ao slow motion, e tentem perceber para que lado as pessoas correram.

Por estes dias, no que a ameaças ao ocidente diz respeito, e apesar de a Rússia continuar a ter o seu lugar muito especial, quem leva a palma é, claro, a República Popular da China. Tanto é que julgo ser pertinente, logo que possível, a produção de um novo capítulo da saga 007, talvez denominado “Da China, com Ganas de Fazer Amor Connosco à Bruta”. Fica a ideia. E, de nada, MGM.

Bom, o que é relevante para o caso é que a China lá vai palmilhando o seu caminho rumo ao domínio mundial, com aquela paciência que reconhecemos aos chineses. Fico é com a sensação que quando se fala em “paciência de chinês” a maioria das pessoas pensa num lânguido urso panda, típico daquelas paragens. Quando estou convencido que a dita paciência chinesa vai beber mais à calma do caracol de água doce. Ali, a aguardar, com todo o vagar, que a sua gosma transmita os parasitas que, todos os anos, matam vinte vezes mais que os crocodilos.

Diria, portanto, que estes são dois mundos em colisão: o chamado Império do Meio, e aquela coisa a que não há meio de se poder chamar algo remotamente semelhante a um “império”, conhecida como “mundo ocidental”. E esse embate ficou bem patente nos últimos dias. Ora vejam lá, a título de exemplo, o que se passou ontem. A China enviou quase 100 aviões de guerra para o espaço aéreo de Taiwan. Inclusive pelo menos um avião capaz de transportar bombas nucleares. Enquanto isso, por cá, a manobra militar de que todos falam é o recebimento, por parte do vice-almirante Gouveia e Melo, de um Globo de Ouro da SIC. Sim, sim. O Globo de Ouro de melhor música foi para Carolina Deslandes, com o tema “Por um Triz”, já o prémio Mérito e Excelência dos Globos de Ouro foi para o vice-almirante Gouveia e Melo. Que, a meu ver, merecia também o Globo de Ouro de personalidade do ano na moda, por ter feito do padrão militar uma nova tendência.

Ao receber o galardão, Gouveia e Melo referiu que o vai entregar ao Ministério da Saúde, “como recordação de uma batalha” que todos venceram “em conjunto”. E que esta “batalha” contra a Covid-19 é uma “guerra mundial”. Enfim, confesso o meu semi-analfabetismo ao nível do jargão marcial, mas depois de gastar os termos “batalha” e “guerra mundial” para referir um processo de vacinação, que vocábulos restarão ao vice-almirante para descrever, por exemplo, sei lá, as possíveis consequências de a China enviar 100 aviões de guerra para o espaço aéreo de Taiwan, incluindo um avião capaz de transportar bombas nucleares? Peço desculpa pela minha ignorância. Isto são coisas de quem não foi à tropa.

Mas calma. Longe de mim menorizar o trabalho de campo do vice-almirante Gouveia e Melo. Não é qualquer um que rabisca organigramas em quadros brancos a mandar pessoas, absolutamente aquiescentes, para uns sítios, e seringas com aguadilhas, absolutamente aquiescentes, para outros sítios. Pessoas e seringas com aguadilhas, essas, que depois têm de estar, em simultâneo, noutros sítios. E digo mais. Esta nossa campanha de vacinação contra a Covid-19 é menina para destronar, em futuros compêndios de História, o desembarque na Normandia. Que exagero? Quantos Globos de Ouro da SIC ganhou o Eisenhower? Ah, pois.

CRÓNICA  OBSERVADOR  VACINAS  SAÚDE  CHINA  MUNDO

COMENTÁRIOS

Dinis Silva: 👏👏👏obrigado.

 

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