Os três DDD
Depressão, Deprimente,
Deprimidos… ou quatro, com Depressivo…
Dantes éramos só Os três FFF.
O caminho da servidão, tradução em português /premium
Um povo tão isolado que, à revelia de
99% da humanidade, ainda usa farrapo na cara é capaz de se convencer de que, na
economia, vive no paraíso.
ALBERTO GONÇALVES,
Colunista do Observador
OBSERVADOR, 16 out
2021
Isto
está a cair aos bocados, não está? Depende da perspectiva. O preço dos
combustíveis, por exemplo, não cai. Os preços da electricidade, da água, dos
alimentos e das matérias-primas em geral não caem, assim como a quantidade de
empresas insolventes. Os impostos e as taxas não caem. O custo das casas não
cai, apesar do comovente desassossego de tantos políticos com a habitação. O
desemprego real não cai. A dívida pública não cai. O poder de compra
e a produtividade continuam a marchar rumo aos píncaros da tabela dos países
europeus com menor poder de compra e produtividade. A debandada de
profissionais do glorioso Serviço Nacional de Saúde está em crescimento
constante, o que bate certo com o aumento de doentes sem atendimento ou
depositados em garagens. O contingente de professores em falta nas escolas
mostra igualmente sinais de subida, à semelhança dos substitutos sem
qualificações. E da percentagem de portugueses a emigrar ou desejosos de o
fazer nem se fala.
O ideal, aliás, é não se falar de coisa
nenhuma. O prof.
Marcelo já decretou três ou quatro centenas de vezes que, do futebol de salão
aos caretos de Podence, somos “os melhores dos melhores do mundo”, pelo que não
há motivos para descrença. Para nós, ser os melhores do mundo é facílimo: basta
desconhecer, ou fingir que se desconhece, o que o mundo é. E nesta
particular modalidade há bastantes compatriotas que são – repitam comigo – os
melhores dos melhores. Um povo tão isolado que, à revelia de 99% da
humanidade, ainda usa farrapo na cara é capaz de se convencer de que, na
economia, vive no paraíso.
O
fisco caseiro dá uma cabazada à carga tributária da Suíça, da América e da
Irlanda? Sim, mas aí precisas de um hospital e largam-te a morrer na rua,
respondem, informados pela SIC e pelo “Público”, os melhores dos melhores. O
salário médio local está abaixo do grego e é um quinto do suíço? Talvez,
interpõem os melhores dos melhores, mas em Zurique um cimbalino custa setenta
euros ou francos ou lá o que é – e não presta. O PIB per capita indígena é
metade do belga e um terço do dinamarquês? Muito bem, impacientam-se os
melhores dos melhores, mas lá queres apanhar um bronze e chapéu. Os melhores
dos melhores não se deixam enganar. Os melhores dos melhores querem mesmo ser
enganados.
No
máximo, enquanto sorvem café à beira-mar, a aguardar pela consulta de
dermatologia que marcaram há somente dois anos, os melhores dos melhores
conseguem admitir a existência de alguns contratempos de relevância discutível,
sempre atribuíveis à “crise pandémica”. O pormenor de a crise ser endémica e
chamar-se socialismo não vem a propósito em conversas sofisticadas. Não sejamos
“negacionistas”. Não nos vamos pôr a dizer que a Covid veio a calhar para o PS
concluir o seu projecto de conquista do Estado e de estatização da sociedade,
por um lado porque desviou as atenções das habilidades em curso, por outro
porque criou um bode expiatório da destruição entretanto produzida.
A verdade é que qualquer pretexto
serve a barafunda, e qualquer barafunda serve para disfarçar o facto de,
imagine-se, termos descido a um buraco sem luz nem saída. Agora que a Covid não parece chegar para manter os
níveis de histeria nos valores desejáveis pelo PS, inventou-se à pressa o drama do
Orçamento e um punhado de dramalhões associados. Ao menos do prof. Marcelo, nunca vêm surpresas:
está tipicamente apavorado face à pífia possibilidade de agitação política e de
complicações na própria popularidade. Sobre as restantes personagens, o
comentariado divide-se.
Consoante os pensadores, ou o dr. Costa quer eleições para ganhar a maioria
ou o dr. Costa não quer eleições para não arriscar perder o controlo da
“bazuca”. Ou os partidos comunistas querem eleições para suster
eleitorado ou os partidos comunistas não querem eleições para não acabarem
dizimados. Ou o dr. Rio quer eleições para tentar alcançar o poder ou o
dr. Rio não quer eleições para manter o lugarzinho de aspirante por algum tempo.
E depois temos o dr. Rangel, o formidável vulto que ressuscitará, ou não, o
“espaço” da “direita” que não é exactamente de direita. Nem o
“Sleep” do Andy Warhol possuía enredo tão fascinante.
Brincadeiras
à parte, o que é que eu acho? Acho que o OE vai passar. E que, se espantosamente o OE não passar, o PS vencerá
as “legislativas” com pequena folga. E que, se o PS não vencer de todo, não
serão os drs. Rio ou Rangel a liderar a mudança de que a “direita” e sobretudo
Portugal precisam. E que, se por absurdo os drs. Rio ou Rangel se revelarem
aquilo que jamais foram, os danos causados pela frente de esquerda não são reversíveis
no curto ou médio prazo. O país não começou a esfarelar-se hoje.
Hoje,
assente a poeira da pandemia, a devastação apenas se vê com mais nitidez. Hoje,
salvo milagre, aproximamo-nos de um ponto sem retorno. De hoje em diante, o
pouco que sobra desabará à nossa frente, sem estrondo, com suspiros e, dado o
Inverno, alguma tosse. Acredito que, à medida que os destroços as atinjam na
cabeça, um número maior de pessoas questionará a lengalenga dos “melhores dos
melhores”. Mas um banho de realidade não nos impede de permanecer sujos. Em
suma, acho que quase tudo é preferível ao desgraçado caminho que escolhemos, e
que quase nada nos desviará dele.
COMENTÁRIOS:
mais um: Texto magistral....infelizmente José Dias:
As declarações de Cavaco com 13
anos e de PPC com 8 em relação a combustíveis não eram de certeza sobre os
actuais preços e sobre a actual fiscalidade ... Cucurucucu! Manuel Dias: Excelente
artigo. josé
maria: O preço dos
combustíveis e da electricidade não caem, mas o dr. Gonçalves deve estar todo
contente: faz parte da estratégia de mercado livre, e não regulado, que a sua
IL tanto defende e o colunista subscreve. josé fernandes > josé maria: Considera
mercado livre o petróleo, quando o seu partido alarvemente nos obriga a pagar
60% de impostos à boca das bombas? Tenha juízo e deixe de dizer asneiras. Mestre Nhaga
> josé maria: Com
as rendas garantidas atribuídas pelos governos xuxas ás empresas de energia,
confisco do ISP e o IVA a 23/%, o mercado livre é uma miragem. Elvis Wayne > josé maria: Claro
zé, o mercado dos combustíveis em Portugal é livre... e a Coreia do Norte é uma
"democracia", eheheh. josé maria > josé fernandes: Passos: Impostos sobre combustíveis não podem cair
agora e no futuro também não Jornal
de Negócios, 9/10/2013 Cucurucucu... Liberal Assinante
do Local > josé maria: Os
impostos não caírem não é o mesmo do que aumentarem o tempo todo. Bastaria que
os impostos se tivessem mantido estáveis em valor absoluto, baixando em
percentagem, para que os portugueses estivessem a sentir bem pouco a subida dos
produtos petrolíferos nos mercados internacionais. Note-se que quando a
gasolina estava quase a ser dada, na Primavera do ano passado, houve apenas uma
acalmia dos preços nas bombas em Portugal, tendo então os impostos sido a parte
de feroz leão do preço. Não só o Estado se enche à tripa-forra com os combustíveis, como
ainda amplifica as variações de preços, mas apenas quando há subida. josé maria > Liberal Assinante do Local: Os combustíveis estão caros”. E deverão assim continuar
nos próximos tempos. Não é possível baixar impostos. E, mesmo que fosse, também
não desceriam muito, afirmou o primeiro-ministro. “Não podemos pensar em ter
combustíveis mais baratos porque iria sair caro em termos ambientais”, defendeu
Pedro Passos Coelho, em resposta a uma pergunta de um taxista sobre os preços
dos combustíveis em Portugal, feita na entrevista protagonizada por cidadãos na
noite desta quarta-feira na RTP1.“O preço dos combustíveis é um regulador que
evita que os hidrocarbonetos tenham impacto na degradação da qualidade
ambiental”, referiu. Descer os impostos sobre os combustíveis seria dar “o sinal
errado”, o sinal de que se poderia “usar mais o carro” Cucurucucu... Alguidar de Henares > josé maria: É
preciso ser muito aldrabão e mentiroso para vir atribuir o enorme custo dos combustíveis
ao “mercado” e não aos impostos impostos pelos teus camaradas. josé maria > Alguidar de Henares: Cavaco diz que subida dos combustíveis tem «dose de
especulação». Cavaco Silva admite que há uma boa dose de especulação nos preços
dos combustíveis Joaquim Moreira: Concordo muito
com este “caminho da servidão”, menos no que diz respeito ao líder da oposição.
Que não sendo assim por muitos considerado, é dos poucos “políticos” com
sentido de Estado. E disse “políticos”, porque, na realidade, Rui Rio é um
estadista de verdade. Já que é o líder que, mesmo na oposição, assenta como uma
luva nesta definição: o político está apenas preocupado com as próximas,
enquanto o estadista está sempre preocupado com o futuro das próximas gerações.
Dada esta explicação, devo ainda dizer que, acho fundamental que chegue a PM de
Portugal. Já que não tendo conseguido fazer as grandes reformas estruturais,
com a iniciativa de “aproximação”, sabe que pode fazer muito mais se for líder
do Governo da nação! Mesmo que o Alberto Gonçalves, não concorde com a sua
posição. Porque, mesmo dizendo que não é de direita, a sua política económica
não pode deixar essa direita muito satisfeita. Até porque se baseia num
princípio fundamental, não se pode distribuir sem primeiro criar riqueza em
Portugal. O problema é que a CS e muita da elite nacional, tudo fez e continua
a fazer para evitar que chegue ao poder. Sobretudo agora que já está a perceber
que pode faltar muito pouco para tal acontecer! Abel Alves: Sejamos
realistas: - SNS+SRS da Madeira e dos Açores - TAP + Sata - CP - Novo Banco -
Custos combustíveis, gás e electricidade e o seu impacto na economia - Carga
fiscal directa e indirecta asfixiante. - População envelhecida. Demasiados
contras num país já de si pouco competitivo. Otávio Supertramp: Mas qual é a
embirração deste mané com as máscaras? No caso dele até o favorecem! klaus mullerOtávio
Supertramp: AG é um homem
com estilo. Vendo bem, não
é preciso dizer mais nada. Mas também me
confunde um pouco a embirração que tem com as máscaras, embora não venha daí
nenhum mal ao mundo quando ele toca no assunto. Manuel Martins: Tem razão, mas
apenas em parte. Creio que a comunicação social, coordenada com o governo, não
tem sabido retratar o país. O estado está podre, as instituições públicas
funcionam geralmente mal, desmotivadas pela pandemia, pelo controlo absoluto do
PS em tudo o que são decisões importantes . Nota-se um cheiro a corrupção e
peculato, um absentismo crónico mina a já reduzida produtividade da
administração pública e torna os recursos humanos um poço sem fundo, onde todos
se queixam de falta de pessoal, apesar de não parar de crescer o número de
funcionários públicos. Mas não nos deixemos enganar pelo retrato público do país:
o estado está na penúria, mas há muito dinheiro na sociedade, nunca se
construiu tanto e com valores exorbitantes, venda de viaturas de luxo, os
restaurantes cheios , os hotéis cheios de portugueses apesar dos preços
elevados, etc. Liberal Assinante do
Local > Manuel Martins: Compre uns óculos que invertam
a imagem, e logo ficará a ver bem, o Estado e suas emanações na opulência do
dinheiro sacado e emprestado e o povo cada vez mais afundado e aspirando à bóia de salvação, a emigração. Mamador Chulo dos Tugas: Dos
melhores textos que vi do retrato do rectângulo. J. Saraiva: Penso que o
que o Marcelo Rebelo de Sousa, quis dizer com sermos os Melhores dos Melhores,
é: 1. Sermos simpáticos 2. Termos bom clima (não é qualquer país da UE, que
consegue ir à praia, 4 a 5 meses do ano) 3. Termos uma
óptima gastronomia. Quando o dinheiro acabar e os Portugueses
tiverem que se conter no supermercado, ainda temos o 1 e o 2 e continuamos a
ser os melhores. O MRS tem uma certa razão no seu raciocínio. Já agora... não
votei nele, no segundo mandato. Pedra Nussapato: Adoro ver a malta aqui a lutar pelo culpado-mor do estado
da nação. Será Paços? Será Sócrates? Será o 25 de Abril? Não perca os
próóóóximos episódios!!! Liberal Assinante do Local > Pedra Nussapato: Há vários culpados, mas dos que ainda andam "por
aí" nenhum pode bater aquele que agora está, felizmente para nós, bem
longe de Portugal, na ONU. O próprio Pinto de Sousa que refere é apenas uma
continuação corrupta até à medula do papi Guti. Maria araujo: O esquerdismo
é uma cartilha de ódios, camuflados com a retórica de praticar o bem em nome da
justiça, mas essas "ideologias" são fruto de frustrados alucinados
que se julgam merecedores da gratidão do mundo… O inimigo do comunismo é a
liberdade/democracia e para a minarem tomam de assalto lugares em que possam
manipular as populações, escolas, faculdades, sindicatos, jornalismo.... Maria Eduarda Vaz Serra > Maria araujo: Muito
bem dito J Ferreira > Maria araujo: Sem
dúvida. Alberico Lopes: Como sempre, brilhante! Alfredo Vieira:
Espectacular! Uma crónica
deliciosa (ainda que o tema seja próprio de uma tragédia bem real), obrigado! klaus muller: Não deixa de ser curioso que dentro do PS ainda ninguém se tenha apercebido
que o Hábil está longe de ser aquilo que a CS paga pelo governo apregoa: que
ele é popularíssimo, que é uma figura simpatiquíssima. Na realidade e apesar das
"sondagens" o apontarem sempre com quarenta e tal por cento das
intensões de voto, após a contagem desses votos só raramente consegue chegar
aos 39%. O tipo não é credível nem consegue gerar qualquer empatia na maior
parte da população. Mas eles lá sabem ...
João Alves > klaus muller: 39% dos votos expressos por cerca de metade dos
eleitores e não a 39% dos eleitores. klaus
muller > João Alves: Exacto. João Afonso: De facto o desconhecimento do
mundo e da realidade poderá ser a explicação exclusiva do atavismo pandémico
português. E esta realidade tem uma autoria política tida no esplendor da
frente de esquerda. A grande verdade é esta: os danos causados por este frentismo social-comunista
não terão remédio no médio prazo. Desconfio até que não tenha remédio, de todo Francisco Figueiredo: Triste realidade, a nossa! Português indignado: E o pior é que AG está cheio de razão
1ResManuel Ferreira21: Brilhante artigo. O
"optimismo" do AG é igual ao meu. Já não acredito em regenerações do
regime. Não sei como vai acabar, mas não será bonito de ver. No século XIX e XX
havia uns militares para fazerem uns golpes de estado, agora nem isso,
caminhamos para a emulação dos países africanos que sobrevivem com as ajudas da
FAO, que geralmente são desviadas para nomenclatura corrupta! A dupla
Marcelo& Costa podem abrigar-se no mesmo guarda-chuva, pois vai chover
muita m...da. Miguel Vaz Pinto: Não me espanta nossa
aparentemente grande subserviência e alheamento. Só votamos metade, não será
pelos fantoches terem falta de carisma? Não concordo no entanto com o
catastrofismo de AG. Alguém disse que o inevitável nunca acontece, é sempre o
inesperado. A austeridade está a acontecer: se for reconhecida pelos actuais pantomimeiros, será
sempre como inesperado.... eduardo oliveira: O trágico e patético retrato dum país sem emenda nem
conserto. Seguimos resignadamente, mas aos queixumes rumo ao abismo, sempre
consolados por sermos os melhores dos melhores. Deprimente e irreparável país
este, governado por chulos, grosseiros ordinários mal-educados e chico-espertos
cuja única preocupação é amanharem-se o melhor possível e o último que feche a
porta ...
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