Cantemos, de preferência:
Lisboa Não Sejas Francesa
AmáΙia Rodrigues
Não
namores os franceses
Menina Lisboa
Portugal é meigo às vezes
Mas certas coisas não perdoa
Vê-te
bem no espelho desse honrado velho
Que o seu belo exemplo atrai, vai
Segue o seu leal conselho
Não dês desgostos ao teu pai
Lisboa,
não sejas francesa
Com toda a certeza não vais ser feliz
Lisboa, que ideia daninha
Vaidosa, alfacinha, casar com Paris
Lisboa,
tens cá namorados
Que dizem, coitados, com as almas na voz
Lisboa, não sejas francesa
Tu és portuguesa, tu és só pra nós
Tens
amor às lindas fardas
Menina Lisboa
Vê lá bem pra quem te guardas
Donzela sem recato, enjoa
Tens
aí tenentes bravos e valentes
Nados e criados cá, vá
Tenha modos mais decentes
Menina caprichosa e má
Lisboa,
não sejas francesa
……………………
Fonte: Musixmatch
Compositores: Raul Ferrão / José Galhardo
Uma Europa cada vez mais francesa
Os gregos já não confiam que os
americanos consigam, ou estejam disponíveis para conter as ambições turcas. E
contam que a promessa de empenho francês o possa fazer.
HENRIQUE BURNAY, Consultor
em assuntos europeus
OBSERVADOR, 21
out 2021
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No final do mês passado, França e Grécia
celebraram um acordo militar que inclui a promessa de assistência mútua em caso
de uma das partes ser agredida, além da venda de três navios, que acrescem a 18
aviões também adquiridos aos franceses no último ano. Tudo isto, pouco tempo depois da saída americana
do Afeganistão sem dar grandes explicações aos aliados e do episódio dos
submarinos que os australianos decidiram comprar aos americanos e britânicos,
desistindo do negócio com os franceses, tem vários significados.
Além das compras, o aspecto mais
importante do acordo é que prevê assistência militar francesa à Grécia na
eventualidade de uma escalada do conflito entre Atenas e Ancara por causa das
águas territoriais e os respectivos direitos de exploração no Mediterrâneo. Claro que não diz isto assim e que ambas as partes
disseram que não era nada disso que estava em causa, mas a intervenção do
primeiro-ministro grego no parlamento é bastante eloquente sobre quem ele
considera que é hoje uma ameaça no Mediterrâneo. (Não vá alguém estar distraído, recorde-se que
ambos os países – e todos os restantes membros da NATO – já estavam obrigados à
defesa mútua em caso de um destes dois países ser atacado por terceiros,
precisamente por virtude do Tratado do Atlântico Norte.)
Mesmo
sabendo que a tensão com a Turquia não é um exclusivo dos gregos e que os
franceses são a “potência” europeia com mais interesses no mediterrâneo
oriental, há aqui novidades importantes, portanto.
O que esta compra e venda com acordo
de defesa associado significa é que dois Estados membros da União Europeia e da
NATO assinaram um acordo a pensar na eventualidade de um conflito com um outro
membro da NATO que tem chantageado a Europa com a ameaça de deixar passar
hordas de migrantes, tem exibido músculo no Mediterrâneo e à sua volta e parece
ter crescentes ambições regionais. Sobre
a qualidade das relações entre os europeus e aliados ocidentais e a Turquia,
que há pouco tempo foi fazer compras militares à Rússia, estamos falados. Só
importa manter a Turquia na NATO porque de fora seria ainda pior.
Mas este acordo quer dizer mais duas
coisas. Que os gregos já não confiam que os americanos
consigam, ou estejam disponíveis para conter as ambições turcas. E que contam
que a promessa de empenho francês o possa fazer.
Num
instante, são três alterações fundamentais na política de segurança
de países europeus. Cooperação
intra-europeia apesar da NATO e mesmo contra um dos seus membros, desconfiança quanto ao compromisso do
interesse americano na região, e confiança no valor da principal força
militar da União Europeia (que é o que os franceses são, desde a saída do Reino
Unido).
Tudo isto acontece numa altura em que
os americanos parecem estar a dizer aos europeus que não têm nada contra a
ideia de defesa europeia, porque têm de ser os europeus a tomar conta do que se
passa na sua região, que diz cada vez menos aos interesses dos Estados Unidos.
Para
os entusiastas da defesa europeia, integrada numa ideia de autonomia
estratégica, tudo isto são peças que se encaixam na perfeição no seu puzzle
geoestratégico.
Para os adeptos da necessidade de
manutenção do laço transatlântico, que compreendem que uma defesa europeia
focada nos interesses das “potências” continentais e com objectivos
concorrentes naquelas que consideramos ser as nossas zonas de influência e de
interesse, como seja a África lusófona, em especial a que está junto da África
francófona, por exemplo, estas movimentações não têm nada de bom.
O facto de os gregos saberem o que estão a fazer, e de os franceses
estarem a ter sucesso não quer dizer que os nossos interesses estão mais bem
protegidos. Admitindo, claro, que
temos uma ideia sobre quais são os
nossos interesses e que eles não se confundem com a ilusão de um
suposto interesse europeu comum e único.
CAFÉ EUROPA UNIÃO EUROPEIA EUROPA MUNDO GRÉCIA FRANÇA NATO
COMENTÁRIOS:
PortugueseMan ...Mas este acordo quer dizer
mais duas coisas. Que os gregos já não confiam que os americanos consigam, ou
estejam disponíveis para conter as ambições turcas... Mas os gregos já não confiavam nos americanos.
Afinal a Grécia é o país da NATO que comprou vários equipamentos russos,
incluindo o sistema S-300 que fez com que a Turquia reagisse de forma agressiva.
Agora os turcos também deixaram de confiar nos americanos e daí estarem a
comprar armamento russo incluindo o sistema S-400, não vá o diabo tecê-las. Claro
que com os negócios e ligações cada vez maiores entre a Turquia e a Rússia, a
Grécia deve estar um pouco preocupada sobre o que farão os americanos e os
russos, no caso da Turquia resolver abocanhar algo mais. Portanto sim, faz
sentido, virar-se para os franceses e um dia destes também para os alemães. Agora
contar com os americanos... há muitos anos que não contam com eles, basta ver o
dinheiro que gastaram em armamento russo. E a NATO... a NATO está num lindo
estado. Anda muita coisa inquinada por ali.
Cabral Paula: Quem é que pode confiar nos americanos?
Ahmed Gany: Pelos vistos derrotar os turcos ainda faz parte do
conceito imperial de soberania europeia.
bento guerra: Quem
não tem cão, caça com gato. A França é a única potência militar da UE, enquanto
não derem liberdade à Alemanha para se armar a sério
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