Que o Dr.
Salles vai trazendo para a
“arena” do debate público estes temas controversos que a ele, português de
raça, não custarão a sublinhar, mas que são tabu para as gerações presentes, mais
votadas ao vozear clubístico do desenvolvimento físico, único a possibilitar
reconhecimento emotivo sobre o significado de pátria - para além, é certo, do
abraçar comovido das causas sociais, desde que tenham como contrapartida o
vozear acusatório contra os mordomos do capital, que hoje permanecem acima de
tudo, não entre os reais produtores de trabalho, mas entre os do desvio
ilícito, fruto, de resto, de empréstimos, que não se lhes dá que sejam ou não
ressarcidos, comprometido o futuro, sem honra nem pejo. Honesto e competente,
Salazar pagou as dívidas do seu tempo, com a autoridade que soube exigir,
imposta com mão menos branda, mas de vocação patriótica, baseada em leituras
feitas – hoje substituídas, de preferência, por destrezas físicas,
essencialmente efectivadas pelos pés - eventualmente por cabeças em trejeitos físicos
oportunos. Mas no tempo de Salazar o desporto também foi prática desenvolvida,
em festivais em que as meninas participavam, de vestido branco, não era tudo
tão triste assim, como se pinta. E havia escolas nas aldeias, substituídas hoje
por autocarros que encaminham os alunos para distâncias maiores, de
sociabilização e fuga dos campos
Dentro em pouco, ninguém mais saberá
quem foi Salazar, relegado para os escaninhos da indiferença pública, nas
prateleiras das bibliotecas, cada vez menos procuradas, a Internet, eventualmente
dando uma forcinha para colmatar a carência.
HENRIQUE SALLES DA
FONSECA
A BEM DA NAÇÃO,
09.10.21
Mas fiquei a pensar na tal “censura”
familiar… Estou mesmo a ver que a “censura” resulta do tom relativamente
benigno que o Luís vem usando ao escrever sobre Salazar em contraponto com a
oposição que sempre cultivou contra a ditadura. E a família, formatada na
tradição, não aceita uma visão mais holística e afastada das refregas do
passado. Será? Não tenho uma certeza absoluta mas quase. Tenho visto muita
desta tradição formatada a condicionar a exteriorização de novas opiniões sobre
factos envelhecidos: «Já o meu avozinho dizia…» e o netinho não sai dessas
perspectivas.
Tenho uma amiga burguesíssima que se
mantém fiel ao comunismo porque a tradição familiar a isso a prende. E pelo
amor aos pais defuntos que a une às saudades e ao romantismo de alguma
clandestinidade nas barbas da política antiga, não ouso chamá-la à razão dos
tempos modernos, à distância do passado, a uma visão global. Se se perde o
sentido cultural inspirado por uma certa tradição, corre-se o perigo da
desmagnetização da bússola e o rumo passar à deriva errática. E, bem pior,
perder as saudades dos entes queridos. Este, sim, o pior dos males. E eu
deixo-a ser comunista… desde que não me incomode com ideias que podem ter tido
alguma validade no séc. XIX mas que fedem neste XXI já um tanto mais do que
recém-entrado.
Mas nestas visões holísticas que hoje
possamos ter, não validaremos os erros que então as partes cometeram nem
esqueceremos o bem que todas elas praticaram, apenas deixaremos cair a paixão
das circunstâncias passadas.
Ah!,
já me esquecia: LESO é a sigla onomástica do meu primo Luís, o Embaixador.
A ver o que ele me dirá telefonicamente
quando tratar da saúde ao Alfredo que se esqueceu dos políticos e por isso eles
são tão maus.
Outubro de 2021
Henrique Salles da Fonseca
Tags: leso
COMENTÁRIOS:
Maria Eugênia: 09.10.2021: Acho
urgente falar do futuro, salvar a Nação, nem volta Salazar nem D Sebastião; e,
a bem dizer, não os queria. Quero um governo direito, moderno.
Anónimo,
09.10.2021: A desmagnetização da alma! Abraço.
Elias Quadros
Anónimo 10.10.2021: "Censura familiar" ...um conceito redolente de uma era que passou, aconchegante como o crepitar de uma lareira, porém intruso numa sociedade onde o individualismo tomou aposentos. Obrigado, Dr Henrique Salles da Fonseca, pelo prazer de nos permitir participar na conversa com LESO. António Fonseca
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