Como cronista irónico: JOSÉ
DIOGO QUINTELA. E não lhe
faltarão nunca, motivos, hélas!, para
deles fazer uso.
Para António Costa, falar é fóssil /premium
Mal se vislumbra contestação, a Greta
que se lixe. Ora isto não é bem negacionismo. É negacinismo.
JOSÉ DIOGO QUINTELA, Colunista do
Observador
OBSERVADOR, 19 out
2021
No
passado dia 7, António Costa garantiu que não baixava os impostos sobre a
gasolina. Na Assembleia da República, numa tomada de posição inflamada,
jurou: “Porque é preciso, de uma vez por todas, os responsáveis políticos
deixarem de ter dois discursos e deixarem de se fazer sonsos perante a opinião
pública. Os responsáveis políticos não podem dizer, durante metade da semana,
que há uma emergência climática, e a outra metade da semana dizer que não
querem medidas para combater a emergência climática. A emergência climática é
uma emergência todos os dias, exige uma taxa de carbono, essa taxa de carbono
vai continuar a aumentar e é uma política correcta não dar o menor contributo
para baixar a fiscalidade sobre os combustíveis carbonizados, ponto final”.
Assim, pumba!, para que não restassem quaisquer dúvidas. Parecia o Churchill da
Repsol.
Já
no dia 14 o Governo anunciou que ia baixar os impostos sobre a gasolina.
Calma!
A quem vem já de dedo em riste para apontar a hipocrisia do primeiro-ministro
eu peço para olhar para as datas. Costa censurou os responsáveis políticos que
têm um discurso na primeira metade da semana e outro na segunda metade da
semana. Não foi o caso do PM, que tomou uma posição numa terça-feira e esperou
pela outra semana para anunciar a posição contrária. Uma coisa é ser um
vira-casacas populista, outra é ser um troca-tintas ponderado. Há cinco
grandes diferenças entre um sonso e um estadista: a quarta feira, a quinta
feira, a sexta feira, o sábado e o Domingo.
António
Costa não baixa o
imposto sobre combustíveis fósseis de ânimo leve, até porque toma as alterações
climáticas muito a sério. Está sempre atento às mudanças do clima. Para ser mais preciso, presta atenção ao vento. Há duas semanas soprava a favor de impostos sobre
combustíveis fósseis, na semana passada já soprava contra. Qual
galarote empoleirado num campanário, Costa percebeu de onde vinha a brisa e
posicionou-se de acordo. Se o vento faz “uuuuuuu! A gasolina está muuuuuuito
cara, pá!”, Costa reage imediatamente.
Com
esta medida, o primeiro-ministro tem como objectivo poupar os cidadãos aos
aumentos causados pela taxa de carbono. Mas um
grupo muito específico de cidadãos: aqueles que pertencem ao seu governo. Costa
deseja poupá-los aos apupos que já se começam a ouvir.
Claro
que, com a diminuição do imposto sobre a gasolina, há quem vá acusar António
Costa de ser um negacionista, mas não me parece que isso seja verdade. O mais
provável é que Costa acredite que a humanidade é a principal responsável pelo
aquecimento global e que encarecer os combustíveis vai controlar o clima.
Sucede que acredita ainda mais que ser um
primeiro-ministro amado é muito agradável. Mal se vislumbra contestação, a
Greta que se lixe. Ora isto não é bem negacionismo. É negacinismo.
Sem
grande impacto, diga-se: é apenas uma baixa no preço, quando a gasolina já
aumentou 38 vezes no último ano. Não é por isto que Costa deixa de estar
empenhado em resolver a questão climática. Até com mais do que uma solução.
Preocupados com o planeta que vamos deixar aos nossos netos, os líderes
mundiais limitam-se a tentar consertar o clima. António Costa vai mais além e
tenta também que não tenhamos netos. Ao querer pôr-nos a fazer grandes
distâncias de bicicleta, é o que vai acabar por acontecer. Mesmo com aqueles
selins acolchoados.
Em
Portugal, os impostos sobre os combustíveis são uma das maiores fontes de
rendimento do Estado. Se, por um lado, a taxa do carbono pretende desencorajar
o uso do carro, por outro lado o Governo precisa da receita fiscal. António Costa anda à procura do equilíbrio.
Sabe que não pode matar a galinha dos ovos de ouro, mas o dinheiro dá mesmo
muito jeito. Opta então pela vivissecção da galinha dos ovos de ouro. Abre o
contribuinte ao meio e tenta sacar-lho o máximo sem o matar.
Entretanto,
e apesar da generosa redução no imposto (100 euros por cada 10 mil litros!), os portugueses vão aprendendo a lidar com o
preço dos combustíveis. Já começaram a adaptar-se. Antes, um
condutor que tivesse de fazer Lisboa-Porto, ia primeiro à Mealhada. Agora, sabe
que vai primeiro à falência. É que, para
encher o depósito do carro, tem de esvaziar o depósito a prazo. A gasolina
pode não ter chumbo, mas pelo preço parece que tem prata. Além do combustível estar mais caro, também não ajuda
o facto de muitos automóveis serem antigos e pouco eficientes. Com estes
aumentos, já tenho visto na estrada alguns carros que agora gastam um rim aos
100.
COMENTÁRIOS:
Hegdar Von: Todo o país sabe que o homem é traiçoeiro mas há muito ingénuo que pensa
que a teta da vaca deste súcia é vitalícia. João Diogo: Fabuloso. Mamador Chulo dos Tugas: Este bazuco muda de opiniao
como o vento, o que importa. e continuar a empobrecer o retangulo e aguentar o
Tacho. Liberal Assinante do Local: O motor global da inflação está ligado, diria que a
gasolina ainda vai subir, e muito. Sou um optimista, como sabem. Alecrom Morcela: Provavelmente o melhor
humorista português da actualidade. É raro
o artigo que não me faz rir a bom rir. josé maria: Dando a palavra ao clarividente
Passos Coelho: Os combustíveis estão
caros”. E deverão assim continuar nos próximos tempos. Não é possível baixar
impostos. E, mesmo que fosse, também não desceriam muito, afirmou o
primeiro-ministro. “Não podemos pensar em ter combustíveis mais baratos porque
iria sair caro em termos ambientais”, defendeu Pedro Passos Coelho, em resposta
a uma pergunta de um taxista sobre os preços dos combustíveis em Portugal,
feita na entrevista protagonizada por cidadãos na noite desta quarta-feira na
RTP1.“O preço dos combustíveis é um regulador que evita que os hidrocarbonetos
tenham impacto na degradação da qualidade ambiental”, referiu. Descer os
impostos sobre os combustíveis seria dar “o sinal errado”, o sinal de que se
poderia “usar mais o carro”
Jornal de Negócios, 9/10/2013 Teve muita piada, não
teve, José Diogo ? Quem fala assim não é fóssil? Francisco Correia > josé maria: Oh Zé, estás em desespero! Então mas agora vais-te agarrar
a uma declaração de Passos Coelho para justificar a política do desgoverno de
António Costa? O José Diogo Quintela que me perdoe, mas isto é muito mais cómico que o
texto dele! josé maria > Francisco Correia: E agora até dou a palavra ao
clarividente Cavaco: Cavaco diz que subida dos combustíveis tem «dose de especulação». Cavaco
Silva admite que há uma boa dose de especulação nos preços dos combustíveis TSF, 27/5/2008: Esta também teve muita piada,
não teve ? Francisco Correia > josé maria: Isso é do melhor! Ires agarrar-te a 2 Belzebus para justificar o
discurso de António Costa, é de morrer a rir! Liberal Assinante do
Local > Francisco Correia: Ela esqueceu-se mas foi de nos
dizer se Cavaco e Passos de Coelho tinham mudado de posição de uma semana para
a outra ao sabor das conveniências eleiçoeiras. Mas não ligue à maria josé, ela
está assim ressabiada porque não há covinhas, nem mesmo para ela. Sem o
covinhas a vida dela torna-se enfadonha, e dá-lhe para isto, recordações de
tempos felizes. Alberto
Rei > josé maria: quanto tempo demoraste a catar essas citações ? vais
ao programa dirigentes dos outros partidos que interessa desvalorizar, escreves
citações de Cavaco e Passos sobre os combustíveis, período de 2000 a 2020, e
clicas no ícone da lente/sarch ? é assim ? É só escolher. Ah, programas ... mundo
digital, ah Rui Pinto. josé
maria > Francisco Correia: Esta também é muito divertida
de se ler: Cavaco Silva diz que questão dos preços dos combustíveis é complexa. O
Presidente da República escusou-se hoje a comentar a possibilidade de
intervenção do Estado para fazer baixar os preços aos consumidores, referindo
apenas que a questão é "complexa" e que exige reflexão. Jornal de
Negócios, 18/9/2008 O que eu me tenho fartado de rir com os peixinhos zonzos a
morderem os anzóis... Se fosse na caça, diria que caem como tordos... Francisco Correia
> josé maria: Qual é a parte da frase que não percebes? "Ir
buscar declarações de Passos/Cavaco para justificar a política do desgoverno de
Costa, é de morrer a rir!"
josé maria > Francisco Correia: E aqui está outra muito gira de
se ler: Cavaco arrasa política de austeridade de Passos Coelho. No segundo
volume de "Quinta-feira e outros dias", o ex-Presidente da República
critica duramente Pedro Passos Coelho pela "falta de equidade na
repartição de sacrifícios" exigidos aos portugueses José Paulo C Castro > josé maria: A diferença é que Passos disse isso quando o preço era
30% mais barato e a nossa dívida era 20% menor. Faz toda a diferença. Liberal
Assinante do Local > josé maria: Os mercados de capitais são importantes na economia
capitalista, e claro, nem sequer existem nas Cubas deste mundo. As bolhas
especulativas, como a de 1987 no nosso ridículo mercado accionista, não são
específicas dos mercados accionistas, e não existem em mercados desenvolvidos,
como é agora a BVL. Cavaco está longe de ser o único responsável pela bolha
especulativa terminada em 1987.
josé maria > Liberal Assinante do Local: Cavaco está longe de ser o
único responsável pela bolha especulativa terminada em 1987. A porta do
facebook dos negacionistas é mais ao lado...
Alberico Lopes: Ó Zé: cada vez mais gosto dos seus artigos! Extraordinária veia crítica! joaquim zacarias: Para que este artigo ficasse completo, só faltou referir
a piada do PR, que disse que para o governo reduzisse os impostos, era necessário
a aprovação da UE.
Miguel Seabra: Brilhante como sempre! Obrigado por momentos a rir à custa do galarote que
chama sonsos aos outros
Alberico Lopes > Miguel Seabra: Essa do "galarote", é mesmo o máximo! Luis Godinho: "A ditadura perfeita terá
as aparências da democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não
sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura onde, graças ao consumo e
ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão" (Aldous Huxley)
Querem melhor
definição para a situação em que nos encontramos? João Floriano > Luis Godinho: «Admirável Mundo Novo»? já li há muitos anos. Citação
belíssima. Alecrom
Morcela > Luis Godinho: É o socialismo que atende às necessidades de todos e
de cada um. José
Paulo C Castro > Alecrom Morcela: Menos as do futuro e dos
futuros.. advoga
diabo: Recorrer a
trocadilhos sempre foi, é, e será, uma arma a quem faltam argumentos válidos
para defender a sua tese. Lembro-me dos títulos futeboleiros do JN, jornal de
"faca e alguidar" dos tempos da outra senhora, que a liberdade
permitiu alargar a basicamente tudo, passando pelos sensacionalistas Tal &
Qual, ou O Crime, o pioneiro Independente, até, claro, os diários da bola.
Valem por isso mesmo, para a galhofa, dar-lhes mais importância que isso é só
idiota! Nuno
Carmona > advoga diabo: Errrr.... É uma crónica humorística.. João Floriano > advoga diabo: Está a esquecer-se de um jornal fantástico que por aí
andava que era o Jornal do Incrível. Ainda me lembro de uma notícia em que um indivíduo andava com um machado
cravado na cabeça há não sei quanto tempo. A Gaiola Aberta também era boa leitura. E tem razão: se queremos
coisas sérias lemos a Helena Matos ou outros cronistas de grande qualidade mas que muitas vezes estão «lá
para baixo». Rir é muito bom. Maria Mole: Fantastico! PENSADOR: Impagável este artigo! Com
artigos deste calibre e qualidade ainda vale a pena assinar o Observador!
Obrigado ZDQ. João
Floriano: Excelente! Eu
adorei o «Churchill da repsol». Eu não conhecia esta parte do discurso de
António Costa que Quintela transcreve no início da crónica. Nunca vi argumento
mais curioso e é bem demonstrativo do estado «arenoso» a que o governo chegou.
Ainda há poucas semanas todos diziam que estava de pedra e cal e agora
esboroa-se como pão ressequido. As motivações ambientais aguentaram uma semana
o que só prova que quando se lida com gasolina é tudo muito volátil e
inflamável. Gustavo
Lopes: Que maravilha!!! Obrigado,
ZDQ!! Américo
Silva: Bom dia Quintela, do lado do
PSD está tudo bem e já encontraram o peru para oferecer ao Marcelo no Natal, a
ver se enquanto come se cala algum tempo, e a prosperidade do partido está
assegurada pela jovem deputada Eugénia Duarte, reputada falsificadora de despacho de liquidação de sentença do
tribunal de Viseu. Dizem os seus apoiantes, foi
condenada a uma multa, pagou-a e a vida segue, ao que parece de vento em
popa, se a pena se mostra cumprida a
reinserção deu-se com sucesso, portanto o problema do país é uma família
sueca a proliferar, e muito, numa caravana. Na europa vanguardista a grande preocupação é a
libertação das galinhas, para o candidato verde a presidente da república
francesa é a primeira preocupação, já o candidato comunista propõe-se libertar
as galinhas, mas também as ovelhas e as vacas. Coitados dos porcos que ficam
esquecidos. Mais uma intelectual a queixar-se dos homens: só consegue ser amada
depilada, maquilhada, e com os cabelos lavados, tudo auto micro agressões
fomentadas pelo hétero patriarcado branco. Compreendo perfeitamente que se
sinta vítima ao ter que optar entre rapação e lavagem, ou abstinência Alberico Lopes > Américo Silva: Coitado do Silva! Até sonha com o PSD! Deixe lá a
Esmeralda! Fale do costa, do cabrita, do sócrates, do ferro rodrigues, dos
césares! Tem tanto com que se entreter lá por casa! mais um: É rir para não chorar
I G: Muito bom!!Obrigada! Vitor Batista: Antes era negacionismo, agora é
negacinismo. Muito bom!
Andre Ramos:
Desta vez tenho que aplaudir só
pelo último parágrafo que está simplesmente divinal. Cupid Stunt: Hahaha, lindo! Martelo de Belem ....: Antes ia a Mealhada, agora vai
a falência. Muito bom. Ta na hora de Costa ir embora.
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