quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Mais um nome a reter


Como cronista irónico: JOSÉ DIOGO QUINTELA. E não lhe faltarão nunca, motivos, hélas!, para deles fazer uso.

Para António Costa, falar é fóssil /premium

Mal se vislumbra contestação, a Greta que se lixe. Ora isto não é bem negacionismo. É negacinismo.

JOSÉ DIOGO QUINTELA, Colunista do Observador

OBSERVADOR, 19 out 2021

No passado dia 7, António Costa garantiu que não baixava os impostos sobre a gasolina. Na Assembleia da República, numa tomada de posição inflamada, jurou: “Porque é preciso, de uma vez por todas, os responsáveis políticos deixarem de ter dois discursos e deixarem de se fazer sonsos perante a opinião pública. Os responsáveis políticos não podem dizer, durante metade da semana, que há uma emergência climática, e a outra metade da semana dizer que não querem medidas para combater a emergência climática. A emergência climática é uma emergência todos os dias, exige uma taxa de carbono, essa taxa de carbono vai continuar a aumentar e é uma política correcta não dar o menor contributo para baixar a fiscalidade sobre os combustíveis carbonizados, ponto final”. Assim, pumba!, para que não restassem quaisquer dúvidas. Parecia o Churchill da Repsol.

Já no dia 14 o Governo anunciou que ia baixar os impostos sobre a gasolina.

Calma! A quem vem já de dedo em riste para apontar a hipocrisia do primeiro-ministro eu peço para olhar para as datas. Costa censurou os responsáveis políticos que têm um discurso na primeira metade da semana e outro na segunda metade da semana. Não foi o caso do PM, que tomou uma posição numa terça-feira e esperou pela outra semana para anunciar a posição contrária. Uma coisa é ser um vira-casacas populista, outra é ser um troca-tintas ponderado. Há cinco grandes diferenças entre um sonso e um estadista: a quarta feira, a quinta feira, a sexta feira, o sábado e o Domingo.

António Costa não baixa o imposto sobre combustíveis fósseis de ânimo leve, até porque toma as alterações climáticas muito a sério. Está sempre atento às mudanças do clima. Para ser mais preciso, presta atenção ao vento. Há duas semanas soprava a favor de impostos sobre combustíveis fósseis, na semana passada já soprava contra. Qual galarote empoleirado num campanário, Costa percebeu de onde vinha a brisa e posicionou-se de acordo. Se o vento faz “uuuuuuu! A gasolina está muuuuuuito cara, pá!”, Costa reage imediatamente.

Com esta medida, o primeiro-ministro tem como objectivo poupar os cidadãos aos aumentos causados pela taxa de carbono. Mas um grupo muito específico de cidadãos: aqueles que pertencem ao seu governo. Costa deseja poupá-los aos apupos que já se começam a ouvir.

Claro que, com a diminuição do imposto sobre a gasolina, há quem vá acusar António Costa de ser um negacionista, mas não me parece que isso seja verdade. O mais provável é que Costa acredite que a humanidade é a principal responsável pelo aquecimento global e que encarecer os combustíveis vai controlar o clima. Sucede que acredita ainda mais que ser um primeiro-ministro amado é muito agradável. Mal se vislumbra contestação, a Greta que se lixe. Ora isto não é bem negacionismo. É negacinismo.

Sem grande impacto, diga-se: é apenas uma baixa no preço, quando a gasolina já aumentou 38 vezes no último ano. Não é por isto que Costa deixa de estar empenhado em resolver a questão climática. Até com mais do que uma solução. Preocupados com o planeta que vamos deixar aos nossos netos, os líderes mundiais limitam-se a tentar consertar o clima. António Costa vai mais além e tenta também que não tenhamos netos. Ao querer pôr-nos a fazer grandes distâncias de bicicleta, é o que vai acabar por acontecer. Mesmo com aqueles selins acolchoados.

Em Portugal, os impostos sobre os combustíveis são uma das maiores fontes de rendimento do Estado. Se, por um lado, a taxa do carbono pretende desencorajar o uso do carro, por outro lado o Governo precisa da receita fiscal. António Costa anda à procura do equilíbrio. Sabe que não pode matar a galinha dos ovos de ouro, mas o dinheiro dá mesmo muito jeito. Opta então pela vivissecção da galinha dos ovos de ouro. Abre o contribuinte ao meio e tenta sacar-lho o máximo sem o matar.

Entretanto, e apesar da generosa redução no imposto (100 euros por cada 10 mil litros!), os portugueses vão aprendendo a lidar com o preço dos combustíveis. Já começaram a adaptar-se. Antes, um condutor que tivesse de fazer Lisboa-Porto, ia primeiro à Mealhada. Agora, sabe que vai primeiro à falência. É que, para encher o depósito do carro, tem de esvaziar o depósito a prazo. A gasolina pode não ter chumbo, mas pelo preço parece que tem prata. Além do combustível estar mais caro, também não ajuda o facto de muitos automóveis serem antigos e pouco eficientes. Com estes aumentos, já tenho visto na estrada alguns carros que agora gastam um rim aos 100.

ANTÓNIO COSTA  POLÍTICA

COMENTÁRIOS:

Hegdar Von: Todo o país sabe que o homem é traiçoeiro mas há muito ingénuo que pensa que a teta da vaca deste súcia é vitalícia.             João Diogo: Fabuloso.               Mamador Chulo dos Tugas: Este bazuco muda de opiniao como o vento, o que importa. e continuar a empobrecer o retangulo e aguentar o Tacho. Liberal Assinante do Local: O motor global da inflação está ligado, diria que a gasolina ainda vai subir, e muito. Sou um optimista, como sabem.           Alecrom Morcela: Provavelmente o melhor humorista português da actualidade. É raro o artigo que não me faz rir a bom rir.          josé maria: Dando a palavra ao clarividente Passos Coelho: Os combustíveis estão caros”. E deverão assim continuar nos próximos tempos. Não é possível baixar impostos. E, mesmo que fosse, também não desceriam muito, afirmou o primeiro-ministro. “Não podemos pensar em ter combustíveis mais baratos porque iria sair caro em termos ambientais”, defendeu Pedro Passos Coelho, em resposta a uma pergunta de um taxista sobre os preços dos combustíveis em Portugal, feita na entrevista protagonizada por cidadãos na noite desta quarta-feira na RTP1.“O preço dos combustíveis é um regulador que evita que os hidrocarbonetos tenham impacto na degradação da qualidade ambiental”, referiu. Descer os impostos sobre os combustíveis seria dar “o sinal errado”, o sinal de que se poderia “usar mais o carro”

Jornal de Negócios, 9/10/2013 Teve muita piada, não teve, José Diogo ? Quem fala assim não é fóssil?  Francisco Correia > josé maria: Oh Zé, estás em desespero! Então mas agora vais-te agarrar a uma declaração de Passos Coelho para justificar a política do desgoverno de António Costa? O José Diogo Quintela que me perdoe, mas isto é muito mais cómico que o texto dele!               josé maria > Francisco Correia: E agora até dou a palavra ao clarividente Cavaco: Cavaco diz que subida dos combustíveis tem «dose de especulação». Cavaco Silva admite que há uma boa dose de especulação nos preços dos combustíveis            TSF, 27/5/2008: Esta também teve muita piada, não teve ?          Francisco Correia > josé maria: Isso é do melhor! Ires agarrar-te a 2 Belzebus para justificar o discurso de António Costa, é de morrer a rir!           Liberal Assinante do Local > Francisco Correia: Ela esqueceu-se mas foi de nos dizer se Cavaco e Passos de Coelho tinham mudado de posição de uma semana para a outra ao sabor das conveniências eleiçoeiras. Mas não ligue à maria josé, ela está assim ressabiada porque não há covinhas, nem mesmo para ela. Sem o covinhas a vida dela torna-se enfadonha, e dá-lhe para isto, recordações de tempos felizes.           Alberto Rei > josé maria: quanto tempo demoraste a catar essas citações ? vais ao programa dirigentes dos outros partidos que interessa desvalorizar, escreves citações de Cavaco e Passos sobre os combustíveis, período de 2000 a 2020, e clicas no ícone da lente/sarch ? é assim ? É só escolher. Ah, programas ... mundo digital, ah Rui Pinto.     josé maria > Francisco Correia: Esta também é muito divertida de se ler: Cavaco Silva diz que questão dos preços dos combustíveis é complexa. O Presidente da República escusou-se hoje a comentar a possibilidade de intervenção do Estado para fazer baixar os preços aos consumidores, referindo apenas que a questão é "complexa" e que exige reflexão. Jornal de Negócios, 18/9/2008 O que eu me tenho fartado de rir com os peixinhos zonzos a morderem os anzóis... Se fosse na caça, diria que caem como tordos...            Francisco Correia > josé maria: Qual é a parte da frase que não percebes? "Ir buscar declarações de Passos/Cavaco para justificar a política do desgoverno de Costa, é de morrer a rir!"                josé maria > Francisco Correia: E aqui está outra muito gira de se ler: Cavaco arrasa política de austeridade de Passos Coelho. No segundo volume de "Quinta-feira e outros dias", o ex-Presidente da República critica duramente Pedro Passos Coelho pela "falta de equidade na repartição de sacrifícios" exigidos aos portugueses              José Paulo C Castro > josé maria: A diferença é que Passos disse isso quando o preço era 30% mais barato e a nossa dívida era 20% menor. Faz toda a diferença. Liberal Assinante do Local > josé maria: Os mercados de capitais são importantes na economia capitalista, e claro, nem sequer existem nas Cubas deste mundo. As bolhas especulativas, como a de 1987 no nosso ridículo mercado accionista, não são específicas dos mercados accionistas, e não existem em mercados desenvolvidos, como é agora a BVL. Cavaco está longe de ser o único responsável pela bolha especulativa terminada em 1987.            josé maria > Liberal Assinante do Local: Cavaco está longe de ser o único responsável pela bolha especulativa terminada em 1987. A porta do facebook dos negacionistas é mais ao lado...

Alberico Lopes: Ó Zé: cada vez mais gosto dos seus artigos! Extraordinária veia crítica!          joaquim zacarias: Para que este artigo ficasse completo, só faltou referir a piada do PR, que disse que para o governo reduzisse os impostos, era necessário a aprovação da UE.              Miguel Seabra: Brilhante como sempre! Obrigado por momentos a rir à custa do galarote que chama sonsos aos outros            Alberico Lopes > Miguel Seabra: Essa do "galarote", é mesmo o máximo!          Luis Godinho: "A ditadura perfeita terá as aparências da democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura onde, graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão" (Aldous Huxley) Querem melhor definição para a situação em que nos encontramos?           João Floriano > Luis Godinho: «Admirável Mundo Novo»? já li há muitos anos. Citação belíssima.            Alecrom Morcela > Luis Godinho: É o socialismo que atende às necessidades de todos e de cada um.            José Paulo C Castro > Alecrom Morcela: Menos as do futuro e dos futuros..              advoga diabo: Recorrer a trocadilhos sempre foi, é, e será, uma arma a quem faltam argumentos válidos para defender a sua tese. Lembro-me dos títulos futeboleiros do JN, jornal de "faca e alguidar" dos tempos da outra senhora, que a liberdade permitiu alargar a basicamente tudo, passando pelos sensacionalistas Tal & Qual, ou O Crime, o pioneiro Independente, até, claro, os diários da bola. Valem por isso mesmo, para a galhofa, dar-lhes mais importância que isso é só idiota!              Nuno Carmona > advoga diabo: Errrr.... É uma crónica humorística..      João Floriano > advoga diabo: Está a esquecer-se de um jornal fantástico que por aí andava que era o Jornal do Incrível. Ainda me lembro de uma notícia em que um indivíduo andava com um machado cravado na cabeça há não sei quanto tempo. A Gaiola Aberta também era boa leitura. E tem razão: se queremos coisas sérias lemos a Helena Matos ou outros cronistas de grande qualidade mas que muitas vezes estão «lá para baixo». Rir é muito bom.           Maria Mole: Fantastico!               PENSADOR: Impagável este artigo! Com artigos deste calibre e qualidade ainda vale a pena assinar o Observador! Obrigado ZDQ.             João Floriano: Excelente! Eu adorei o «Churchill da repsol». Eu não conhecia esta parte do discurso de António Costa que Quintela transcreve no início da crónica. Nunca vi argumento mais curioso e é bem demonstrativo do estado «arenoso» a que o governo chegou. Ainda há poucas semanas todos diziam que estava de pedra e cal e agora esboroa-se como pão ressequido. As motivações ambientais aguentaram uma semana o que só prova que quando se lida com gasolina é tudo muito volátil e inflamável.           Gustavo Lopes: Que maravilha!!! Obrigado, ZDQ!!            Américo Silva: Bom dia Quintela, do lado do PSD está tudo bem e já encontraram o peru para oferecer ao Marcelo no Natal, a ver se enquanto come se cala algum tempo, e a prosperidade do partido está assegurada pela jovem deputada Eugénia Duarte, reputada falsificadora de despacho de liquidação de sentença do tribunal de Viseu. Dizem os seus apoiantes, foi condenada a uma multa, pagou-a e a vida segue, ao que parece de vento em popa, se a pena se mostra cumprida a reinserção deu-se com sucesso, portanto o problema do país é uma família sueca a proliferar, e muito, numa caravana. Na europa vanguardista a grande preocupação é a libertação das galinhas, para o candidato verde a presidente da república francesa é a primeira preocupação, já o candidato comunista propõe-se libertar as galinhas, mas também as ovelhas e as vacas. Coitados dos porcos que ficam esquecidos. Mais uma intelectual a queixar-se dos homens: só consegue ser amada depilada, maquilhada, e com os cabelos lavados, tudo auto micro agressões fomentadas pelo hétero patriarcado branco. Compreendo perfeitamente que se sinta vítima ao ter que optar entre rapação e lavagem, ou abstinência          Alberico Lopes > Américo Silva: Coitado do Silva! Até sonha com o PSD! Deixe lá a Esmeralda! Fale do costa, do cabrita, do sócrates, do ferro rodrigues, dos césares! Tem tanto com  que se entreter lá por casa!              mais um: É rir para não chorar

I G: Muito bom!!Obrigada!              Vitor Batista: Antes era negacionismo, agora é negacinismo. Muito bom!

Andre Ramos: Desta vez tenho que aplaudir só pelo último parágrafo que está simplesmente divinal.    Cupid Stunt: Hahaha, lindo!            Martelo de Belem ....: Antes ia a Mealhada, agora vai a falência. Muito bom. Ta na hora de Costa ir embora.

 

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