Alberto
Gonçalves esclarece a
questão “Gouveia e Melo”, Ana Kotowicz, a provável
demissão de “Mendes Calado”, o actual CEMA
para
a provável nomeação de Gouveia e Melo, que foi competente na questão das
vacinas. O PR baralha, com
os trunfos próprios.
I - A canonização do vice-almirante/premium
À primeira vista, parecia que o
militar organizara uma viagem tripulada a Marte, e não a supervisão de uma rede
de tendas entre Monção e a Fuzeta, onde
enfermeiros cometiam injecções.
ALBERTO GONÇALVES OBSERVADOR, 02 out 2021
Quando
se anunciou a campanha de vacinação, liderada por um daqueles matraquilhos que
o PS vai buscar às profundezas, apostei com um interlocutor indefinido que a
coisa correria mal. Nas primeiras semanas, “correr mal” foi eufemismo: as
vacinas não chegavam, as que chegavam eram imediatamente açambarcadas por
caciques locais ou aparentados, os grupos prioritários mudavam a cada dia ou a
cada pressão do mais recente grupo prioritário, etc. A fim de me estragar a
aposta, o dr. Costa despachou o matraquilho e, uma vez sem exemplo, recrutou um
sujeito exterior ao partido. E, até porque piorar seria impossível, a coisa
melhorou.
O
que aconteceu? Nada de especial. Ao invés do antecessor, que aparentemente
coordenava as operações a partir de casa, através de Zoom e à frente de um
retrato de “Che” Guevara, o novo responsável optou por trabalhar. O vice-almirante Gouveia e Melo imitou o
que acontecia nos países em que o objectivo da campanha de vacinação era,
imagine-se, vacinar o povo e não alimentar propaganda. Apesar de se manter típicas excentricidades de
terceiro mundo, como a de privilegiar profissões em detrimento da idade e da
situação clínica, montou-se enfim a logística necessária – e o nosso atávico
pavor à exclusão encarregou-se do resto. Em questão de meses, alcançou-se e
de seguida superou-se a média europeia na matéria. Mérito do
vice-almirante? Com certeza, e só na medida em que é meritório cumprir a função
que se aceita desempenhar. Por azar,
como estamos em Portugal, não houve maneira de escapar à hipérbole e ao
espectáculo, quer na veneração do homem, quer no comportamento do homem.
Começo pela veneração. Não falo da urgência em atropelar a hierarquia para
subir o homem a um posto de chefia, um expediente matarruano habitual no
governo. Nem falo da condecoração atribuída pelo prof. Marcelo que, havendo
oportunidade, pendura uma medalha no quarto classificado do Torneio Ibérico de
Pesca à Linha. Falo do dia em que se encerrou a famosa “task force” e em que uma
extraordinária quantidade de criaturas achou indispensável exibir nas “redes
sociais” um comovido agradecimento ao vice-almirante. À primeira vista,
parecia que o militar organizara uma viagem tripulada a Marte, e não a supervisão
de uma rede de tendas entre Monção e a Fuzeta, onde
enfermeiros cometiam injecções. Há quem ache o vice-almirante o
principal motivo de orgulho das Forças Armadas nas últimas décadas (a
competição não é feroz). Há quem o
garanta invencível nas próximas eleições presidenciais (idem). E há quem o eleve ao estatuto de maior vulto da
História Contemporânea, ideal para organizar tudo e liderar tudo (e há quem,
principalmente à esquerda, procure moderar tais delírios de modo a impedir a
criação de um potencial, e imprevisível, adversário político).
Antes que proponham enfiá-lo em vida no
Panteão, cabe perguntar o que leva tantos cidadãos a tamanha devoção por um
cidadão que apenas mostrou competência.
Proponho três respostas, que afinal são a mesma: 1) se calhar esses cidadãos sabem-se incompetentes, logo
ficam assombrados perante os que não o são; 2) se calhar esses cidadãos são os que julgam louvável a
actuação das dras. Martinha e Gracinha, dois cataclismos que por comparação
fazem do vice-almirante o general Eisenhower; 3) se calhar os padrões de exigência desses cidadãos para
com o próximo são, por experiência própria ou pela longa sujeição a bitolas
socialistas, a dar para o baixo. Em suma, o vice-almirante passa por
óptimo por se revelar acima da média num país em que a média é péssima.
Infelizmente, fora da logística das
vacinas o vice-almirante não se destacou da maioria dos seus compatriotas. Pelo
contrário. Mal percebeu o culto que suscitava,
adoptou o papel de guia espiritual. Enquanto jurava que não queria protagonismo,
concedeu entrevistas, palestras e depoimentos a uma cadência quase diária,
sempre empenhado em fingir modéstia e de facto a escorrer soberba. De acordo
com o vice-almirante, o vice-almirante é fantástico no que toca às missões que
assume, à autoridade que exerce e – esperem lá – às mulheres, com as quais
confessa ter tido “algum sucesso”.
Esta é a parte ligeira do discurso. A parte grave é o vice-almirante
exceder as tarefas que lhe confiaram e desatar a emitir palpites acerca das
vacinas e do direito das pessoas a recusá-las. Teria sido útil ensinarem ao
senhor que uma sociedade civil não se confunde com a tropa: a omnipresença do
uniforme camuflado também sugere a confusão.
Porém, confusa é igualmente a adoração
colectiva. Seria engraçado apurar quantos devotos do
vice-almirante pertencem àquela gente que, cheiinha de medo e virtude, continua
a usar máscara na cara e gosma nas mãos. Essa gente idolatra a figura que lhes
proporcionou um serviço de cujos benefícios duvidam e cuja eficácia menosprezam.
No fundo, canonizaram o vice-almirante
sem saber porquê, e esta é das homenagens mais insultuosas que se pode prestar
a alguém.
VACINAS SAÚDE CORONAVÍRUS SAÚDE PÚBLICA
COMENTÁRIOS:
Libertário Português: : Realmente foi
pena que o magala no final se tenha posto a fazer a evangelização da vacina
pelo país fora, que se tenha rodeado de crianças inocentes e saudáveis a quem
forçou uma vacina que em nada melhora a sua taxa de sobrevivência ao vírus de
100% mas que ninguém sabe que efeitos colaterais algum dia possa vir a ter e
que por fim se tenha também posto ao lado dos certificados e passaportes para
que os 15% de não vacinados não contaminem os 85% de vacinados em espaços
públicos (fazendo crer que a vacina afinal não protege de coisa nenhuma pois
requere que os outros estejam também vacinados, é isto certo?). Tivesse apenas
cumprido a sua missão com competência e teria de facto sido um herói nacional,
mas infelizmente e por fim não resistiu à tentação da política para obter tacho
mais alto. Hugo Cid
O que é invulgar é
extraordinário. Infelizmente aqui o extraordinário é seguir uma metodologia,
trabalhar em equipa e ter uma comunicação transparente em que os actos e
palavras estão em harmonia. Pode não ter sido uma missão tecnicamente complexa
como ir a Marte, mas foi extraordinário. E tenho pena que não seja exemplo se
torne vulgar trabalhar assim.
Hoyo de Monterrey: Exacto. Cumprir o
dever neste país é elevado a algo grandioso. Quinta Sinfonia Esta absurda adoração pelo
vice-almirante demonstra também o quanto estamos madurinhos para receber de
braços abertos o tal homem providencial, austero,… que tudo resolverá … um
desejo típico de um país de terceiro mundo. António Duarte > Quinta Sinfonia: Não será o
Ventura, talvez o próximo…
Libertário Português > Quinta Sinfonia: Como em qualquer país com
níveis de educação baixos do tipo América do Sul, adoramos seguir um líder
forte de preferência militar e caudilho que nos prometa conforto espiritual e
coisas grátis. Tudo menos fazer pelas próprias vidas, isso é coisa que custa. Pedra Nussapato Realmente, não se percebe o que
de tão extraordinário fez Gouveia e Melo! Se fosse AG que mandasse já tínhamos
199% vacinados, cães, gatos e pombos incluídos! António Lamas Só num país em que ninguém do
Estado cumpre seja o que for, é que se condecora alguém por fazer aquilo que
deve fazer e para o qual foi incumbido.
A condecoração do
senhor é a prova provada disso mesmo e que nada mudará enquanto o Estado tomar
conta da nossas vidas em todos os sectores.. Cupid Stunt: Excelente e mordaz análise do rebanho que de que muitos
gostam de fazer parte.
Pedra Nussapato> Cupid Stunt:
Não se se dá conta que com esse comentário mostra que
também faz parte de um rebanho, só que de outro tipo FME: Tenho dúvidas se a substituição do Francisco Ramos pelo
Gouveia e Melo à frente da Task Force se deve a uma epifania de António Costa
ou se à pressão do PR. Na última campanha eleitoral, os foliões socialistas
procuraram passar a mensagem que Gouveia e Melo tinha sido uma escolha de
Costa, colando assim os dois. A verdade é que Gouveia e Melo foi o chamado tiro
(ou bazuca) no pé dado por Costa, já que a escolha política não conseguia fazer
o trabalho, tendo antes preferido colar-se à candidata do BE para justificar a
incompetência. Se imaginarmos os sectores da sociedade onde a supervisão
pública não chega para exigir a substituição de “costinhas” por “gouveias”
podemos ficar com uma ideia da governabilidade deste país. Quanto às
reportagens que passam a ideia de que as pessoas, numa atitude cívica louvável,
preferem continuar a usar as máscaras, estão no mesmo caminho das últimas
sondagens. Se forem aos cafés por volta das oito da manhã, horário em que o
pessoal tem que ir fuçar para ganhar a vida e costuma beber a sua bica matinal,
podem facilmente verificar que quase ninguém usa máscara. Todavia, se vão fazer
a reportagem a meio da manhã, horário em que os pensionistas e funcionários
públicos se vão sentar na esplanada para beber um chá inglês e comer um brioche
é muito natural ver esta gente de máscara, e a defender o uso das mesmas e do
tele-trabalho para sempre.
Simplório: Pessoalmente
nunca consigo esquecer que o mérito da capacidade organizativa na gestão de
toda a campanha de vacinação é da tal agência japonesa que, já com vasta
experiência internacional, foi contratada exactamente para essa função. O Sr.
Gouveia e Melo até pode ter muitos méritos mas ninguém me tira da cabeça que,
sendo militar habituado a receber ordens, passou a desempenhar uma função civil
sob a orientação (ordens) da agência japonesa. Evidentemente que seguir essas
orientações (ordens) terá dado o seu trabalho e terá sido necessária
competência mas esteve sempre a seguir ordens. Talvez o grande mérito deste
funcionário público tão mediático seja o de saber receber ordens e executá-las
cabalmente sem daí divergir. Já o uso constante da farda deve ter sido
propositado para lhe dar mais autoridade mesmo entre civis. Quanto ao
protagonismo, não duvido que inicialmente tenha sido encorajado a isso... mas
que parece ter aceitado esse protagonismo com gosto lá isso parece! Seja como
for, é evidente que o protagonismo e a popularidade associada tem tido a sua
utilidade já que há tantos a quererem aproveitar-se. Adversário político para a
esquerda? Duvido, não sei qual é a orientação política do Sr. Gouveia e Melo
mas, pelo andar da coisa, não me admiraria se fosse a esquerda a convidá-lo
para as suas fileiras. E se o PR quiser dar uma medalha a alguém que a dê a
quem se lembrou de contratar a tal agência japonesa... ou, pelo menos, umas
palmadinhas nas costas!
S Belo > Simplório: Portugal no seu melhor.... S Belo > S Belo: Eternamente
esperando que numa manhã de nevoeiro...
E a continuação:
II - Demissão do CEMA: "Está tudo mal
e muito longe de estar esclarecido”, dizem oficiais das Forças Armadas /premium
Associação de
Oficiais das Forças Armadas apelam ao sentido de Estado para pedir a António Costa que conclua da "viabilidade de continuidade em funções do ministro da
Defesa Nacional".
ANA
KOTOWICZ: Texto OBSERVADOR, 01 out 2021
Se o Presidente da República considera
que “ficaram
esclarecidos os equívocos” da suposta demissão do Chefe do Estado-Maior da Armada
(CEMA), não é esse o espírito entre os militares. Para além de mais explicações, pedem
a António Costa que conclua da viabilidade de continuidade em funções do
ministro da Defesa Nacional — um pedido para que pondere a sua demissão, sem o
uso directo da palavra. Em comunicado enviado ao Observador, a Associação de
Oficiais das Forças Armadas (AOFA) considera “indecorosa” a forma como o
processo foi gerido e volta a apontar para uma “governamentalização e
partidarização” das Forças Armadas ao abrigo da reforma legislativa.
Assim, o Conselho Nacional da AOFA
decidiu “manifestar o mais profundo repúdio pela forma indecorosa e inédita” como o ministro João Gomes Cravinho procedeu, naquilo que considera ser uma “tentativa
deliberada de saneamento político de um chefe militar”, e que demonstra “uma
total deslealdade institucional para com as Forças Armadas no seu todo e uma
deslealdade pessoal perante todos os militares e o Comandante Supremo das
Forças Armadas”, cargo que o Presidente da República exerce por inerência.
A Associação de Oficiais das Forças
Armadas decide também reiterar as denúncias “sobre a evidência de um processo,
em curso, de governamentalização e partidarização das Forças Armadas que,
cada vez mais facilitado, decorre do conjunto de recentes alterações a leis
estruturantes que regem a instituição, naquela que ficou conhecida por Reforma da Estrutura Superior das Forças
Armadas”.
Mendes Calado, o actual CEMA e que tinha sido reconduzido no cargo por mais dois
anos, tem-se mostrado contra a reforma da lei de bases das Forças Armadas
(LOBOFA) e a alteração da Lei de Defesa Nacional.
Esta
quarta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa recebeu António Costa e João Gomes
Cravinho. No final do encontro, a Presidência emitiu uma breve nota sobre o
caso: “Ficaram esclarecidos os equívocos suscitados a propósito da Chefia
do Estado-Maior da Armada”.
Essa nota é considerada inaceitável para
a AOFA. Para além de declarar “a
inequívoca e total solidariedade institucional e pessoal” a Mendes Calado, os
oficiais das Forças Armadas exigem “explicações públicas, cabais e
inequivocamente clarificadoras, sobre todo o processo que nos últimos dias
abalou o país”. Em resposta ao comunicado do Presidente da República,
não consideram “minimamente aceitáveis ‘lacónicos comunicados’ que mais não
visam que tentar branquear responsabilidades e transmitir uma mera ideia de que
‘está tudo sanado e esclarecido’, quando, na verdade, ‘está tudo mal e muito
longe de estar esclarecido’ aos olhos
dos portugueses”.
No comunicado, os oficiais consideram
ainda que este episódio se configura, “essa sim à vista de todos, como
‘provavelmente’ a maior crise institucional das últimas décadas em Portugal”.
O comunicado tem ainda uma palavra para
o vice-almirante Gouveia e Melo que, antes de se tornar coordenador da task
force para a vacinação, era apontado como o mais provável sucessor de Mendes
Calado. O anúncio de que o CEMA seria afastado de funções surgiu exactamente no
dia em que Gouveia e Melo abandonou o cargo e, imediatamente, surgiram
notícias de que o seu nome seria proposto pelo Governo para próximo Chefe do
Estado-Maior da Armada.
Os oficiais das Forças Armadas lamentam
“profundamente que políticas assentes na falta de ética e escrúpulos tenham,
neste episódio inaceitável, envolvido de forma tão negativa não só, directamente,
o vice-almirante Gouveia e Melo, mas, igualmente, de forma indirecta, o bom nome de
todos os vice-almirantes no activo da Marinha portuguesa”, considerando
que todos eles têm condições pessoais e profissionais para vir a aceder, a seu
tempo, ao cargo de Chefe do Estado-Maior da Armada.
O comunicado terminado com um apelo
“ao sentido de Estado, a bem do superior interesse nacional”, do
primeiro-ministro, “no sentido de proceder a uma avaliação séria e profunda que
lhe permita concluir da viabilidade de continuidade em funções” do ministro da
Defesa.
COMENTÁRIOS:
José Luis Padrão Vieira Gomes: O PS, ao
longo dos tempos, tem vindo a demonstrar que tem uma errada noção de Democracia
e de Liberdade. Uma coisa é certa e o PS terá que o interiorizar...custe o que
custar... O PS não é dono da Democracia! O PS não é dono da Liberdade! O PS não
é dono de Portugal! Nunca o foi. Nunca o será! Mario Nunes: Os anos que este Governo tem é uma sucessão de escândalos
que não vou listar pela sua extensão, refiro apenas os Ministérios: Finanças,
Negócios Estrangeiros, Educação, Economia, Saúde, Administração Interna,
Defesa, Ambiente. Perante isto, só me resta perguntar o que fazem os
Portugueses. As instituições fundamentais para uma sociedade justa e igual têm
de se assumir: Justiça, Forcas Armadas, duas das instituições mais humilhadas
pelo actual regime caduco. LEVANTEM-SE
joaquim zacarias: Volta
Azeredo Lopes, que estás perdoado.
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