Sintético e ambíguo, a mostrar quanto
até o sentido das palavras varia conforme o “quem” que a aplica – num caso com
o desapego de quem luta por uma causa alheia, simbolizada numa nação em
trapalhada governativa a precisar de regra, noutro caso com o apego de quem
luta em causa própria, indiferente à nação, necessariamente impondo as regras
de uma flexibilidade aparente, ao modo em voga, a atrair adeptos. Na realidade,
feitas bem as contas, com subtileza quântica, mas idêntica determinação, sob a
capa da sedução sorridente, os dentes intimamente arreganhados em fúria
mesureira, a disfarçar.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 30.09.21
Quem se rege por ideais e dispensa cargos, gere a palavra com a
independência que os gestores da circunstância não alcançam.
É fácil o acréscimo de valor quando
nos movemos entre parâmetros doutrinários; difícil será acertar um rumo quando
se tem uma bússola desmagnetizada. Por
isso houve quem certa vez dissesse que sabia o que queria e para onde ia e
assim rumasse durante mais de 40 anos sem que os daquela circunstância lhe
quisessem mexer[1].
Os ideais devem, contudo, ser pontos no
infinito havendo que rumar no seu sentido através de políticas (ditos)
humanistas de modo que seja o ideal a servir a pessoa. A rigidez
idealista inferniza a circunstância. Daí, o dito (a política) dever ser
maleável.
À convivência de vários ideais (e
várias propostas de ditos) se chama democracia; o trânsito de meras circunstâncias é
quântico e historicamente se conclui com alguém a pôr ordem na confusão. Quis
por vezes o Altíssimo que esse ordenante tivesse ideais e que estes fossem
benignos; outras vezes, não.
O modo não é indiferente para a qualidade do dito e à rigidez deste se
chama ditadura.
Mais vale, pois, que o sistema se ordene
por ideais geridos com maleabilidade e por quem tenha de seu e, daí, desapego
dos cargos. Assim não sendo, aportamos a África.
Henrique Salles da Fonseca
[1]- No Governo da Ditadura Militar não deram a Salazar
as condições que ele considerava necessárias para exercer o cargo de Ministro
das Finanças, demitiu-se e tiveram que ir busca-lo de novo a Coimbra para o
cargo de Presidente do Conselho de Ministros. Aí, foi ele próprio que definiu
as condições.
Tags: política
COMENTÁRIOS:
Anónimo
30.09.2021: Sábio e muito oportuno!
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