Sondagens – propositadamente? –
enganadoras, em torno de umas eleições de resultados bastante diversos dos
anunciados. Jaime Nogueira Pinto esclarece, alguns
comentadores discordantes ofendem e ofendem-se. Sem espantos, no caso.
A última sondagem /premium
Será uma “frente popular” que bloqueie
a gestão da capital do país uma boa opção para uma Esquerda que já conheceu
melhores dias? Esperemos que o senso comum e o interesse público prevaleçam.
JAIME NOGUEIRA PINTO,
Colunista do Observador OBSERVADOR,
01 out 2021
As eleições autárquicas trouxeram uma
série de surpresas. Ficámos, por exemplo, a saber que “a realidade é dinâmica”
e que “as chamadas sondagens pré-eleitorais não servem, nem nunca serviram,
para prever resultados eleitorais”.
Para
que servirão então as sondagens? Para sondar o insondável, para fotografar, num
fugaz momento e a partir de uma fugaz amostra, os contornos de um futuro que
sempre nos ilude. É, evidentemente, de arte que se trata: a
apresentação de margens de erro é um excesso lúdico. E quem não percebe isto,
sofre de “iliteracia”.
Há
uma outra coisa para qual as sondagens nos podem também alertar: para o valor
atribuído às obras desta arte, independentemente da sua inoperância,
incompetência, divórcio do “país real” ou insistência em moldar o mundo.
Assim,
cinco dias antes do escrutínio, uma destas sondagens dava 40,6% a Medina,
33,1% a Moedas. E, cerca de um mês antes das eleições, em 30 de Agosto, uma
outra sondagem, mais impressionista, dava a Medina 51% e a Moedas 27%. Moedas
venceu. E então? A realidade é dinâmica e,
nunca é demais repeti-lo, as sondagens eleitorais não servem para prever resultados
eleitorais.
Também
nunca saberemos, nestas coisas, se é de incompetência, sonho ou estratégia
deliberada que se trata. E a estratégia tanto pode ir no
sentido de desencorajar os partidários do candidato em desvantagem, em quem “já
não vale a pena votar”, como de tranquilizar os partidários do que vai à
frente, pondo-os em ledo sossego.
No entanto, o cada vez mais frequente desconcerto da análise pré-eleitoral tem
estado quase sempre associado a uma certa inclinação para um dos contendores ou
a uma certa fobia em relação ao outro.
Há
grandes exemplos históricos. Um dos mais
recentes, mas já clássico, é o da eleição americana de Novembro de
2016. Nas vésperas da eleição, a
Reuters/Ipsos dava Clinton a ganhar por 45% contra 42% no voto popular e com 90%
de chances de vencer no Colégio Eleitoral, onde precisava de 270 lugares mais
1. O resultado foi de 47,7% contra 47,5% no voto popular a favor de Hillary e,
no Colégio Eleitoral, de 303 votos para Trump contra os 233 de Clinton.
Tendo eu sido, em Portugal, uma das raríssimas pessoas que pôs a hipótese da
vitória de Trump, e para que o inesperado contraditório fizesse um bonito
contraste com a inevitável unanimidade, acabei por ir a três televisões nessa
noite e por estar em directo quando, surpresa das surpresas, a vitória de
Trump foi confirmada.
A surpresa popular
Surpresa
das surpresas porque o grosso da comunidade mediática e analítica, e até
académica e política, tende a viver no reality show que cria, ou seja, numa
realidade paralela, delimitada e vigiada, numa bolha feita de cenários,
sondagens, comentadores residentes e ordens vindas do alto em voz off. Por isso cada vez mais lhe acontece surpreender-se
momentaneamente quando do confronto com a realidade – até que o programa siga.
Todo
o cidadão da “jovem democracia” portuguesa sabe que os responsáveis políticos
sempre procuram explicar que ganharam ou que, pelo menos, não perderam as
eleições que acabaram de concluir. Ainda assim, quando o líder do PSD, para
quem o 26 de Setembro foi “um dia positivo”, mostrou alguma justa indignação
com a discrepância entre a prestação prevista e a prestação real do seu
partido, “contra as sondagens e contra muitos comentadores”, era escusada a
pronta acusação de “iliteracia”. Tanto mais que um dos argumentos apresentados,
o de que a campanha eleitoral mudava as vontades, não era dos mais convincentes
para sondagens a cinco dias das eleições, como as que davam Medina a vencer por
7,5 pontos percentuais.
António
Costa, para quem o 26 de Setembro também
foi “um dia positivo”, é suficientemente lúcido para saber que, apesar
de ter mantido a maioria dos votantes e de continuar a contar com autarquias
grandes, o PS teve revezes importantes nas autárquicas, com Lisboa à
cabeça – e Coimbra,
e o Porto e o Funchal. E que, no conjunto, dificilmente poderá considerar
o Domingo das eleições um dia de sorte. A estratégia de Rio de recomposição
parcial da AD, com a escolha de Carlos Moedas, funcionou em Lisboa, e não só.
Onde houve “frente de Direita” contra o PS, desceu o voto de protesto à
Direita, que se concentrou na “frente” e contornou-se o que é o ponto mais
vulnerável do PSD: a indiferenciação do PS em termos de valores e a tentação
de Rio de transformar o centrão das ideias num centrão político.
De
qualquer forma, com estes resultados o líder do PSD conseguiu, para já, acalmar
eventuais concorrentes que teriam aproveitado o anunciado desastre eleitoral do
Partido para se apresentarem como alternativa messiânica.
Outro ganhador, neste aspecto, foi o
líder do CDS, que negociou bem uma série de alianças, tornando-se útil em
coligações vencedoras em Lisboa, Porto e Coimbra, e acalmando também as
veleidades de alternativas internas. Talvez seja um momento interessante para Francisco
Rodrigues dos Santos pensar em revalorizar uma linha de direita
conservadora, entre o nacionalismo popular do Chega e o que é oficialmente o
liberalismo social-democrático do PSD.
O
Chega acabou por ter uma boa estreia autárquica. Apresentou-se na maioria das autarquias e teve 19
vereadores eleitos, quase duas centenas de mandatos e uma votação popular
bastante razoável. Foi buscar gente nova e boa – sobretudo no Ribatejo e
no Norte –, mas podia ter tido mais cuidado na triagem de candidatos,
também para não dar lugar à exemplificação sarcástica, com criaturas saídas
não se sabe bem de onde nem para quê. É certo que outros partidos as
terão iguais, mas esses partidos não estão sujeitos à exposição hostil a que o
Chega está sujeito e para a qual devia estar preparado. Mas de resto,
para um partido novo, mostrou presença em todo o país, com uma razoável votação
global. E comparando as votações do Chega (por exemplo em Lisboa) na
presidência e na Assembleia Municipal, vê-se que muitos dos seus eleitores
entenderam o que era o “voto útil”, o voto contra, e o que era o “voto por”, o
voto identitário.
Como
também assim o entenderam, em Lisboa, os eleitores da Iniciativa Liberal.
Só que a IL é um
partido de grandes cidades. No resto do país, ou não apresentou candidaturas ou
as candidaturas que apresentou não vingaram.
Também
o Bloco de
Esquerda, com a
agravante de ser um partido com muitos anos de existência e de protagonismo no reality
show mediático, continua com uma clara dificuldade de implantação fora dos
grandes centros urbanos, onde as causas radicais e fracturantes da Nova
Esquerda não colhem. E mesmo assim ainda perdeu eleitores e lugares urbanos.
Tal como o PAN.
Também
perdeu eleitores e lugares o Partido
Comunista, que
chegou a ter 50 presidências de câmara (em 305), no tempo em que havia a União
Soviética e que ainda tinha 12% do voto popular. Desta vez teve 19 presidentes
eleitos e um ainda considerável número de mandatos.
Tem
de se reconhecer que o Partido Comunista, que depois do fim da União
Soviética perdeu o seu carácter de “partido
do estrangeiro” ou
alinhado numa internacional, tem tomado posições civilizacionalmente
próximas do povo e da razoabilidade vital e distantes dos estéreis desvarios
urbano-depressivos das novas esquerdas globalizantes. Votou contra a
eutanásia, tem apoiado as touradas e os seus deputados no Parlamento Europeu
foram os únicos deputados portugueses que votaram contra a condenação da
Hungria, alegando que as matérias em causa eram do foro dos Estados e não da
União Europeia.
A tomada de Lisboa
Acabo
voltando à vitória de
Carlos Moedas em Lisboa e
às reacções que provocou. As sondagens também servem para isso, para darem
aos “iletrados” súbitas e inesperadas alegrias.
É
claro que, para uma missão que parecia, à partida, impossível, o candidato
beneficiou do descontentamento de muitos perante uma cidade moldada
autocraticamente pelos programas europeus e seus subsídios, uma cidade
asfaltada para o verde e pedalante deambular de poucos e alheada da vida e do
trabalho de muitos. Beneficiou também do apoio de uma aliança
centro-direita ad hoc que soube congregar os descontentes. Mas foram também
as suas qualidades, nos antípodas do caudilho, que o levaram à vitória.
Eleito,
não vai ter uma vida fácil. As contas na vereação não parecem favorecê-lo – 10 contra 7 – como, muito democraticamente, lembrou a
coordenadora do BE, acrescentando que o seu partido nunca fará alianças
com a Direita. Já não é mau, tendo em conta que os seus
mestres inspiradores pensavam na Direita como um obstáculo ao Progresso e à
Marcha da História destinado à eliminação física: limitar-se a não querer
alianças é já um progresso civilizacional.
Mas
será uma “frente popular” que bloqueie a gestão da capital do país uma boa
opção para uma Esquerda que já conheceu, por cá e na Europa, melhores dias? Esperemos que o senso comum e o interesse público
prevaleçam, apesar dos blocos.
AUTÁRQUICAS 2021 ELEIÇÕES POLÍTICA SONDAGENS SOCIEDADE A SEXTA COLUNA CRÓNICA OBSERVADOR CARLOS
MOEDAS PAÍS
COMENTÁRIOS
Maria Cordes: Como iletrada, apreciei o retrato das forças políticas, mas não percebo
como se atribui à estratégia de Rui Rio, a vitória de Moedas, que nos
proporcionou uma imensa alegria. Normalmente, RR, e as suas decisões,
desencadeiam frustrações. I
G: Muito bom pelo conteúdo, estilo
e reflexão. Cândido
Pimentel: Texto de sólida
lucidez e muito bem escrito. Álvaro
Aragão Athayde: O PCP afirma que defende para Portugal uma política patriótica e de
esquerda. Patriótica primeiro, de esquerda depois, note-se. É isto compaginável
com a aliança que fez com o PS e o BE, os actuais expoentes máximos, em
Portugal, da Internacional Capitalista? Diria que não. Diria que não e diria
que o erro estratégico que cometeu tem custado caro ao PCP. Veremos se desiste,
se persiste. Xico Nhoca: Esta de esperar que o senso
comum e o interesse público prevaleçam não parece ser uma esperança muito
realista num país de fadas más (que não fadam nem deixam fadar). Mario Nunes: Admiro a subtileza como
classifica a esquerda. Excelente artigo. Antonio Castro: Excelente artigo. Dali ou Picasso?: Lol, Lol... "limitar-se a
não querer alianças é já um progresso civilizacional" Excelente artigo e
vem com mensagem de fundo, para quem souber ler. Theodor Adorno:
O "intelectual" da
direita portuguesa, estou descansado. mário Unas: a estratégia tanto pode ir no sentido de desencorajar
os partidários do candidato em desvantagem, em quem “já não vale a pena votar”,
como de tranquilizar os partidários do que vai à frente, pondo-os em ledo
sossego. Os fautores das, por piedade, ditas sondagens, não perdem o seu tempo com
essa ignominiosa massa amorfa que vai a votos. Na minha modesta opinião, o
âmbito das sondagens terá sido o de causar desânimo, desmotivação e condicionar
o discurso do candidato Carlos Moedas.
josé maria: Será uma “frente popular” que bloqueie a gestão da capital do país, uma boa
opção para uma Esquerda que já conheceu melhores dias? A propósito de "piores
dias": Eleição Autárquica de 2021; Direita (PSD+CDS+CHEGA+IL) = 20,15% ; Esquerda(
PS+BE+PCP) =45,19% Pensamento
Positivo > josé maria: À esquerda faltou ainda acrescentar os 1.14% do PAN
que também faz parte do grupo!... E, numa análise mais fina, talvez mais 1%
vindos de candidaturas independentes da área. Sim, se isto foi uma má noite
para a esquerda, vou ali e já venho!... Sim, perderam um
"porta-aviões" dos grandes... Mas, de resto a armada continua mais
que coesa. Gostem por aqui alguns ou não!... josé maria > Pensamento
Positivo: Verdade, faltou-me incluir a
percentagem do PAN. maldekstre
estas kaptilo: Esperemos
que o senso comum e o interesse público prevaleçam. Por parte da esquerda???
Hahahahahahahahahahhahahahahahhahahahha Ahmed Gany: Se as sondagens são (quase)
inversamente proporcionais aos resultados esperados, algo está errado. Harry Dean Stanton: Como é que um tipo destes dá
aulas primeiro no ensino superior e depois no ensino superior de um país
democrático é que devia inquietar qualquer um com dois neurónios. Só se
esqueceu de dizer que também andou nas televisões a prever a vitória de Trump o
ano passado. Assim como a "batota" nas eleições e que Trump nunca
atacou a Democracia. O que é que terá falhado nas sondagens do JNP? Talvez o
mesmo fanatismo da direita radical de sempre com um toque de nostalgia da
saudade eterna do Botas. Como qualquer viúva amada diria. joao lemos > Harry Dean
Stanton: sr harry! leia , leia , leia !
provavelmente não
perceberá metade. mas não faz mal . Continue a ler!
maldekstre estas kaptilo > joao lemos: Metade? Acho que está a ser demasiado optimista... joao lemos > maldekstre
estas kaptilo: também creio! quis ser simpático! provavelmente nunca leu um
livro e seguramente, nada sobre o que pretensamente, pretende comentar! a
ignorância sempre foi muito atrevida!
maldekstre estas kaptilo > joao lemos: Acima de tudo causa vergonha alheia. E outros como ele é o que por aqui
mais abunda, o que diz muito sobre Portugal e os Portugueses e tudo do porquê
do nosso atrasado atávico. Harry
Dean Stanton > joao lemos: Ainda li o início sobre as sondagens e o Trump. E como está ao v/ nível
está bom. joao
lemos > Harry Dean
Stanton: confesso , desiludido , que nem
percebo do que fala! harry , não será de certeza! faz parte das personagens
ocultas...... advoga
diabo: É conhecido o
horror que JNP tem a "frentes populares", como deliciosamente chama à
maioria de Esquerda que os eleitores de Lisboa elegeram derrotando a, já agora,
"frente populista" de Direita. Tem toda a razão para ter medo. O
voto, esse maldito, serve para dar voz a quem o exerceu. Ainda não se
habituou?! joao lemos
> advoga diabo: a habitual arrogância e desonestidade intelectual da esquerda! Romeu Francisco > advoga diabo: Prefiro a "frente cidadã" à "frente popular". Porque só
a primeira é do povo. A outra é um grupo de políticos de esquerda, que sem
votos dos primeiros, não representam ninguém. Simplesmente Maria:
Lamento mas hoje não aprendi
nada com Jaime Nogueira Pinto que há muito tempo não soubesse. E como diz o
povo é "chover no molhado". Mesmo assim, obrigada. Hitlerilas Ventura:
Meus amigos, isto são tudo faits
divers que não interessam para nada. O importante é o nosso partido recuperar
os 300 mil votos que perdeu domingo. Éramos 500 mil em Janeiro nas presidenciais
e agora fomos apenas 208 mil nas autárquicas. CHEGA! jose Afonso > Hitlerilas
Ventura: já o BE eram 520 000 nas legislativas de 2019. E foram 130 000 nas autárquicas. Pedro
Pedreiro: As sondagens são
uma espécie de intriga que alimentam o circo mediático que prefere a análise
superficial ao invés da investigação trabalhosa. Isto para não falar de
interesses. Em suma, as sondagens são ruído. Mas muita gente não conhece nem
procura conhecer outra música que não o ruído. bento guerra: Veremos, mas é muito cedo Lourenço de Almeida:
Porque é que o senso comum e o
interesse público hão-de prevalecer entre os partidos da esquerda, que
desconhecem o primeiro e de que boa parte dos apoiantes já militaram em
partidos apoiados por ditaduras estrangeiras, quando não o próprio partido como
no caso do PCP Américo
Silva: Estamos em plena
progressão na ocultação do conhecimento, as sondagens enganam, os militares que
questionam a saída do Afeganistão são presos, livros são queimados, há planos
para matar Assange, e as redes sociais são manipuladas. Os covidados morrem na
mesmíssima quantidade que há um ano, enquanto covideiros e vacineiros deitam
foguetes, com muita razão no caso das farmacêuticas. O MP conseguiu uma
retumbante vitória contra o Chega, daí a falta de tempo para tratar o caso
Rendeiro, ou o SEF, ou o Salgado, ou a dona Hortense, ou a dona Margarida, e
outros. Relativamente a Rui Rio também tenho opinião, possivelmente errada,
aqui vai: não tendo António Costa caído do céu, e notando-se algum esgotamento,
para a mudança nada melhor do que Rui Rio desde
que se torne essencialmente igual a António Costa, e tem feito por isso,
sempre que lhe dão oportunidade. Foi notável o sarilho em torno à substituição
do CEMA, e onde há sarilho está Marcelo. Afinal confirmou que de facto está tudo
acordado, mas escondido. A Servitude
et grandeur militaires resume-se em dar vez uns aos outros para terem a maior
reforma possível, mamando ille populo. Pedro Pedreiro > Américo
Silva: Excelente comentário. João Floriano > Américo
Silva: Sem dúvida um excelente
comentário. Mestre Nhaga > João
Floriano: Nem mais! José Luis Salema: Na mouche! Como sempre!
O caminho está
terraplanado e, agora, as direitas têm que ter muita atenção ao trânsito se
quisermos arredar a sinistra do caminho e colocar Portugal na senda do
verdadeiro progresso com trabalho e modernidade. Obrigado pelo excelente
artigo. mamadorchulo
dostugas: Tem razão, na esquerda, apesar
do seu programa, o pcp é o único partido com uma ideia defendida, os outros
incluindo o ps, não passam de fanáticos da nova moda. Rui Lima: As eleições têm um período para
reflectir, a maioria não será alinhada ideologicamente e utilizou a cabeça. A
escolha era entre um jota com formação na colagem de cartazes (como quase todo
o poder de hoje a começar no primeiro) e alguém com um percurso académico e
profissional notável - a escolha era evidente. joao lemosRui Lima: nem mais! só que o outro já nem para colar cartazes serve. Já não tem
idade, e como não cremos que saiba fazer mais nada, se não lhe arranjarem
qualquer coisa para colar selos, num qualquer lugar, vai ter que voltar para a
terra!
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