Desta vez Helena Matos, na riqueza imagística das suas reflexões, que
resultam de conhecimento económico, humanístico e mundanal, entretém-nos com um
saboroso cozinhado de ingredientes meio eróticos, aplicados à ginástica
interpares para se entenderem, os que comandam ou descomandam o país, no
entremez dos seus trejeitos e momices traduzidos em linguagem específica que
não escapou à argúcia da cronista.
Motel Orçamento Delírio
Almofada. Aprofundar. Folga... Não é o anúncio a um
motel, é o vocabulário usado para discutir o orçamento em Portugal.
HELENA MATOS, Colunista do Observador,
OBSERVADOR, 24 out 2021
Almofada. A almofada é uma peça indispensável à
discussão do orçamento neste rectângulo a que chamamos Pátria. Mal
começa a entrever-se o orçamento no horizonte, a esquerda e aquelas almas que
se têm por bondosas e amigas do próximo com o dinheiro alheio aparecem
carregados de almofadas. Asseveram tais criaturas, com a candura de quem está
num anúncio do “Vamos dormir”, que algures existe uma almofada de 243
milhões para novos funcionários públicos, mais uma almofada de 500 milhões de
euros para o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS), que
por sua vez é apresentado como a almofada da Segurança Social. A
sustentabilidade da Segurança Social está aliás transformada numa espécie de
Molaflex: são só
almofadas e almofadas das almofadas a garantirem o que garantidamente sabemos
não estar garantido, a sustentabilidade da Segurança Social, pois a Segurança
Social depende cada vez mais de verbas transferidas do OE – verbas essas
obtidas através dos célebres adicionais, que são a reencarnação da sumaúma com
que antigamente se enchiam as almofadas, uma vez usada tal coisa nunca mais nos
livramos dela – o que obviamente não só a faz menos segura como mais politizada.
Orçamentalmente falando, somos uma espécie de sem-abrigo que se imagina
sultão rodeado de otomanas. Já se internou gente em hospícios por delírios bem
menores.
Aprofundar. Pela mesma razão por que chamam centros de trabalho às
sedes e companheiras às mulheres, os comunistas não negoceiam, aprofundam. Negociar é
uma actividade que lembra o capitalismo. Ora os comunistas do capitalismo só querem a
legislação que lhes garante poder, independentemente dos votos que obtêm nas
urnas (já ouviram falar de contratação
colectiva e portarias de extensão? É o chamado monopólio vermelho). Quando um comunista declara que está a aprofundar
quer simplesmente dizer que o partido está a preparar-se para dizer sim àqueles
e àquilo a que anda há dias a dizer não. Obviamente, amanhã, o mesmíssimo PCP
pode voltar a dizer não àquilo a que agora disse sim, argumentado que o
aprofundamento não foi satisfatório. Pois em matéria de aprofundamento não
satisfatório os comunistas culpam sempre a outra parte. Com tanto que aprofunda o PCP já devia ter chegado
à Nova Zelândia, país que está geograficamente nos nossos antípodas, mas
infelizmente o PCP apenas se interessa por aprofundar as nossas carteiras.
Aceno. O
PS tornou-se a nova candidata a Miss Fotogenia – sim, Fotogenia, aquela que pode não ser muito bonita
mas parece e no parecer é que está o ganho – daí a importância do aceno. Todos os dias o PS acena com medidas e mais medidas de
modo a convencer o PCP ou, ainda mais importante, a poder ficar bem na
fotografia caso o orçamento venha ser chumbado. Os leitores mais esclarecidos nas manias da
contemporaneidade vão obviamente recordar que isso das misses serem bonitas é
coisa de outrora. Agora os concursos de
misses são acusados de discriminação. De quem? Das feias ou se preferirmos das
menos bonitas. Pelo menos é isto que está a acontecer em França.
Mas, por enquanto, esta causa ainda não foi apadrinhada pelo PS, logo a
preocupação do PS é ficar bem na fotografia. Com tal intuito o PS acena,
acena e diz “Vejam como acenamos ao PCP”. Do que já vimos, ouvimos e lemos nos
últimos anos podemos asseverar que ninguém em Portugal acena como o PS.
Avanço. Se com os
comunistas o PS aprofunda, com o BE avança. É
politicamente um cansaço mas dá belos títulos: OE2022:
Governo aponta avanços em sete das nove propostas do Bloco de Esquerda. O
avanço pode ser um verdadeiro atraso, como acontece com o arrendamento: quanto
mais o BE avança com as suas teses mais casas faltarão para arrendar, mas
mediaticamente trata-se de um avanço. De avanço em avanço chegaremos à miséria
final, que como se sabe é o estado avançado do socialismo.
Costa dá. Já não bastava o infantilizado imaginário nacional em
torno dos governos que dão, temos agora este tu cá, tu lá de troca de bens
(deve ser isto a economia circular!): Costa dá ao PCP mais pensões e
creches gratuitas. O OE está
transformado numa barraca de rifas, em que pode sair tudo e o seu contrário.
Não há um fio condutor, uma estratégia. Só a táctica de engordar o Estado para
continuar a ser poder.
Folga. A folga
orçamental é a versão portuguesa da Falha
de Santo André: quando na
Califórnia os mais corajosos se abeiram dessa linha/fractura onde se encontram
duas placas tectónicas perscrutam as profundezas da Terra para ver se de lá vem
algum sinal sobre o próximo Big One. Na
versão portuguesa, quando se espreita a folga orçamental encontra-se a dívida
pública: Portugal tem a terceira dívida pública em relação ao PIB mais alta da
UE, 135,4%, para sermos mais exactos. À nossa frente só a Grécia e a Itália,
coisa que não é de espantar. Acontece que as dívidas públicas são como os
tremores de terra na falha de Santo André: sabe-se que um dia o que parecia
sólido vem abaixo como um castelo de cartas. Entretanto
espera-se que esse dia não seja para já. Esta
geologização da discussão orçamental ganhou um novo capítulo esta semana quando
Ana Catarina Mendes declarou sobre a relação com PCP e o BE: “Há divergências mas não há um Monte Evereste
a separar-nos.” Realmente já tínhamos dado por isso e é
por isso mesmo estamos como estamos:
encurralados num trilho de escalada que não leva a parte alguma.
Manga. A relação
do PS com as mangas sempre foi dada a equívocos: em Novembro de 2014, o PS e seus compagnons arrancavam
as vestes indignados com a nefanda, nunca vista e atroz prisão de José Sócrates
na manga do avião. Ao certo nunca se percebeu qual o local que o PS achava
indicado para proceder a tal detenção mas agora, em 2021, a manga que interessa
ao PS é outra. “Não foi tirado da manga” – garante António Costa a propósito dos avanços,
almofadas e folgas com que acena ao BE e ao PCP. Claro que não foi tirado da manga, foi tirado dos
bolsos dos portugueses.
Margem. A
confirmação da nossa redução a um país náufrago
chega-nos todos os anos com o anúncio da margem. Aí por meados de
Setembro começa a ouvir-se: Há
margem! Há margem! E com a alegria de um grumete embarcado nas
naus da História Trágico-Marítima, logo se pula e salta porque já
temos margem. Não
interessa que margem é essa, nem o que nos aguarda na margem. O que interessa
é a margem em si mesma.
Três falências
em 34 anos (1977, 1983 e 2011) são mais que
suficientes para confirmar que estamos agora a redigir uma outra
História, a História Trágico-Orçamental, sempre sob o canto de sereia do
“Há margem!
Muito ambicioso. Das duas uma: ou a ambição do nosso OE é
reduzir uns portugueses à pobreza e outros à servidão fiscal ou a expressão “OE
muito ambicioso” não quer dizer em Portugal, em 2021, o mesmo que nos restantes
países do Planeta. Como orçamentalmente falando a verba realmente
disponível escasseia, sobram a produção de legislação, o anúncio de medidas a
granel e a criatividade poética da linguagem. Assim a
ambição deste OE muito ambicioso vem acompanhada de medidas também elas de
designação excelentíssima nos propósitos, como a Agenda para o Trabalho
Digno e o novo estatuto do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Dão-se alvíssaras a
quem conseguir encontrar neste chorrilho de ambições algo mais que o reforço do
estatismo, do poder da CGTP e da pressão sobre as empresas privadas. A propósito do regime de exclusividade para os médicos
do Serviço Nacional de Saúde (SNS) – uma
reivindicação antiga do BE a que este OE teve a ambição de responder – cabe
perguntar se os trabalhadores do SNS também vão ter de se tratar exclusivamente
no SNS? É que a degradação do SNS é tal que nem os seus trabalhadores lá
querem ser tratados, como se verificou: dos 105 507 novos inscritos na ADSE, a esmagadora maioria
são trabalhadores do SNS. Mas enfim, o que conta é a
ambição. Sobretudo a ambição de ser poder custe o que custar
Passos significativos. “OE2022:
João Leão mostra disponibilidade para dar passos significativos no aumento
extra das pensões.” O passo
significativo é aquilo que temos de mais aproximado do célebre passo em frente
à beira do abismo. Aquilo que se apresenta levianamente como “passos
significativos” não passa de um assumir de compromissos entre parceiros que são
mental e tecnicamente irresponsáveis: as contribuições dos trabalhadores hoje no activo estão a pagar agora
mesmo pensões muito acima daquelas que esses mesmos trabalhadores vão receber
quando se reformarem. Os passos significativos dados entre quem só
pensa e age em função do imediato não são passos significativos. São
armadilhas.
Os trunfos. Quando se pensava que já se tinha esgotado
este léxico penoso eis que chegam os trunfos. Depois da almofada, do aprofundar, do aceno, da
margem, do passo significativo, era mesmo o que vinha a calhar: os trunfos.
Temos trunfos para todos os gostos. Ora
são “Os trunfos de João Leão para
convencer a esquerda a viabilizar o Orçamento”, ora Santos Silva a alertar-nos para
o risco de perdermos “dois trunfos”: o consenso a nível de disciplina orçamental e a estabilidade
política, caso a proposta de orçamento
para 2022 seja chumbada. Todos os dias há mais trunfos – a
saber, os
compromissos assumidos por António Costa para que o PS se mantenha no poder. Perante o grotesco de tudo isto, que pelo menos São João Crisóstomo, padroeiro dos
oradores, nos acuda , já que São Mateus,
que tutela economistas, financeiros e contabilistas nos abandonou. De vez.
MAIORIA DE
ESQUERDA GOVERNO POLÍTICA ORÇAMENTO DO
ESTADO ECONOMIA
COMENTÁRIOS:
Monica Cardoso: Mais uma vez, um excelente artigo! Obrigada por nos brindar semanalmente
desta forma. Karoshi:
Caro António
Alvim. Venezuelana foi a qualidade de vida que os portugueses tiveram
durante o reinado de Passos coelho: Longas
filas à porta de cantinas sociais. Longas
filas à porta das repartições da Segurança Social, que eram também sítios onde
deixava de haver senhas de atendimento a partir das 10 horas da manhã. Pessoas que perderam casas por não poderem pagar
dívidas à AT e à Segurança Social. Pessoas
que viram a electricidade e até a água cortadas por não conseguirem pagar. Mendigos a pedirem dentro dos próprios
supermercados e centros comerciais. Crianças
a desmaiarem nas salas de aula por falta de alimentação. Um primeiro-ministro que ignorou fugas de capital para
offshores. Um primeiro-ministro que fingia
esquecer-se de pagar a Segurança Social ao mesmo tempo que criava listas de
intocáveis VIP na Autoridade Tributária. Administradores
amigos do governo, que gozavam com os cortes de água nas casas das pessoas
dizendo que "Lisboa tinha muitos chafarizes e fontanários". ... Estejam
à vontade para adicionar mais items à lista. Dom Love > Karoshi: Permita-me discordar, caro Karoshi, pois o vislumbre
de Venezuela que tivemos, a partir de 2011, não foi aquilo que Passos nos deu,
mas sim, as consequências da governação socialista de José Sócrates. Essas consequências forçaram as pessoas a ir às
cantinas sociais, a perderem os seus negócios e por isso também as suas casas,
a tornarem-se mendigas e a passarem fome, em casos extremos. Tudo isso não foram as politicas de Pedro Passos
Coelho, foram as politicas socialistas, que permitiram que a economia se
suportasse em coisa nenhuma. Os sacrifícios
que tivemos de fazer foram culpa do socialismo e não de Passos Coelho,
infelizmente as pessoas deste país esquecem-se muito facilmente, o que torna
muito fácil a que mentiras, como as que pretende contar no seu comentário,
passem a ser verdades. Mas muitos de nós
não esquecemos, muitos de nós continuamos a fazer questão de repor a verdade. Karoshi Dom Love: Dom Love, Ninguém obrigou Passos Coelho nem o PSD a
derrubar o governo de Sócrates, nem a candidatar-se a governo, nem a assinar
acordos com o FMI nem muito menos a vir dizer que queriam "ir além da
troika". Aquilo que fizeram foi premeditado e ideológico. Não contei
mentiras nenhumas no meu comentário. Contei aquilo que eu próprio e muitas
outras pessoas testemunharam! Já chega de arranjar desculpas esfarrapadas! Dom
Love > Karoshi: Contou mentiras no sentido de atribuir a culpa a quem
não a teve. Obviamente que Passos Coelho não foi perfeito e eu nem sou particularmente
fã do CDS, portanto não foi de todo o período que mais me agradou. Porém, o primeiro contrato
assinado foi por José Sócrates. Eu sei que a sua solução passava por voltar a uma
moeda Nacional, mas a moeda Nacional tem custos e sendo o Euro uma moeda
"cara" e sendo Portugal dependente da importação de vários produtos,
iria tornar-se muito caro importar o que quer que fosse. Mas seria a sua solução, em
2011, resumida a uma moeda nacional? Diga-nos lá o que teria feito. Karoshi > Dom Love: Dom love, não
vale a pena insistir nem repetir-se. Passos governou porque quis. Portugal é tão dependente da importação de produtos
como a maioria dos os outros países europeus (como a Suíça, o RU e a Islândia). Dom
Love > Karoshi: Alguém tinha de o fazer. Não pode comparar o PIB
português com o desses países. Portugal nem tem 1 empresa que se evidencie a nível
europeu e mundial. Tem sectores, como o vinho e o calçado, mas nenhuma empresa multinacional. Karoshi Dom Love: Mas não Passos Coelho. Que não se tivesse candidatado.
Claro que posso comparar PIBs e
países. A Islândia por exemplo também não tem mais empresas multinacionais do
que Portugal. Alguidar de
Henares > Karoshi: Caro Karocha, o responsável por tudo isso foi o
Sócrates, o Costa e o PS. Cumprimentos, Maria
Rita Menezes: Espectacular! Do melhor que tenho lido! Continue! Muito obrigada e
Cpts
António Bernardino: Excelente texto. Mais palavras seria chover no
molhado. É para ler verdades, que assino o observador. Joao Mar: excelente Jorge
Carvalho: Magnífico artigo
de coragem e lucidez. Obrigado HM Pedromi: PS - Como é possível ainda se ler por aqui que a culpa é do governo do Dr.
Pedro Passos Coelho! Santíssima trindade, esta gente só pode ser fanática ou
assalariada de um partido... ou então é MESMO muito distraída, chamemos-lhe
assim, para não ferir susceptibilidades, visto que o défice cognitivo já é
substancial. Pedromi: De disparate em disparate até à
estocada (desde já as minhas desculpas ao pan pela palavra) final, leia-se, 4ª
resgate do FMI ao nosso Portugal(zinho)... mais uma vez, sai um Grande Obrigado
ao PS!!! Quanto à Helena Matos, também sai
um Grande Obrigado, mas pela coragem de partilhar connosco a sua sapiência e
visão da realidade, um verdadeiro arejo... Coisa que cada vez mais escasseia
neste "rectangulo(zinho) à beira mar plantado". Bem Haja!!! Laura
Oliveira: Parabéns . Francisco Correia: Mais uma vez 5 estrelas!
Mas agora, e tendo em conta que
este OE2022 vai ser aprovado pois ainda há "carne", resta apenas
saber qual o ano em que a Troika regressará. Maria araujo:
Um 1º ministro poucochinho
agarrado ao poder (para deitar a mão à bazuca) uma extrema-esquerda
fossilizada, que já foi banida de todos os Países da Europa, que só traz miséria,
mas sempre com o superior argumento de defender os "fracos" e
"oprimidos". O foco é o mesmo desde que usurparam o poder, servir a
clientela, aumentando o número de dependentes do estado. Mario
Almeida: Os governos
António Costa são os piores da democracia portuguesa. O espectáculo deprimente
em que se transformaram as aprovações do OE são a demonstração acabada da
miséria política, económica e social em que vivemos.
Nem Partido nem Socialista … o PS é apenas uma máquina produtora de
propaganda e sabugice. Elvis Wayne:
Quem pode emigra e quem não
pode, paga o pato. É a nossa sina. Excelente
crónica, mais uma vez Leopoldo
Carvalhaes: Artigo excelente.
Parabéns.
advoga diabo: Nunca um OE criou tais almofadas, possibilitou tantas
folgas, ou aprofundou tanto a ajuda aos contribuintes, particularmente a mais
frágeis e classe média. Ver nisto delírios de motel é muito freudiano! João
Floriano: Excelente, genial
e desta vez com um humor mordaz que faz desta crónica das melhores que eu já vi
Helena Matos escrever. Há horas de grande inspiração. A comparação do Orçamento com
um motel de beira de estrada não poderia ser mais certeira. No centro do
cenário temos o galã António Costa com várias figuras a entrar e a sair. A
menina do Bloco tem razão para se queixar do fingimento do sedutor: finge
que avança mas não avança, finge que se aproxima, mas não se aproxima. Também
temos de concordar que esta falsa donzela é aparentemente de muito difícil
sedução. E nestas coisas o tiro pode sair pela culatra. Todos estamos lembrados
daquela cena de Cinema Paraíso em que o adolescente espera e desespera a olhar
para a janela da miúda e na noite em que finalmente ela baixa a guarda, ele
volta costas e perdeu o interesse. Assim poderá ser o BE. Até porque há alguém
mais na jogada. O PCP é a mulher mais velha. cheia de rugas mas que gosta de
aprofundar. «Querida, gostaste do aprofundamento?
-Eh! Não foi mau mas podia ser melhor. Os preliminares
não foram grande coisa. Mas está bem. Vamos continuar a aprofundar... até
porque se não for contigo, não me safo! - Olha a mal agradecida! Se não fosse eu a trazer-te
de volta, já estavas encostada à boxe há muito tempo. Antes de mim só andavas
aí pelas ruas. - Olha fica sabendo que era muito mais
feliz nessa altura. Vamos a ver se não volto para lá. Depois não te queixes.»
Mas há mais. O sector, a
iniciativa privada, também lá está mas não foi convidada para entrar. Pode
ficar cá fora, olhar por uma janela e desenrascar-se sozinho. Sem que alguém
lhe estenda uma mão amiga, tem apenas a sua própria mão. O patronato entrou em cena nos
últimos dias e a ele cabe-lhe o ingrato papel de marido cornudo: o último a
saber. « Então amor! Não sejas tão
picuinhas, vá lá! estás a fazer uma tempestade num copo de água! foram só duas!
Foi um lapso sem importância.... Eu esqueci-me mas ia dizer-te. Estava só à
espera do momento certo. Bidu,Bidu, Bidu.... anda cá! não te vás embora!
E finalmente
temos Marcelo Rebelo de Sousa que vai esperar até ao último momento. e faz
muito bem! Quem espera até ao último momento é recompensado com um orgasmo tipo
fogo de artifício de fim de ano na Madeira. Mas não é para qualquer um. E
geralmente de tão atento e concentrado que se está em si mesmo, esquece-se
facilmente o outro. No final Marcelo sairá do motel sozinho e aliviado, muito
aliviado!. FME: Na minha opinião, os adjetivos
que caraterizam a negociação do OE são fait-divers, sempre o foram neste
orçamento para 2022, desde que o PCP nas últimas autárquicas tomou consciência
dos danos do abraço de urso do PS. As negociações do OE são o primeiro vislumbre do que
se irá passar na campanha eleitoral. O jogo existe, mas não é negocial, é
político. Preocupa-me a possibilidade de o governo continuar em funções,
com o aval do PR, caso o OE seja chumbado. Não me parece muito democrático, e
faz-me lembrar os estados de emergência da pandemia. Fico com a sensação que
esta possibilidade é forte e desejada por socialistas e PR.
A ideia do chumbo
do OE sempre foi esta: o PS ganha sem maioria, mas para formar governo terá que
fazer coligações (não geringonças) de governo com os partidos à sua esquerda.
Não sei se Costa o fará, duvido muito, porque, coloca em causa as suas
aspirações a um cargo europeu. Portanto, é previsível uma mudança de liderança
no PS após as eleições que se perspetivam; ou elegem um Pedro Nuno Santos para
fazer alianças com PCP e BE, ou um "Assis" para fazer as pazes com o
PSD e tentar governar com um Bloco Central, algo, que, curiosamente, também
faria crescer a esquerda radical. Numa análise fria e sem ressentimentos, diria, que o
melhor para o país neste momento seria mesmo o PS eleger um "Assis",
para recentrar o PS num caminho mais social democrata. Dentro desta
possibilidade, Rui Rio seria o melhor líder do PSD para um Bloco Central, tendo
em conta que Rangel, chegou com a ideia de radicalizar as relações com o
PS!
Rui Teixeira: Enquanto tivermos essa coisa como 1º ministro do nosso país, europeu de 900
anos... Quanto ao texto, palavras para quê, é da Helena Matos! 20 valores. José Paulo C CastroRui Teixeira: Tem piada ver as acrobacias do PM para manter a única
base de apoio que o fez ser PM. Ele acha que é PM como os anteriores do seu
partido e o PCP faz-lhe lembrar que só está lá por causa deles... Não passa disso: nunca
conseguiu a autonomia suficiente para ser PM por mérito próprio e exclusivo, de
acordo com as regras do arco democrático, e que permitiu aos anteriores porem o
PCP no sítio. Até parece um daqueles dirigentes satélites, colocado noutra
instituição ou frente política, mas a obedecer ao Comité Central... Maria Augusta: Exactamente pela descrição que
a Helena Matos faz da rebaldaria, imoralidade e falta de respeito com que a
xuxo-comunada olha para o dinheiro dos "outros", ou seja do pobre
contribuinte português e depois da "carne" deixada por Passos Coelho
aquando do resgate patriótico da bancarrota socialista, exactamente por tudo
isto é que acho que está chegada a hora desta cambada de xuxo-comunas continuar
no poder por mais 2 legislaturas no mínimo para agora roerem os ossos das
políticas irresponsáveis de empobrecimento do país. Madalena Magalhaes Colaco: João Oliveira do PCP, numa
entrevista à TVi dizia que há muito dinheiro, porque o governo permite que EDP
e a Galp não pagam os impostos que deviam. Não duvido do que diz João Oliveira,
e até junto mais as empresas das energias renováveis em que todos os
meses recebem metade da nossa factura da Edp. O que eu não entendo, já
que o PCP está num braço de ferro para aprovar o orçamento, é porque não obriga
o PS a desmamar estas empresas e obrigá-las a pagar o que todas as outras que
não recebem benesses são obrigadas a pagar. Vitor Batista >
Madalena Magalhaes Colaco: Porque o pcp recebe dessas
mesmas empresas para não levantar muitas ondas, tal como recebia do BES e das
mãos de Ricardo salgado, porque quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado
vem, e os comunas são riquíssimos os reis do imobiliário e afins. Madalena
Magalhaes Colaco > Vitor Batista: Claro que o PCP gosta de falar dos milhões que as
grandes empresas devem em impostos ao Estado mas o comprometimento com elas, e
como bem lembra com o BES, é tão evidente porque nada faz para recuperar esses
milhões. As PPP,s rodoviárias, que durante a troika a esquerda não parou de
denunciar os milhões em prejuízo do Estado, o que fez quando chegou ao poder na
geringonça? As PPP da Saúde que funcionavam mantendo a qualidade e poupando aos
cofres do Estado em milhões, essas eliminaram. Nas áreas em que precisamos de
um Estado forte, o Estado recuou, não existe, como na justiça e
segurança, para já não falar nas horas perdidas para se obter qualquer
documento como um passaporte. Onde não devia intervir e deixar os empresários
sossegados aí mostra todo o seu poder. Este texto da Helena é bem revelador da
miséria a que chagámos. Vitor Batista:
Mas que crónica Helena Matos!
vai deixar os extremistas de esquerda a espumar da boca, a deitar fumo pelas
orelhas, e a tentarem justificar o porquê de isto tudo não se tratar de uma
encenação. O orçamento vai ser aprovado, mas eles estão a fazer a cama
onde se vão deitar, e não é no motel mas sim num albergue de chungaria, aquele
que eles sempre frequentaram, porque agora não há Passos! eles choram e
imploram pela vinda de Passos, mas ele aprendeu a lição e não vai voltar.
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