sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Saltos no tempo e nos espaços


Dantes – nos tempos da nossa infância - os príncipes eram cavaleiros que com um beijo acordavam as princesas adormecidas, mas também houve o rico nobre de barba azul, com o quarto misterioso onde a esposa não podia entrar sob pena de lá poder ir parar, depois de ele a matar, (mas tal não aconteceria, porque o Bem afinal conta mais que o Mal, felizmente, embora também se diga que anda ela por ela). É certo que as mortes impressionantes sempre coexistiram no mundo real, com os casos de brandura, e não há mais príncipes cavaleiros a acordar, do sono, a bela adormecida, segundo programação da bruxa má. Hoje os príncipes, depois de passarem pela sua época de beijos, naturalmente, bastante televisionados – prática, de resto, também aplicável ao resto das classes, nestes tempos democráticos – os príncipes hoje, repito, dedicam-se aos assuntos sérios como esses da protecção dos espaços terráqueos, de preferência às correrias pelos espaços sidéreos. Ana Cristina Marques conta como foi, com o caso do nosso príncipe amado, William...

LIFESTYLE / FAMÍLIA REAL BRITÂNICA

Príncipe William: os "grandes cérebros" deveriam estar a "consertar o planeta" e não à procura "do próximo lugar onde viver"

Horas depois de o actor William Shatner viajar a bordo de um foguetão de Jeff Bezos, o príncipe William criticou a corrida espacial numa entrevista à BBC. Tal como o pai e o avô, focou-se no clima.

ANA CRISTINA MARQUES: Texto

OBSERVADOR, 14 out 2021

William argumentou que os "grandes cérebros e mentes do mundo" deveriam, ao invés, estar concentrados em "tentar consertar este planeta" e não em "encontrar o próximo lugar onde viver".

Getty Images

A seguir as pisadas do pai, o príncipe William deu uma entrevista à BBC para falar do clima e consequentemente criticar a corrida espacial horas depois de o actor William Shatner, popularizado como capitão Kirk na saga “Star Trek”, ter viajado em direcção às estrelas num foguetão da Blue Origin de Jeff Bezos. Foram cerca de 10 minutos que permitiram a Shatner finalmente atravessar a “fronteira final” do espaço — aos 90 anos tornou-se na pessoa mais velha a fazer semelhante viagem.

Trocadilhos à parte, William argumentou que os “grandes cérebros e mentes do mundo” deveriam, ao invés, estar concentrados em “tentar consertar este planeta” e não em “encontrar o próximo lugar onde viver”. “Acho que, em última análise, é realmente crucial focarmo-nos neste [planeta] em vez de desistirmos e irmos para o espaço.” Assegurou ainda que não tem “absolutamente nenhum interesse” em ir ao espaço.

A entrevista feita a partir do Palácio de Kensington surge dias depois de também Elon Musk, fundador da SpaceX, revelar que gostaria de construir carros Tesla em Marte — o mesmo planeta que um dia quer colonizar.

Já William, de 39 anos, tem os olhos postos na terra e deixa um aviso familiar: a inacção perante as alterações climáticas vai “roubar o futuro dos nossos filhos”. O herdeiro ao trono britânico, neto da rainha Isabel II, argumentou que deseja que todas as crianças, incluindo os próprios filhos, possam desfrutar de coisas que marcaram a sua infância: a “vida ao ar livre, a natureza e o ambiente”. Por isso mesmo, o príncipe diz querer usar a “pouca influência” que tem para “destacar as pessoas incríveis que estão a fazer coisas incríveis e ajudar a resolver alguns destes problemas”.

À semelhança do que disse o pai esta semana à BBC — entrevista onde Carlos também deu a conhecer a dieta amiga do ambiente e voltou a mencionar o Aston Martin que a anda a vinho branco —, William mostrou-se preocupado face à conferência climática que acontece em Glasgow, na Escócia, no próximo mês. Não podemos mais ter discursos inteligentes, palavras inteligentes, e acção insuficiente.” O filho mais velho de Diana, princesa de Gales, referiu ainda como o avô, o falecido duque de Edimburgo, começou por contribuir para a causa climática ao ajudar o WWF (sigla inglesa para “World Wide Fund for Nature”) e que também o pai se tem dedicado aos mesmos assuntos “desde muito cedo, antes de alguém pensar que era um tema”.

“Para mim, seria um desastre absoluto se o George [o filho mais velho dos duques de Cambridge] estiver aqui sentado a falar consigo ou com o seu sucessor daqui a 30 anos a dizer a mesma coisa, porque aí já será tarde demais.”

William não deixou ainda de referir o aumento da ansiedade em torno do clima nas gerações mais novas. A entrevista não surge por acaso e tem por base o prémio Earthshot, tido como “o prémio ambiental mais ambicioso e de maior prestígio já lançado”. William e Kate vão marcar presença na cerimónia desta distinção no próximo domingo.

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COMENTÁRIOS:

Alô Alô: Eu fiquei assombrado imaginando a emoção que Shatner terá sentido ao concretizar em vida uma ida ao espaço depois de tantos anos a interpretar o que pensou ser uma eterna ficção. Viu a ficção tornar-se realidade. O mesmo assombro com os smartphones. Lembram-se das videochamadas do MArtin Landau no espaço 1999? De tudo era o que achava menos plausível. A ida à lua? possível. Uma estação lunar? basta querer. Mas aquelas videochamadas pareciam ridículas no meio daquilo tudo. parecia ser o que tornava a série inverosímil. Aí estão os smartphone com as suas capacidades infinitas. Lembro-me em puto assistir maravilhado ao star trek na tv. Aquelas palavras "Space: the last frontier!". Um avanço notável, uma conquista maravilhosa, é-nos apresentada como uma manifestação do mal, do pecado. Vivemos tempos de obscurantismo. Querem enfiar os pioneiros na caverna.

José X: Faz tanto sentido criticar este "turismo espacial para ricos" (como a esquerda gosta de dizer) como criticar as "brincadeiras" dos irmãos Wright, que apenas iniciaram a aviação.

Lourenço Mattamouros: O puto é esperto. Vai na onda e os súbitos acham-lhe piada. Se é inteligente? Tenho dúvidas.

Francisco Correia: Cresce e aparece! A História ensina-nos que sempre que o Homem ultrapassa novas fronteiras, o Mundo "pula e avança".

Pantanal: Se ele pensa real mente assim, a inteligência não será certamente o seu forte. Em 1980 eramos 4.000 biliões de pessoas. Hoje somos 8.000 biliões de almas. Mais 40 anos, a continuar assim, seremos mais de 16.000 biliões (não considerando o aumento exponencial) de humanos a consumir os recursos energéticos do planeta. A possibilidade de acontecer uma guerra nuclear no futuro que expluda literalmente com o planeta não pode ser colocada de parte. Uma das poucas esperanças que nos resta para salvarmos o Homem é explorarmos e conquistarmos o universo para podermos continuar a nossa civilização (existência) noutros planetas. 

Tiago Figueiredo > Pantanal: Uma das poucas esperanças que nos resta para salvarmos o Homem é explorarmos e conquistarmos o universo para podermos continuar a nossa civilização (existência) noutros planetas.  Ou seja, uma das poucas esperanças é continuarmos a gerir os ambientes em que nos alojamos como se fôssemos um vírus mortal que, para sobreviver e pelo caminho, vai contagiando e destruindo sucessivos corpos hospedeiros. Isso não me soa a esperança, mas antes a desespero de sobrevivência.

Pantanal > Tiago Figueiredo: O planeta não é sustentável à nossa civilização. Somos muitos, cada vez mais. Se viajarmos no tempo um século para trás (100 anos não é nada) tínhamos um planeta totalmente diferente daquele que temos hoje. A civilização é como um grande comboio em movimento que leva tudo à sua frente. Não haja dúvidas que vamos conseguir dar cabo de tudo, portanto, resta-nos uma saída; fugir do caos e começar em outro lado, e assim sucessivamente, isto, se conseguirmos tecnologia para tal. Por cá, se alguém escapar a um eventual cataclismo planetário, como por exemplo ao embate de um asteroide de grandes dimensões com o planeta, irá começar tudo de novo e voltaremos à mesma situação em que nos encontramos hoje!     

Duarte Correia > Pantanal: Ideias com pernas para andar, no entanto! Nós, humanos, nem por o sermos deixamos de ser animais como os outros que a Mãe Natureza se encarregará de meter na ordem (P. ex., as espécies retraem-se quando lhes falta condições de sobrevivência). E, que tal, começarmos por reduzir para metade o nosso furor consumista: reduzir para metade a fasquia de índices de consumo? Será que o crescimento interno bruto dos países poderá eternizar-se?

Joao Rio: O tetravô dele já tinha criticado o Cristóvão Colombo e o Vasco da Gama. nada de novo por aqui.

Tony Gamboa: Concordo com o William, o Duque, não com o outro.


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