E Trump e Bolsonaro
…
este texto de Rui Ramos, que me parece
ditado por pareceres justos. Os comentadores – houve muitos mais - ajudam a
esclarecer. Eu limito-me a apreciar, leiga que sou, e a esperar, como fazemos
todos… atidos à questão da clássica mudança, arrevesada e fútil…
RÁDIO
OBSERVADOR
Onde
há Trump, ataca-se; onde não há, inventa-se /premium
PÚBLICO, 26/7/2019
A
moda de comparar qualquer líder da direita com Trump, e Trump com o diabo, é
uma complacência niilista que impede o debate político e tornará o público
indiferente a um verdadeiro diabo.
A
recepção mediática ao novo primeiro-ministro inglês tem sido um dos
espectáculos mais bizarros dos últimos anos. Lewis Carroll não teria conseguido
imaginar nada de mais absurdo. Boris Johnson tem um diploma em Estudos Clássicos por
uma das melhores universidades do mundo? É um bronco analfabeto. Boris Johnson
formou o governo etnicamente mais
diverso da história do Reino Unido, com filhos de imigrantes (Priti Patel e Savid Javid) em dois
dos ministérios mais importantes? É racista. Boris Johnson prometeu garantir os
direitos dos cidadãos da UE no Reino Unido após o Brexit? É xenófobo. Boris
Johnson anunciou grandes investimentos nos serviços públicos? Vai destruir o
Estado social. Podia continuar, mas não vale a pena. Já devem ter percebido a
ideia: Boris Johnson tem de ser bronco, racista, homofóbico,
machista, e fascista, custe o que custar à realidade. Têm essas imputações
alguma coisa a ver com o que o homem é, disse, fez ou vai fazer? Não. Boris
Johnson é tudo isso, apenas porque os seus inimigos julgam que lhes convém
atacá-lo segundo a cartilha com que Trump ou Bolsonaro são atacados nos EUA e
no Brasil, independentemente de quaisquer factos.
Estou
a dizer que Boris
Johnson deveria
ter sido recebido como o Messias em Jerusalém? É claro que não. Johnson é líder
do Partido Conservador e primeiro-ministro de um governo que promete cumprir a
vontade dos cidadãos do Reino Unido expressa no referendo sobre a União
Europeia. É natural que não fosse abençoado pela esquerda ou pelos adeptos da
opção rejeitada em 2016. Mas o modo como o atacam é interessante. Há trinta
anos, este antigo aluno de Eton e de Oxford, capaz de citar de cor poemas em
grego antigo e em latim, teria sido denunciado ao proletariado das fábricas e
das minas como mais
um snob. Agora,
porém, parece que o que convém é o contrário: assustar as elites metropolitanas
da era do iPhone e do Starbucks com a ideia de que vem aí um Espártaco,
rude e sanguinário, à frente da plebe excitada pelo Brexit. Quando, curiosamente, Boris ainda era, há uns dez
anos, o único conservador popular entre essas elites metropolitanas, que então
o achavam culto e divertido. Por isso, aliás, foi eleito e reeleito mayor de Londres.
Quero
sugerir que a imprensa está a ser injusta, porque Boris Johnson é impecável e
vai resolver tudo? Também não. Johnson
não é obviamente São Francisco de Assis, Mas a actual moda de comparar qualquer
líder da direita com Trump (para grande divertimento do
presidente americano), e de identificar Trump com o diabo, é
uma complacência niilista. Parece que à medida em que estão em causa coisas
fundamentais – no caso do Reino Unido, a relação com a UE — , mais o debate
político deixa de ter qualquer relação com a realidade. Há dois riscos aquiporque
senão nunca teria chegado a primeiro-ministro. Os seus pecados e extravagâncias,
porém, não são mais relevantes do que os de grandes primeiros-ministros do
passado, como Disraeli ou Churchill. Provavelmente, enfrentará a mesma via
sacra de Theresa
May, e pela
mesma razão: a tentação das facções parlamentares britânicas de usarem o processo do Brexit para mudarem de
primeiros-ministros. senrolar-se a um nível de fantasia apocalíptica, onde os
protagonistas de que não gostamos têm Mas a actual moda de comparar qualquer
líder da direita com Trump (para grande divertimento do presidente americano), e de
identificar Trump com o diabo, é uma complacência niilista. Parece que à
medida em que estão em causa coisas fundamentais – no caso
do Reino Unido, a relação com a UE —
mais o debate político deixa de ter qualquer relação com a realidade, e passa a
desenrolar-se a um nível de fantasia apocalíptica, onde os protagonistas de que
não gostamos têm por força de ser uma mistura de Hitler com um palhaço. Há dois
riscos aqui. O primeiro é o da dificuldade de debater racionalmente, quando a
democracia – é bom lembrar – pressupõe o debate, isto é, que é possível
acreditar e querer sem deixar de ser lúcido e justo. O segundo é tão mau como
esse: de tanto vermos lobos em todo o lado, tornarmo-nos
indiferentes aos verdadeiros lobos.
COMENTÁRIOS:
Maria Alva: : Óptima e objectiva análise. Como se a preparação do Kosta (atente-se à sua
dificuldade de expressão e ao deficiente domínio do inglês) fosse melhor do que
a de Trump! No entanto é elogiado nos media
pela sua xico-espertice, com o epíteto de "político habilidoso".
William Smith: Já com o Bush filho era a mesma
coisa, apesar de ter andado em Yale e depois em Havard. Mas o Obama, que cada
vez mais é reconhecido como um dos piores presidentes americanos, esse é que
era excelente, um coitado que, agora se vê, só fez asneirada com os dossiers da
Coreia do Norte e do Irão. Enfim, a verdade é que não se pode pedir à nossa CS
que nos dê mais do que aquilo que ela tem capacidade para dar...
João Amaro: Trump também esteve no colégio
militar e tirou economia numa universidade prestigiada nos States? Se são me
engano... Depois há sempre aqueles que nem
capacidade tiveram para tirar o décimo segundo a chamar o Trump de atrasado
mental...
Jose Almeida: ...e todos uma perda de tempo
precioso. Recusamos em tudo com esta gentalha "tão sabida". Começam
por destruir demonstrando uma total responsabilidade. Trump é um idiota e
idiotas convencidos quem o segue.
Tem (quase) toda a razão mas explique-me sff: pq é q
estes peculiares personagens de quem se esforça a explicar o comportamento
-Trump, Bolsonaro, Boris, etc- querem todos eles começar por destruir o que
está feito, mesmo se tal afecta a saúde de milhões de cidadãos como o Obamacare
ou a Previdência e Amazónia no Brasil. Querer o Brexit por capricho, negar e
recusar esse passo de gigante de bom senso, q é a U.E. ,não me parece muito
inteligente de quem saiu de escola tão importante. Não passam de oportunistas,
carreiristas, apenas interessados neles. São todos perigoso.
João Cipreste: O RR, com assinalável atraso e
escassa frontalidade, constata aqui o óbvio: as atoardas de racista, xenófobo,
islamofóbico, homofóbico, misógino e, claro, ignorante fascista são, hoje,
constituintes básicos da cartilha marxista, financiada por you know who,
empregue como ataque moral ad hominem e atemorizante forma de impedir todo e
qualquer debate racional de factos que obstaculizem a instalação da sua
almejada, já palpável, ditadura.
Tal táctica, doente e sem escrúpulos, conduziu-nos a
uma situação em que tais atoardas não só são desprovidas de todo e qualquer
significado, e mormente conotação pejorativa, como são, e devem ser, usadas como
distintivo honorífico pelas vítimas da matilha marxista.
Trump é um resistente valente e, por isso, foi eleito
e será reeleito pelos seus compatriotas. De igual forma, os focos de resistência
hoje existentes na Europa e na América Latina serão amplamente reforçados.
No finalzinho, a escória globalista-marxista, a soldo
de Soros e de Silicon Valley, tradicionalmente conhecida por comunicação social
e "ciências" sociais, terá o destino do restante lixo pernicioso:
inceneração.
António Eliphis: Têm essas imputações alguma coisa a ver com o que o
homem é, disse, fez ou vai fazer? Não
Sim.
Boris era o tipo que enquanto jornalista e emissário em Bruxelas, inventava
citações e situações inexistentes e por isso foi despedido. É um mentiroso
compulsivo. Mas é desses que o povo gosta.
political corrector Xuxalismo: grande texto! mais uma vez
Parabéns! actualmente vivemos numa sociedade controlada nos bastidores pela a
extrema-esquerda e isso é assustador, acredito que o povo está a começar a abrir
os olhos
julio Almeida: Os artigos deste brilhante colunista são suficientes
para justificar, por si só, a assinatura deste jornal. Há mais e muito bons mas
este....
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