Encontrei os textos na Internet, o
primeiro datado de 11/10/18, o segundo de 23 de Julho de 2018. Se é que a
referência de localização fornece algum interesse para a expressão destas mal
alinhavadas considerações que a leitura do primeiro texto provocou, no meu universo
de escassa reflexão e de q.b. de sensibilidade inconsciente, e por tal motivo desculpáveis, justificadas que são pela teoria do caos como princípio de informação teórica, que
parece extrair-se do livro recente de José Gil – “Caos e ritmo”, apresentado
pelo seu autor na Escola das Artes da Universidade Católica do
Porto segundo informação de José Coelho.
Fiquei, de facto, abismada, com isso que
li no artigo de José Coelho: não entendo
que se passe por cima da percepção de uma Criação extraordinariamente bem
organizada em toda a Natureza, segundo um plano de funções próprias a que tudo
o que está criado obedece, quer se trate do Universo mais vasto, que a nossa
percepção consegue atingir, quer ao nível dos corpos – sólidos, líquidos e
gasosos - que o nosso planeta nos mostra, desde os inanimados aos animados, a
terminar no ser racional que é o Homem, para que possamos concordar com uma
teoria absurda que remete para o caos e o inconsciente a formação de uma nova
ordem de pensamento construtor do saber.
Basta pensar nesse milagre de uma
Criação múltipla, a terminar no da vida racional, mais consciente ou mesmo do
subconsciente ou da inconsciência, que algo como a razão pretende desvendar,
para que nos repugne a “filosofia” de que no caos do inconsciente é que residem
os fragmentos de onde poderemos partir para a construção do pensamento contínuo
da nossa actualidade. E pretender justificá-lo através do exemplo actual das “fake
news” e justificar assim um mundo de perversão que se vai fabricando e
aceitando sem remissão: “As fake news
são um aspecto não completado do estilhaçamento do real”. Também parece
irrisório e sádico o exemplo contido na pergunta e resposta seguintes, que José Gil escreve « logo nas páginas iniciais de “Caos e Ritmo»: “Porque é necessário que se explique à
criança a sua enfermidade e a sua diferença relativamente às crianças normais?
Porque só assim ela poderá adquirir uma imagem inconsciente do corpo são”,
escreve José Gil.
Só pergunto: Que necessidade tem a
criança de ser informada da sua diferença? O certo é que “estudos” destes me parecem
perversos ao porem em causa todo um pensamento de coerência e ética, que está
na base de uma cultura mais ou menos normativa que a racionalidade humana tem criado
pelos tempos fora, embora desvairadamente aplicada, tantas vezes, o que não é
razão para desistir dela.
O 2º texto, que ponho a seguir, do brasileiro Luciano
Rocha, parece dar razão à filosofia de José
Gil, estruturado
segundo teorias de seriedade difundidas pelos disciplinados propagadores de fé
ou de saber prático.
A mim, só me
apetece finalizar estes dizeres inúteis com um blablabla gramatical inesperado,
com que um amigo de outrora se saiu, naqueles tempos graciosos da irresponsabilidade juvenil: «Analisados
os factos e as realidades da vida chega-se à conclusão de que não há nada como
realmente e que mais vale um ora todavia nunca do que sem comparação jamais,
não só porque essa é boa mas até mesmo porque enfim…»
I -FILOSOFIA
Filósofo José Gil diz que “Tudo o que resulta das
velhas verdades falhou”
Com um elogio ao inconsciente na
formação do conhecimento, José Gil defende que é nesse inconsciente e no caos
que ele provoca que podem estar as novas soluções para os antigos problemas actuais.
JOSÉ
COELHO/LUSA 11/10/2018
Num
final de tarde de meteorologia incerta, o
ensaísta e filósofo dissertou sobre o caos como origem das certezas,
a partir dos fragmentos de ideias que “possam entrar numa continuidade” “Tudo
o que resulta das velhas verdades falhou”,
disse esta quinta-feira o filósofo, numa sessão na Escola das
Artes da Universidade Católica do Porto,
onde apresentou o seu livro mais recente, “Caos
e Ritmo”.
“Se olharmos para a Arte, para a
Cultura, para a Ciência, para os princípios morais, encontramos constantemente
fragmentos, a que nos referimos como um caos”, explica José Gil, dizendo que é
nesse caos fragmentado que devemos procurar as explicações para o que nos
rodeia, rejeitando muita da lógica que até agora considerámos válida. Temos de
conseguir unir o que é heterogéneo”,
acrescenta o pensador, numa evidente referência às actuais questões da inclusão
e dos riscos da manipulação. “As fake
news são um
aspecto não completado do estilhaçamento do real”, diz José Gil. José Gil fala ritmadamente, com argumentos que se
percebe terem nascido de reflexões construídas com a avidez de quem gosta de
interrogar tudo, pensar tudo.
Mas, afinal, o que é pensar? A questão é central no livro “Caos e Ritmo”,
mas o problema dilui-se rapidamente em mil fragmentos de temas que se acumulam
nas 504 páginas recentemente editadas pela Relógio d’Água, num livro em
acabamento de capa mole. E essas duras dúvidas foram repetidas
de diferentes maneiras, como se esmiuçadas de diferentes perspectivas, na
sessão na Escola das Artes, da Universidade Católica do Porto.
A
conversa decorreu num palco improvisado ao lado de um auditório que se chama
Ilídio Pinho, o nome do empresário de Vale de Cambra que fez fortuna
com embalagens metálicas, na base de uma Fundação com várias iniciativas de
mecenato, uma questão que Gil também questiona, sem o abordar directamente, mas
deixando o tema pairar, quando fala da questão da sustentabilidade do acto de
pensar, na era da “cultura negócio”. Contudo,
o que move José Gil é a compreensão de como o caos pode criar
ritmo, e o ritmo, por sua vez, a ordem, onde, no final, tudo se sustenta.
José
Gil é um ensaísta português, nascido em Moçambique em 1939, com formação
matemática antes de transitar para a filosofia, onde tem praticado a sua imensa
curiosidade, derramada em diversos livros, que atravessam décadas com
reconhecido prestígio. O semanário francês Le Nouvel Observateur colocou-o na
lista dos 25 pensadores mais influentes do planeta, no mesmo ano em que recebeu
o Prémio P.E.N. Clube Português de Ensaio (2005). José Gil foi também
distinguido com o Prémio Vergílio Ferreira (2012), da Universidade de Évora.
Nenhuma
destas distinções parece afectar no seu discurso, que apenas
formalmente se afigura distanciado do mundo real em que assenta o seu
conhecimento, mas que, na verdade, constantemente regressa a esse real.
Como
quando, na sua reflexão, esta quinta-feira, na Escola das Artes, José Gil
remeteu para exemplos da actualidade: da actualidade que nos interpela, mas
também da actualidade que nos aliena dessa mesma realidade, por discursos que
intermedeiam a nossa compreensão do que se passa à nossa volta. Também por isso a linguagem é tão
importante: porque ela corporiza o pensamento e revela o inconsciente.
Porque
é necessário que se explique à criança a sua enfermidade e a sua diferença
relativamente às crianças normais? Porque só assim ela poderá adquirir uma
imagem inconsciente do corpo são”, escreve José Gil logo nas páginas iniciais
de “Caos e Ritmo”.
A
liberdade da palavra é um dos pilares essenciais do pensamento de José Gil,
nesta obra, como na sessão no Porto, onde fala dessa linguagem como arma
privilegiada para combater as ameaças totalitárias, fundadas na negação da
heterogeneidade, aí considerada uma representação de um caos incompreendido e
indesejado.
Essa
linguagem, por vezes, remete para um nível de compreensão da realidade que
colide com a lógica tradicional, o que ajuda a explicar por que na área da
psiquiatria são os chamados “feiticeiros” aqueles que mais eficácia podem
conseguir na cura, sendo esses “feiticeiros” exactamente os psiquiatras que
desafiam o pensamento tradicional sobre o funcionamento da mente humana,
explicou José Gil na Escola das Artes da Universidade Católica do Porto.
A
“magia” dos “feiticeiros” cozinha-se ao nível do inconsciente, diz o pensador,
remetendo para essa arquitectura de soluções não-lógicas que se desenvolvem
inesperadamente nas mais diferentes áreas, seja na Medicina, na Matemática ou
na Filosofia.
A
verdade é que José Gil acredita que tudo tem regras – seja um bailado, um
poema, um algoritmo, ou uma posição de ioga — mas essas regras nem sempre são
conscientes.
E
é nessa ordem das coisas que a razão, a razão pura Kantiana (a tese de Mestrado
de José Gil foi sobre Kant), procura ocultar aquilo que pode ser uma explicação
para o sentido da vida, se existisse um sentido da vida (o
tema pairou no debate, mas nunca lá aterrou).
Mas
não será a ameaça de uma catástrofe planetária a negação dessa ordem? Ou, pelo
menos, da sua afirmação
pela razão ordenada pelo ritmo?
“A ameaça está aí…”, foi a
única resposta que o pensador deixou, na sessão do Porto, olhando a plateia,
como se a interpelasse para mil outras perguntas, fragmentadas.
COMENTÁRIOS
Utilizador Removido 13/10/2018: Agora
é fácil ele vir dizer isso mas nada fez para dizer antecipando o que era
esperado que viesse. Enfim estes "intelectuais" às vezes dão-nos
vontade de rir outras vezes olhar para o lado e ignorar.
II – O que fazer quando o caos se instalar?
Abrace-o!
Jul
23, 2018 · 4 min read
Ordo Ab Chao.
FOTO(Limalhas de ferro direccionadas por íman): O Universo tende ao caos, mas cria pequenos
bolsões de ordem. E nós podemos fazer o mesmo. (Fonte: Google)
Ordo Ab Chao.
Ou,
traduzindo do latim, a ordem vem do caos.
Embora seja demonizado (injustamente) por muitas pessoas, o lema da Maçonaria
reflecte algo que muitos de nós deveríamos tentar fazer pelo menos uma vez na
vida: abraçar o caos quando ele se instala.
Perdas: Perder
o emprego. Ser despejado do lugar onde mora por atraso no aluguel. Ver a pessoa
que você ama terminar o namoro com você de forma súbita — e vê-la com outro
poucos dias depois. Perder um ente
querido. Ser vítima de um assalto ou de uma bala perdida. Sofrer um acidente de
carro. Ter que passar por uma cirurgia de grave risco. Descobrir um câncer ou
outra doença terminal.
Embora
pertençam a grupos ou ordens de magnitudes diferentes, tais acontecimentos
fazem parte de um mesmo contexto: as perdas. São momentos nos quais o
caos absoluto parece se instalar em nossas vidas e bloqueia qualquer tentativa
de tentarmos nos reerguer e seguir em frente. Uma perda, qualquer que seja,
sempre traz um momento de impotência em nossas vidas. Esse momento pode ser
breve ou prolongado (algo que pode variar de acordo com o nível da perda). No
entanto, a maioria das pessoas acaba prolongando momentos de perda que poderiam
ser facilmente superados. E, seja por falta de preparo emocional, seja pela
soma dessa perda com outras situações difíceis, acabam por cair no poço da
desistência.
Desistência: Desistir. Uma palavra que surge na mesma composição
guiada pela locomotiva do caos. E essa composição pode ter vagões diferentes. Um deles pode ter uma carga com vícios. O outro pode transportar
barris de violência. E para quem realmente não enxerga mais forças para
continuar a viagem, pode encontrar um vagão com caixas de cordas entrelaçadas.
Ou com pacotes de comprimidos. Ou mesmo seringas. Todos prontos para serem
usados.
Qualquer
solução parece preferível do que continuar seguindo uma locomotiva que parece
não levar a qualquer ponto suportável para a psique humana. Tal como o trem do
filme O Expresso do Amanhã, que percorre sem rumo e eternamente, no meio de um
planeta devastado pelo gelo, levando pessoas sem qualquer esperança no amanhã
do título, a locomotiva do caos segue caminhos frios e desconhecidos.
Em
uma situação dessas, onde o caos parece ser a única opção, poucos parecem
dispostos a seguir o caminho natural: acompanhar a locomotiva. Se temos um
caminho caótico na nossa frente, por que não seguimos a estrada e abraçamos a
jornada?
O caos pode gerar um recomeço: Limalhas de ferro bagunçadas podem ser ordenadas com um
ímã. Você já encontrou o seu? (Fonte: Google) . Antes de pensar no tema do texto de hoje, finalizei
pela segunda vez a leitura do livro Origem, do
escritor Dan Brown. A história do
livro mostra o alter ego de Brown, Robert Langdon,
em busca de divulgar uma apresentação criada por um ex-aluno seu, a qual pode
responder duas perguntas fundamentais da humanidade sem o uso da religião ou de
crenças, mas sim através da ciência.
De onde viemos? Para onde vamos? Aqui
vai um spoiler. Portanto, se você NÃO LEU O LIVRO E TEM INTENÇÃO DE LER, PULE
ESSA PARTE! No final do texto, a apresentação é encontrada e
finalmente exibida para o mundo inteiro. Entre as respostas mostradas, uma
delas traz uma teoria muito interessante sobre o surgimento da vida. Segundo
essa teoria, o objetivo do Universo segue uma única diretriz: espalhar energia
o máximo possível. Ao fazer isso de forma caótica, ele cria bolsões de ordem
que fazem com que essa energia seja dissipada de forma mais eficiente.
E uma dessas formas é justamente a vida. Vida, portanto, não se trataria do objetivo principal
do Universo, mas sim de uma forma eficiente de dissipar energia, usando
pequenas concentrações de ordem (como planetas, florestas, oceanos, o corpo humano)
para dar vazão ao caos.
Rejeite a antiga ordem. Abrace o caos. E
projete uma nova ordem: E assim como o
caos utiliza a ordem para gerar vida, nós podemos utilizar o caos para
recomeçar. Ao ver nossa vida como uma terra arrasada da qual nada parece brotar,
podemos nos lembrar de que nada pior pode acontecer: afinal, se já estamos no
caos completo, significa que estamos no ponto zero. O ponto no qual todo avanço
significa uma melhoria. Um dos
segredos para abraçar o caos é justamente ter consciência da atual situação.
Ficar lembrando constantemente do passado de “glória” ou pensar em coisas como
“eu poderia ter feito isso de forma diferente” apenas fará com que a situação
lembrada continue presente, impedindo que a pessoa consiga ter a real
consciência da sua situação atual e possa se livrar dela.E se livrar da antiga
ordem abraçando o caos é fundamental para que, do caos, uma nova ordem surja na
vida. Uma ordem que poderá levá-lo(a) ao caminho do sucesso novamente. E é essa
a ideia por trás do lema maçom: criar ordem nova onde o caos surgiu
repentinamente.Essa nova ordem será tão boa quanto a anterior? Impossível
saber. Ela pode ser melhor. Pode até ser pior. Mas ela será necessária. A
flecha do tempo não para e nem retrocede; ela apenas avança. E o caos, na
maioria das vezes, faz parte desse avanço. Minimalismo / Caos / Ordem
/ Vida
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