segunda-feira, 29 de julho de 2019

Filosofias



Encontrei os textos na Internet, o primeiro datado de 11/10/18, o segundo de 23 de Julho de 2018. Se é que a referência de localização fornece algum interesse para a expressão destas mal alinhavadas considerações que a leitura do primeiro texto provocou, no meu universo de escassa reflexão e de q.b. de sensibilidade inconsciente,  e por tal motivo desculpáveis, justificadas que são pela teoria do caos como princípio de informação teórica, que parece extrair-se do livro recente de José Gil Caos e ritmo”, apresentado pelo seu autor na Escola das Artes da Universidade Católica do Porto segundo informação de José Coelho.
Fiquei, de facto, abismada, com isso que li no artigo de José Coelho: não entendo que se passe por cima da percepção de uma Criação extraordinariamente bem organizada em toda a Natureza, segundo um plano de funções próprias a que tudo o que está criado obedece, quer se trate do Universo mais vasto, que a nossa percepção consegue atingir, quer ao nível dos corpos – sólidos, líquidos e gasosos - que o nosso planeta nos mostra, desde os inanimados aos animados, a terminar no ser racional que é o Homem, para que possamos concordar com uma teoria absurda que remete para o caos e o inconsciente a formação de uma nova ordem de pensamento construtor do saber.
Basta pensar nesse milagre de uma Criação múltipla, a terminar no da vida racional, mais consciente ou mesmo do subconsciente ou da inconsciência, que algo como a razão pretende desvendar, para que nos repugne a “filosofia” de que no caos do inconsciente é que residem os fragmentos de onde poderemos partir para a construção do pensamento contínuo da nossa actualidade. E pretender justificá-lo através do exemplo actual das “fake news” e justificar assim um mundo de perversão que se vai fabricando e aceitando sem remissão: “As fake news são um aspecto não completado do estilhaçamento do real”. Também parece irrisório e sádico o exemplo contido na pergunta e resposta seguintes, que José Gil escreve « logo nas páginas iniciais de “Caos e Ritmo»: “Porque é necessário que se explique à criança a sua enfermidade e a sua diferença relativamente às crianças normais? Porque só assim ela poderá adquirir uma imagem inconsciente do corpo são”, escreve José Gil.
Só pergunto: Que necessidade tem a criança de ser informada da sua diferença? O certo é que “estudos” destes me parecem perversos ao porem em causa todo um pensamento de coerência e ética, que está na base de uma cultura mais ou menos normativa que a racionalidade humana tem criado pelos tempos fora, embora desvairadamente aplicada, tantas vezes, o que não é razão para desistir dela.
O 2º texto, que ponho a seguir, do brasileiro Luciano Rochaparece dar razão à filosofia de José Gil, estruturado segundo teorias de seriedade difundidas pelos disciplinados propagadores de fé ou de saber prático.
A mim, só me apetece finalizar estes dizeres inúteis com um blablabla gramatical inesperado, com que um amigo de outrora se saiu, naqueles tempos graciosos da irresponsabilidade juvenil: «Analisados os factos e as realidades da vida chega-se à conclusão de que não há nada como realmente e que mais vale um ora todavia nunca do que sem comparação jamais, não só porque essa é boa mas até mesmo porque enfim…»
Filósofo José Gil diz que “Tudo o que resulta das velhas verdades falhou”
Com um elogio ao inconsciente na formação do conhecimento, José Gil defende que é nesse inconsciente e no caos que ele provoca que podem estar as novas soluções para os antigos problemas actuais.
JOSÉ COELHO/LUSA  11/10/2018
Num final de tarde de meteorologia incerta, o ensaísta e filósofo dissertou sobre o caos como origem das certezas, a partir dos fragmentos de ideias que “possam entrar numa continuidade”  Tudo o que resulta das velhas verdades falhou”, disse esta quinta-feira o filósofo, numa sessão na Escola das Artes da Universidade Católica do Porto, onde apresentou o seu livro mais recente, “Caos e Ritmo”.
 “Se olharmos para a Arte, para a Cultura, para a Ciência, para os princípios morais, encontramos constantemente fragmentos, a que nos referimos como um caos”, explica José Gil, dizendo que é nesse caos fragmentado que devemos procurar as explicações para o que nos rodeia, rejeitando muita da lógica que até agora considerámos válida. Temos de conseguir unir o que é heterogéneo”, acrescenta o pensador, numa evidente referência às actuais questões da inclusão e dos riscos da manipulação. “As fake news são um aspecto não completado do estilhaçamento do real”, diz José Gil. José Gil fala ritmadamente, com argumentos que se percebe terem nascido de reflexões construídas com a avidez de quem gosta de interrogar tudo, pensar tudo.
Mas, afinal, o que é pensar? A questão é central no livro “Caos e Ritmo”, mas o problema dilui-se rapidamente em mil fragmentos de temas que se acumulam nas 504 páginas recentemente editadas pela Relógio d’Água, num livro em acabamento de capa mole. E essas duras dúvidas foram repetidas de diferentes maneiras, como se esmiuçadas de diferentes perspectivas, na sessão na Escola das Artes, da Universidade Católica do Porto.
A conversa decorreu num palco improvisado ao lado de um auditório que se chama Ilídio Pinho, o nome do empresário de Vale de Cambra que fez fortuna com embalagens metálicas, na base de uma Fundação com várias iniciativas de mecenato, uma questão que Gil também questiona, sem o abordar directamente, mas deixando o tema pairar, quando fala da questão da sustentabilidade do acto de pensar, na era da “cultura negócio”. Contudo, o que move José Gil é a compreensão de como o caos pode criar ritmo, e o ritmo, por sua vez, a ordem, onde, no final, tudo se sustenta.
José Gil é um ensaísta português, nascido em Moçambique em 1939, com formação matemática antes de transitar para a filosofia, onde tem praticado a sua imensa curiosidade, derramada em diversos livros, que atravessam décadas com reconhecido prestígio. O semanário francês Le Nouvel Observateur colocou-o na lista dos 25 pensadores mais influentes do planeta, no mesmo ano em que recebeu o Prémio P.E.N. Clube Português de Ensaio (2005). José Gil foi também distinguido com o Prémio Vergílio Ferreira (2012), da Universidade de Évora.
Nenhuma destas distinções parece afectar no seu discurso, que apenas formalmente se afigura distanciado do mundo real em que assenta o seu conhecimento, mas que, na verdade, constantemente regressa a esse real.
Como quando, na sua reflexão, esta quinta-feira, na Escola das Artes, José Gil remeteu para exemplos da actualidade: da actualidade que nos interpela, mas também da actualidade que nos aliena dessa mesma realidade, por discursos que intermedeiam a nossa compreensão do que se passa à nossa volta. Também por isso a linguagem é tão importante: porque ela corporiza o pensamento e revela o inconsciente.
Porque é necessário que se explique à criança a sua enfermidade e a sua diferença relativamente às crianças normais? Porque só assim ela poderá adquirir uma imagem inconsciente do corpo são”, escreve José Gil logo nas páginas iniciais de “Caos e Ritmo”.
A liberdade da palavra é um dos pilares essenciais do pensamento de José Gil, nesta obra, como na sessão no Porto, onde fala dessa linguagem como arma privilegiada para combater as ameaças totalitárias, fundadas na negação da heterogeneidade, aí considerada uma representação de um caos incompreendido e indesejado.
Essa linguagem, por vezes, remete para um nível de compreensão da realidade que colide com a lógica tradicional, o que ajuda a explicar por que na área da psiquiatria são os chamados “feiticeiros” aqueles que mais eficácia podem conseguir na cura, sendo esses “feiticeiros” exactamente os psiquiatras que desafiam o pensamento tradicional sobre o funcionamento da mente humana, explicou José Gil na Escola das Artes da Universidade Católica do Porto.
A “magia” dos “feiticeiros” cozinha-se ao nível do inconsciente, diz o pensador, remetendo para essa arquitectura de soluções não-lógicas que se desenvolvem inesperadamente nas mais diferentes áreas, seja na Medicina, na Matemática ou na Filosofia.
A verdade é que José Gil acredita que tudo tem regras – seja um bailado, um poema, um algoritmo, ou uma posição de ioga — mas essas regras nem sempre são conscientes.
E é nessa ordem das coisas que a razão, a razão pura Kantiana (a tese de Mestrado de José Gil foi sobre Kant), procura ocultar aquilo que pode ser uma explicação para o sentido da vida, se existisse um sentido da vida (o tema pairou no debate, mas nunca lá aterrou).
Mas não será a ameaça de uma catástrofe planetária a negação dessa ordem? Ou, pelo menos, da sua afirmação pela razão ordenada pelo ritmo?
“A ameaça está aí…”, foi a única resposta que o pensador deixou, na sessão do Porto, olhando a plateia, como se a interpelasse para mil outras perguntas, fragmentadas.
COMENTÁRIOS
Utilizador Removido   13/10/2018: Agora é fácil ele vir dizer isso mas nada fez para dizer antecipando o que era esperado que viesse. Enfim estes "intelectuais" às vezes dão-nos vontade de rir outras vezes olhar para o lado e ignorar.
II – O que fazer quando o caos se instalar? Abrace-o!
Jul 23, 2018 · 4 min read
Ordo Ab Chao.
FOTO(Limalhas de ferro direccionadas por íman): O Universo tende ao caos, mas cria pequenos bolsões de ordem. E nós podemos fazer o mesmo. (Fonte: Google)
Ordo Ab Chao.
Ou, traduzindo do latim, a ordem vem do caos. Embora seja demonizado (injustamente) por muitas pessoas, o lema da Maçonaria reflecte algo que muitos de nós deveríamos tentar fazer pelo menos uma vez na vida: abraçar o caos quando ele se instala.
Perdas:  Perder o emprego. Ser despejado do lugar onde mora por atraso no aluguel. Ver a pessoa que você ama terminar o namoro com você de forma súbita — e vê-la com outro poucos dias depois. Perder um ente querido. Ser vítima de um assalto ou de uma bala perdida. Sofrer um acidente de carro. Ter que passar por uma cirurgia de grave risco. Descobrir um câncer ou outra doença terminal.
Embora pertençam a grupos ou ordens de magnitudes diferentes, tais acontecimentos fazem parte de um mesmo contexto: as perdas. São momentos nos quais o caos absoluto parece se instalar em nossas vidas e bloqueia qualquer tentativa de tentarmos nos reerguer e seguir em frente. Uma perda, qualquer que seja, sempre traz um momento de impotência em nossas vidas. Esse momento pode ser breve ou prolongado (algo que pode variar de acordo com o nível da perda). No entanto, a maioria das pessoas acaba prolongando momentos de perda que poderiam ser facilmente superados. E, seja por falta de preparo emocional, seja pela soma dessa perda com outras situações difíceis, acabam por cair no poço da desistência.
Desistência: Desistir. Uma palavra que surge na mesma composição guiada pela locomotiva do caos. E essa composição pode ter vagões diferentes. Um deles pode ter uma carga com vícios. O outro pode transportar barris de violência. E para quem realmente não enxerga mais forças para continuar a viagem, pode encontrar um vagão com caixas de cordas entrelaçadas. Ou com pacotes de comprimidos. Ou mesmo seringas. Todos prontos para serem usados.
Qualquer solução parece preferível do que continuar seguindo uma locomotiva que parece não levar a qualquer ponto suportável para a psique humana. Tal como o trem do filme O Expresso do Amanhã, que percorre sem rumo e eternamente, no meio de um planeta devastado pelo gelo, levando pessoas sem qualquer esperança no amanhã do título, a locomotiva do caos segue caminhos frios e desconhecidos.
Em uma situação dessas, onde o caos parece ser a única opção, poucos parecem dispostos a seguir o caminho natural: acompanhar a locomotiva. Se temos um caminho caótico na nossa frente, por que não seguimos a estrada e abraçamos a jornada?
O caos pode gerar um recomeço: Limalhas de ferro bagunçadas podem ser ordenadas com um ímã. Você já encontrou o seu? (Fonte: Google) . Antes de pensar no tema do texto de hoje, finalizei pela segunda vez a leitura do livro Origem, do escritor Dan Brown. A história do livro mostra o alter ego de Brown, Robert Langdon, em busca de divulgar uma apresentação criada por um ex-aluno seu, a qual pode responder duas perguntas fundamentais da humanidade sem o uso da religião ou de crenças, mas sim através da ciência.
De onde viemos? Para onde vamos? Aqui vai um spoiler. Portanto, se você NÃO LEU O LIVRO E TEM INTENÇÃO DE LER, PULE ESSA PARTE! No final do texto, a apresentação é encontrada e finalmente exibida para o mundo inteiro. Entre as respostas mostradas, uma delas traz uma teoria muito interessante sobre o surgimento da vida. Segundo essa teoria, o objetivo do Universo segue uma única diretriz: espalhar energia o máximo possível. Ao fazer isso de forma caótica, ele cria bolsões de ordem que fazem com que essa energia seja dissipada de forma mais eficiente.
E uma dessas formas é justamente a vida. Vida, portanto, não se trataria do objetivo principal do Universo, mas sim de uma forma eficiente de dissipar energia, usando pequenas concentrações de ordem (como planetas, florestas, oceanos, o corpo humano) para dar vazão ao caos.
Rejeite a antiga ordem. Abrace o caos. E projete uma nova ordem: E assim como o caos utiliza a ordem para gerar vida, nós podemos utilizar o caos para recomeçar. Ao ver nossa vida como uma terra arrasada da qual nada parece brotar, podemos nos lembrar de que nada pior pode acontecer: afinal, se já estamos no caos completo, significa que estamos no ponto zero. O ponto no qual todo avanço significa uma melhoria. Um dos segredos para abraçar o caos é justamente ter consciência da atual situação. Ficar lembrando constantemente do passado de “glória” ou pensar em coisas como “eu poderia ter feito isso de forma diferente” apenas fará com que a situação lembrada continue presente, impedindo que a pessoa consiga ter a real consciência da sua situação atual e possa se livrar dela.E se livrar da antiga ordem abraçando o caos é fundamental para que, do caos, uma nova ordem surja na vida. Uma ordem que poderá levá-lo(a) ao caminho do sucesso novamente. E é essa a ideia por trás do lema maçom: criar ordem nova onde o caos surgiu repentinamente.Essa nova ordem será tão boa quanto a anterior? Impossível saber. Ela pode ser melhor. Pode até ser pior. Mas ela será necessária. A flecha do tempo não para e nem retrocede; ela apenas avança. E o caos, na maioria das vezes, faz parte desse avanço.            Minimalismo / Caos / Ordem / Vida

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