É o que me
ocorre citar, com esta consulta árdua à Wikipédia sobre as questões que Salles
da Fonseca corporizou, nas suas viagens
de adolescente por uma Alemanha a reerguer-se, enquanto a Europa se dividia e
isolava, um leste que uma Rússia ambiciosa abraçou em feroz cortina, que ele
teve a sorte de atravessar em parte, para no-la descrever com detalhe, umas
décadas depois. E o encanto continua, não só com a sua informação, mas também
com as observações e os conceitos não isentos de malícia crítica. Em todo o
caso, era preciso arrojo para tal travessia. Mas o certo é que também a Wikipédia (com adaptação
da ortografia e sintaxe brasileiras) é um manancial de referências que nos
torna igualmente gratos.
ANDA COMIGO –
17 A CORTINA DE FERRO
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÂO, 10.05.20
Próximo
destino, Braunschweig. Seriam 300
quilómetros no sentido Sul passando novamente por Hamburgo e por Hannover,
a dos nossos cavalos mas também sede dos pneus alemães e da Casa estaminal
da «Senhora de Hannover» que, entretanto, se senta no trono da Velha Albion.
Sim,
a Casa de Hannover é de uma
família nobre alemã que foi escolhida para dar uma nova dinastia à Grã-Bretanha
em 1714 e, daí, eu
chamar à Rainha Isabel II de Inglaterra «a Senhora de Hannover». E, já não ela
mas um seu antepassado não muito longínquo, Duque de Braunschweig.
Fomos
à sede desse ex-Ducado visitar uma antiga professora de alemão dos meus
companheiros de viagem que nos conseguiu receber para jantar no seu «vasto»
apartamento T1. Mas íamos lá também porque era ali que começava o
corredor de passagem terrestre através da Alemanha soviética em direcção a
Berlim. E, dando uma
curta volta de carro, fomos ao longo da medonha «cortina de
ferro» que, vista do nosso lado, era um muro
em placas de cimento com torres de vigia espaçadas de modo a que cada torre
pudesse cobrir de metralha a distância até à torre seguinte. E eu pensei como é que aqueles Vopo’s (Volks
Polzei - «Polícia do Povo» ou «Polícia Popular»), vendo-nos do lado
de cá tão satisfeitos da vida, não aspirariam o mesmo para si próprios. Foi
então que comecei a imaginar o significado de «lavagem ao cérebro». Com
base nesta deturpação do sentido da vida, olhei para aquele muro, para aquelas
torres, seus ninhos de metralhadoras e seus fanatizados polícias e temi que
algum deles tivesse um inesperado espasmo neuro-muscular no respectivo dedo a
postos no gatilho. Eu não sabia – e continuo sem saber – quais as
instruções que aqueles desgraçados tinham – se era para estarem sempre com o
dedo a postos no gatilho durante todo o tempo de serviço ou se podiam descansar
de tantos em tantos minutos. É que se as ordens fossem de engatilharem
permanentemente, os tais espasmos poderiam acontecer inesperadamente com as
mais trágicas consequências. Nada aconteceu, passámos por dentro do campo
de fogo sem ocorrências de nota, os Vopo’s deviam ter entrado ao serviço pouco
tempo antes.
Vamos,
não vamos…?
Vamos,
não vamos…?
Fomos!
Na
manhã seguinte metemo-nos no «pão de forma» quando o Sol se levantou e pedimos
entrada no corredor para Berlim. Depois de muito morosas verificações, lá
fomos finalmente autorizados a passar. Esperavam-nos 230 quilómetros por uma
autoestrada hitleriana com registo de hora de entrada e marcação de hora máxima
de chegada. Vedações laterais ao longo de toda a autoestrada não fosse –
segundo a propaganda do Camarada Walter Ulbricht - algum ocidental tentar-se
pelo «paraíso» socialista e entrar clandestinamente por ali dentro… Mas as
tentações eram refreadas pelo que pudemos ver no trabalho rural. Afinal, as
vedações eram para os refrear a eles e não a nós. Sim, estou a ser irónico
porque seria de muito mau gosto tentar fazer humor com aqueles cenários de
escravatura. E isto passava-se em 1961, não em 1691. Camaradas, não tentem
fazer dislexia à minha frente para não passarem por um vexame.
Vimos
Magdeburgo à distância
e imaginámos Potsdam já quase no
destino. Verificada a hora, passámos em liberdade para Berlim
livre. Antes de
tudo o mais, procurar um parque de campismo. Ficámos num que não era muito
afastado do Tiergarten que é como se diz «jardim zoológico» em alemão.
(continua)
Maio de 2020 Henrique Salles da Fonseca
Tags: "viagens
na minha casa"
NOTAS DA INTERNET
Casa de Hanôver (Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.)
A Casa de Hanôver (em alemão:
Haus von Hannover) é uma família nobre europeia fundada
em 1635. Sendo uma
casa ducal, ser luterana (protestante) foi essencial para ser escolhida para dar
uma nova dinastia ao Reino da Grã-Bretanha em 1714. Exercia
influência sobre a escolha do novo imperador do
Sacro Império Romano-Germânico, pois
seu líder era também um príncipe-eleitor.
Índice
De origem germânica,
a casa de Hanôver substituiu a Casa
de Stuart na Coroa britânica em 1714, inserindo uma
nova dinastia de soberanos para o país. Antes de
adquirir a coroa da Grã-Bretanha (que se tornou Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda
em 1801) o chefe
da família era também eleitor de Hanôver e duque de Brunsvique-Luneburgo,
títulos que manteve até 1837.
A casa adquiriu o trono britânico
através do príncipe-eleitor Jorge Luís, depois da morte da rainha Ana sem descendência. A sua
pretensão baseava-se no facto de ser bisneto
do rei Jaime VI da Escócia e I de
Inglaterra através da sua mãe, Sofia de Hanôver. Havia ainda
membros mais próximos da família Stuart, como Jaime Francisco Eduardo Stuart, mas
como estes eram católicos romanos, o eleitor de confissão luterana foi
preferido pelo parlamento britânico[1] (ver
artigos sobre os episódios históricos da Reforma Protestante e Contra
Reforma).
2 - Dinastias da casa de Hanôver
Reis da Grã-Bretanha e eleitores de
Hanôver
Reis do
Reino Unido (a partir de 1801) e reis de Hanôver (a partir de 1814
Jorge III (r. 1760 - 1820) neto
Jorge IV (r. 1820 - 1830)
Guilherme IV (r. 1830 -
1837) irmão
Reis do Reino Unido
Com
a subida ao trono de Vitória em
1837 terminou a união pessoal entre o Estado de Hanôver, onde vigorava a lei
sálica, e o Reino Unido.
A
Casa de Hanôver deu lugar,
no Reino Unido, à Casa
de Saxe-Coburgo-Gota com o casamento
da rainha Vitória com o príncipe Alberto de Saxe-Coburgo-Gota.
Reis de Hanôver
Ernesto Augusto (r. 1837 – 1851) (filho de Jorge III) Sua ascensão separou as coroas de
Hanôver
e do Reino
Unido, uma vez que esta passou à rainha Vitória I.
Jorge V (r. 1851 – 1866) Filho do precedente.
Perde seus territórios para a Prússia na Guerra Austro-prussiana.
Cortina
de Ferro (Origem: Wikipédia, a
enciclopédia livre).
Cortina de Ferro foi uma
expressão usada para designar a divisão da Europa em duas partes, a Europa
Oriental e a Europa Ocidental como áreas de influência político
económica distintas, no pós-Segunda Guerra Mundial, conhecido como Guerra
Fria. Durante este período, a Europa Oriental
esteve sob o domínio (ou fazia parte) da União Soviética, enquanto os países da Europa
Ocidental se mantiveram independentes, embora formassem um bloco político com
os Estados
Unidos.
Esta
expressão célebre é utilizada para designar o domínio da extinta União
Soviética sobre os países do leste da Europa. Tal nome surgiu de um discurso do
primeiro-ministro britânico Winston
Churchill, proferido a 5 de
março de 1946 no Westminster
College, na cidade de Fulton, Missouri, nos Estados Unidos. No entanto, já havia sido usada antes no mesmo
contexto por Joseph Goebbels, Lutz Schwerin von Krosigk e pelo próprio
Churchill em Maio de 1946.
Extrato do discurso
Extrato do discurso de Churchill no Westminster
College, em Fulton, no Missouri, Estados Unidos, em 5 de
março de 1946,
citando a expressão "iron curtain" ou, em português, "cortina de
ferro":
"From
Stettin in the Baltic to Trieste in the Adriatic na iron curtain has descended
across the Continent. Behind that line lie all the capitals of the ancient
states of Central and Eastern Europe. Warsaw, Berlin, Prague, Vienna, Budapest,
Belgrade, Bucharest and Sofia; all these famous cities and the populations
around them lie in what I must call the Soviet sphere, and all are subject, in
one form or another, not only to Soviet influence but to a very high and in
some cases increasing measure of control from Moscow."
Inicialmente,
a Cortina de Ferro era separada
da região integrada pelas repúblicas europeias da União Soviética (Rússia, Armênia, Azerbaijão,
Bielorrússia,
Estónia,
Geórgia,
Cazaquistão,
Lituânia,
Letônia,
Moldávia
e Ucrânia) e os estados-satélites da Alemanha
Oriental, Polónia, Tchecoslováquia, Hungria, Bulgária
e Romênia. Todos ficavam sob o estrito controlo político e
económico da URSS. Em 1955 uniram-se
militarmente por meio do Pacto de Varsóvia. O bloco
desfez-se definitivamente em 1991, com a dissolução da URSS. O premiê inglês inspirou-se em Joseph
Goebbels em 1943 para usar esta expressão.
Os dois blocos de países
divididos pela cortina de ferro divergiam em vários aspectos:
No plano económico, o Bloco
Ocidental buscou a reconstrução no pós-guerra com o Plano Marshall, enquanto o Bloco Oriental utilizou um modelo
concorrente, o COMECON;
No plano militar, o Bloco
Ocidental constituiu a Organização do Tratado do
Atlântico Norte em 1949, enquanto que o Bloco Oriental formou o Pacto de Varsóvia em
1955. É importante
destacar que, na formação da OTAN , estão presentes, além dos países
de oeste europeu, os EUA e o Canadá;
No plano político, o Bloco
Ocidental manteve
como sistema económico o capitalismo liberal, incluindo diferentes tipos de
regimes políticos (desde democracias até regimes autoritários), enquanto que o Bloco
Oriental adoptou o modelo do socialismo
e a economia planificada, geralmente sob regimes
autoritários de partido único.
Nenhum comentário:
Postar um comentário