Que José Milhazes recorda, que comentadores de esquerda refutam, mas
que por nós passaram e ainda tem reflexos sobre a Ucrânia e o mundo que vai seguir-se, com o novo imperador
Putin… E a Internet que ilustra…
A História como arma de arremesso:
afinal, quem venceu na Segunda Guerra Mundial? /premium
Há uma diferença fundamental que o PCP
esquece entre o Acordo de Munique e o Pacto Molotov-Ribbentrop: o primeiro não
tinha protocolos secretos nem previa a partilha de territórios entre os
assinantes
JOSÉ MILHAZES OBSERVADOR, 09 mai 2020
Ainda não será no ano em que se
assinala o 75º aniversário fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) que este
acontecimento terá a celebração que merece. Disso pode-se acusar a Covid-19, mas,
mesmo que a pandemia não começasse, a data seria motivo para acesos combates
ideológicos, porque há alguns que não conseguem ou não querem compreender que
se tratou de uma vitória da
Humanidade, e tentam monopolizar a vitória sobre o nazismo e o
fascismo. Para isso,
recorrem à revisão da História, acusando os outros como no velho ditado:
“Apanha que é ladrão!”
O
Kremlin vai na linha da frente dessa ofensiva e tem em Portugal um feroz
porta-voz que parece acreditar que a Rússia de Putin é uma reencarnação da
União Soviética. Em parte tem razão, pois é evidente na nova “ideologia
putinista” a reabilitação de muitos dos crimes do regime comunista.
O
facto mais recente desse processo foi a instalação no novo templo ortodoxo,
mandado edificar pelo Ministério da Defesa da Rússia nos arredores de Moscovo,
de um painel de mosaicos onde se vê uma grande imagem de
José Estaline. Certamente que
seria mais lógico que o antigo ditador soviético, que assassinou milhares de
bispos, sacerdotes e leigos ortodoxos, fosse representado com cornos, patas de
cabra e rabo, a ser empurrado para o Inferno por algum dos arcanjos cristãos.
Mas não: o painel repete a propaganda soviética e coloca um
enorme retrato do ditador na Praça Vermelha, durante a Parada da Vitória de
1945.
Este
caso tomou dimensões tão escandalosas que até levou a Igreja Ortodoxa Russa,
instituição que não espirra sequer sem a autorização do Kremlin, a pedir que
fosse retirado o dito painel.
Como
já é do conhecimento geral, o feroz porta-voz do Kremlin em Portugal é o Partido
Comunista — e os seus numerosos
satélites: Conselho Português para a Paz e Cooperação, Movimento Democrático
das Mulheres, Partido “Os Verdes”, etc.
No último número do Avante, órgão do
Comité Central do PCP, repete-se a velha ladainha: “[Os
partidos comunistas consideram que a Vitória sobre a Alemanha nazi e os seus
aliados do Pacto Anti-Comintern foi alcançada graças ao contributo decisivo da
URSS, à natureza de classe do poder soviético, com a participação das massas
populares, ao papel dirigente do Partido Comunista, à superioridade demonstrada
pelo sistema socialista. Esta vitória constitui um enorme legado histórico do
movimento revolucionário”.
Além
disso, condena-se o “Acordo de Munique”,
documento assinado a 30 de Setembro de 1938 pelos líderes alemão, italiano,
inglês e francês, respectivamente Adolf
Hitler, Benito Mussolini, Neville Chamberlain e Edouard Daladier, como
sendo uma das causas da Segunda Guerra Mundial.
Vamos por partes. Ninguém põe em
causa o contributo decisivo da URSS, mas é preciso acrescentar que contributo
de igual envergadura foi dado também pelos Estados
Unidos e a Grã-Bretanha. Sem a participação de qualquer um destes três
países, a Segunda Guerra Mundial teria sido mais prolongada e com consequências
ainda mais catastróficas para a Europa e a Humanidade.
Quanto
à “natureza de classe do poder soviético” como contributo decisivo para a
vitória, isto só pode provocar riso.
Foi a aliança operário-camponesa que derrotou Hitler? E qual era a natureza de
classe do poder russo quando Napoleão Bonaparte foi corrido da Rússia em 1812?
A
propósito, na “Guerra e Paz” de Lev Tolstoi, o grande escritor russo esqueceu-se de lembrar qual
o partido comunista que naquela altura dirigia a Rússia!
Se
olharmos para os factos, podemos constatar que o papel do Partido Comunista
da Rússia (bolchevique), como se chamava na altura, foi mais do que ambíguo no
que respeita ao seu real papel na Segunda Guerra Mundial. O regime comunista
recorreu às formas mais cruéis de mobilização para derrotar as hordas de Adolfo
Hitler, pois em causa estava a sua sobrevivência e a de Estaline, mas também
não nos podemos esquecer que foi esse partido que, durante os anos
20 e 30, autorizou o treino de aviadores e tanquistas alemães no seu
território, violando assim o Direito Internacional da altura. E, o que é mais importante, foi
Estaline que assinou com Hitler o Pacto Molotov-Ribbentrop, que o Avante se esquece de citar, ao contrário do “Acordo de Munique”, e que Vladimir Putin
tenta de todas as formas reabilitar.
Quanto
ao “Acordo de Munique”, os
comunistas e putinistas “esquecem-se” de constatar que ele foi alvo de duras
críticas desde a primeira hora da sua vigência e, hoje, é considerado um dos
maiores erros da diplomacia europeia pela esmagadora maioria dos historiadores
ocidentais. Basta citar as palavras de Winston Churchill
sobre Neville Chamberlain quanto ao
citado acordo: “Entre a desonra e a guerra, escolheste a desonra, e
terás a guerra”.
Os
citados justificadores do Pacto Molotov-Ribbentrop não gostam também das verdades inteiras, mas recorrem
a meias-verdades ou a puras mentiras para justificar as suas posições. Primeiro, o citado acordo não permitiu a
Estaline ganhar mais tempo, pois Hitler entre Setembro de 1939 e Junho de 1941
também não esteve de braços cruzados. Milhares de comboios partiam da União
Soviética para a Alemanha nazi carregados de cereais, minérios estratégicos,
etc.
Além
do mais, há uma diferença fundamental entre o “Acordo de
Munique” e o Pacto Molotov-Ribbentrop. Ao
contrário do segundo, o primeiro não tinha protocolos secretos, nem previa a
partilha de territórios entre os assinantes. A Alemanha ganhava territórios,
mas a Inglaterra e a França, não! O pacto soviético-alemão, como é sabido, previa
a ocupação dos países bálticos e de parte da Polónia pelo Exército Vermelho. A
revisão histérica da História acelerou na Rússia em 2014, depois da ocupação
da Crimeia e de parte do Leste da Ucrânia por tropas russas. Era preciso encontrar rapidamente justificações
para essa violação descarada do Direito Internacional. Por essa altura, Andranik Migranian, conhecido comentador político russo, director do
Instituto da Democracia e da Cooperação, instituição criada em Nova Iorque e
financiada pelo Kremlin, escreveu: “É preciso distinguir Hitler até 1939 e
Hitler depois desse ano e “separar as águas”. O facto é que enquanto Hitler se
dedicou à reunião de territórios e, se ele, como afirmou o próprio Zubov,
ficasse famoso só porque, sem derramar uma gota de sangue, reuniu a Alemanha
com a Áustria, os Sudetas com a Alemanha, Memel com a Alemanha, conseguindo, de
facto, fazer aquilo que não conseguiu Bismarck, e se Hitler estivesse parado
aí, ficaria na história do seu país como um político da mais alta categoria”.
Todos sabemos quem realizou a ideia
da ocupação dos territórios ucranianos…
E não posso deixar de terminar este
artigo com um agradecimento profundo a todos os soldados e oficiais dos países
aliados que esmagaram a hidra nazi. Esses deverão ser sempre recordados com
carinho e admiração e não precisam de revisões da História para se sentirem
orgulhosos.
NOTAS DA INTERNET
UCRÂNIA Origem:
Wikipédia, a enciclopédia livre.
Coordenadas: 44°-52°
N, 22°-40° O A Ucrânia (em
ucraniano: Україна, Ukrayina,
pronunciado: [ukrɑˈjinɑ])
é um país da Europa Oriental que faz fronteira com a Rússia a
leste e nordeste; Bielorrússia a noroeste; Polônia, Eslováquia
e Hungria a
oeste; Romênia
e Moldávia
a sudoeste; e Mar Negro e Mar de
Azov ao sul e sudeste, respectivamente. O país possui um território que
compreende uma área de 603.628 quilômetros quadrados, o que o torna o maior
país totalmente no continente
europeu. O território ucraniano começou a ser habitado há cerca de
44 mil anos e acredita-se que a região seja o lar da domesticação
do cavalo e da
família de línguas indo-europeias. Na Idade
Média, a nação se tornou um polo da cultura dos eslavos
do leste, conhecido como a poderosa Rússia de Quieve. Após a sua fragmentação
no século XIII, a Ucrânia foi invadida, governada e dividida por uma variedade
de povos. Uma república cossaca surgiu e prosperou durante os séculos XVII e XVIII,
mas a nação permaneceu dividida até sua consolidação em uma república soviética no século XX. Tornou-se
um Estado-nação independente apenas em 1991. A Ucrânia é considerada o "celeiro da Europa" devido à fertilidade de suas terras. Em 2011, o país era o terceiro maior exportador
de grãos do mundo, com uma safra muito acima da média. A Ucrânia é uma das
dez regiões mais atraentes para a compra de terras
agrícolas no mundo. Além disso, tem um setor de manufatura
bem desenvolvido, especialmente na área de aeronáutica e de equipamentos industriais.
O
país é um Estado unitário composto por 24 oblasts (províncias), uma república
autônoma (Crimeia)
e duas cidades com estatuto especial: Quieve, a capital e maior cidade, e Sebastopol, que abriga a Frota do Mar Negro da Rússia sob um
contrato de leasing.
A Ucrânia é uma república sob um sistema semipresidencial com separação dos poderes legislativo, executivo
e judiciário. Desde a dissolução da União Soviética, o país
continua a manter o segundo maior exército da Europa, depois da Rússia. O país é o lar de 42 milhões de pessoas,
77,8% dos quais são ucranianos étnicos, com minorias de russos (17%), bielorrussos
e romenos. O ucraniano é a língua
oficial e o seu alfabeto é cirílico. O russo
também é muito falado. A religião dominante é o cristianismo ortodoxo oriental, que
influenciou fortemente a arquitetura, a literatura e a música do país.
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