A opinião de JMT sobre a nova exigência de medição da temperatura dos
trabalhadores sendo bem justificável por se tratar de medidas sanitárias
necessárias é, para outros, demonstração de prepotência e arbitrariedade dos
governos, na recolha de dados pessoais, o que nem todos aceitarão de boa mente,
incluindo tal medida no universo lúgubre dos controladores do mundo, bem
contrário ao que define o homem na sua responsabilidade existencial de ser
livre, num universo concentracionário, embora. Mas eu gostei do seu texto, desempoeirado e simples, talvez simples demais para esses alguns que o condenam
com maior ou menor saber ou acrimónia.
Se os dados do meu telemóvel servirem
para me tirar de casa mais depressa, e me ajudarem a manter fora de casa
durante mais tempo, então eles estão a ser, em primeiro lugar, úteis para a
minha vida.
Como
boa parte das pessoas, também eu já consumi uma dose generosa de filmes sobre
organizações maléficas que querem controlar o mundo, sou sensível a tentações
totalitárias e li atentamente a minha edição do 1984. Ainda assim, compreendo mal os defensores da
protecção absoluta da divulgação de dados pessoais, e o tique exasperante que
os leva a sacar do revólver mal se começa a falar no tema, ainda que em
contexto de pandemia.
É
como se as democracias fossem sempre antecâmaras de futuras ditaduras e
vivêssemos dentro de uma nova versão do velho poema de Brecht: “Primeiro, pediram-me para tirar a temperatura à porta
da fábrica e eu deixei/ De seguida, pediram-me o telemóvel e eu entreguei/ Agora
levaram-me a mim, e quando percebi já era tarde/ Não tinha maneira de telefonar
a alguém.” Um bocadinho
dramático, não?
Infelizmente,
não é só dramático – é uma coisa que não resiste à lógica, por várias ordens de
razões. Em primeiro lugar, por uma questão de proporção. Para o caso de os
defensores radicais da privacidade dos dados não terem reparado, estamos todos
enfiados em casa.
Os
que recusam que se use a tecnologia de geolocalização para combater a covid-19
aceitaram (até porque não tinham outro remédio) confinar-se por ordem do
governo – haverá coisa mais atentatória das liberdades
individuais? Como é
possível considerar, neste contexto (e cito a Comissão Nacional da Protecção de
Dados), que é proibido medir a temperatura de um funcionário à
entrada de uma fábrica, por se tratar de “dados sensíveis,
reveladores de aspectos da vida privada do trabalhador”? O meu patrão saber
que estou com 39 graus de febre é de alguma forma semelhante a “gosto que me
batam com chibatas e me chamem Osvaldo”? Como? Onde?
Em segundo lugar, por uma questão de
coerência. Estamos a
colocar trancas numa porta arrombada. A parte da nossa privacidade que
interessa às empresas (os hábitos de consumo) ou ao Estado (a informação
fiscal) já está mais do que invadida. Com essa, vale a pena preocuparmo-nos.
Com uma app direccionada para combater a covid e as devidas garantias de que os
dados permanecem anónimos e serão destruídos ao fim de 15 dias, não vale.
Em terceiro lugar, há ainda a questão
existencial. Alguém
deveria explorar esta ideia (fica a sugestão para a sequela de 1984): “Big Brother
is watching you – but he doesn’t give a damn.”
Nós achamos sempre que o mundo está interessadíssimo na nossa existência
particular, e que no último andar da torre mais alta da cidade está um homem
sentado à frente de mil ecrãs a seguir os nossos passos. Lamento dar-vos a má
notícia: estamos a atribuir a nós próprios uma importância que não temos.
A
maior parte dos seres humanos é como as abelhas ou as formigas: circulam de
forma disciplinada pelos mesmos lugares, praticam actividades banais e são
todos assustadoramente parecidos uns com os outros. Nós sonhamos que os
governos querem os nossos dados para controlar as coisas extremamente
relevantes que fazemos, talvez porque gostássemos de fazer coisas extremamente
relevantes.
Contudo,
com excepção do Unabomber e poucos mais, as regras de sociabilidade são uma
rede de controlo bem mais apertada do que a mais poderosa tecnologia. Se os
dados do meu telemóvel servirem para me tirar de casa mais depressa, e me
ajudarem a manter fora de casa durante mais tempo, então eles estão a ser, em
primeiro lugar, úteis para a minha vida. É aproveitar. Dêem-me essa app, que eu
instalo-a hoje mesmo.
Jornalista
TÓPICOS:
OPINIÃO
PRIVACIDADE COVID-19 CORONAVÍRUS REDES SOCIAIS APLICAÇÕES COMISSÃO
NACIONAL DE PROTECÇÃO DE DADOS
COMENTÁRIOS:
Janus INICIANTE: JMT a ser JMT, mais uma cheia de nada, um monte de
banalidades. O tema é desinteressante e, além disso, não consegui ver um
argumentozinho para rebater, se fosse caso disso. E isto é mau para a
irrelevância do opinador. E também é mau para o jornal, pois desperdiçou um
espaço precioso para fazer dinheiro em publicidade, que tanta falta faz em
tempo de crise. Mas se calhar sou eu que estou a ver mal, paciência, fica pra
próxima! Ele gosta de malhar e eu gosto de malhar nele, não sei explicar isto,
já pensei em ir ao terapeuta, mas a clínica está fechada. Isto é o que se chama
encher balões, está a perceber JMT? Ah! E as minhas desculpas a quem estiver a
ler isto! 30.04.2020
_ EXPERIENTE: O JMT aborda o
tema de forma sensacionalista e leviana, na minha opinião. E revela ignorância
neste tema em particular. Mas não é um ignorante. Por exemplo, só um exemplo.
Os dados recolhidos podem valer milhões quando vendidos. Está esta
"app" e "tecnologia" que o JMT apregoa de forma livre desta
possibilidade. Ou pura e simplesmente o mundo é linear e batemos palmas quando
vendem os nossos dados com um falso propósito, por exemplo esta pandemia? É
isto JMT. Somos desempoeirados e descomplexados mas estas questões depois
existem e são chatas. Desculpa. 30.04.2020
Novo Humbo MODERADOR: É um fenómeno
que não consigo explicar, a tal recusa “tout court” de usar tecnologias para
este tipo de soluções (…que não, repare-se, a oposição a procedimentos e
soluções específicas que, de forma curial, devem ser sempre sujeitas ao devido
escrutínio…). As pessoas partilham voluntária e alegremente todo o tipo de
dados pessoais com multinacionais, para benefício das próprias e, por
consequência e quando assim secretamente acordado, com os serviços de
informações dos países onde essas multinacionais têm sede mas recusam-se a
fazê-lo num âmbito nacional, para benefício directo da sociedade em que se
inserem. É uma relação com as tecnologias de informação que mais parece uma
surreal inversão da expressão inglesa, “Have your cake and eat it too”.
30.04.2020
jose antunes INICIANTE Vamos a um cenário: Daqui a uns meses descobre-se que
a Covid-19 não é inóqua para quase todos e deixa sequelas; ou que se torna uma
doença crónica incapacitante. Tudo isto é ainda possível. E, azar dos azares,
os dados da tal app caem no domínio público, ou porque são pirateados ou porque
alguém não respeitou a custódia dos dados. A partir daqui, nada impede que uma
companhia de seguros se recuse a fazer um seguro de saúde a uma dada pessoa (ou
a alguém da sua família, dado que a doença é contagiosa) sem ter que alegar
nada em concreto. Ou até pode alegar, porque essa pessoa terá que colocar uma
cruz a dizer que não teve Covid-19, sob pena do seguro não ser válido. Claro
que alguns já andam muito contentes a pôr no facebook que estiveram doentes.
Fazem mal. No meu telemóvel? Não, obrigado 30.04.2020
AM EXPERIENTE: Todas
as questões que levanta são pertinentes e, a principal de todas, a custódia dos
dados. Quem partilha inocentemente, com familiares e "conhecidos" o
seu estado de (ex-)infectado talvez venha a lamentar amargamente tê-lo feito -
esse, afinal, nem se pode queixar de intrusão. Para os restantes ficará sempre
um registo que por vias mais ou menos ilegais/ilegítimas chegará ao
conhecimento de seguradoras (e outros interessados) que até estão integradas em
grupos detentores de hospitais privados e laboratórios de análises e que acabam
por ter acesso a dados que não lhes dizem directamente respeito... dou-lhe
total razão, facilitar-lhes (ainda mais) a vida dando-lhes via verde para
acesso e tratamento dos meus dados residentes nos meus dispositivos pessoais,
não, obrigado! 30.04.2020
Luis Rocha INICIANTE: 1) Isso tudo poderia já acontecer com as suas
transações de multibanco, o cartão continente ou farmácia (comprou aspirina
eantitussicos em Março!), o que está registado no NIF, na sua clinica ou
hospital prvado, etc, etc. 2) Por isso os governos fazem leis que não permitem
às seguradoras discriminar por isto ou aquilo; COVID seria uma se fosse o caso
da sua hipótese. Entretanto, na Coreia do Sul e no Taiwan com esta tecnologia
morrem 100x menos pessoas por cana milhão de habitantes.... 30.04.2020
MODERADOR: Vejo neste fórum
muitos iniciantes com enorme potencial de enriquecer as ideias aqui discutidas.
Sim, indiscutivelmente. Muito bons! 30.04.2020
angelomiguelster
INICIANTE: Eu acho que o JMT está farto é de estar
em casa e já dá tudo e mais alguma coisa para sair do "cativeiro"
julio amado INICIANTE: A questão circula por aí. Parece-me um artigo bem
escrito na defesa de uma posição, com a qual não concordo. 30.04.2020
Ceratioidei EXPERIENTE: Sinceramente, não percebo em que é que o controlo
através do telemóvel pode prevenir o covid-19 ou outra doença qualquer. Tenho
alergia a pólen, as flores das árvores e os fenos dão-me dor de cabeça, nas
narinas, fico com cara de tomate maduro e cansada, às vezes tenho febre. De
resto renovo as vacinas regularmente. O controlo externo serve para quê? O meu
médico é a única pessoa em quem confio, é ele quem me protege e para isso não
usa o telemóvel. Saudações ao big Brother, que fique bem longe e vá controlar o
raio que o parta. Tenho dito. 30.04.2020
alexandre INICIANTE: Teria sido possível organizar um 25 de Abril
se em 74 o estado tivesse informação sobre a localização de toda a gente? A
questão da privacidade não é não nos fazer diferença agora abdicar dela, é se
no dia em que precisarmos não a tivermos. 30.04.2020
_EXPERIENTE: Muito, muito, muito, muito bem colocado. Obrigado.
30.04.2020
Joao Silva.904557INICIANTE: Tenho acompanhado a carreira do JMT e gostava do seu
estilo e de dizer o óbvio de forma livre, bem escrita e por vezes ingénua. Esse
espírito liberal faz falta no nosso País. Aos poucos tem vindo a afastar se
desse registo simples e descomprometido. Tornou-se crescentemente persecutório
e ofendido. E este artigo causa-me muita tristeza porque é como um corolário desse
afastamento da sua originalidade e liberdade iniciais. A frase “ estamos a
atribuir a nós próprios uma importância que não temos. A maior parte dos seres
humanos é como as abelhas ou as formigas...” é a antítese de um espírito
liberal e do respeito da dignidade humana... enfim espero que regresse o
velho-novo JMT após esta crise.
30.04.2020
Caetano Brandão INFLUENTE: JMT tem toda a razão na minha opinião. Estou farto de
dizer aqui que a privacidade é e vai ser cada vez mais um mito: estamos a
entrar definitivamente na era da inteligência artificial e só não percebe isto
quem anda a dormir ou a sonhar com o passado. A meu ver a perda da privacidade
traz genericamente muitos mais benefícios que prejuízos.
Carlos Cunha INICIANTE: Caro JMT, não basta ter telemóvel, tem que ser um
smartphone com contrato com uma operadora que permita a utilização de dados
móveis e terá obviamente que carregar a app. Nem toda gente "cumpre"
estes requisitos. Só falta passarem a ser de obrigação universal, ou promovam
discriminação social.
Mario Coimbra EXPERIENTE: Caro JMT, tenho muitos mixed feelings e pouca
confiança nos sistemas de segurança informáticos. Portanto, como é opcional e
se alguém quiser aderir, força. Eu só mesmo obrigado e se a situação estiver
numa catástrofe tal que não há outra opção. 30.04.2020
Gil Paulo INICIANTE: Lamentos: percebo muito mal a atribuição de ‘títulos’
a comentadores. Pasmam-me os “moderadores’, entre os comentadores, aqui no
Público e noutras publicações. Estão nos extremos, salvo raras excepções, para
manter a memória da perseguição, repressão, violência, não permitindo a zona
cinzenta, e debitando a ‘morte’, ‘chibatada’, ‘clausura’, ‘ostracização’,
‘silenciamento’, etc. dos mensageiros, sem se esforçarem para atacar-lhes as
ideias. O cérebro tem mais trabalho a processar o cinzento, do que o preto e
branco. Estar nos extremos é fácil. Ser cinzentão é difícil, porque obriga a
compreender (aceitar ou não, é outra questão) todos os quadrantes. Senhores
‘moderadores’, pensem, pensem muito. O jornal e o espaço de comentários, não
são vossos – são de todos! Obrigado. 30.04.2020
OldVic1 MODERADOR: A categoria de moderador é atingida pela
acumulação de pontos resultantes de coisas como a publicação de comentários e a
aprovação de comentários de outros leitores. Se continuar a publicar aqui verá
a sua categoria a evoluir gradualmente, e poderá assim chegar a moderador, a
seu tempo. 30.04.2020
o gaivotas INICIANTE: a avaliar por alguns dos comentários, parece que a
maralha ainda não percebeu bem que estamos em guerra!! Quando as coisas
melhorarem, se melhorarem, pode sempre desinstalar a app, e ir a correr para o
feicebuque postar fotos das férias e das refeições nos restaurantes, etc viva a
privacidade!
Eduardo Guevara.885833 INICIANTE: Em guerra? Metade dos soldados passeia-se nos
calçadões da Póvoa de Varzim, nos parques desportivos onde nunca tinham estado,
nas praias, em Tróia e um pouco por toda a parte enquanto que a outra metade
luta? Qual foi o General que assinou a dispensa dos ignorantes? É uma guerra que
só traz prejuízos a quem tem dois dedos de testa. Queria eu ser como o gato do
Fernando Pessoa e a guerra acabava hoje, não sendo, prefiro deixar a minha
privacidade intacta. Instalem obrigatoriamente a aplicação a todos quanto forem
apanhados sem motivo pelas ruas. 30.04.2020
Tiago Vasconcelos INICIANTE: Eduardo, durante uma guerra também há
tontos que se passeiam despreocupamente ao ar livre durante os bombardeamentos... 30.04.2020
Degui INICIANTE … velho poema de Brecht: “Primeiro, pediram-me
para tirar a temperatura à porta da fábrica e eu deixei…" Não sei se o JMT
se refere ao “poema” “First they came for the socialists, and I did not speak
out—because I was not a socialist …" que, na verdade, é atribuído ao
pastor germânico Martin Niemoller.
Magritte EXPERIENTE: Mais uma pérola da polémiquice. O Público não se põe a
pau, e com opinião deste calibre vai perder leitores. Olhem para o Expresso e
quem lá escreve, acham que estão ao mesmo nível? Olha que não... 30.04.2020
Tiago Vasconcelos INICIANTE: A maioria dos que escrevem no Expresso não tem metade
da sagacidade e sentido de oportunidade que JMT tem. (Nota: republicação de
comentário censurado por um esquerdista autoritário; os abusos de moderação
neste jornal prosseguem impunes) 30.04.2020
luis azevedo INICIANTE: Caro João Miguel Tavares, faça favor. Partilhe o que
lhe apetecer. Daí a querer que os outros vai uma distância. O ponto é que os
estados são dados a abusos. Basta ver o que se está a passar agora com a
passagem do Estado de Emergência para outra coisa qualquer, a que chamam Estado
de Calamidade, que é uma figura que nem sequer existe. O Estado de Emergência
era tão grave tão grave, que teve de ser pedido pelo PR, e aprovado pelo
Governo e pela AR. A situação de Calamidade, Segundo o governo dá os mesmos
poderes, e pode ser DECRETADA pelo governo. É sempre devagarinho que as coisas
começam… Hoje é para controlar a COVIDE, amanhã poder ser para controlar se sai
de casa, se vai votar, se excede os limites de velocidade.
OldVic1 MODERADOR
Tenho em casa alguns telemóveis "burros", dos que só podem ser
localizados por triangulação das antenas por mandado judicial, prontos a serem
reactivados se necessário; e em caso de necessidade, até posso perfeitamente
desligar tudo e viver sem telefone móvel. Tenho apenas que estar atento aos
desenvolvimentos desta questão, e acho que é o que todos devemos fazer, a bem
da liberdade individual.
Gustavo Garcia MODERADOR: Se for opcional, tudo bem. Cada um abdica do que quer
em troca da ilusão de segurança... Desde que mantenham algum controlo dos
imbecis que não respeitam o distanciamento, dos idiotas que podendo trabalhar
em casa insistem em sair e dos palermas que acham que o dinheiro que dão a
ganhar aos outros é mais importante que a sua vida e a de outros, tudo bem. O
importante é não usar uma ferramenta deste género para o laxismo que, mesmo com
estados de emergência, ainda se foi testemunhando por aí. Não se esqueçam que a
segunda vaga vem aí e, se relaxarmos demasiado, se confiarmos que uma app nos
manterá seguros (impossível), então será muito, muito pior do que já foi. Já
agora, por que raio precisa JMT de sair de casa? O seu trabalho é daqueles que
nem o obriga a sair da cama... 30.04.2020
jmtavares EXPERIENTE: Caro Gustavo, você sabe qual é o meu trabalho? A minha
vida não é só escrever aqui no Público, por mais estranho que isso lhe possa
parecer. 30.04.2020
Luis Rocha INICIANTE: Muito bem,
finalmente alguém diz o necessário sobre a questão da privacidade e o
rastreamento digital. Além disto, seria bom que se lembrassem do que são
legalmente "Doenças de Notificação Obrigatória." Enquanto aqui se
discute se a temperatura de um trabalhador pode ser medida à entrada do
emprego, Taiwan, Hong Kong, Coreia do Sul e outros continuam a sua vida (e
economia) fora de casa com uma mortalidade mais de 100 vezes menor que a nossa
(e mais de 1000 vezes menor que a de Nova Iorque). 30.04.2020
jcmimar INICIANTE: Algumas diferenças de opinião à parte, sobretudo em
questões de detalhe, o que é normal, parece-me que a crónica, no essencial,
desdramatiza razoavelmente bem a questão. Estamos numa situação diferente e
coisas diferentes tratam-se de maneira diferente. Tentações autocráticas
ocultas nesta medida? Não parece. É bom não esquecer que caso emergisse
um regime autocrático, dos verdadeiros, não dos imaginários, medidas deste tipo
seriam implementadas, juntamente com a instalação de câmaras para
reconhecimento facial biométrico (há excelentes softwares), não ia ser pedida
licença para tal, e os "bons dos cidadãos" iriam queixar-se em casa,
em voz baixinha (por causa das paredes), ou então partiam para o exílio, caso
pudessem. Andam realmente a ver-se muitos filmes "big brotherianos".
Enfim... 30.04.2020
Tiago EXPERIENTE: "(...) medidas deste tipo seriam implementadas,
juntamente com a instalação de câmaras para reconhecimento facial biométrico
(há excelentes softwares), não ia ser pedida licença para tal (...)" A
implementação deste tipo de câmaras foi anunciada pela MET Police em Londres,
no início deste ano... p.s. e não foi
"pedida licença para tal"... Just sayin', like it or not. 30.04.2020
Oscar Veloso.371832 INICIANTE. Estranha abordagem de trade off entre direitos
individuais. Ou fico em casa ou cedo a minha geolocalização. Que tal nenhuma
das duas? E quanto a ninguém querer saber da nossa vida, os dados que as
finanças são um bom exemplo da forma como são indevidamente utilizados, quer
pelas próprias finanças, quer por outras autoridades públicas. 30.04.2020
Tiago EXPERIENTE: Fossem todos os meus problemas apenas "ser
vigiado" e muito bem estaria eu. Mas não, o mais difícil é abstrair-me
desta constante sensação de trabalhar e trabalhar para construir castelos de
areia à beira do mar e de ter e ver entes queridos terem um 'x' marcado na
pele, marcados para abate...
Com todos os seus defeitos, a minha mãe, servidora pública hoje reformada com
75 anos, que independentemente das suas visões políticas sempre serviu com
igual empenho e dedicação a todos aqueles que a presidiram, não o merecia. E
menos ainda a sua prima direita, cujo filho se dedicou à política e desejava acima
de tudo servir com ética a sua terra e gente, que não merecia o ver ser
enterrado. Deram-lhe em troca o nome a uma rua (!), rua hoje vazia, numa vila
mais pobre onde caminha uma mãe desolada. 30.04.2020
MODERADOR: Antes a
responsabilização individual e o e-learning colectivo onde se insere o
policiamento das regras. Como não acredita prefere uma operacionalização do
tipo "quanto pior melhor" à sombra do politicamente correcto. Na
verdade o admirável mundo novo basear-se-á no laboratório social da ditadura
comunista capitalista chinesa. 30.04.2020
Fugo EXPERIENTE: Cá eu, um perfeito anónimo, entre milhões deles, com
os mesmos hábitos, estou-me nas tintas para as geolocalizações. Digam-me qual é
a app que eu instalo-a neste instante mesmo. Os meus colegas, amigos e
familiares são muitíssimo mais intrusivos que qualquer app. 30.04.2020
antoniofialho1 INICIANTE: Uma das principais ferramentas que os países que
controlaram melhor a epidemia, nomeadamente a China, Singapura, usaram essas
tecnologias de controle através do telemóvel. Em Portugal a maioria dos
cidadãos vai colaborar na forma mais eficaz de combater a propagação, o
comportamento preventivo de cada um. O problema são aqueles que nada percebem
do que é viver em sociedade, o que é a cidadania. As nossas crianças desde cedo
são educadas nos valores da vida em sociedade e assumem esses deveres. Mas quem
não nasceu cá, ou é educado com outros valores, não se pode esperar que cumpra
esses deveres. Observem onde proliferam os focos desta pandemia neste momento.
Por exemplo, Como esperar que refugiados que não foram aqui criados assumam os
deveres como cidadãos e cumpram as regras ? 30.04.2020
Taxon INICIANTE: Grande argumentação. Tem toda a razão, de facto nas
imagens passadas nas tv's, em plena crise e que todos pudemos ver, dos passeios
na Póvoa, o que se viam mais eram refugiados e sua prole. Aliás, a boçalidade é
um exclusivo dos estrangeiros.
Domnall Mór Ua Briain MODERADOR Certamente, para defender o que escreve, esquecer-se
que está em prisão domiciliária "à la carte" um tal de Ricardo
Salgado. Se o dito arguido anda por onde quer e lhe apetece, porque é que os
portugueses que nunca foram constituídos arguidos ou condenados a prisão
domiciliária têm que ser vigiados e controlados? Se o colunista me explicar o
ratio entre o prejuízo causado pelo Covid-19 e o prejuízo causado por Ricardo
Salgado pode ser que aceite ser "vigiado". 30.04.2020
Mario Coimbra EXPERIENTE Caro.... não compare. Os prejuizos do
Covid fazem RSalgado parecer menino de coro jcmimar INICIANTE Misturam-se aqui alhos com bugalhos. 30.04.2020
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