Por razões simultaneamente egoístas e generosas.
Egoístas, para não ser sujeita às torturas dos sofrimentos próprios da velhice
desarmada. Generosas, para não dar enfado a quem tenha de suportar o fardo em
que me tornarei. Mas por enquanto, só desejo que isso de morte súbita não venha
a suceder ao génio criativo de humor sadio de Alberto Gonçalves, que nos
ajuda a ir sobrevivendo, apesar dos excessos nas vacinações e outros artefactos
proibitivos de um viver menos sombrio.
Há gente mortinha por dar nas vistas
Incansáveis, os “especialistas” do
costume avançam com múltiplas causas para a pandemia de “morte súbita”, uma ou
duas causas por “especialista”.
ALBERTO GONÇASLVES, Colunista do Observador OBSERVADOR; 30
jul 2022, 00:236
Cá
e lá fora, tem-se falado muito do excesso de mortalidade. Bem, para dizer a
verdade, não se tem falado tanto quanto isso. E o relativo silêncio é curioso.
Durante dois anos, fechou-se metade da humanidade para evitar, sem particular
sucesso, mortes desnecessárias. Agora que as mortes desnecessárias continuam
a acontecer, as “autoridades” e os “media”, tão caridosos e aflitos em 2020 e
2021, não lhes ligam nenhuma.
Uma
possível explicação prende-se com o facto de não se conseguir imputar à Covid
todo o “superavit” vigente de falecidos. Longe vão os saudosos tempos em que
cada finado, incluindo os que se finaram sob os eixos de um autocarro, partia
“de”, “com” ou “por” Covid. Reduzir a realidade ao bicho que veio da China
conferia a esta o estatuto de maior cataclismo desde o Dilúvio, facilitava o
enchimento de “telejornais” e emprestava aos políticos a possibilidade de
fingirem resolver uns problemas enquanto criavam problemas maiores. O povo,
entretido com o medo e a Netflix, agradecia tudo.
Por
azar, a presente vaga de óbitos a mais – que atinge a maioria do Ocidente e
cuja vanguarda Portugal naturalmente integra – não se esgota na Covid. A
presença da Covid, decerto medida com o rigor habitual, justifica apenas uma
parte dos óbitos. Uma
segunda parte, desconfio, são os infelizes que não foram consultados,
diagnosticados, medicados ou operados a pretexto de a Covid não ceder espaço a
leviandades como cancros e maçadas cardiovasculares. Se ninguém lhes ligou na
altura devida, é compreensível que se mantenham desprezados na altura da morte.
Sucede
que uma terceira, e pelos vistos significativa, parcela do actual excesso de
defuntos não morre nem de Covid nem de enfermidades “tradicionais”. Morre de
quê, então? Ui, isso é complicado. Para início de conversa, é preferível
descrever como esses coitados morrem: de repente. E de repente
também, a “morte súbita” parece ter saído das anomalias estatísticas para se
tornar um critério relevante na contabilidade das funerárias. Quais são os
sintomas desta doença inesperada (em vários sentidos)? O grande Mark Steyn
enumera ambos: num momento, estamos bem; no momento seguinte, estamos
mortos.
É
claro que a ciência estará a tentar descobrir os motivos do fenómeno.
Desgraçadamente, os pantomineiros que saltitam pelas televisões e pelos jornais
chegaram antes. Incansáveis, os “especialistas” do costume avançam com
múltiplas causas para a pandemia de “morte súbita”, uma ou duas causas por “especialista”.
A
consulta ao Google, o nacional e o estrangeiro, é inspiradora. Há os
“especialistas” que vão pelo seguro e se ficam por trivialidades. É possível,
dizem, que essas mortes se devam ao calor, tese que funciona sobretudo quando
está quente, mas que depressa se adapta ao frio e, com jeito, ao clima ameno. A
lacuna da tese é o calor, o frio e as temperaturas intermédias serem coisas
velhas, e a quantidade de “mortes súbitas” coisa nova. É aí que
os “especialistas” jogam o trunfo: o aquecimento global. Ou as alterações
climáticas. Ou a emergência climática. Ou o suicídio colectivo climático, para
usar o neologismo fresquinho do eng. Guterres. Recapitulando, as pessoas morrem
repentinamente de calor, de frio e, quiçá, da angústia de sentirem o planeta em
risco. Estamos entendidos?
Não
estamos. Inúmeros “especialistas” empenham-se em fugir ao óbvio e pesquisam em
lugares improváveis a razão para que milhares de sujeitos bem dispostos
desatem, num ápice, a esticar o pernil. As hipóteses que se seguem são
retiradas da imprensa britânica, a qual, ancorada no conhecimento dos sábios,
atribui as “mortes súbitas” a: 1) Aumento da factura da luz; 2)
“Stress” pandémico; 3) Fanatismo futebolístico; 4) Cigarros electrónicos; 5)
Bebidas alcoólicas, mesmo que ocasionais; 6) Falhar o pequeno-almoço; 7)
Obsessão com previsões meteorológicas; 8) Dietas não saudáveis; 9) Dietas
saudáveis; 10) Microorganismos sortidos; 11) Sedentarismo; 12) Prática de
desporto; 13) Medo da guerra na Ucrânia.
Por mim, acrescento ainda a herança colonial, o racismo sistémico, a supremacia
branca, o heteropatriarcado, o capitalismo selvagem, o capitalismo domesticado,
os transportes privados, a discriminação de transgénero e as ameixas maduras. E
as ameixas verdes, evidentemente.
Face
a tamanha profusão de explicações, é compreensível que alguns países ou regiões
prefiram evitar a especificidade na hora de apontar culpas. A província de
Alberta, no Canadá, começou a imputar as “mortes súbitas” a “causas
desconhecidas”. Hoje, é oficial: as “causas desconhecidas” são, destacadas, a
principal causa de morte em Alberta e, provavelmente, noutros sítios que
tivessem a decência de assumir a ignorância. Curioso. No fim do primeiro
quartel do século XXI, com os portentosos avanços da medicina de que dispomos, morremos
sobretudo sem saber porquê. Se somarmos a isto a perseguição à
propriedade privada e a entrada dos insectos nas ementas, não tarda que a
evolução da espécie nos devolva ao orangotango.
Porém,
não vou divagar. Nem especular sobre as novidades e as mudanças que, no mundo dos
últimos 15 ou 18 meses, seriam susceptíveis de influenciar a mortalidade. Não
me apetece polémicas. À cautela, admito que o provável é os mortos em
excesso morrerem por defeito, o defeito da vaidade. Vai-se a ver e
aquilo é gente que quer ser diferente e anda mortinha por dar nas vistas. Gente
assim faz o que calha para aparecer. Incluindo desaparecer.
MORTE SOCIEDADE MEDICINA CIÊNCIA
COMENTÁRIOS:
Carlos Almeida: Excelente com (quase) sempre! Muito boa a dose de sarcasmo com pitada de
bom humor. Amigo
do Camolas: Se
realmente houver uma disputa de ideias entre a realidade e o coronavírus,
parece que a realidade está realmente a ganhar. E quem ignorou que talvez
devêssemos apenas seguir com a vida. Porque a alternativa não se parece muito
com ela, está a levar uma cabazada (em número de mortos). Mas com um governo que fechou praias, parques, empresas, igrejas, escolas,
festas de aniversário, restaurantes, lojas, bares, cafés, parques, funerais e
centenas de outros locais, reuniões e eventos em todo o país para salvar o SNS,
não pode agora fazer absolutamente nada para evitar que os hospitais públicos
fechem por falta de condições. Está tudo dito. Eduardo
L: A vasta maioria
da população foi inoculada com o injectado experimental a que se decidiu chamar
'vacina contra a covid'- depois do CDC mudar a definição de vacina, porque a
dita cuja não evita nem a infecção nem o contágio nem coisa nenhuma. Sabe-se
já há muito (Saúde Pública inglesa) que a dita 'vacina' impacta e constrange o
sistema imunitário dos que a tomaram tornando-os mais vulneráveis à infecção.
Além disso tem outros inúmeros efeitos secundários como miocardites e AVC's.
E muito provavelmente outros ainda desconhecidos; não esqueçamos que uma vacina
normal leva vários anos (5-10) a ser posta no mercado; esta foi posta em meses!
A verdade virá sempre ao de cima (quero acreditar). Assim sem especulações HÁ
que estudar o assunto seriamente a verificar se existe alguma relação entre o
facto de as pessoas terem sido 'vacinadas' e o inegável excesso de mortalidade.
Isto é da responsabilidade das autoridades de saúde. O que não se pode é
continuar a insistir inconscientemente em 'boosters' da 'vacina' sem ter ido ao
fundo do assunto da mortalidade excessiva. Podem estar a mandar pessoas para a
morte, por negligência. Também é crime! Lidia Santos:
Maravilhoso. Parabéns. Fernando Cascais: Uma sociedade envelhecida muito
dependente do Viagra. Depois exageram, em vez de tomarem um comprimido de vez
em quando, armam-se em John Holmes e tomam dois e três ao mesmo tempo.
Resultado; as mulheres expulsam-nos de casa, eles, perdidos, de cuecas na rua
agarrados à coisa com as duas mãos acabam a trepar pelos postes de
electricidade e quando se apercebem do preço da energia, a coisa murcha, tem um
fanico e morrem de morte súbita. Já agora para quando o subsídio sem prescrição médica
dos azulinhos à população? Para quando o combate aos traficantes de Viagra e ao
fim dos subornos aos farmacêuticos para os fornecimentos por baixo do balcão? Há
mais traficantes de Viagra em Portugal do que Dealers de estupefacientes.
Depois admiram-se da morte súbita. Alexandre Barreira: Divinal. "não tarda que a evolução
da espécie nos devolva ao orangotango" Mas caro AG, Aconselho agarrar-se bem ao
"galho" ! Pedra
Nussapato: Dezenas de estudos científicos com revisão por pares estimam números
catastróficos de mortes, diretamente ou indiretamente associados a COVID-19,
caso não tivessem sido tomadas medidas de combate, em que o "fechar as
humanidade em casa" foi apenas uma delas, mas muito importante. Mas claro,
o Dr AG prefere acreditar em opiniões avulsas; até as há que dizem que a terra
é plana, veja lá! Américo
Silva: Gostei. Andrade QB: Aguardemos a próxima entrevista
de rua a Marcelo, pode ser que ele explique. Algo me diz que vai começar a
explicação por qualquer coisa como " As mortes súbitas, como acontece com
maior gravidade nos outros países, ..." Miguel Ramos: Vénias.... grande LOL! :) Luis
Santos: Excelente como sempre. No fundo o que toda a gente sabe mas não diz. Maria Tubucci: Li de fio a pavio num único
folgo, excelente. Aqui na Paisagem as pessoas comentam, à boca pequena,
que a doença da “morte súbita” é devida à vacina da Covid, que desactivou o
sistema imunitário e como tal, subitamente, as pessoas vão morar para a cidade
de mármore. Não se esqueçam de continuar a confiar nos
“especialistas”, nas entidades ou em outros entulhos semelhantes, porque eles só
falam verdade e só querem o vosso bem. Miguel Sanches: Resumindo: estamos entregues a
gente desonesta. Não, não apenas os governantes e quadros superiores do Estado.
É, também, responsabilidade dos media. Eduardo Cunha: bravo, excelente. Victor
Victorino: Mais uma vez,
brilhante.
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