terça-feira, 19 de julho de 2022

Foi


Foi um bodo aos pobres de que estes – nós – se aproveitaram, na tal política dos empréstimos europeus para a reconstrução do país, que foi a condição sine qua non para nos afirmarmos no mundo do paralelismo europeu, distribuindo um pouco por todos, que todos temos iguais direitos nas novas concepções, aumentando nos vencimentos, ajudando às aquisições das casas próprias e das viagens de muitos, pelo mundo, mas sobretudo dos governantes, lembro-me bem, multiplicando os esquemas dos desvios de fundos para paraísos fiscais de esconderijo e fuga aos impostos, coisa, aliás, com precedentes anteriores, entre nós, embora mais discretamente praticados. Os ideais democráticos subjacentes à reviravolta abrilina – democráticos em termos de dirigismo virtuosamente autopromocional, o da promoção alheia conduzido sobretudo para despistar - foram essencialmente pretexto para o fartote do tal bodo esmoler e para o abandono, tantas vezes, da eficiência no trabalho, de par com o abandono das terras, transformadas, tantas  vezes,  em descampados e ultimamente em pasto das chamas, por via do tal apoio às nobres causas da solidariedade, apoiante e mesmo seguidora humanitária dos muitos desvios humanos, conquanto em desabono dos seguidores da ordem anterior, menos elástica ou mesmo indiferente em relação aos tais desvios da sigla alfabética e outras siglas.  O tal equilíbrio em que se empenhou Passos Coelho, de retoma - forçada – desse equilíbrio, foi exemplo esporádico, num status bem exposto por ANDRÉ ABRANTES AMARAL, no artigo que segue. Foi, foi para isto que se fez o 25 de abril, para o bodo aos pobres, que o somos, hoje, neste país desleixado por natureza e que um PS manipulou - com os amigalhaços, primeiro, e agora só, mas com a corte bastante que soube granjear, com zelo cortesão, nem sempre cortês, é certo, mas qb para gerir com a bazuca do empréstimo cada vez mais assustadora na importância e  prolongamento  do encargo.

 

Foi para isto que se fez o 25 de Abril?

O estado perdeu a capacidade de investir e, mais tarde, de prestar serviços públicos essenciais. Os socialistas conseguiram o impensável e vêem no proibir a solução dos seus problemas.

ANDRÉ ABRANTES AMARAL

OBSERVADOR, 17 jul 2022, 00:1437

Recorda-se quando o PS dizia que o estado era o motor da economia? Estávamos em 2009 e o país encontrava-se exangue em resultado das políticas socialistas. Nessa altura, José Sócrates apostou forte e feio no investimento público. Numa estratégia suicida de fuga para a frente, a solução dos socialistas para um país sem capital foi gastar o que não havia. Entre 2008 e 2010, o PS não aceitou que o estado não tivesse meios para ser o motor da economia e o resultado foi a bancarrota estatal apenas evitada com a intervenção da troika. Nessa altura tive oportunidade de alertar no jornal i, no Diário Económico e no blogue O Insurgente que, caso os socialistas continuassem com as suas políticas, cedo o estado deixaria de ter condições para prestar as obrigações sociais atribuídas pela Constituição.

Infelizmente foi mesmo o que aconteceu. Hoje são poucos os que repetem o jargão do estado ser o motor da economia, não por terem deixado de acreditar nessa crença, mas porque sabem que o estado não tem condições para o fazer. Longe vão os tempos da construção dos estádios de futebol que, na deturpação que o socialismo luso fez da lógica keynesiana, iriam contribuir para retoma económica. Longe estão os tempos do pântano de Guterres em que dívida pública correspondia a 57,4% do PIB. Nessa altura, o então primeiro-ministro socialista afastou-se do governo para salvar o estado. Actualmente, o PS sabe que essa atitude seria politicamente suicida e prefere matar o estado social a afastar-se do poder.

Sem meios, fruto da má gestão pública derivada de preconceitos ideológicos, o PS inventou uma nova narrativa. No Largo do Rato, a imaginação é fértil e cheia de cambiantes. Nesta narrativa a culpa para os nossos problemas já não deriva de Bruxelas nem dos especuladores internacionais. O PS precisa dos fundos europeus para modernizar o funcionamento burocrático do estado e satisfazer as suas clientelas pelo que não é inteligente ofender quem passa o cheque e no momento em que o faz. Assim, desta vez a crítica é mais subtil; desta vez não há responsáveis; desta vez não se aponta o dedo; desta vez pede-se, recomenda-se. O quê? Que se tenha cuidado. Que não andemos de comboio nas horas de maior calor; que não saiamos do país de avião; que nos afastemos das zonas rurais; que não adoeçamos e, se tal acontecer, que pensemos duas vezes antes de irmos ao hospital. A sugestão para não comermos bacalhau à brás no Verão foi a cereja em cima do bolo que se evidenciou pela falta de jeito que Graça Freitas tem em comunicar. As restantes são igualmente ridículas, mas proferidas por verdadeiros profissionais. São sugestões, não ordens. Sugestões que, caso não sejam seguidas, justificam o caos nos serviços públicos. É esta a nuance: a responsabilidade deixa de ser do governo para ser do povo.

Os hospitais estão cheios? As pessoas não escutaram as autoridades. Os comboios não são confortáveis, a CP não cumpre horários? Os cidadãos ignoraram os apelos. Há incêndios? A população não desistiu de se juntar em aglomerados ou de se afastar dos centros urbanos. Os incêndios alastram-se? São as alterações climáticas que desresponsabilizam quem, nos últimos 26 anos, foi governo durante 19. O trânsito é infernal? Os habitantes de Lisboa e do Porto não prezam os transportes públicos. As carruagens do Metro de Lisboa passam de 15 em 15 minutos? Os utentes devem evitar os transportes públicos nas horas de ponta ou trabalhar a partir de casa. Desde de Pôncio Pilatos que não se viu lavagem de mãos tão impoluta.

Numa democracia liberal os cidadãos são individualmente responsáveis por si, pelo bem-estar daqueles que os rodeiam e pelo que, dessa forma, podem fazer pelo seu país. Numa democracia socialista responsabilizam-se colectivamente as pessoas por algo que estas não controlam e, em última análise, pelas falhas do governo. A obrigação é de todos e ao ser de todos é difusa e de ninguém.

Nasci na década de 70, fui criança e adolescente nos anos 80 e vi na televisão o então presidente Mário Soares ordenar a um polícia que o deixasse em paz. Eram os tempos em que o povo tinha direito à indignação. Nessa época contava-se com os fundos de Bruxelas para desenvolver o país em democracia e liberdade. Foi esse o objectivo que Soares e Sá Carneiro retiraram do 25 de Abril. Actualmente, o PRR foca-se na melhoraria das condições de trabalho no estado e em subsidiar empresas com negócios que o poder político aprova. No entretanto conta-se com cidadãos obedientes e calados. E como normalmente sucede nessas circunstâncias, uma população responsável que não quer ser culpada. Custa admiti-lo, mas parece que voltámos ao ponto de partida.

GOVERNO   POLÍTICA

COMENTÁRIOS:

João Gabriel Sacôto Fernandes: A ditadura do estado novo nunca foi tão ditatorial como a actual democracia!                Filipe Costa: Até dói admitir que o que escreveu é realidade.            Hernani Oliveira: Santa ingenuidade....ainda acha que foi feito para acabar com a pobreza e o analfabetismo e fazer de Portugal um país equiparado aos restantes da Europa ??.....Portugal não passa de um condomínio privado administrado pelos partidos criados pelo 25 de Abril... nós não passamos de condóminos para pagar as contas.....       José Monteiro > Hernani Oliveira: Com um partido de peculiar sucesso. Organização e práxis de uma grande Empresa. A partir do Rato, ramificações de polvo lusitano.              antonyo antonyo: O PS é um problema estrutural         Alberto Conde Moreno:  “quando o PS dizia que o estado era o motor da economia”… E NÃO QUESTIONAM A “INOCÊNCIA “ DESSA POLÍTICA, COM A INFORMAÇÃO QUE HOJE TEMOS ????                  Miguel Ramos: Estamos em democracia desde o 25/4, chegámos aqui porque a maioria dos portugueses não presta, ponto final! Falo dos portugueses que não têm cultura, educação, capacidade de fazer sacrifícios pela geração seguinte, froxos com os filhos, sem dignidade para não aceitar esmolas qd podem trabalhar, corruptos e sem respeito pela coisa pública e, acima de tudo, invejosos. Por serem a maioria, condenam o País à miséria.            José Monteiro > Miguel Ramos: Solução final a demorar. Com os pp do sistema, em cada dia de eleições. ficar em casa.     Carlos Quartel: O problema está na propensão nacional para o oportunismo, para o facilitismo e para a sorna de grande parte da nossa sociedade.  O PS tem ou teve muita gente com valor e projecto, com genuína preocupação em aumentar o nível de vida dos portugueses. Quem não pensa num Salgado Zenha, num Miler Guerra ou no vivo e activo Sérgio Sousa , num Francisco Assis e mesmo Jaime Gama. O que se passa é que o poder chama os abutres e que os abutres comeram toda a carniça e continuam esfomeados. Mas o PS não está só, o PSD de Passos Coelho foi amaldiçoado pelos próprios correligionários, justamente por manter os abutres à distância. Com a geringonça o PS perdeu a vergonha, mas também o eleitorado perdeu a vergonha ao continuar a votar PS. Por isso, a questão é mais complicada do que remover o PS. Não se podendo remover o povo eleitor, nada nos garante que esta não seja uma situação permanente..........      klaus muller > Carlos Quartel: Eu também não vejo grandes oportunidades para mudanças, principalmente tendo em conta as Anabelas Neves da maior parte da nossa CS. Chega a meter nojo tanta subserviência relativamente ao governo.           José Monteiro > Carlos Quartel: Em cada acto eleitoral ficar em casa.           João Ramos: O socialismo é a maior desgraça que se abateu sobre Portugal, nunca houve am Portugal nunhum progresso enquanto governados por esta gente, a única coisa que se viu foi mais impostos e mais dívida, de outra forma não sabem governar, isto não passa de um bando de incompetentes e charlatões, pobre povo que não consegue perceber esta evidência…         Fernando CE: Se não fossem os fundos e as exigências de Bruxelas ainda estaríamos em meados do século XX  a nível de desenvolvimento e bem-estar e, quem sabe, governados pelo MFA. Quem verdadeiramente fez o 25 de abril foi a Europa democrática e rica. Até o Costa há uns meses e quase a babar-se, recebeu o primeiro cheque do PRR das mãos de Úrsula Von Leyen e perguntou se já podia ir ao banco.           bento guerra: O 25A também se fez para poderes publicar este artigo             António Gomes > bento guerra: Felizmente! Ao contrário do que se passa na Rússia de putin que tanto admira!             Vitor Batista > ento guerra: Yeah camarada ! Um admirador de putin e do seu "democrático" regime a defender o 25A. Os deuses devem estar loucos!....           Censurado sem razão: É o socialismo estúpido! Mas a culpa não é do PS. Essa é a sua natureza. A absoluta e execrável falta de escrúpulos, falta de vergonha e de caráter. A culpa é de uma comunicação social vendida e avençada, de comentadores estrategicamente colocados que idolatram o big brother que nos governa. Esta comunicação social abjecta que não só se limita a transmitir a propaganda do governo, como a amplia e concorda. Em última instância, a culpa é deste povo manso, vendido, que por dez euritos ao fim do mês, não vá perdê-los, vende a mãe, os filhos e jura sentir-se honrado por ser insultado, humilhado e roubado por tão excelsos dirigentes. Um dia disse que já não poderíamos descer mais fundo. A esquerdalha parece conseguir sempre cavar mais um pouco. O absurdo disto é que o povo já não se importa.             Paulo Orlando: A demografia de Portugal está a mudar. Será lenta e não sabemos se as consequências serão positivas ou negativas. Sendo redutor, cínico e objetivo verifico que a geração de pensionistas ainda revoltada com o período da troika e que consiste na grande massa eleitoral de António Costa, irá reduzir-se por efeito da dinâmica do ciclo da vida. Os jovens qualificados continuam a emigrar com propósito definitivo. Há um fenómeno de imigração muito acentuado com proveniência do Brasil, que está a modificar o tecido social do país. Creio que em breve os novos portugueses consolidarão uma nova forma de estar e determinarão a necessidade de novos projectos politicos para o país. Só rezo que se desviem da actual inépcia pachorrenta.              José Carvalho: O plano inclinado em que o PS conduz o País para o abismo está já está perto de chegar ao destino, pois os sinais que isso indicia já são muitos: o dinheiro já não chega para bens e serviços essenciais. A pseudo-solução centeniana das cativações podia ter valido no curto prazo se entretanto se fizessem as reformas necessárias, coisa que está fora de questão com o PS. Portanto, agarremo-nos (não sei a quê) porque a queda no abismo vai ser traumatizante. E mais de metade dos portugueses votou nesse sentido!            Censurado sem razão > José Carvalho: Foram apenas 21% dos portugueses que decidiram isto. Enquanto a malta julga que so acontece aos outros e não vai votar, está malta vai, aos poucos, pondo a pata no pescoço. Depois, nem que peças com jeitinho eles a tiram.          Américo Silva: Não foi. O 25 de Abril fez-se para aumentar o vencimento dos militares do quadro, os quais faziam a guerra nos gabinetes, entre outros a coçar micoses. Mais alguma pergunta?              Fernando CE > Américo Silva: E dá-me a ideia que há tantos generais e oficiais do quadro como aquando da guerra de África. Para que servem?            klaus mullerFernando CE: Actualmente há um oficial para cada 3 soldados. Nem na América Latrina.           Fernando CE > klaus mullerDesconfiava que seria algo parecido, por ter lido uma informação há poucos anos atrás. Mais chefes que índios.          Ediberto Abreu: O povo é culpado sim...não foi ele que pôs lá este governo?            Vitor Batista > Ediberto Abreu: Uma parte sim,ou melhor dizendo,foi a maioria absoluta da metado dos eleitores que elegeram estes malfeitores.             S Belo > Ediberto Abreu: A maioria absoluta foi tão  inesperada que dá  que pensar.....             Hipo Tanso: A ignomínia continua. Marcelo também, ajoelhado e tartamudeando parvoíces. Os "media" continuam a anestesiar a maioria dos portugueses. Meia dúzia de gatos pingados - entre eles, nós, leitores do Obs. - continuam a protestar. Em vão.            João Bilé Serra: A abrilada serviu para que o establishment médio baixo do Estado Novo se libertasse dos olhares superiores e abocanhasse o bolo. Claro que para isso, teve de convidar a criadagem que está no Poder desde então. Sim, foi para isto que o 25 de Abril se fez. Diria, que com sucesso total.           Pobre Portugal: Calma! O filme só agora começou. Até chegarmos ao nível da Albânia ainda temos muitas décadas para descer. E aí chegados, continuaremos a ser "os melhores do mundo". Os albaneses (e os angolanos, etc.) adoram os seus governantes. Nós somos iguais, só que pensamos que somos diferentes.             Vitor Batista > Pobre Portugal: Muitas décadas?se cada década tem dez anos, acha que estamos assim tão longe?em certos aspectos já estamos pior do que a Albania.            Domingas Coutinho: Este texto espalha muito bem a revolta que neste momento grassa pelo País. É exactamente isso que sinto quando oiço a narrativa do Primeiro Ministro e de alguns membros do Governo e outros responsáveis de organismos públicos ultimamente. Falam em época dos incêndios como se fosse o novo normal. Falam dos hospitais a abarrotar e dos aeroportos desorganizados como se não fosse nada com eles. Agora no caso das golas inflamáveis, pague-se dos Fundos europeus e o castigo para os culpados fica para as calendas gregas. O TdC alerta para as vigarices no Novo Banco? Isso logo se vê que agora vamos a banhos. E entretanto, bora arranjar mais uma comissão para dar mais uns tachos a alguns desempregados que se tornam logo militantes do partido que o que interessa é engrossar a lista de militantes que isso também conta (o PSD tem mais? Não pode ser!). Enfim, bom Domingo se possível.

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