Foi
um bodo aos pobres de que estes – nós – se aproveitaram, na tal política dos
empréstimos europeus para a reconstrução do país, que foi a condição sine qua non para nos afirmarmos no
mundo do paralelismo europeu, distribuindo um pouco por todos, que todos temos
iguais direitos nas novas concepções, aumentando nos vencimentos, ajudando às
aquisições das casas próprias e das viagens de muitos, pelo mundo, mas
sobretudo dos governantes, lembro-me bem, multiplicando os esquemas dos desvios
de fundos para paraísos fiscais de esconderijo e fuga aos impostos, coisa,
aliás, com precedentes anteriores, entre nós, embora mais discretamente
praticados. Os ideais democráticos subjacentes à reviravolta abrilina –
democráticos em termos de dirigismo virtuosamente autopromocional, o da
promoção alheia conduzido sobretudo para despistar - foram essencialmente
pretexto para o fartote do tal bodo esmoler e para o abandono, tantas vezes, da
eficiência no trabalho, de par com o abandono das terras, transformadas, tantas
vezes,
em descampados e ultimamente em pasto das chamas, por via do tal apoio
às nobres causas da solidariedade, apoiante e mesmo seguidora humanitária dos
muitos desvios humanos, conquanto em desabono dos seguidores da ordem anterior,
menos elástica ou mesmo indiferente em relação aos tais desvios da sigla alfabética
e outras siglas. O tal equilíbrio em que
se empenhou Passos Coelho, de retoma - forçada – desse equilíbrio, foi exemplo
esporádico, num status bem exposto por ANDRÉ ABRANTES AMARAL, no artigo que segue. Foi, foi para isto que se fez o
25 de abril, para o bodo aos pobres, que o somos, hoje, neste país desleixado
por natureza e que um PS manipulou - com os amigalhaços, primeiro, e agora só,
mas com a corte bastante que soube granjear, com zelo cortesão, nem sempre
cortês, é certo, mas qb para gerir com a bazuca do empréstimo cada vez mais
assustadora na importância e prolongamento do encargo.
Foi para isto que se fez o 25
de Abril?
O estado perdeu a capacidade de
investir e, mais tarde, de prestar serviços públicos essenciais. Os socialistas
conseguiram o impensável e vêem no proibir a solução dos seus problemas.
ANDRÉ ABRANTES
AMARAL
OBSERVADOR, 17 jul
2022, 00:1437
Recorda-se quando o PS dizia que o
estado era o motor da economia? Estávamos em 2009 e o país encontrava-se
exangue em resultado das políticas socialistas. Nessa altura, José Sócrates
apostou forte e feio no investimento público. Numa estratégia suicida de fuga
para a frente, a solução dos socialistas para um país sem capital foi gastar o
que não havia. Entre 2008 e 2010, o PS não aceitou que o estado não
tivesse meios para ser o motor da economia e o resultado foi a bancarrota
estatal apenas evitada com a intervenção da troika. Nessa altura tive oportunidade de alertar no jornal i,
no Diário Económico e no blogue O Insurgente que, caso os socialistas
continuassem com as suas políticas, cedo o estado deixaria de ter
condições para prestar as obrigações sociais atribuídas pela Constituição.
Infelizmente
foi mesmo o que aconteceu.
Hoje são poucos os que repetem o jargão do estado ser o motor da economia, não
por terem deixado de acreditar nessa crença, mas porque sabem que o estado não
tem condições para o fazer. Longe vão os tempos da construção dos estádios de
futebol que, na deturpação que o socialismo luso fez da lógica keynesiana,
iriam contribuir para retoma económica. Longe estão os tempos do pântano de
Guterres em que dívida pública correspondia a 57,4% do PIB. Nessa altura, o
então primeiro-ministro socialista afastou-se do governo para salvar o estado.
Actualmente, o PS sabe que essa atitude seria politicamente suicida e prefere
matar o estado social a afastar-se do poder.
Sem
meios, fruto da má gestão pública derivada de preconceitos ideológicos, o PS
inventou uma nova narrativa. No Largo do Rato, a imaginação é fértil e cheia de
cambiantes. Nesta narrativa a culpa para os nossos problemas já não deriva de
Bruxelas nem dos especuladores internacionais. O PS precisa dos fundos europeus
para modernizar o funcionamento burocrático do estado e satisfazer as suas
clientelas pelo que não é inteligente ofender quem passa o cheque e no momento
em que o faz. Assim, desta vez a crítica é mais subtil; desta vez não há
responsáveis; desta vez não se aponta o dedo; desta vez pede-se, recomenda-se.
O quê? Que se tenha cuidado. Que não andemos de comboio nas horas de maior
calor; que não saiamos do país de avião; que nos afastemos das zonas rurais;
que não adoeçamos e, se tal acontecer, que pensemos duas vezes antes de irmos
ao hospital. A sugestão para não comermos bacalhau à brás no Verão foi a cereja
em cima do bolo que se evidenciou pela falta de jeito que Graça Freitas tem em
comunicar. As restantes são igualmente ridículas, mas proferidas por
verdadeiros profissionais. São sugestões, não ordens. Sugestões que, caso não
sejam seguidas, justificam o caos nos serviços públicos. É esta a nuance: a
responsabilidade deixa de ser do governo para ser do povo.
Os
hospitais estão cheios? As pessoas não escutaram as autoridades. Os comboios
não são confortáveis, a CP não cumpre horários? Os cidadãos ignoraram os
apelos. Há incêndios? A população não desistiu de se juntar em aglomerados ou
de se afastar dos centros urbanos. Os incêndios alastram-se? São as alterações
climáticas que desresponsabilizam quem, nos últimos 26 anos, foi governo
durante 19. O trânsito é infernal? Os habitantes de Lisboa e do Porto não
prezam os transportes públicos. As carruagens do Metro de Lisboa passam de 15
em 15 minutos? Os utentes devem evitar os transportes públicos nas horas de
ponta ou trabalhar a partir de casa. Desde de Pôncio Pilatos que não se viu
lavagem de mãos tão impoluta.
Numa
democracia liberal os cidadãos são individualmente responsáveis por si, pelo
bem-estar daqueles que os rodeiam e pelo que, dessa forma, podem fazer pelo seu
país. Numa democracia socialista responsabilizam-se colectivamente as pessoas
por algo que estas não controlam e, em última análise, pelas falhas do governo.
A obrigação é de todos e ao ser de todos é difusa e de ninguém.
Nasci
na década de 70, fui criança e adolescente nos anos 80 e vi na televisão o
então presidente Mário Soares ordenar a um polícia que o deixasse em paz. Eram
os tempos em que o povo tinha direito à indignação. Nessa época contava-se com
os fundos de Bruxelas para desenvolver o país em democracia e liberdade. Foi
esse o objectivo que Soares e Sá Carneiro retiraram do 25 de Abril.
Actualmente, o PRR foca-se na melhoraria das condições de trabalho no estado e
em subsidiar empresas com negócios que o poder político aprova. No entretanto
conta-se com cidadãos obedientes e calados. E como normalmente sucede nessas
circunstâncias, uma população responsável que não quer ser culpada. Custa
admiti-lo, mas parece que voltámos ao ponto de partida.
COMENTÁRIOS:
João Gabriel Sacôto Fernandes: A ditadura do estado novo nunca
foi tão ditatorial como a actual democracia! Filipe
Costa: Até dói admitir
que o que escreveu é realidade. Hernani
Oliveira: Santa ingenuidade....ainda acha que foi feito para
acabar com a pobreza e o analfabetismo e fazer de Portugal um país equiparado
aos restantes da Europa ??.....Portugal não passa de um condomínio privado
administrado pelos partidos criados pelo 25 de Abril... nós não passamos de condóminos
para pagar as contas..... José Monteiro > Hernani
Oliveira: Com um partido de peculiar sucesso. Organização e práxis de uma
grande Empresa. A partir do Rato, ramificações de polvo lusitano. antonyo
antonyo: O PS é um
problema estrutural Alberto
Conde Moreno: “quando o PS dizia que o estado era
o motor da economia”… E NÃO QUESTIONAM A “INOCÊNCIA “ DESSA POLÍTICA, COM A
INFORMAÇÃO QUE HOJE TEMOS ???? Miguel
Ramos: Estamos em democracia desde o
25/4, chegámos aqui porque a maioria dos portugueses não presta, ponto final!
Falo dos portugueses que não têm cultura, educação, capacidade de fazer
sacrifícios pela geração seguinte, froxos com os filhos, sem dignidade para não
aceitar esmolas qd podem trabalhar, corruptos e sem respeito pela coisa pública
e, acima de tudo, invejosos. Por serem a maioria, condenam o País à miséria. José
Monteiro > Miguel Ramos: Solução final a demorar. Com os pp do sistema, em cada dia de eleições. ficar
em casa.
Carlos Quartel: O problema está na propensão nacional para o
oportunismo, para o facilitismo e para a sorna de grande parte da nossa
sociedade. O PS tem ou
teve muita gente com valor e projecto, com genuína preocupação em aumentar o
nível de vida dos portugueses. Quem
não pensa num Salgado Zenha, num Miler Guerra ou no vivo e activo Sérgio Sousa
, num Francisco Assis e mesmo Jaime Gama. O que se passa é que o poder chama os
abutres e que os abutres comeram toda a carniça e continuam esfomeados. Mas o
PS não está só, o PSD de Passos Coelho foi amaldiçoado pelos próprios
correligionários, justamente por manter os abutres à distância. Com a
geringonça o PS perdeu a vergonha, mas também o eleitorado perdeu a vergonha ao
continuar a votar PS. Por isso, a questão é mais complicada do que remover o
PS. Não se podendo remover o povo eleitor, nada nos garante que esta não seja
uma situação permanente.......... klaus
muller > Carlos
Quartel: Eu também
não vejo grandes oportunidades para mudanças, principalmente tendo em conta as
Anabelas Neves da maior parte da nossa CS. Chega a meter nojo tanta
subserviência relativamente ao governo. José Monteiro > Carlos
Quartel: Em
cada acto eleitoral ficar em casa.
João Ramos: O
socialismo é a maior desgraça que se abateu sobre Portugal, nunca houve am
Portugal nunhum progresso enquanto governados por esta gente, a única coisa que
se viu foi mais impostos e mais dívida, de outra forma não sabem governar, isto
não passa de um bando de incompetentes e charlatões, pobre povo que não
consegue perceber esta evidência… Fernando CE: Se não fossem os fundos e as exigências de Bruxelas
ainda estaríamos em meados do século XX a nível de desenvolvimento e
bem-estar e, quem sabe, governados pelo MFA. Quem verdadeiramente fez o 25 de abril foi a Europa
democrática e rica. Até o Costa há uns meses e quase a babar-se, recebeu o
primeiro cheque do PRR das mãos de Úrsula Von Leyen e perguntou se já podia ir
ao banco. bento guerra:
O 25A também se fez para poderes publicar
este artigo
António Gomes > bento guerra:
Felizmente! Ao contrário do que se passa
na Rússia de putin que tanto admira! Vitor Batista > ento
guerra: Yeah
camarada ! Um admirador de putin e do seu "democrático" regime a
defender o 25A. Os deuses devem estar loucos!.... Censurado sem razão: É o socialismo estúpido! Mas a culpa não é do PS. Essa
é a sua natureza. A absoluta e execrável falta de escrúpulos, falta de vergonha
e de caráter. A culpa é de uma comunicação social vendida e avençada, de
comentadores estrategicamente colocados que idolatram o big brother que nos
governa. Esta comunicação social abjecta que não só se limita a transmitir a
propaganda do governo, como a amplia e concorda. Em última instância, a culpa é
deste povo manso, vendido, que por dez euritos ao fim do mês, não vá perdê-los,
vende a mãe, os filhos e jura sentir-se honrado por ser insultado, humilhado e
roubado por tão excelsos dirigentes. Um dia disse que já não poderíamos descer
mais fundo. A esquerdalha parece conseguir sempre cavar mais um pouco. O
absurdo disto é que o povo já não se importa. Paulo Orlando: A demografia de Portugal está a mudar. Será lenta e não
sabemos se as consequências serão positivas ou negativas. Sendo redutor, cínico
e objetivo verifico que a geração de pensionistas ainda revoltada com o período
da troika e que consiste na grande massa eleitoral de António Costa, irá reduzir-se por
efeito da dinâmica do ciclo da vida. Os jovens qualificados continuam a emigrar
com propósito definitivo. Há um fenómeno de imigração muito acentuado com
proveniência do Brasil, que está a modificar o tecido social do país. Creio que
em breve os novos portugueses consolidarão uma nova forma de estar e
determinarão a necessidade de novos projectos politicos para o país. Só rezo
que se desviem da actual inépcia pachorrenta.
José
Carvalho: O plano inclinado em que o PS conduz o
País para o abismo está já está perto de chegar ao destino, pois os sinais que
isso indicia já são muitos: o dinheiro já não chega para bens e serviços
essenciais. A pseudo-solução centeniana das cativações podia ter valido no
curto prazo se entretanto se fizessem as reformas necessárias, coisa que está
fora de questão com o PS. Portanto, agarremo-nos (não sei a quê) porque a queda
no abismo vai ser traumatizante. E mais de metade dos portugueses votou nesse
sentido! Censurado
sem razão > José
Carvalho: Foram apenas
21% dos portugueses que decidiram isto. Enquanto a malta julga que so acontece
aos outros e não vai votar, está malta vai, aos poucos, pondo a pata no
pescoço. Depois, nem que peças com jeitinho eles a tiram. Américo Silva: Não foi. O 25 de Abril fez-se
para aumentar o vencimento dos militares do quadro, os quais faziam a guerra
nos gabinetes, entre outros a coçar micoses. Mais alguma pergunta? Fernando CE > Américo Silva:
E dá-me a ideia
que há tantos generais e oficiais do quadro como aquando da guerra de África.
Para que servem?
klaus mullerFernando CE:
Actualmente há um
oficial para cada 3 soldados. Nem na América Latrina. Fernando CE > klaus mullerDesconfiava que seria algo
parecido, por ter lido uma informação há poucos anos atrás. Mais chefes que
índios. Ediberto
Abreu: O povo é culpado
sim...não foi ele que pôs lá este governo? Vitor Batista > Ediberto
Abreu: Uma parte sim,ou melhor
dizendo,foi a maioria absoluta da metado dos eleitores que elegeram estes
malfeitores. S
Belo > Ediberto
Abreu: A maioria absoluta foi tão inesperada que
dá que pensar..... Hipo
Tanso: A ignomínia continua. Marcelo também, ajoelhado e tartamudeando parvoíces. Os
"media" continuam a anestesiar a maioria dos portugueses. Meia dúzia
de gatos pingados - entre eles, nós, leitores do Obs. - continuam a protestar.
Em vão. João
Bilé Serra: A abrilada serviu para que o establishment médio baixo
do Estado Novo se libertasse dos olhares superiores e abocanhasse o bolo. Claro
que para isso, teve de convidar a criadagem que está no Poder desde então. Sim, foi para isto que o 25 de
Abril se fez. Diria, que com sucesso total. Pobre Portugal:
Calma! O filme só
agora começou. Até chegarmos ao nível da Albânia ainda temos muitas
décadas para descer. E aí chegados, continuaremos a ser "os melhores do
mundo". Os albaneses (e os angolanos, etc.) adoram os seus governantes.
Nós somos iguais, só que pensamos que somos diferentes. Vitor Batista > Pobre
Portugal: Muitas décadas?se cada década tem dez anos, acha que
estamos assim tão longe?em certos aspectos já estamos pior do que a
Albania.
Domingas Coutinho: Este texto espalha muito bem a revolta
que neste momento grassa pelo País. É exactamente isso que sinto quando oiço a
narrativa do Primeiro Ministro e de alguns membros do Governo e outros
responsáveis de organismos públicos ultimamente. Falam em época dos incêndios
como se fosse o novo normal. Falam dos hospitais a abarrotar e dos aeroportos
desorganizados como se não fosse nada com eles. Agora no caso das golas
inflamáveis, pague-se dos Fundos europeus e o castigo para os culpados fica
para as calendas gregas. O TdC alerta para as vigarices no Novo Banco? Isso
logo se vê que agora vamos a banhos. E entretanto, bora arranjar mais uma
comissão para dar mais uns tachos a alguns desempregados que se tornam logo
militantes do partido que o que interessa é engrossar a lista de militantes que
isso também conta (o PSD tem mais? Não pode ser!). Enfim, bom Domingo se
possível.
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