Inês Domingos explica, os seus Comentadores esclarecem,
o meu bolso vai senti-lo mais ainda.
O dilema do BCE
Se o BCE tem interpretado o seu
mandato com flexibilidade, também é certo que alguns Estados-membros poderão
estar a usar essa flexibilidade para evitar reformas que são urgentes des o meu
bolso vai senti-lo ais ainda.de a última crise.
INÊS DOMINGOS, Colunista do Observador, economista
OBSERVADOR, 19 jun 2022, 00:179
Esta semana marcou uma mudança
fundamental na política monetária dos países avançados. Nos Estados Unidos, a
Reserva Federal aumentou as taxas de juro directoras 0,75%, mais do que
previsto pelos mercados. Também o
Reino Unido aumentou a taxa directora, e até o Banco Nacional Suíço subiu a
taxa 0,5%. No caso da Suíça, trata-se da primeira subida em quinze anos, ainda
assim deixando a taxa em terreno negativo para contrariar a apreciação do
franco suíço.
Os
Bancos centrais parecem ter deixado de lado as preocupações com a origem da
inflação, que foi atribuída durante vários meses ao choque de oferta,
nomeadamente nos combustíveis. Focaram-se
em combater os efeitos da inflação elevada: a sua capacidade de ganhar uma vida
própria e descontrolada se influenciar as expectativas das famílias, o efeito
perverso nos rendimentos dos mais desfavorecidos e dos pensionistas e o efeito
penalizador para os aforradores, que vêem as suas poupanças perder valor.
No entanto, esta mudança para uma
política monetária mais explicitamente restritiva não está isenta de riscos. Nos Estados
Unidos, os
mercados reagiram com quedas significativas nas acções e obrigações, aumentando
também os riscos de recessão. Na Europa, o Banco Central Europeu
marcou uma reunião de emergência para anunciar que irá desenvolver um novo
instrumento para combater o risco de fragmentação, isto é, o risco de que os países mais endividados sejam excessivamente
penalizados pelo fim de compras de activos do BCE. Embora não se conheçam
ainda os detalhes, esta nova medida poderá implicar compras selectivas de
dívida de Portugal, Espanha, Grécia ou Itália.
O dilema do BCE é assim mais complexo,
porque está a actuar
de forma diferente em diferentes mercados. No mercado
monetário, de muito curto
prazo, o BCE quer subir a taxa de juro para conter a inflação. No
mercado de dívida soberana, quer evitar subidas muito significativas das taxas
de juro em certos países para não fomentar a repetição da crise da dívida
2010/2013.
É
um equilíbrio difícil, que poderia eventualmente ter sido evitado se os países
mais endividados tivessem reduzido mais rapidamente a dívida entre 2015 e 2019,
quando as condições internacionais eram mais favoráveis. O saldo orçamental estrutural excluindo juros de
Portugal, da Itália, da Espanha e da Grécia deteriorou-se nesse período,
aumentando em certos casos o fosso orçamental face aos países menos endividados.
Por outro lado, o adiamento, esta semana e sem prazo à vista, do seguro de
depósitos europeu, o terceiro e último pilar para completar a união bancária,
representa uma fragilidade para o sector bancário europeu.
Se
o BCE tem interpretado o seu mandato com uma flexibilidade que alguns
consideram excessiva, também é certo que alguns Estados-membros poderão estar a
usar essa flexibilidade para evitar avançar em reformas que são urgentes desde
a última crise financeira.
BCE BANCA ECONOMIA DÍVIDA PÚBLICA
COMENTÁRIOS:
João Afonso: Excelente artigo. A propósito da guerra em curso na Ucrânia, e dos efeitos que está a ter na
economia, convém relembrar que foram os dirigentes da UE a enfraquecer
primeiramente os Estados membros, principalmente os do sul, com a política de
compra de dívida do BCE e com a flexibilização das regras orçamentais. Os
socialistas nunca farão as reformas necessárias ao crescimento económico, e os
dirigentes socialistas europeus são corresponsáveis por esta forma de
empobrecimento paulatino. António
Bernardino: 1 - Excelente artigo. Principalmente na parte das
reformas nunca feitas por governos de esquerda. 2 - Vide por exemplo os
governos de Lula e Dilma no Brasil, nem uma reforma só populismo ( e
corrupção neste caso) André
Silva: A responsável-mor
do BCE é uma completa nulidade que percebe tanto de Economia e Finanças
Públicas como o josé maria e a advoga diaba: Nem Economista é, tirou um
cursozeco pós-graduação da treta tipo o do Sócrates ao fim-de-semana! Não
admira, ou não fosse uma bela francesa socialista. Ainda bem que temos estas
mulheres para nos ajudarem! Future is female! Carlos Chaves:
Caríssima Inês
Domingos, obrigado pelo seu esclarecedor artigo. Eu não teria dúvidas que
um artista como o nosso Primeiro Ministro esteja na fila, à frente, de outros
primeiros ministros do sul da Europa para reclamar essa flexibilidade do BCE
para evitar avançar com reformas que são urgentíssimas desde a última crise financeira,
e devido ao mau estado da nossa economia. Todos sabemos que nós só
reformamos com pressões do exterior (exceptuando os governos do Cavaco
Silva), ou seja, isto a ser verdade, são muito más noticias para nós.
Mas há quem diga que essa flexibilidade não está prevista no mandato do BCE.
Vamos esperar, pois até ao lavar dos cestos, é vindima. bento guerra: O BCE alterou a sua política
desde que por lá passou o italiano mais famoso da geração que manda, Mário
Draghi. Política de manipulação das taxas de juro e de intervenção oportunista
no mercado de dívida. Uma classe politica de parasitas, que levaram a dívida a
151 porcento do Pib e os títulos a 10 anos, à taxa de 3,67 pct. Lagarde obedece. João Ramos: Esta política do BCE, não
tendo como contrapartida duras exigências de actuação para os países do Sul,
teve como resultado a manutenção nesses países de governos incapazes que não
resolveram absolutamente nada antes agravaram a situação, a Europa assim não
vai a lado nenhum!!! Pontifex Maximus: Não vale a pena comparar os
Estados Unidos com a Europa, pois aqueles são uma coisa que não é nem acredito
que alguma vez seja: um Estado. Reparem: o Alabama, que será provavelmente
tão ou mais pobre que Portugal ou a Grécia, paga a mesma taxa de juro da sua
dívida que a Califórnia, que é mais rica que a França e provavelmente que a
Alemanha, enquanto que Portugal paga uma taxa de juro que duplica ou triplica a
da alemã; o governo americano tem jurisdição em todo o território (da
costa leste à oeste e ilhas) enquanto o governo europeu (a Comissão europeia)
não tem praticamente poder autónomo em lugar algum do território europeu a não
ser nos Estados párias como o nosso que nem por acaso são sempre aliados
daquele, pois é a única forma de verem aumentadas as migalhas que caem da mesa
dos verdadeiros Estados europeus; os Estados Unidos têm umas forças
armadas para defender o seu povo mas na Europa cada um tem as suas e não servem
para nada a não ser para jogar Call of duty (isto os países que as têm, pois
outros, como Portugal, nem isso, limitando-se a pagar a generais que, como se
vê agora diariamente nas televisões, muitos até estão doutrinados em linha com
os nossos inimigos…). Américo
Silva: O ocidente está a
ganhar a guerra com a Rússia, os combates fazem-se fora do seu território, sem
mortos nos países da NATO, mas não quer dizer que o povo não tenha que sofrer.
O apoio popular à guerra é notável, nas bombas de gasolina, nos supermercados,
no serviço nacional da saúde, em Londres, estamos todos disponíveis para o
sacrifício. Rui
Lima: O problema dos
USA é diferente do da Europa, na América a inflação é puxada pela procura,
grandes aumentos de salários e desemprego em 3,6% ou seja pleno emprego,
é necessário mais desemprego sem isso os salários vão continuar a
aumentar causando mais inflação, as taxas vão subir até que o desemprego
aumente. Já na Europa o problema esta do laem aumentado com isso a
situação ficaria incontrolável .
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