Mais desenvolvidamente, é certo,
do que aquela, que serviu apenas para exemplo. Uma análise de muito gabarito. Et pour cause.
Sobre o mundo do avesso. E a mumificação do Homem. Espécie de Últimos Fins do Homem, cá na Terra, o
Ponto Final, trazido por uma democracia liberal, ao que parece, último patamar
na construção do Homem.
Mas os Putins não param. E vão aplanar tudo, para o recomeço. Ou a “mudança”
não fosse uma constante… Mas assustador, quand
même.
« No FACEBOOK de
Fukuyama corrige o liberalismo e insiste no Fim da
História
Quando eventos como o 11 de
Setembro, as guerras do Afeganistão e do Iraque e a crise
financeira de 2008 afectaram a
autoconfiança do liberalismo, o ilustre académico passou a ser visto como um
crente ingénuo na inevitabilidade de uma ideia de progresso definida pelo
Ocidente. Breve
assistiu a líderes autoritários como Putin, Xi e Erdogan disputarem o proscénio mundial. Ele próprio cita estatísticas preocupantes
demonstrativas de que os direitos políticos e as liberdades civis têm caindo
nos últimos 15 anos em todo o mundo. Até que, Vladimir
Putin declarou a democracia liberal “obsoleta." Os poderosos kaisers coevos
continuavam a seguir o roteiro de Maquiavel e quantos mais adeptos perdem nas
plateias mais aplausos ganham nas galerias. As
instituições de intermediação existentes - partidos políticos, sindicatos
, igrejas, academias, etc. -
também servem para perpetuar o modo competitivo e nada fazem para promover o
sentido de cooperação.
As acusações ao liberalismo assumiram vários formas:
•
O Sistema fundado no liberalismo consolida para sempre o domínio do Estado
americano sobre os restantes,
• promove a desigualdade económica, tanto dentro como fora do seu
território
• abre as portas ao egoísmo dos ricos,
• Provoca a precariedade de empregos e o rebaixamento dos salários
• Era responsável pelas crises financeiras dos princípios do século
XXI.
• Tornara-se cúmplice da roubalheira dos bancos então despoletada
• Suprimira a concorrência entre as grandes empresas
• Provou incapaz de se auto reformar.
Fukuyama, ao contrário de Kissinger
manteve-se sempre no campo académico e fora da acção politica. Isso tornou-o
talvez menos realista ainda que mais imparcial. Ao responder agora aos
descontentes do Liberalismo, Fukuyama parece não admitir que a adesão mundial
ao liberalismo nos finais do século XX e a repulsa do mesmo nas primeiras
décadas do XXI correspondem aos triunfos e desaires que os EUA experimentaram
então na cena mundial. A vontade
colectiva de se juntar aos bons, aos vencedores, persistiu; os bons é que
mudaram. Fraqueza aparente, talvez, mas a imagem de tibieza interna projectada
permitiu a um rebelde iniciar uma guerra. Como dizia um velho político lusitano
: - «em política o que parece é.
«««»»»
A
polémica despertada pelo Fim da
História chamou as
atenções para o final do livro, ou seja para o Último Homem, criação esta já não de Hegel, mas Nietzsche. Não se trata obviamente do Super Homem (outra criação de Nietzsche - um
César com alma de Cristo). O
Último Homem de Nietszche tem nada de Super. Não
pratica nem aceita a violência e isto porque se cansou de testemunhar imensos e
intensos conflitos violentos inteiramente fúteis. O Último Homem perdeu a fé na
fé e concluiu que neste mundo não há absolutos, tudo é relativo. As crenças absolutas separam muito mais do
que unem. Constatou finalmente que os escravos da História nunca se libertam ou
serão ou libertos; apenas mudam de senhor. O Último
Homem seria pois homem de mente liberta do complexo thymico (grego clássico
para amor próprio, composto de ambição e de ideais). Na realidade, um sensaborão sem paixões dentro de si, mais próximo de um plácido burguês
do que de um arrojado revolucionário. E também um incompreendido que faria
rir a gentes sempre que lhes lembrasse que era tempo para eles assumirem o seu
destino e prepararem-se para enfrentar a eminência da escassez. E comentará em bom francês domo fazia Zaratustra :
Il
est temps que l’homme se fixe à lui-même son but. Il est temps que l’homme
plante le germe de sa plus haute espérance. Maintenant son sol est encore assez
riche. Mais ce sol un jour sera pauvre et stérile et aucun grand arbre ne
pourra plus y croître.
Je
vous le dis : il faut porter encore en soi un chaos, pour pouvoir mettre au
monde une étoile dansante. Je vous le dis : vous portez en vous un chaos.
Malheur
! Les temps sont proches où l’homme ne mettra plus d’étoile au monde. Malheur ! Les temps sont proches du plus
méprisable des hommes, qui ne sait plus se mépriser lui-même.
Voici
! Je vous montre le dernier homme.
« Amour
? Création ? Désir ? Étoile ? Qu’est cela ? » — Ainsi demande le dernier homme
et il cligne de l’œil.
La terre sera alors devenue plus petite, et sur elle sautillera le
dernier homme, qui rapetisse tout. Sa race est indestructible comme celle du
puceron ; le dernier homme vit le plus longtemps.
« Nous
avons inventé le bonheur, » — disent les derniers hommes, et ils clignent de
l’œil.
Ils
ont abandonné les contrées où il était dur de vivre : car on a besoin de
chaleur. On aime encore son voisin et l’on se frotte à lui : car on a besoin de
chaleur.
Tomber malade et être méfiant passe chez eux pour un péché : on
s’avance prudemment. Bien fou qui trébuche encore sur les pierres et sur les
hommes !
Un
peu de poison de-ci de-là, pour se procurer des rêves agréables. Et beaucoup de
poisons enfin, pour mourir agréablement.
«
On travaille encore, car le travail est une distraction. Mais l’on veille à ce
que la distraction ne débilite point. On ne devient plus ni pauvre ni
riche : ce sont deux choses trop pénibles. Qui
voudrait encore gouverner ? Qui voudrait obéir encore ? Ce sont deux choses
trop pénibles.
Point de berger et un seul troupeau !
Chacun veut la même chose, tous sont égaux : qui a d’autres sentiments va de
son plein gré dans la maison des fous. « Autrefois tout le monde était fou, » — disent ceux qui sont les plus fins, et ils
clignent de l’œil.
On
se dispute encore, mais on se réconcilie bientôt — car on ne veut pas se gâter
l’estomac. On a son petit plaisir pour le jour et son petit plaisir pour la
nuit : mais on respecte la santé. « Nous avons inventé le bonheur, » — disent
les derniers hommes, et ils clignent de
l’œil.»
»tradução
oficiosa«
Já
é tempo que o homem se concentre na sua finalidade. é chegado o
tempo de o homem plantar o germe da sua mais alta esperança. Hoje o solo ainda
é suficientemente rico. Mas este mesmo solo um dia será pobre e estéril e
nenhuma árvore de grande poste poderá nele crescer.
EU vos digo: é preciso trazer
dentro de si um caos, para poder colocar neste mundo uma estrela dançante. Eu
vos digo. Vós transportais dentro de vós um caos.
Pouca
sorte! Os tempos em que o homem não poderá pôr mais estrelas neste mundo estão
próximos. Também estão próximos os tempos em que o mais desprezível não saberá
mais menosprezar-se a si próprio.
Eis. Vou vos
mostrar o último homem (UH) .
Amor?
criação? Estrela? De que se trata? Assim pergunta o UH enquanto pisca o olho.
A
terra tornar-se-á mais pequena e sobre ela contorcionar-se-á o UH . A sua raça
é indestrutível como a do pulgão; mas o UH vive mais tempo.
«Nós
inventámos a felicidade» - dizem os UH enquanto têm necessidade de calor.
Continuam a gostar do seu vizinho e esfregam-se contra ele : porque necessitam
calor.
Adoecer
ou desconfiar é tido por eles como pecado. Avançam prudentemente. Tolo é aquele
que ainda catapulta sobre as pedras sobre os homens.
Algum
veneno daqui e de acolá para inspirar sonhos agradáveis e muito veneno para
morrer de modo agradável.
Ainda
trabalhamos porque o trabalho é uma distração. Mas tomamos cuidado para evitar
que distracção não enfraqueça- Já não nos tornamos nem pobres nem ricos; são
duas coisas demasiado dolorosas. Quem gostaria ainda de governar? Quem gostaria
ainda de obedecer? São coisas demasiado penosas.
Nenhum
pastor e apenas um rebanho. Todos querem a mesma coisa e todos são iguais. quem
tem sentimentos diferentes vai de bom grado para o manicómio. «Dantes toda a
gente era doida» - dizem os que são mais finos, e piscam o olho.
Ainda
competimos mas reconciliamo-nos prontamente.- pois não queremos estragar o
estômago. Temos o nosso pequeno prazer diurno e o pequeno prazer nocturno: mas
respeitamos a saúde. « Nós inventámos a felicidade» dizem os UH e piscam o
olho.
wiky
fotos
COMENTÁRIOS:
Ricardo Montez: Bem gostaria de obter uma impressão pessoal! É que com
todos os atractivos que o Liberalismo possa enquadrar, não deixo de concordar
com a maior parte das críticas que lhe são dirigidas! Mais! Estou convencido
que está na génese do surgimento do socialismo, comunismo e até fascismo! Talvez
o Liberalismo tenha, objectivamente, pontos de interesse, mas não se subsumem
na subjectividade do comportamento humano!
Quid
iuris?
Luis Soares de Oliveira: <Muito obrigado . Acredito que se o
Planeta estiver em risco e os homens conscientes disso entendem-se. The sooner
the better.
NOTAS DA INTERNET:
Sinopse
À
medida que o século XXI se aproxima, Francis Fukuyama pede que regressemos a uma questão que tem sido
levantada pelos grandes filósofos do passado: a história da humanidade segue
uma direcção? E, se é direccional, qual o seu fim? E em que ponto nos encontramos
em relação ao «fim da história»?…
Nesta
análise empolgante e profunda, Fukuyama apresenta
elementos que sugerem a presença de duas poderosas forças na história humana. A
uma chama «a lógica da ciência moderna», a outra «a luta pelo reconhecimento».
A primeira impele o homem a preencher o horizonte cada vez mais vasto de
desejos através do processo económico racional; a segunda é, de acordo
com Fukuyama (e Hegel), nada menos do que o próprio «motor da história».
Segundo
a tese brilhantemente defendida pelo autor, estas duas vertentes conduziriam,
ao longo dos tempos, ao eventual colapso de ditaduras de direita e de
esquerda, como temos
vindo a testemunhar, impelindo as sociedades, mesmo as
culturalmente distintas, para a democracia capitalista liberal, vista como o
estádio final do processo histórico. A questão
principal surge então: será que a liberdade e a igualdade, tanto política como
económica - o estado de coisas no presumível «fim da história» -,
podem criar uma sociedade estável na qual o homem se sinta finalmente
satisfeito? Ou será que a condição espiritual deste «último homem», privado de
saídas para materializar a sua ânsia de poder, inevitavelmente o conduzirá, a
ele e ao mundo, ao regresso ao caos e ao derramamento de sangue?
A resposta de Fukuyama é, simultaneamente, uma fascinante lição de filosofia
da história e uma investigação que nos desafia irresistivelmente a reflectir
sobre a questão suprema do sentido e do destino da sociedade e do homem.
Autor: FRANCIS FUKUYAMA
Francis
Fukuyama
nasceu em 1952 em Chicago, nos Estados Unidos da América. Doutorado em Ciência
Política pela Universidade de Harvard, é investigator no Center on Democracy,
Development and the Rule of Law, da Universidade de Standford.
Escreveu o célebre O Fim da História e o Último
Homem, onde
defende que a generalização a nível planetário da democracia liberal pode
indicar que se atingiu o último patamar da evolução sociocultural da
humanidade, e que se encontrou o derradeiro regime político.
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