Ou irmandade
retroactiva. O chefe russo de hoje, afinal, é extremamente parecido com os
chefes seus predecessores, na extorsão, pilhagem, matança, atropelo, embora o
cinismo do “irmão” actual seja mais visível, graças ao apoio técnico
informativo, que possibilita a visão das poses de quem ordena por lá, pela
Rússia ambiciosa de sempre, talvez indiferente ou ignorante de leituras
bíblicas, que reduzem a condição humana a simples pó, o que de resto, não
aquenta nem arrefenta a esse da pose actual, sabedor de que o resto é sempre o
tal silêncio, e preferindo ordená-lo aos outros, enquanto por cá anda. O problema
de hoje, criador de angústias, lágrimas de pena horrorizada, medos, é a maior visibilidade
da transmissão directa do comportamento criminoso, que dantes só se conhecia
condicionado pela imprensa escrita, e seguidamente sonora, ficando ainda muito
dele no segredo dos deuses até historiadores e escritores os descodificarem.
Bem faz o historiador Jaime Nogueira Pinto em alertar para os livros contemporâneos
desses tempos que encaminharam, parcialmente embora, também o nosso percurso juvenil,
posteriormente debruçado sobre leituras de foro mais clássico, e hoje variando
preguiçosamente entre a biblioteca e a cinemateca de sofá. Mas fico sempre
grata a JNP pelas suas esclarecedoras lições e interpretações da história, e pela sua
justificação e defesa do “iliberal” Orban, que sabe bem as linhas com que se
cose, ao contrário de nós, os democratas com pouca linha.
Naterra do meio
Em Budapeste, nas margens do Danúbio,
não pude deixar de pensar no destino destas nações da Europa do Meio, sempre no
caminho de impérios conquistadores – e agora até de Bruxelas.
JAIME NOGUEIRA PINTO Colunista
do Observador
OBSERVADOR, 30 jul
2022, 00:2119
A Europa Central, a MittelEuropa ou OstEuropa,
começou por me interessar e impressionar pelos escritores. Geograficamente, era tudo o que ficava para Leste
da Alemanha e antes da Rússia; política e culturalmente, era o antigo Império
dos Habsburgo. Mas antes disso e com isso, era, para mim, os escritores:
primeiro, Stefan Zweig, de quem li, muito cedo, as
biografias de Fernão de
Magalhães, de Maria Stuart, de Maria Antonieta, de Fouché; e depois os Momentos
Decisivos da História da Humanidade,
onde havia uma extraordinária narrativa da última batalha e primeira derrota de
Napoleão, “O Minuto
Mundial de Waterloo”. Confesso que
era então – apesar das invasões – pelo Napoleão, e sofria quando o Blücher
chegava antes do Grouchy e “naquela triste planície, terminava a epopeia”.
Os escritores da Terra do Meio
Li
mais tarde os romances Amok e Vinte
e Quatro Horas da Vida de uma Mulher,
e O Mundo de
Ontem, uma memória desse império dos
Habsburgo, que acabou com a morte do arquiduque Francisco Fernando em Sarajevo.
Vi o filme agora, em Budapeste, no Museu de História Militar, uma peça de
nostalgia necrológica, com a devida pompa e circunstância.
Joseph Roth, outro dos judeus contemporâneos de Zweig, também
tinha publicado um requiem pelo Império, em 1932: A
Marcha de Radetzky. Radetzky foi
o general dos Habsburgo ligado às últimas vitórias da guerra de Itália, mas
também à repressão brutal na Lombardia-Venetia. O romance conta as
derradeiras décadas do Império Austro-Húngaro através da saga da família
Trotta, uma história de ascensão e queda paralela à do Império. O
primeiro Trotta salvara o imperador Francisco José em Solferino
e fora nobilitado; a partir daí
os von Trotta seguiam a sorte do Império. A “Marcha de Radetzky”, Opus 228 de Johann
Strauss, é uma marcha
triunfal encomendada ao compositor para celebrar o velho marechal depois da
batalha de Custoza.
Stefan Zweig fugiu da
Áustria em 1934 e divorciou-se da primeira mulher, Friederike, de quem
ficou amigo. Em 1936 esteve com Joseph Roth, em Ostende, na Bélgica. De
Londres, com outros emigrados que descreve como “fantasmas”, acabou por partir
para Nova Iorque. Viajou depois com a nova mulher, Lotte, para o Brasil e
suicidou-se com ela em Petrópolis, em 1942. Nascido na Grécia em 1894, Joseph
Roth serviu no Exército imperial e escreveu
em jornais como o Frankfurter Zeitung. Em 1933, o ano do triunfo de
Hitler, o judeu Roth foi para Paris, onde acabou os seus dias. Lamentava a
destruição da “sua pátria”, a única que tinha tido, a “Monarquia Dual da
Áustria-Hungria”. Morreu nas vésperas da Segunda Guerra.
A
Marcha de Radetzky lembra outros romances contemporâneos do declínio e
queda do império habsbúrgico, como O Homem sem Qualidades, de Musil
ou O Bom Soldado Svejk, de Jaroslav Hasek. A tragédia, o destino e o
humor corrosivo destes autores marcam o fim desse Império
aristocrático-burguês, multiétnico, liberal, conservador, tão diferente do que
viria a seguir.
Todos
estes autores, enredados num saudosismo sonâmbulo do decadente Império Dual dos
Habsburgo e do seu autoritarismo tolerante, cairiam fulminados pelo hitleriano
despertar dos Nibelungos.
Kafka, outro sonhador de histórias fantásticas, nasceu em
Praga, no reino da Boémia, também judeu e também cidadão da MittelEuropa e
da monarquia dos Habsburgo. Não teve de emigrar porque morreu em 1924,
antes das perseguições hitlerianas. Mas em 1951, na República Democrática
Alemã, o autor de O Processo teria
as suas obras proibidas, como burguês “decadente”, contrário à ortodoxia do
Partido de Estaline.
Outro
cidadão do Império dos Habsburgo, senhor de um grande sentido de humor e mestre
de distopias, foi Karel
Capek, o inventor da palavra “robot”.
Descobri-o com A Guerra das Salamandras e A Fábrica do
Absoluto, publicados na Argonauta e na Miniatura, colecções de bolso da
minha adolescência. Capek também morreu cedo, de bronquite – ou de desgosto
perante a ocupação da Boémia-Morávia pelos alemães. E depois de 1948 foi também
proibido pelos comunistas – era um liberal admirador da América que publicara,
em 1924, o ensaio Porque é que não sou comunista: “Se o meu coração está do lado dos pobres por que raio
é que eu não sou comunista? Porque estou do lado dos pobres”, escrevia então
Capek.
Outro
autor da MittelEuropa, também cidadão tardio do Império dos Habsburgo e
perseguido pelos sucessivos totalitarismos foi Sándor Márai, escritor
húngaro tardiamente conhecido, mas considerado hoje um dos grandes autores da
literatura europeia. Márai nasceu em 1900 na Hungria, em Kassa. De família
aristocrática, foi, na juventude, partidário da República Socialista
Soviético-Húngara, uma experiência comunista que durou uns poucos meses, entre
Maio e Agosto de 1919, mas que serviu de susto e de lição. Márai criou então um
“Grupo Activista e Antinacional de Escritores Comunistas” e fugiu do país
quando os comunistas caíram, errando pela Europa até voltar à Hungria do
regente Miklós Horthy, em 1928.
Em
1942 escreveria o seu romance mais célebre, As Velas Ardem até ao Fim, uma
história de nostalgia, paixão, amizade e ajuste de contas. No fim da Guerra,
com a entrada das tropas soviéticas em Budapeste, Márai também saiu do país e
colaborou activamente, entre 1951 e 1968, na Radio Free Europe. Fixara-se,
entretanto, nos Estados Unidos e a sua desilusão com falta de apoio ocidental
ao levantamento nacional e popular de Budapeste em 1956 seria total. Acabou
também por se suicidar em San Diego, em 1989.
Em
Budapeste, nas margens do Danúbio, penso nos destinos destes escritores
da MittelEuropa, todos nascidos nos finais da Monarquia Dual dos
Habsburgo, todos nostálgicos dessa Europa de ontem e da sua liberdade burguesa,
liquidada em massivas vagas totalitárias. Penso neles nesta cidade capital da
Hungria, uma nação muito especial, com uma língua única, incompreensível,
diferente de todas. Uma nação muito antiga, com os seus reis lendários de seis
dinastias, de Santo Estêvão a Mathias Corvinus; uma nação que foi sofrendo as
invasões e ocupações de muitos impérios – dos turcos, dos russos, dos
austríacos, dos nazis, dos soviéticos – e que foi sempre resistindo. Os heróis
dessa resistência ocupam hoje dezenas de pedestais nos parques e jardins da
capital, ao lado dos escritores, dos músicos, dos poetas.
Conversando
aqui com velhos e novos amigos e comparando histórias e destinos, não pude
deixar de pensar na geografia benévola que Deus deu a Portugal, na ponta
ocidental da Europa, tendo por único vizinho – e possível invasor e inimigo – a
Espanha; e de compará-la com a destas nações da Europa do Meio, sempre no
caminho de impérios conquistadores – e agora até de Bruxelas, com os “novos
direitos humanos” e o saco das patacas para chantagear os recalcitrantes.
Hungria, uma história de resistência
A
Hungria não esquece a sua história de resistência. No século XIX, em 1848-1849, na Primavera das
Nações, revoltou-se contra os Habsburgo, uma revolta que o novo Imperador,
Francisco José, só dominou graças ao grande corpo expedicionário russo de
Nicolau I. Em 1867, depois de anos de repressão, houve uma reconciliação
austro-húngara e o conde Andrássy, um patriota revolucionário de 1848, que
tinha sido enforcado em efígie, ficou primeiro-ministro, selando um compromisso
que durou até à Grande Guerra.
A
brutalidade da História continuou a abater-se sobre a Hungria no século XX: com
a derrota de 1918 e a revolução comunista de Bela Kun, os vencedores
esquartejaram o país, pelo Tratado de Trianon, e tiraram-lhe dois terços do
território e parte da população.
Depois foi a tragédia da Segunda
Guerra, em que a Hungria alinhou com a Alemanha e a Itália; em 1944, o golpe dos Cruzes de Flecha, de Ferenc
Szálasi, ditou o fim dos judeus húngaros. Alguns salvaram-se, graças à
protecção do Almirante Horthy e aos passaportes concedidos pelos diplomatas de
Portugal e Espanha.
Os
soviéticos saíram vencedores dos 50 dias da batalha de Budapeste, entre 26 de
Dezembro de 1944 e 13 de Fevereiro de 1945, uma batalha em que morreram quase
40.000 civis, com os alemães a sofrerem e a infligirem pesadas baixas aos
russos.
Depois
da vitória, as tropas comunistas procederam às brutalidades do costume: além da
ritual violação das mulheres, milhares de raparigas foram raptadas e levadas
para os quartéis pelos soldados; mais de 600 mil húngaros, militares e civis,
dos quais um forte contingente da minoria alemã, foram aprisionados e enviados
para a União Soviética para trabalhos forçados. Calcula-se que, destes, cerca
de 200 mil tenham morrido de maus tratos. Parte dos civis foram deportados para
preencher o número de prisioneiros militares que o marechal Malinovsky, por
excesso, indicara no seu relatório da batalha de Budapeste.
Depois veio a longa noite comunista: no
princípio houve eleições e os comunistas perderam para o Partido dos Pequenos
Proprietários, que teve a maioria absoluta, em Novembro de 1945; mas,
aproveitando a presença das tropas soviéticas e dominando o aparelho policial e
militar, os comunistas intimidaram e dividiram os opositores, prendendo e
enviando os mais decididos para a União Soviética e levando outros ao exílio.
Seguiu-se a perseguição aos cristãos – católicos, calvinistas e luteranos –,
com o julgamento e condenação do Cardeal Mindszenty e a colectivização, tudo
sob a tutela de Estaline e dos líderes locais comunistas – Mátyás Rákosi e o
seu grupo de emigrados na URSS.
O terror comunista caiu sobre a
Hungria e os húngaros, habituados a lutar contra ocupações e tiranias. E em
1956, nos últimos dias de Outubro, depois do discurso de Kruschev a denunciar
os crimes de Estaline (como quem denuncia uma novidade de que ele, Kruschev, e
a Nomenklatura estavam inocentes e a qual desconheciam), houve o primeiro
grande levantamento popular contra um regime comunista.
Ardilosamente,
os comunistas aderiram à pressão popular e Imre Nagy, um comunista que fora
primeiro-ministro em 1953-55 mas que mostrara independência em relação a
Moscovo, foi chamado ao poder pelos rebeldes, enquanto as tropas russas simulavam uma retirada. Entretanto, os soviéticos pós-estalinistas, que sabiam
bem que era o medo que garantia o poder do Partido, com a cumplicidade de
Janoskadar, foram enganando os húngaros com negociações – e voltaram em força em 4 de Novembro, esmagando os
revoltosos com tanques.
Desta
vez, mais de dois mil revoltosos foram mortos nos combates, muitos milhares
foram presos e torturados e desses foram mortos umas centenas. Duzentos mil
fugiram. Nagy refugiou-se na embaixada da Jugoslávia, mas saiu, confiado na
palavra de Kadar para ser entregue e julgado à porta fechada. Foi enforcado em
1958. O cardeal Mindszenty, libertado pelos rebeldes, refugiou-se na embaixada
americana, e aí viveu até 1971. Tinha já sido preso pelos Cruzes de Flecha
durante a guerra.
Hoje,
a Europa, a liberal Europa unida que quer impor os “novos direitos humanos” de
uma agenda radical e anti-cristã a um país que pagou com a tortura e a morte a
resistência a dois radicalismos iliberais anti-cristãos, parece obcecada com o iliberalismo de costumes da
Hungria.
Consequentemente, o primeiro-ministro Viktor Órban, que iniciou a sua vida
política como militante anticomunista, é apresentado como um tirano em
ascensão, e assim firmemente considerado por uma coligação bem-pensante, que
vai dos correligionários ideológicos dos comunistas que mataram e torturam
milhões em todo o mundo, até aos “convidados ociosos da existência”, que
assistem do sofá ao que lhes dizem “que vai pelo mundo”.
Em Budapeste visitei a “Casa do
Terror”, uma moradia onde, sucessivamente, funcionou a direcção do partido nazi
dos Cruzes de Flecha e a polícia política do Partido do Estado comunista, a
AVO, com os gabinetes dos chefes das secretas e dos torturadores e as caves com
as celas por onde passaram Nagy e Mindszenty. Também lá estão os retratos de
quase todos os menores aprisionados, como o célebre Péter Mansfeld, de quinze
anos ––; menores esses que os carrascos do “poder popular”, no estrito e
escrupuloso cumprimento da lei, ali mantiveram encarcerados até atingirem a
idade legal para poderem ser executados.
São
histórias que a Hungria não esquece.
COMENTÁRIOS:
S Belo: Obrigada, JNP por mais uma interessante lição de História. Revisitei
consigo as estantes do meu Pai. José Barbosa: Que grande lição de História e
que cultura. Muito obrigado. Joaquim
Lopes: A UE tem
dirigentes entre os quais a Presidente que esteve nos vários negócios da Covid,
foi ministra da corrupta Merkel, causadora da situação que se vive na Ukrânia. A
Hungria defende-se porque sabe o que valem os inimigos da democracia que
governam na maior, parte da UE, no fundo a UE tem um regime comunista? Exagero?
O Comité Central é a Comissão Europeia, o centralismo democrático. Tem um
parlamento onde não se vota por se saber que aquilo nada decide. As imposições
e as "regras" são típicas de um regime comunista. Neste momento são
raros os países que não são governados pelas esquerdas Gramsciana, decerto
também chegará onde chegaram os USA a recessão, Draghi saiu não fosse a Itália
seguir o caminho da Hungria, a hárpia do Banco Central fez que as coisas se
agravassem de propósito, (esta inflação é temporária, todas são, mas esta foi
provocada) pelos comunistas no governo americano, no plano militar estão a
fazer o que fizeram no Afeganistão, prometeram, provocaram e agora tiram a mão,
deixando a Turquia fazer o que quer em relação ao roubo dos cereais. Um mundo
governado por piratas e gente sem sentido moral, quem vai ganhando terreno é o
Islão apoiado pelas ONGs na invasão da Europa e dos USA. Joaquim Almeida: Uma UE tão leviana e tão
estúpida, sem qualquer autoridade moral perante a história de resistência
da Nação húngara contra a tirania totalitária. Paula
Barbosa: Este homem dá-nos
"banhos" de Cultura! Bem haja! Já visitei estes países do centro da
Europa e conversar com os seus cidadãos mais velhos é confrangedor.
Que vidas miseráveis tiveram. Tanta privação! Sempre à espera da próxima
guerra. Na Polónia, eles estão em pânico. Países Bálticos já assumiram que têm
os dias de liberdade contados, e que ninguém os vais socorrer, uma vez que são
tão pequeninos...Há longos anos que dizia que ainda ir ver, antes de morrer, a
III Guerra Mundial . Aí está ela. E eu, neta de um prisioneiro dos alemães na I
Guerra Mundial, só dou Graças a Deus , por os meus Pais, já não terem de passar
pela escuridão em que vai mergulhar a Europa. Joaquim Almeida
> Paula Barbosa: E a Europa caviar a
impingir-lhes "direitos".... a ensinar-lhes democracia.... Francisco Tavares de Almeida: Excelente e oportuníssimo
artigo. A Hungria está sob ataque e o papel desempenhado pela direcção política
da UE deveria ser um alerta. Acrescento, por ser oportuno em tempo, que o que
se passa com os ataques à família Mesquita Guimarães e agora ao Patriarca D.
Manuel Clemente, tal como à Hungria, têm por agentes a mesma imprensa e
lamentavelmente este mesmo Observador. Tenho apenas subscritas o 360º e a Hora
de Fecho porque apenas me interessam os comentadores. Hoje, tal qual spam de
sites de encontros ou tentativas de phishing, recebi mais uma do José Manuel
Fernandes a tentar impingir-me uma qualquer coisa de família e mais um
miserável ataque a D. Manuel Clemente assinado por Pedro Jorge Castro: Pouco posso fazer mas fica a
denúncia do meu repúdio. Jose
Luis Salema: Excelente mais uma vez! Interessantíssima a história
desse povo. Maria
Alva: Excelente artigo
que muito ajuda a perceber a realidade Húngara bem como as amplas maiorias
democraticamente ganhas por Orban. Obrigado.
Rui Pena: Excelente artigo que me criou o click para visitar
Budapeste. Há cerca de dez anos fiz em Berlim num dia frio de Outono, uma
peregrinação similar onde visitei desde o museu da Stasi aos edifícios da
antiga RDA que eram ainda os edifícios ministeriais de Hitler, aos restos do
quartel da Gestapo, ao mais ligeiro mas revelador museu da RDA, que exibia todo
o microcosmos do dia a dia na RDA, um mundo paralelo. José Paulo C Castro: A língua húngara é próxima da finlandesa. Ambas têm em
comum não descenderem da matriz comum indo-europeia, comum a quase todas as
línguas de origem euro-asiática e suas posteriores colonizações ultramarinas. Há
mais, como o basco e as variantes celtas, mas nem partilham o mesmo ramo da húngaro-finlandesa.
São resquícios prováveis de uma migração antiga ou resistência notável à
aculturação por parte de invasores. Reparem: resistência notável à aculturação.
Bruxelas vai falhar os seus propósitos nas margens do Vale do Danúbio húngaro. Maria Nunes: Excelente e brilhante artigo. A Hungria e a
Polónia são países mártires, cuja História convém relembrar e que explica muito
da política actual desses países. Quanto aos autores referidos, tenho
especial admiração por Stefan Zueig. O seu último livro publicado, O mundo de ontem, é uma advertência e impressiona como os acontecimentos
mudaram a Áustria de um dia para o outro. A leitura desse livro é assustadora,
pois estamos convictos que seremos sempre livres, o que é uma pura ilusão. Álvaro
Aragão Athayde: Portugal
tem duas fronteiras, uma terrestre e outra marítima, e tão ameaçador da
Independência de Portugal pode ser o estado que domina as terras a norte e a
leste, como o que domina os mares a sul e a oeste. Dinis Silva: Vou usar as referências como livros a ler este ano.
Obrigado.
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