sábado, 23 de julho de 2022

Arraial


 Lá pelos Estados Unidos. Já sentíramos isso, os desequilíbrios de Biden, os carnavais nos US. Mas como estes iam ajudando a Ucrânia, com as suas armas, descansávamos. AG retira-nos a esperança, com a sua inteligente – desapiedada – visão. De resto, nós, por cá, vamos imitando, em astúcia carnavalesca, pelo menos, que nos falta o resto.

Joe Biden, o elefante na sala oval

O “freak show” apura-se. E não conhece obstáculos. A América, que é a América, endoideceu a partir de cima. Coitados dos americanos abaixo. E coitados de nós no chão.

ALBERTO GONÇALVES, Colunista do Observador

OBSERVADOR, 23 jul 2022, 00:216

“Joe Biden, que muitos dizem ser o nosso pior presidente, adoeceu com um caso do vírus chinês, apesar de estar vacinado. Espero que o Joe ‘Sonecas’ consiga recuperar depressa, tal como eu. Os médicos descreveram a minha luta contra o vírus chinês como hercúlea, e não se referiam ao Hércules “woke” da Disney, mas ao de Kevin Sorbo. E também ao de Lou Ferrigno.

Joe, desejo-te rápidas melhoras, ainda que leves a América no rumo errado. Ninguém quer a Kamala!”

Não é o Discurso de Gettysburg, mas esta mensagem atribuída a Donald Trump é um mimo de síntese, graça e razão. Por momentos, pensei em rever severamente a minha opinião acerca dos limites “comunicacionais” do sr. Trump. Não foi necessário: a mensagem não é do sr. Trump, e sim de algum brincalhão que a enfiou nas “redes sociais”. O brincalhão merecia ser descoberto, revelado e promovido a redactor das intervenções presidenciais. Isto quando, e se, os EUA voltarem a ter um presidente capaz de os ler sem incluir na leitura os avisos do “teleponto” (“Pausa”, “Repetir a frase”, etc.).

Este é o problema, ou um dos inúmeros sintomas do problema. Somados todos os sintomas, o sr. Biden não parece estar em condições para liderar o famoso “mundo livre”, embora esteja nas condições ideais para permitir que o mundo se torne bastante menos livre. Além de não perceber o conceito de “teleponto”, o homem tropeça em cada degrau, estende a mão a criaturas que não existem, transforma frases em murmúrios insondáveis, esquece o nome dos seus interlocutores, perde-se no pequeno jardim da Casa Branca, é ignorado pelos pares em encontros internacionais, etc. De brinde, após quatro doses e umas dezoito máscaras simultâneas, que apenas remove para tossir ou proferir incongruências, o homem anuncia que apanhou Covid exactamente um ano depois de garantir ao povo que a vacina evitava a infecção.

O homem, em suma, não anda bem – nos sentidos literal e figurado. E se alguns vídeos disponíveis na internet sugerem que ele já não andava bem há 30 ou 40 anos, a verdade é que então o sr. Biden não passava de um simples senador. Hoje, é um presidente simples, na acepção pejorativa do termo. Para cúmulo, é o presidente simples de uma nação complexa, e decisiva para os nossos destinos. Claro que, nos tempos que correm, até há estadistas empenhados em aparecer de cuecas, a chapinhar no mar. Sucede que são personagens de lugares periféricos e condenados à desgraça. A América ainda não é periférica, e convinha ao Ocidente que não se desgraçasse.

O cenário não é animador. Escreveu-se e insinuou-se imenso sobre a possibilidade, aliás falsa, de Ronald Reagan ter terminado o segundo mandato com sinais de Alzheimer. O sr. Biden iniciou o primeiro com sinais sabe-se lá do quê. O que se sabe é que a Covid é o menor dos seus males. E dos nossos. Em Novembro de 2020, multidões eufóricas anunciaram o regresso da “decência” a Washington. A palavra que procuravam é “demência”.

Por acaso, não falo do pobre sr. Biden. O facto é que, com o beneplácito do sr. Biden, ou aproveitando o desnorte do sr. Biden nos labirintos da própria cabeça, a América prosseguiu e acentuou uma espiral de loucura que seria cómica no Luxemburgo ou na Birmânia. Sendo na América, com a capacidade da América em determinar o que ocorre no resto da civilização, a espiral é trágica. Em poucos anos, a sociedade mais próspera dos últimos cem anos viu as alegadas “elites” (?) reduzidas a um caldo medonho de folclore, crendice, fanatismo, segregacionismo, denúncia e prepotência que, fora as fatiotas e os adereços circenses, não envergonharia um zelota do Alabama em 1922.

Da sinistra e ruinosa história da Covid, imitação global dos preceitos do sinistro e ruinoso dr. Fauci, saltou-se num ápice para a radicalização absoluta dos delírios “identitários” e do que calha, que oscilam entre o ridículo e o criminoso. Há ódio às mulheres que são mães. Há mães com receio de que o seu recém-nascido seja um “supremacista branco”. Há brancos que se ajoelham perante negros. Há negros que recusam proximidade com brancos (que fiquem de pé, suponho). Há adultos que escolhem os pronomes pelos quais querem ser designados. Há gente que exige ser considerada gato ou osga. Há matulões que concorrem em desportos femininos. Há obesas mórbidas promovidas enquanto modelos de beleza e saúde. Há anúncios de recrutamento militar exclusivamente destinados a filhas de lésbicas. Há a ideia de que a tropa serve para “desfazer estereótipos” e não artilharia inimiga. Há académicos a servir esta papa aos alunos, a título de “progresso”. E há os “media”, cinema incluído, que vendem a papa a título de desígnio. E há o poder político, que confere à papa legalidade.

Ai de quem não devore a papa, que mistura sentimento com raciocínio e indignação com pertinência. Sob o cínico logro da “diversidade”, o que acontece é afinal uma padronização, a redução superficial dos seres humanos a características que ou são irrelevantes ou são imaginárias. O processo pode ser alimentado por sede de destruição, idiotia ou oportunismo. O desenlace, salvo milagre, não será bonito.

A esperança, a haver alguma, é que a maioria não ceda às ameaças e aos “cancelamentos” e à censura e às listas negras da minoria barulhenta. Acredito que milhões de americanos contemplem com crescente horror semelhante pagode, um pagode indissociável das consequências na economia, na segurança, na educação e nas gerais minudências que, antigamente, as pessoas associavam a uma vida razoável. Não sei se serão os milhões suficientes, ou se serão suficientemente resistentes. E falta demasiado para as eleições.

Entretanto, o “freak show” apura-se. E não conhece obstáculos. O sr. Biden não conta (porque se esqueceria que o “five” precede o “six”). A seguir ao sr. Biden, perfila-se a dona Kamala, que parece sempre dirigir-se a retardados. A seguir à dona Kamala, nem Deus sabe o que para ali vai, incluindo o velhote vestido de senhora que agora é “ministro” da Saúde. Dado o respectivo estado, o sr. Biden é o elefante na sala oval (ou o burro, se atendermos ao partido e não só). Infelizmente, na sala cabem muitos bichos. A América, que é a América, endoideceu a partir de cima. Coitados dos americanos abaixo. E coitados de nós no chão.

JOE BIDEN   ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA   AMÉRICA   MUNDO

COMENTÁRIOS:

António Moreira: Os EUA têm na dupla Biden/Kamala o pior e o melhor que lhes poderia acontecer na actual circunstância histórica. O pior, na medida em que dificilmente aquele país, seguramente a maior referência para as democracias ocidentais do pós 2.a Guerra Mundial, poderia estar pior servido em termos da liderança escolhida (como é possível os EUA terem chegado ao ponto de terem como dupla na Casa Branca um Presidente que apenas tem uns raros intervalos lúcidos e uma VP que não tem sequer intervalos lúcidos?!?), mas o melhor na medida em que o ridículo do carnaval woke, que com a referida dupla ganhou um espaço que nunca antes teve, está, por causa dessa visibilidade, a finalmente começar a ter a oposição que não pode deixar de ter.  A minha convicção é que dessa oposição, porque o carnaval woke não representa a maioria e, na verdade, ofende a maioria, resultará que essa bicharada woke acabará no único espaço adequado aquilo que são, mais concretamente na jaula do circo.            eduardo oliveira: O grave problema é a bipolarização radical que se vive nos EUA e que cada dia está mais extremada. Apesar de senil e "preso" pela loucura desta vaga identitária e woke, é evidente que a alternativa Trump seria um filme de terror muito pior. Basta constatar o que se passa ao nível da politização do supremo tribunal, para já não falar do facto de que Trump nunca iria contra quem foi crucial para o levar ao poder - Putin - e nesta altura do campeonato a Ucrânia já teria passado à história... O ocidente tal como o conhecemos nos últimos 75 anos é uma memória distante e os dias futuros não auguram nada de bom                 S Belo: Muito bom !          S Belo > S Belo: Ainda espero ver Biden, Kamala e respectiva entourage, em voto de penitência, cobertos de cinzas, vestidos de serapilheira e de "baraço" ao pescoço.           Américo Silva: Interessante, só que Biden é muito pouco na américa, pouco mais que um ninguém, alguém governa por ele. O vento sopra de Yale, sugiro que procurem pessoa devidamente cornamentada, com cara de Belzebu.           Paulo Silva: A demência do Joe talvez seja do mal o menos... Mas se o vírus chinês levar o asno louco do meio da sala oval que criatura virá depois? A Cabala... Harris do país das maravilhas identitárias e do politicamente correcto?!… Ou algo pior?… A Democracia infelizmente não resolve os problemas da transparência. Por vezes agrava-os. Os feiticeiros da Escola de Frankfurt vindos do outro lado do Atlântico instalaram-se confortavelmente no aconchego da prestigiada universidade americana, viraram-na do avesso e depois os discípulos foram tomando as instituições uma a uma até hoje, (com o apoio tácito dos inimigos da América e da Democracia à distância na Lubyanka). Só tarde todos os burros acordaram… numa linha de montagem a caminho do grande conversor das identidades. Irão reagir? Quando?…              MPSRRS: Muito bom!  Hilariante.... e acutilante :)

 

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