O Dr. Salles explica, e um seu
comentador também. Nós continuamos sonhando… Também já se falou em petróleo. O Algarve
tem as costas largas, se bem que Solnado o localizasse antes, num seu quintal
no Beato. Contentemo-nos com o quintal. Um dia, os Putins decidirão. No seu próprio
proveito, decerto. Ou até mesmo os chins, que também sabem de proveito.
HENRIQUE
SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 28.07.22
Diz-se que temos importantes recursos
de gás natural ao largo do Algarve.
Mesmo
que seja verdade, o lobby russófilo-ambientalista encarregar-se-á de impedir a
sua exploração.
Continuemos,
pois, energo-dependentes…
Contudo,
até prova em contrário, a Rússia nada ganha connosco pois o nosso fornecedor
é a Argélia. Ou seja, na actual circunstância de redução da dependência
energética europeia em relação à Rússia, os nossos consumos não pesam
nessa balança. Não faz, pois, qualquer sentido que tenhamos
que reduzir o nosso consumo de gás natural.
Pelo contrário, a nossa solidariedade europeia dever-se-ia traduzir
num reforço do nosso aprovisionamento de modo a que nos pudéssemos constituir
como fornecedor de gás aos nossos parceiros europeus.
Todavia,
França não autoriza que um nosso gasoduto atravesse os Pirenéus
para manter a sua electricidade nuclear como produto estratégico para os demais
países europeus.
Mas
parece que não é tecnicamente possível substituir parte substancial dos actuais
consumos de gás por electricidade.
Esta, uma questão que merece confirmação ou infirmação. Confirmada a
inviabilidade, cai por terra a pretensão francesa.
Bloqueados
por russófilos e por franceses, resta a possibilidade da organização de
comboios de navios entre Sines e Roterdão ou Hamburgo que transportem o gás que
possamos intermediar.
Julho de 2022
Henrique Salles da
Fonseca
Tags:: "economia
portuguesa”
COMENTÁRIOS:
Rui Bravo Martins 28.07.2022 21:08: Muito boa caricatura, Falta dar-se conhecimento à
população que tínhamos dois gasodutos, um vindo da Argélia e que passa por
Marrocos e atravessa o estreito de Gibraltar, e de Espanha para Portugal, e um
outro que atravessa o Mediterrâneo directamente da Argélia para Espanha e dai pelo mesmo gasoduto entram
na zona de Elvas. Deste conflito entre a Argélia e Marrocos por causa do antigo
Sarah Ocidental, a Argélia Fechou o primeiro gasoduto que passa por Marrocos. Os
nossos politiqueiros não falam deste assunto preocupante?!
Adriano Miranda
Lima 30.07.2022 12:24: Também havia notícia de haver
petróleo no mar do Algarve e intenção de o explorar. Mas os ambientalistas e
outros interesses parece terem bloqueado a exploração. Lembro-me de há alguns
anos estar de férias no Algarve e ter-me sido distribuído um folheto dos
ambientalistas a apelar à mobilização dos algarvios. Agora é o gás natural
e o resultado é o mesmo, assim como provavelmente irá suceder o mesmo com o
lítio. Isto é, será sempre um problema
bicudo reunir consenso à volta do interesse nacional. O princípio é este: tudo
bem, mas desde que não mexe com a minha paróquia. Mas pelo citado exemplo da electricidade nuclear da
França, pode-se também concluir que no seio da UE o interesse comunitário, no
problema em questão, pesa menos que o daquele país.
Não há dúvida que o gás proveniente do Norte de África
poderia ser uma alternativa ao russo, uma vez que as reservas o permitem sem
qualquer dúvida. Mas por aquilo que eu li na imprensa sobre a validade
estratégica dessa medida e que dimensionaria a importância da península
Ibérica, a França sempre colocou obstáculos, não concordando com a passagem do
gasoduto no seu território, além Pirenéus. Pergunto em que ficamos, visto que,
tanto quanto penso, o assunto não voltou a ser ventilado. De resto, conforme diz
o Dr. Salles da Fonseca, a electricidade nuclear francesa não substitui a
utilização do gás em muitas das nossas necessidades domésticas.
Resta dizer, em jeito de remate final, que tudo serve e é bem-vindo
desde que nos libertemos de toda e qualquer dependência da Rússia. É lastimável
chegar-se a essa conclusão numa era em que se julgava que a economia e os
negócios tinham passado a substituir as bombas e os mísseis. A menos que venha
a ocorrer uma revolução interna que apeie do poder a corja de criminosos que dele
se apoderou, receio que caminhemos para um retrocesso civilizacional que poucos
imaginariam. Os seus sinais são tenebrosos e até acho que a comunidade
internacional ainda não avaliou toda a extensão da tragédia. Continua a haver
países reféns do que lhe parecem ser os seus interesses, por essa Ásia e
África, quer grandes quer pequenos.
Foi muito oportuna a abordagem deste problema,
Dr. Salles da Fonseca.
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