segunda-feira, 4 de julho de 2022

Foi um caso de precipitação


Aproveitando a ausência, bem fornida de manjares – daí a confiança no seu êxito, da parte do ministro atrevido, em semear aeroportos hipotéticos, assim dos pés para as mãos, sem esperar o regresso do P-M. Mas este não se zangou, bem-disposto que regressou, para mais com a alma semeada de regozijo e o corpo de bons sabores. Tudo se processará na decência dos nossos cozinhados, à nossa maneira. Não há que temer. Helena Matos que não se preocupe em excesso, o povo está por tudo, habituado aos excessos – de estradas igualmente – muitas delas inúteis também, feitas com dinheiros de estranhas fontes… O costume, por agora.

 

Assalto ao aeroporto

Neste assalto ao aeroporto que teve lugar em Portugal nem tudo o que parece é. Afinal Pedro Nuno Santos cometeu uma traição ou simplesmente enganou-se nas horas?

HELENA MATOS

OBSERVADOR, 03 jul 2022

29 de Junho. A orquestra de Kiev toca no Museu do Prado. São quinze minutos que antecedem o jantar dito informal oferecido pelo presidente do Governo espanhol no âmbito da cimeira da NATO. Mas por mais informal que a imprensa diga que é o jantar a informalidade não contempla obviamente a leitura de mensagens e muito menos o visionamento dos vídeos que, no caso concreto, pretendem informar António Costa do tumulto que a essa hora (20h 30 em Madrid/ 21h 30 em Lisboa) está levantado em Portugal a propósito do anúncio feito pelo ministro Pedro Nuno Santos sobre a localização do novo aeroporto.

Ou terá sido enquanto degustava o menu de quatro pratos concebido pelo cozinheiro-estrela José Andrés que António Costa se apercebeu da gravidade da situação? Gastronomicamente falando (nestas coisas os espanhóis não deixam os seus créditos por mãos alheias e tratam os menus como uma extensão dos negócios estrangeiros), será que Costa começou a perceber a crise que o esperava quando tomou o aperitivo de bacalhau, laranja e beterraba ou foi apenas enquanto provava o gaspacho de lagosta com legumes de verão aromatizados com manjericão e azeite virgem extra? Por mim preferia que tivesse sido já enquanto trincava a paleta de borrego cozinhada a baixa temperatura com puré de limão (vou tentar fazer este borrego em minha casa e logo darei notícias!). Mas, seja como for, quando chegaram os morangos de Aranjuez, com aniz de Chinchón, wafer e caramelo de violetas, Costa já devia estar, como soe dizer-se, ao corrente. E é aqui que chegamos ao nó da questão: ao corrente de quê? Sim, como no filme que tantas tardes de sábado nos prendeu no binómio sofá-televisão, também neste assalto ao aeroporto real que teve lugar em Portugal a 29 de Junho, nem tudo o que parece é e, como ensinam os filmes, convém que não nos enganemos no vilão.

Afinal, qual foi o erro de Pedro Nuno Santos? Em absoluta roda livre aproveitou o facto de António Costa estar incontactável na cimeira da NATO para anunciar a opção Montijo+Alcochete que não tinha sido aprovada pelo governo? Ou, entre outras razões, para reduzir o ascendente de Mariana Vieira da Silva na sucessão de Costa, precipitou o anúncio da opção que já tinha sido tomada pelo Governo? A primeira hipótese é o que chamamos golpada. A segunda, para usar as palavras do próprio Pedro Nuno Santos, uma “falha de comunicação”.

Nada mais além da minha intuição me diz que é a segunda hipótese a mais próxima da realidade. E sublinho que de cada vez que revejo as declarações de António Costa sobre este assunto mais me convenço de que não devo estar muito longe da verdade: António Costa não trata Pedro Nuno Santos como o traidor que este de facto seria se tivesse aproveitado a incomunicabilidade do primeiro-ministro durante a cimeira da NATO para o desautorizar numa decisão tão importante para o país. Trata-o sim como um azougado que cometeu um deslize de timing e o obrigou a ele, António Costa, a recuar: agora, oficialmente, o governo não tem nem tinha qualquer opção tomada nesta matéria e o que seria uma mais que provável simulação de procura de entendimento com o PSD passou a negociação. Pedro Nuno Santos mais o seu secretário de Estado das Infraestruturas, sociólogo especialista em marketing e estudioso das desigualdades no ISCTE, não inventaram nada. Tiveram foi falta de jeito.

É uma ilusão acreditar que Pedro Nuno Santos saiu derrotado desta crise. Pelo contrário, todos percebemos que tem fiéis e apoios: na bancada parlamentar do PS trinta dos actuais deputados são pedronunistas. E no governo quantos ministros mais além de Ana Abrunhosa estão de “coração apertado” pelo destino de Pedro Nuno Santos? Ou perguntemos doutro modo: alguém se sente de coração apertado por Mariana Vieira da Silva ter falhado como coordenadora do governo na ausência de António Costa? Ou por Medina ter de aplicar as salvaguardas exigidas pela nova troika em troca de auxílio perante a subida dos juros? Ou por Ana Catarina Mendes não conseguir ser mais que Ana Catarina Mendes?… A realidade é o que é, esta crise também serviu para se contarem espingardas dentro do PS: Pedro Nuno Santos tem mais.

Já António Costa está a descobrir que muitos dos tijolos do muro que derrubou à esquerda do PS estão agora a ser usados para construir outro muro, só que este dentro do próprio PS. Sem a necessidade de mostrar união perante o BE e o PCP, desaparecido o estado de suspensão do tempo que veio com a COVID, o PS libertou-se da máscara e deixou à vista um partido com dois rostos: o velho PS onde se destacavam dirigentes ligados a profissões liberais e à administração pública é já história. O novo PS, o que está atrás de Pedro Nuno Santos, nasceu e cresceu dentro do estado, para eles o socialismo é um instrumento de poder (o mais eficaz) e não um programa político.

A agravar o contraste entre o presente que se está a tornar passado — Costa — e este futuro que está com pressa de ser algo mais que uma promessa — Pedro Nuno Santos — está o carácter imobilista de Costa enquanto governante. António Costa não faz uma reforma, os seus governos gerem com atraso o que acontece. O hábil táctico político amarrou as mãos do governante. Pelo contrário, Pedro Nuno Santos surge como alguém que faz, que pode errar mas faz.

Sim, é verdade que Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e da Habitação do XXIII Governo Constitucional, se humilhou e protagonizou  a mais constrangedora declaração de um político de que há memória em Portugal. Mas se passarmos do plano do ético para o do útil e perguntarmos para quê em vez de porquê (como é que alguém livre se sujeitou àquilo?),  tudo se torna claro: o ministro que é sacrificava-se pelo líder que quer vir a ser e que muito provavelmente será.

ANTÓNIO COSTA   POLÍTICA   PEDRO NUNO SANTOS

COMENTÁRIOS:

Joaquim Rodrigues: Estamos entregues ao livre arbítrio de amadores, na tomada de decisões sobre questões fundamentais para o futuro do País. Transformaram uma decisão importante, a ser tomada de forma racional e fundamentada, numa espécie de “opinómetro” Benfica/ Sporting /Porto, sobre as alternativas aeroportuárias.

Do que precisamos é de bom senso e “Racionalidade Económica” nas decisões relativas a Infraestruturas de Transportes. Do que precisamos é de “Legislação” que defina, em detalhe, as metodologias de elaboração dos estudos de base, para que sejam feitos com seriedade e não à medida da encomenda. Do que precisamos é de “Legislação” que defina, em detalhe, as metodologias de elaboração dos “Estudos de Avaliação Económica”, para que sejam feitos com rigor e seriedade e não, “martelados”, até “confessarem” que os “Projectos” são rentáveis.

Do que precisamos é de “Legislação” que defina, em detalhe, os procedimentos legais de aprovação dos Planos Estratégicos, dos Planos de Médio Prazo e dos Projectos para os vários modos de transporte. Tal como, para a elaboração dos PDM´s, por exemplo, existe “Legislação” quanto aos “ Estudos e Metodologias de Elaboração, Avaliação e aos Procedimentos Legais de Aprovação”, se houvesse seriedade na política, regras equivalentes, já estavam legalmente consagradas para a aprovação dos Planos dos “Vários Modos de Transporte” e para o “Plano Nacional de Transportes”. Para além do mais é hoje um “adquirido científico” que o critério de decisão quanto à melhor alternativa a seleccionar, em projectos desta dimensão, não é como andam a vender, a “Avaliação Ambiental Estratégica”. A tomada de decisão deve ser feita a partir de uma “Avaliação Económica Custo-Benefício” que é a única “Avaliação” que, para além dos aspectos ambientais integra a avaliação de todos os outros “Custos e Benefícios” que têm obrigatoriamente que ser “quantificados” para a tomada de decisão. Para além de Administrador, Antonoaldo Neves, era Engenheiro Civil, especialista em Infraestruturas Aeroportuárias e veio pôr a nu o embuste que os técnicos portugueses tinham montado à volta da impossibilidade de expansão do aeroporto da Portela. Antonoaldo Neves veio demonstrar que era possível expandir o Aeroporto da Portela e que, face a isso, mesmo no auge do crescimento do tráfego aéreo em Lisboa, a adaptação da Pista do Montijo era absolutamente secundária para as necessidades futuras do tráfego aéreo. Outro “mito urbano” que é preciso desmistificar: quando nos anos 60 se falava na necessidade de um novo aeroporto, não era por razões de capacidade, mas apenas porque o Aeroporto da Portela tinha duas pistas cruzadas e, por essa razão, passou a ser classificado como aeroporto perigoso pelas Autoridades Internacionais de Segurança Aeroportuária. Entretanto, as aeronaves evoluíram tecnologicamente, deixaram de ter problemas quanto à orientação dos ventos na descolagem e aterragem, pelo que essa deixou de ser uma razão para a necessidade de construção de um novo aeroporto. Convém acrescentar que, tal como a evolução tecnológica tornou desnecessárias as pistas cruzadas na Portela, também no que se refere à frequência de aterragens e descolagens, ao ruído, à poluição e à segurança, a evolução tecnológica do transporte aéreo está a evoluir todos os dias. Estão para breve as aeronaves eléctricas e a obrigatoriedade de usarem energia eléctrica nas aterragens e descolagens com zero de ruído e emissões. Alguém de bom senso acredita que construir de raiz um Novo aeroporto tem menos impactes ambientais do que o aproveitamento de dois já existentes? Os “pseudo-ambientalistas da treta” que só usam o “ambiente” como motivo de chantagem, acham. Só os custos sociais (acidentes rodoviários) e ambientais do transporte dos passageiros de Alcochete (Canha) até Lisboa ultrapassavam tudo o que se possa imaginar em “custos sociais e ambientais” decorrentes do aproveitamento dos aeroportos existentes. Deixem de chantagear com o Ambiente. Mas se querem estudar novas alternativas então não podem deixar de considerar, como complemento à expansão da Portela e, em alternativa ao Montijo, o aproveitamento de Monte Real, ou outra solução na Região Centro, para a aviação civil que, duma cajadada, matava dois coelhos: - servia com qualidade a população da Região Centro. A Região Centro tem “massa crítica” (ao contrário de Beja, polariza um universo de cerca de 2 milhões de habitantes) para viabilizar um aeroporto com ligações à maioria das origens e destinos da Portela; - descongestionava, em muito, os aeroportos da Portela e Sá Carneiro. Porque será que ainda não o construíram, mas construíram Beja que não é, nem nunca será viável.

Sócrates, volta. Estás perdoado.          MPSRRS: não sei, o tempo o dirá. Mas não me parece nada que AC estivesse desprevenido. Tudo parece uma encenação habilidosa numa altura em que era preciso desviar as atenções de outros problemas mais graves. E humilhar PNS parece uma tentativa de descredibilização de quem vem ganhando adeptos numa grande ala PS. PNS, sendo ambicioso e obstinado, mas sobretudo impulsivo e imaturo, é a vítima perfeita para um golpe subrepticiamente preparado por um grande habilidoso que joga xadrez em todos os tabuleiros. Se é que não foi tudo mesmo combinado.... ou pelo menos induzido. De qualquer forma, gosto muito dos seus artigos! Parabéns!           Paulo Loureiro: Tenho outra tese. Não só o senhor é o prometido, como já o é, mas nós não sabemos. Isso justificaria perfeitamente a aberração de Costa nada saber, e de não o ter podido despedir. Ainda por cima, o presidente da CML sabia por ele. E para quem não reparou, prestam-lhe desde há muito tempo pública vassalagem.          Nuno W: A caixa de pandora que AC abriu para sobreviver politicamente, para se manter de pé e dissimular a traição pelas costas a AJ Seguro, é o veneno que o está a definhar.  HM bem denuncia " Já António Costa está a descobrir que muitos dos tijolos do muro que derrubou à esquerda do PS estão agora a ser usados para construir outro muro, só que este dentro do próprio PS. Sem a necessidade de mostrar união perante o BE e o PCP, desaparecido o estado de suspensão do tempo que veio com a COVID, o PS libertou-se da máscara e deixou à vista um partido com dois rostos: o velho PS onde se destacavam dirigentes ligados a profissões liberais e à administração pública é já história. O novo PS, o que está atrás de Pedro Nuno Santos, nasceu e cresceu dentro do estado, para eles o socialismo é um instrumento de poder (o mais eficaz) e não um programa político."  Que ninguém a cale... imagino que não falta quem a queira censurar .            Carlos Chaves: Caríssima Helena, se vier a ter razão em relação a Pedro Nuno Santos vir a ser líder do PS e futuro primeiro-ministro, digo eu, então definitivamente poderemos classificar o regime em Portugal de autocrático, paralisador da iniciativa privada e cerceador das liberdades individuais. O Sr. Pedro Nuno Santos é um clone político do Sr. Francisco Louçã, aliás ele só está no PS porque o BE nunca lhe dará a possibilidade de chegar a PM. A multiplicação estratégica de pobres e de dependentes do Estado que estes governos socialistas/comunistas têm produzido, são e serão os principais responsáveis pela eleição destas figuras (incluindo os de coração apertado), que nos mantêm no caminho da pobreza, da mediocridade, da imigração, em resumo na insignificância que somos (e que teimamos em manter) neste mundo globalizado.             João Afonso: Com este governo, os problemas são sempre resultado de má comunicação. Por exemplo, Portugal empobrece com o socialismo, logo, a solução é evitar que se comunique o facto.  Neste caso, PNS traiu o PM e demais ministros, para lá da traição ao PR (coisa habitual) e ao PSD, logo, a solução é afirmar que a comunicação do plano para o novo aeroporto de Lisboa feita pelo próprio, está ferida de morte por erros de comunicação, sendo que o erro de comunicação foi o anúncio em si. E como disse o PM, após o pedido de desculpas de PNS, é andar para a frente. A questão é que é impossível confiar na comunicação governamental.                  joão reis: HM concordo com a sua introdução ao artigo "...nem tudo o que parece é. Afinal a bancada do PSD cometeu uma traição ou simplesmente enganou-se nas horas?." que quiçá poderá aplicar-se ao ocorrido em 2018 quando o PSD aprovou "à revelia" de Rio projecto do CDS sobre combustíveis. Curiosamente não encontrei nenhum artigo seu nessa data sobre o ocorrido, será que estava 'ausente' da informação ?             bento guerra: Nunca saberemos se a rábula já estava preparada, ou se foi apenas uma golpada do Santos nas costas do Costa (passe a redundância) e uma cobardia deste. A verdade é que cabe a Montenegro, qual filho pródigo, decidir quantos aeroportos e onde. Certamente que precisa de uma consulta prévia às distritais.            Amigo do Camolas: É fácil criticar o humilde ministro das infraestruturas Pedro Nuno Santos. É fácil descrevê-lo como um covarde, ou mais um fanfarrão socialista agarrado ao poder, ou um maluco da extrema-esquerda de olhos malucos e uma barba estúpida. Todas essas coisas são muito fáceis de dizer, por isso não é de admirar que todos nos encontremos a dizê-las com tanta frequência. Mas na sua recente atitude covarde, talvez devêssemos parar um pouco e ouvir o ministro. Eu sei, até mesmo sugerir que ouçamos um covarde soa idiota, mas tenham paciência. O ministro que já vai quase com 7 anos de governo do Costa estava a tentar fazer duas coisas ( 2 aeroportos em Lisboa) que todos os outros nem uma conseguiram nos últimos 50 anos porque, nas palavras do ministro, do Costa e dos socialistas mais distraídos, ele "faz". Eu sei que muitos estão a pensar: hahahahahahaha cale a boca. Mas, novamente, vamos considerar isso com sobriedade.            José Paulo C Castro: O plano existia, segundo Moedas. O timing foi para colher os louros, por parte do ministro. A tentativa foi de forçar a auto-demissão, por parte de Costa. A recusa da auto-demissão foi por sentir os apoios internos, por parte do ministro. A encenação final foi a solução prática para manter o equilíbrio interno do PS. Montenegro tem uma ocasião para corrigir o plano e ficar com os louros da solução mais racional e barata. (Beja como apoio para o transatlântico de passagem para a Europa, até se fazer o final em Alcochete). Costa pretendia apresentá-la depois do acordo com o PSD. Agora, terá de modificar o plano para parecer que houve discussão. A questão interessante é: porque quis PNS marcar já o terreno ? Acha ele que esta maioria não dura 4 anos ? Porquê ? Que sabe ele ?              Carlos Quartel: O caos instalou-se e ninguém sabe onde isto vai parar. SNS em decomposição, ferrovia em stand bye, escolas povoadas de clérigos da nova religião de "género" sem professores, centenas de milhar de alunos com brancas nos horários, os tribunais transformados em depósitos de papelada, ineficazes, não estou a ver um serviço que funcione bem ou razoavelmente.  Belém transformado numa telenovela, com o PR na praia, sorridente,  depois de ter sido corrido pelo Bolsonaro. Já lá chegou o caos. Nesta questão do aeroporto, nem uma voz aparece a dizer a verdade: Os aviões são a maior fonte de poluição, o seu uso deve tender para percursos oceânicos e o futuro está nos CF. Quem pensa assim sabe que temos aeroportos suficientes e que será mais racional pensar numa linha de CF de qualidade Lisboa/Beja. Quanto à Portela entrar-se-ia, calmamente e sem pressas, numa diminuição regular de tráfego. Mas isto seria para pessoas com algum projecto, com alguma opinião cimentada, não um bando de arrivistas, dedicados  a tratar da vidinha. Foram eleitos, não esquecer, e com maioria absoluta ........             MPSRRS  > Carlos Quartel: Certíssimo! essa seria a solução mais racional, óbvia e + barata. Se os decisores de tal assunto tivessem bom senso e respeito pelo povo português e pelos impostos que o mesmo paga. Não, eles não foram eleitos com maioria absoluta, porque metade do eleitorado não votou. E, se a esquerda nunca perde um voto, o que seria do país se os 50% de abstenção votassem?            Antonio Marques Mendes: Portugal cada vez mais se parece com o fim do Império Romano. Decadentes, entretemo-nos a debater questiúnculas entre dois trapaceiros do PS. Oh Helena, como diria o Eça, não alimente mais a choldra.             Xico Nhoca: Como bem destaca Helena Matos, Costa e os seus ajudantes são indivíduos que fizeram a sua formação nos bancos das madrassas do PS e construíram a sua experiência nas politiquices do funcionalismo público burocrático. Não há ministros com experiência no mundo real, das concretizações, da execução, da indústria,  da banca, nem sequer da aérea técnica do funcionalismo público. Há ideólogos, carreiristas, burocratas,  sem qualquer noção da realidade das concretizações, que pensam que com uma caneta para assinar um papel resolvem problemas graves. Estamos feitos!              Xico Nhoca: A construção de um aeroporto internacional, desde a tomada de decisão efectiva (e não as palhaçadas que o PS faz de repetidas cerimónias de lançamento da primeira pedra) até à sua operação, é uma das obras públicas mais complexas que se pode imaginar. Pensar que um sociólogo se senta à secretária de um gabinete, pega numa caneta e determina a construção de dois aeroportos não é traição, não é querer subir na carreira. É extremada incompetência, profundo irrealismo, cristalina imaturidade,  obscena irresponsabilidade. Enfim e resumidamente: é de mentecapto. E é só de gente deste calibre que o matreiro Costa é capaz de se rodear.                           Cipião Numantino: Se eu fosse um historiador, desde já, afinfava o cognome de Habilidoso ou Procrastinador para António Costa e de Azougado para o Pedro Nuno Maseratti. Mas que par! Ou mesmo parelha, como bem se diz para lá do Marão onde mandam os que lá estão! Alinho mais ou menos pelas teses da nossa estimada HM. Mais! Estou convencido que o Pedro Nuno Maseratti, tratou de demarcar por antecipação o seu território político. As hienas fazem isso e os cães selvagens, vulgo mabecos, idem aspas. A única diferença existencial é que uns mijam e conspurcam os salões do poder governamental e, as feras, espalham jactos de urina nos troncos das árvores e arbustos envolventes na savana africana. Mas vai tudo dar ao mesmo. Afastar a concorrência é preciso e a demarcação futura do terreno é uma mera regra comportamental de sobrevivência para se afastarem outras bestas. Tal como faz a estimada HM aprecio a ousadia do Nunocas Maseratti. Um galarote atrevido e pimpão quiçá fruto de ter nascido em berço de oiro e tranquilo que nada de extraordinário lhe tirará o prato de sopa de cima da mesa. Na pior das hipóteses recolhe às boxes e alapa-se na sombra na empresa do pai que, dada a experiência acumulada nos jotinhas do PS, levará inevitavelmente à falência. Gosto de atrevidotes. E o Nunocas Maseratti é definitivamente um deles. Um burguês que se julga provavelmente um revolucionário e aspira provavelmente tornar Portugal numa Venezuela europeia. Quanto ao Dr. Costa, mais uma vez uma desilusão total. É mesmo um daqueles personagens que nem faz nem sai de cima. Os quadros jotistas do PS não páram de me surpreender. Cada cavadela, cada minhoca!...              Rui Lima > Cipião Numantino: Caro Cipião um bem-haja por aparecer em boa forma a distribuir merecidas farpas a quem nos “governa”.  Tudo  tem uma origem sabendo que a ignorância é um mal invencível, este governo está muito bem servido do ensino (para mim devemos ter o ministério do ensino e nunca da educação que é com os pais ) na saúde passado pela justiça ou seja são maus em tudo , nenhum dos membros do governo é competente antes de mais por falta de vida cá fora . Mas eles ganharam, são donos disto, cada vez mais vou ficar de braços cruzados a ver.      Xico Nhoca > Cipião Numantino: Mas o Costa alguma vez o iludiu, Cipião? Dado o teor e qualidade deste seu comentário pensei que jamais o Costa matreiro o pudesse ter iludido! O homem que secundou Sócrates mas não viu nada apesar de ser um tipo que, e falo a sério, vê mais longe que qualquer outro político havido ou por haver! Um tipo que pega nas palavras de um adversário e deturpa o seu sentido com um killer instinct invejável. Uma verdadeira fada má: nem fada nem deixa fadar (para dar uma alternativa ao seu "nem faz nem sai de cima",  eheh).            Cipião Numantino > Rui Lima: Caro Rui, eles ganharam e continuarão a ganhar! A tugalhada, no geral, vota em quem lhe promete sombra e água fresca. Um total forrobodó em que ninguém quer saber o que acontecerá amanhã. A coisa tem tudo para dar mal. Por enquanto as esmolas vão chegando para colmatar a questão. Mas tudo tem um fim. O sonho socialisteiro de todos viverem à custa de todos vai acabar por se escapar por entre os dedos. E quem trabuca é quem manduca!...              Cipião Numantino > Xico Nhoca: Caro Xico, será difícil alguém provindo das Jotas enganar-me. E tal como diria uma antiga presidente da AR é um perfeito "inconseguimento". António Costa certamente leu o "Príncipe" de Maquiavel que, segundo alguns historiadores acreditam, foi escrito tendo como inspiração o nosso excelente João II. Mas até este excelente príncipe teve a sua particular Nemesis. E o perseverante manobrismo que levou à eliminação física de inimigos políticos (para sorte nossa AC não tem agora esse poder) de entre os quais o seu próprio cunhado D. Diogo, Duque de Viseu, acabou por o arrastar para um destino mais ou menos tenebroso. Abandonado por tudo e por todos, inclusive pela própria rainha (D. Leonor) de quem se suspeita que consentiu ou até incentivou o seu envenenamento, acabou por ter de aceitar um sucessor, seu primo e cunhado (D. Manuel I), que era um desses tais figadais inimigos políticos. A fuga apressada para as termas de Monchique e daí para Alvor onde exalou o último suspiro, diz-nos bem da solidão a que o nosso melhor governante de sempre foi votado. António Costa, um ser tão somente sofrível, acabará, fatalmente, por descobrir a sua própria Nemesis. Mera questão de tempo!...               Liberales Semper Erexitque > Cipião Numantino: Saudações ao cônsul Públio Cornélio Cipião Emiliano, estava com saudades dos seus artigos! Então antevê um glorioso futuro para Pedro Nuno Maseratti o-Estouvado Azougado! Acha que o BCE vai safar esta choldra durante mais uma data de anos? E siga a farra!          Cipião Numantino > Liberales Semper Erexitque: Caro Liberal, tal como Sócrates (o outro) "só sei que nada sei"!...              Liberales Semper Erexitque > Cipião Numantino: E já é saber muito! Tenho estado num debate com o comentador António Cabrita Costa (o pobre tem tido o nome arrastado pela lama desde há uns anos). Ele está convencido de que a Rússia pretende engolir a Ucrânia inteira, e eu de que os russos só pretendem ficar com aquilo que já anexaram, o sudeste do país, a que chamam o "Donbass", deixando Odessa para a futura Ucrânia a caminho da UE. Como vê o Cipião a História da região e o desenlace desta barbárie nacionalista, em que irmãos desavindos se matam fraternalmente às centenas de milhares?             Cipião Numantino Liberales > Semper Erexitque: Meu caro, não era só o Donbass que a Rússia queria. Queria o Donbass e toda a orla do mar Negro até Odessa para protecção envolvente da Crimeia. O resto da Ucrânia era para ser entregue a um prócere favorável ao regime putinesco do tipo do Lukashenko. Que a Rússia diga, agora, que só quer o Donbass ou próximo disso, só me faz lembrar a fábula de Lafontaine da raposa e das uvas. Mas, como deverá estar lembrado, eu desde o primeiro momento que disse que a Rússia se iria dar mal na Ucrânia. A História prova que a Rússia foi sempre de uma desorganização total. E se é o império que é, será porque está situada no meio de 86 povos distintos que nunca primaram também pela organização. E como em terra de cegos quem tem um olho é rei, daí, o extenso regime colonial russo!...            Liberales Semper Erexitque > Cipião Numantino: Tem havido movimentações na Bielo-Rússia que sugerem que possa ser como diz, deixar os inúteis despojos cheios de inimigos da Rússia a um "amigo especial". Eu não soube de qualquer declaração russa a dizer que só quer o Donbass, assumi que isso fosse provável por aquilo que atacou e ocupou. Não fizeram até agora esforços para conquistar Odessa, que já poderiam ter,  se quisessem. Numa lógica de manter uma Ucrânia independente é preciso deixar-lhe o acesso ao mar, por isso toda a campanha russa é compatível até agora com essa hipótese. Para mim não se trataria de nenhuma bondade dos russos deixarem uma Ucrânia, um país cheio de inimigos seus, agora inimigos mortais. Que interesse poderia ter a Rússia ou o seu criado de Minsk em ter lá essa gente que os odeia? Para mim, o que faz sentido é a Rússia querer ver-se livre deles, e despachá-los a caminho da UE.        Fernando Cascais: Já no programa Conta-Corrente da Rádio Observador, Helena Matos tinha avançado com a teoria que o ministro Pedro Nuno Santos (PNS) é mais do que um ministro no governo, porque, também representa uma fracção importante e com muita influência do PS, razão pela qual não pode ser exonerado. Procura-se perceber a razão por que PNS continua no governo depois de ter desrespeitado o primeiro-ministro António Costa num grau nunca antes visto. Assim de repente, a teoria de Helena Matos parece a mais assertiva, mas, vendo melhor, deixa muitas pontas soltas. Primeiro, porque António Costa, goste-se ou não dele, de parvo nem tem nada, e no jogo político é dos melhores, basta ver como arrumou com o PCP, BE, PSD e CDS. Ficaria António Costa no seu lugar de primeiro-ministro manipulado por um dos seus ministros? Obviamente que não. Segundo, se PNS tivesse poder suficiente no PS para impedir a sua exoneração pelo primeiro-ministro, alguma vez se sujeitaria à humilhação pública que passou nas televisões? Num dia surge nas televisões como um touro bravo, forte, corajoso, destemido e que leva tudo à frente, e no dia seguinte como um cordeiro no altar a pedir que não o sacrifiquem. Não bate a bota com a perdigota. As pontas soltas deste caso são muitas. Não acredito que se PNS tivesse a importância no PS que Helena Matos diz ter, alguma vez se sujeitaria a uma humilhação pública em directo. Uma coisa é certa, depois da “bomba atómica” de PNS, o SNS finalmente desapareceu da primeira página. Nem todos os partidos têm elementos de tamanha coragem que colocam as pernas dos banqueiros alemães a tremer.            André Ondine: Mas alguém minimamente perspicaz acredita realmente na inocência e na cara de anjo do Habilidoso? É óbvio que Pedro Nuno Santos não é nenhum menino de coro, mas basta olharmos para o impressionante historial de humilhações alheias que fazem parte do percurso político do Habilidoso para percebermos que Pedro Nuno foi apenas mais uma. Que o digam Tó Zé Seguro, Passos Coelho, Maria de Belém, João Soares, entre dezenas de outros inocentes e culpados que o Habilidoso humilhou, afastou e espezinhou para seguir o seu caminho de poder absoluto pessoal. O Habilidoso há muito que percebeu que o ganancioso e impulsivo Pedro Nuno, ídolo da esquerda da moda, lhe fazia sombra. Deu-lhe o presente envenenado da TAP e do aeroporto. Esperou. E deixou-o espatifar-se. O ar de gozo e deleite com que ele falou do “erro grave” do ministro, na quinta-feira, foi evidente. Ele vive para aquilo. Para a política rasteira. Para a humilhação alheia. É ali que ele está em casa. E o coitado do Nuno Santos, branco como a cal, obrigado a penitenciar-se em público, numa auto-humilhação raramente vista, devia estar a trepar paredes. Passos Coelho tinha razão. Vinha aí o diabo. Chama-se Costa, o Habilidoso.

 

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