segunda-feira, 11 de julho de 2022

Pelas ruas da amargura

 

Tudo isso que o Dr. Salles refere. Trata-se de amor pátrio e a embrulhada para já é tanta, tanto no interior como no exterior, que, com efeito, tudo isso é nada perante os males que avassalam o mundo inteiro, sendo a praia dos cães, não em balada mas em “burlada” – aí mesmo, no mundo inteiro, sejamos modestos.

NA PRAIA DOS CÃES - 4

 HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A  BEM DA NAÇÃO, 10.07.22

A noite foi de grande conversata entre os cães e por isso entendi deixá-los dormir agora de manhã.

 Ficando a alvorada por conta de galos e galarós. Temo que na liderança da capoeira esteja apenas um galaró. Para que se afirme, deixei os cães a ressonar.

E eu fui para a varanda meditar na queda de Boris Johnson… e pedi ajuda por breve mensagem no WhatsApp:

«Só me pergunto sobre qual terá sido a doença que atacou o Partido Conservador para ter posto aquele azougado como Primeiro Ministro. A Nação Britânica passou/está a passar por uma crise muito grande com grave prejuízo da sensatez. Os Valores Nacionais podem tremer. Espero que não mais do que isso».

«azougado».

Nesta minha confabulação – sem qualquer pretensão académica – falta explicar o verdadeiro significado de «azougado» e de «sensatez» mas creio que quem me lê, e dispensa dessa tarefa e, tendo dúvidas, recorre a um dicionário. Já quanto aos «Valores Nacionais», parte significativa das respostas que me enviaram referiram a Rainha Isabel II.

Deixando para outra ocasião a identificação da «doença» que possa ter afectado os conservadores e quais serão os «Valores Nacionais» britânicos, parece-me bem mais importante identificarmos os «Valores Nacionais Portugueses».

Eis a minha síntese:

Território

Pessoas, Nação, Estado

Língua

História

Cultura

Chefe do Estado

* * *

Serei propositadamente lacónico como forma de convite-desafio aos Comentadores que tanto valorizam este nosso blog.

* * *

Chefe do Estado – é o topo de todos os Valores Nacionais e, portanto, o corolário das verdades que o antecedem;

Território – refiro-me ao Continente e às Regiões Autónomas na sequência da descolonização;

Pessoas – refiro-me a todos que se consideram lusófilos, à Nação que congrega quem possui a Nacionalidade Portuguesa e ao Estado é a organização política da Nação;

Língua – refiro-me ao português padrão que, incluindo regionalismos, é o que se fala no território português conforme definição anterior e que se escreve conforme o Acordo Ortográfico de 1945 (o AO90 é um atentado à língua portuguesa e merece o meu repúdio)

História refiro-me à História Pátria em toda sua extensão temporal e geográfica em conformidade com os padrões definidos pela «Academia Portuguesa da História»;

Cultura – imanente da História, a Cultura Portuguesa assume a maior relevância, nomeadamente no património imaterial da Nação.

Meditemos…

Praia dos Cães, Julho de 2022

Tags: avulsos

 COMENTÁRIOS

 Anónimo  10.07.2022  19:52: Dois anos após de lhe ter sido atribuído o Prémio Nobel de Literatura, o peruano Vargas Llosa, publicou em Portugal, concretamente em 2012, o seu livro “A Civilização do Espectáculo”, no qual defende que, no passado, a Cultura foi uma espécie de consciência que impedia o virar de costas à realidade, enquanto agora actua como mecanismo de distração e de entretimento. Tem um capítulo intitulado “Cultura, política e poder” onde podemos ler, por exemplo, que a popularidade e o êxito conquistam-se não tanto pela inteligência e pela probidade, mas sim pela demagogia e pelo talento histriónico. Isto não te diz nada quando vês o Boris Johnson a descer num slide acenando com duas bandeirinhas do Reino Unido? A frequência de reputados estabelecimentos de ensino não impede (evita, apenas) que um aluno seja mentiroso. Já fico mais admirado por não obstar que seja superficial. O autor recorda que em todas as sondagens que se fazem sobre a política, uma maioria significativa de cidadãos opina que se trata de uma atividade medíocre, pelo que não admira “que afaste os mais honestos e capazes e recrute sobretudo nulidades e espertalhões que vêem nela uma maneira rápida de enriquecer.” Felizmente, há muitas exceções e não se aplica em todos os Países. Por sinal, Llosa, nesse capítulo, aborda a situação da Inglaterra, classificando-o como um dos países mais civilizados da Terra e onde a política, até não há muito tempo, conservava elevados padrões éticos, bem como cívicos, e dá exemplos demonstrativos que isso deixou de existir. Friso que o livro é de 2012. E desde então para cá?…. Recordo-te apenas, Henrique, as campanhas falaciosas acerca do Brexit e o que se seguiu, para além das festas no confinamento, ao princípio negadas, para depois admitida a sua existência, para logo a seguir se negar o conhecimento prévio por parte do PM. E tudo isto, com mais ou menos contestação, ia passando… A Sociedade também não está bem…E caímos no tema dos Valores, dos quais a Cultura é uma importante componente. Nada a opor à lista que identificas. Apenas uma ou outra nota sobre alguns dos itens que elencas. Sobre o Chefe de Estado, de acordo. Aprendemos a dizer “Supremo Magistrado da Nação”, e é de esperar que quem ocupe o lugar o seja, que tenha sentido de Estado, o que não obsta a que seja popular, mas não mais do que isso. Quanto às Pessoas, dizia um professor de Direito que a Constituição e a Lei de Nacionalidade devem ser estáveis. Não sei se esta última tem tido a estabilidade desejável. Não se pode colmatar o défice ou a insuficiência do crescimento natural ou atrair capital estrangeiro vendendo a nacionalidade ou ser-se menos rigoroso e criterioso na sua atribuição. Imigração, sim, devidamente controlada, de forma a que os imigrantes possam ser enquadrados e inseridos, evitando que sejam explorados. No que concerne à Língua, devo dizer-te que me adaptei facilmente ao novo Acordo. O importante, é que a Língua Portuguesa, que “não é nossa, é também nossa”, como evidencia frequentemente o Prof. Adriano Moreira, continue a ser o denominador comum da CPLP (nunca percebi por que razão a Guiné Equatorial é Estado-Membro). Tenho presente que na Angola independente foi necessário travar o uso oficial de línguas regionais e que em Cabo Verde há (ou houve) um movimento para que o crioulo fosse a língua oficial.
Quando será que certas pessoas se convencem que a História tem de ser lida e interpretada não à luz da realidade actual, mas sim da época em que os factos ocorreram, e que estes têm um tempo para a sua maturação? Forte abraço
. Carlos Traguelho

 Henrique Salles da Fonseca  12.07.2022  11:41: Hoje é só para dizer que o nº 2 da Praia dos Cães é mesmo muito Bom e a Propósito de quem pensa Portugal. Mas começo a pensar que tal como o Dr. Sousa Homem (nonagenário) estamos (estou) em tempos de "arrumar gavetas". Mas arrumar por muitos e bons anos para as arrumar. O nº 4 está na mesma linha de Pensamento e Acção mas as Forças Armadas estão ali a fazer falta. Claro que digo FA ao estilo de Israel, Taiwan e Coreia do Sul. Mas para isso o "tesouro" pouco tem. Mas temos de ter esperança. 3 - Por agora mais nada, mas dá-me a impressão que vamos continuar a andar por aí. Tenho dito. Abraço de Muita Consideração e Estima, José Augusto Fonseca.

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