Também se aplica ao Highlife africano.
Era
já estudante universitária quando ouvi a lengalenga, repentinamente disparada
pela boca de um amigo já experiente nos maquiavelismos sociais, a que eu era
perfeitamente alheia, e por isso ri desbragadamente então, pelo aparente non-sens
do arrazoado. Afinal, ele vem ao encontro das vanidades e outros luxos de
grandeza e miséria com que fui topando depois, e que são “nada”, se pensarmos
no tal pó que somos, mas ainda bem que há quem lute contra essas negatividades
cépticas e procure o fulgor dos optimismos, ou antes, os optimismos do fulgor. Era
assim a lengalenga:
«Observados
os prós e os contras da vida, chegamos à conclusão de que não há nada como
realmente e que mais vale um toma todavia nunca do que sem comparação jamais,
não só porque ora essa é boa mas até mesmo porque enfim…»
Mas a novela é para continuar, fruto do muito amor pátrio.
Os reais herdeiros de José Eduardo dos Santos
Como a vingança se serve fria, era perfeitamente expectável o braço de ferro entre o Governo de Angola e estes familiares mal a morte de José Eduardo dos Santos fosse declarada.
JOSÉ PINTO
OBSERVADOR,11 jul 2022, 00:125
A
morte de José Eduardo dos Santos não apanhou de surpresa quer a família quer os
dirigentes do MPLA, partido a cuja história ficará, para o bem e para o mal,
ligado para sempre. O problema de saúde era de gravidade severa e sabia-se que
chegaria um momento em que a competência dos profissionais que o vinham
acompanhando em Barcelona se revelaria impotente para prolongar a existência
terrena. O corpo e a medicina têm limites.
Também não constitui novidade que a
morte de José Eduardo dos Santos era o momento aguardado por alguns membros da
família para um ajuste de contas com o atual Presidente do MPLA. Um processo
que remonta à substituição de José Eduardo dos Santos por João Lourenço na
chefia do Governo e do partido.
Como
a História abundantemente documenta, os líderes autoritários – chamemos-lhes
assim – apenas costumam sair de cena devido à morte natural ou provocada,
embora também se registem casos em que decidem entregar o Poder, mas só depois
de verem salvaguardadas todas as garantias no que concerne à vida, à liberdade
e à manutenção do património próprio e familiar, quaisquer que tenham sido as
circunstâncias que se prenderam com a respetiva aquisição. Uma espécie de
amnistia que cobre todos os actos presidenciais, mesmo que a Constituição –
como é o caso da angolana – não estipule esse procedimento e preveja que o
Presidente da República, embora não sendo responsável pelos actos praticados no
exercício das suas funções, salvo em caso de suborno, traição à Pátria e
prática de crimes imprescritíveis e insuscetíveis de amnistia, responda pelos
crimes estranhos ao exercício das suas funções, perante o Tribunal Supremo,
cinco anos depois de terminado o seu mandato.
É
provável que José Eduardo dos Santos tenha negociado com João Lourenço todo o
processo de substituição e, como tal, desse por adquirido que o sistema não
iria criar a imagem de luta contra a corrupção à custa da família do antigo
líder. Porém, a
forma como o novo Presidente e a justiça angolana trataram os dossiers de
interesse nacional envolvendo vários filhos do anterior Presidente – José Filomeno, Isabel, Welwitschea, vulgarmente
conhecida por Tchizé, e José Eduardo Paulino ou Coreon Dú – deixou
claro que pretendiam sentar o nepotismo no banco dos réus.
Ora, como a vingança se serve fria,
era perfeitamente expectável o braço de ferro entre o Governo de Angola e estes
familiares mal a morte de José Eduardo dos Santos fosse declarada. Uma luta em que a reconciliação serôdia do outrora
Presidente com Ana Paula dos Santos, mãe de outros dois dos seus
filhos, foi vista pelos restantes membros do clã como uma
estratégia do Governo angolano.
Uma tentativa de obter uma
aliada receptiva à ideia de realizar o funeral em Angola. Um acto passível de aproveitamento político, uma vez
que as eleições gerais estão mesmo à porta.
Face
ao que resumidamente aqui foi exposto, não se afigura fácil o processo negocial
e não apenas devido às afirmações públicas de Tchizé que chegou ao ponto de
acusar as autoridades angolanas pelo assassinato do pai. Os negociadores enviados pelo MPLA a Barcelona sabem
que o principal
obstáculo reside em Isabel dos Santos. Alguém que
mede cuidadosamente as palavras, mas não é minimamente modesta no que concerne
ao caderno reivindicativo.
João
Lourenço sabe bem que
as reivindicações de Isabel não se quedam por aquilo que exigiu publicamente,
embora a filha mais velha de José Eduardo dos Santos também esteja ciente de
que o MPLA não poderá aceitar o funeral apenas depois das eleições. As
negociações irão obrigar a cedências de ambas as partes. Umas assumidas
publicamente. Outras combinadas no segredo dos gabinetes. Se para cumprir, o tempo o dirá.
Altura
para reler o sermão de Santo António aos peixes. Sobretudo quando diz que ainda
o “pobre defunto não comeu a terra e já o tem comido toda a terra”. Obviamente salvaguardando que se está perante um
pobre defunto que nada tem de pobre. O tempo identificará os reais herdeiros
de José Eduardo dos Santos.
ANGOLA ÁFRICA MUNDO JOSÉ EDUARDO
DOS SANTOS
COMENTÁRIOS:
Daniel Salgado Santos: Miséria de
artigo. Contém inexactidões, várias, e não chega a conclusão nenhum. Lê-lo foi
tempo perdido.
Joaquim Lopes: Exigiram a
autópsia por suspeita de assassinato, mas as autópsias de Savimbi assassinado
com o auxílio de serviços secretos americanos através de satélite, Santos foi
um genocida, responsável pela morte de milhares de angolanos por motivos
políticos, milhares de pretos com passaport português. Marcelo e Costa manhosos afinal tiveram a colaboração
das previsões de excesso de calor que não se verificou e se houvesse fogos,
seria para fazer como os escorpiões? bento guerra: Deviam ir todos a Luanda e depois enfiados na cadeia Luis
Santos > bento guerra: Pois Bento, não era o teu PC, um aliado cego e
servil do ditador Eduardo dos Santos ??? Acabou a mamata ? Américo Silva: Ai balha-me deus, onde é que está o Marcelo, já devia
estar em Barcelona aos beijos a toda a família, nas bochechas, testas,
barrigas, onde mais necessário, e depois a caminho de Luada, talvez na
companhia do Lula e da Ana Gomes, para ajudar a resolver o diferendo, Sócrates
e Salgado também poderiam ajudar.
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