Não deixaria de merecer o apoio da maioria,
se fosse feito honestamente como propõe Luís Montenegro. E isso, a honestidade, cada vez conta menos para nós, hoje, em que desígnios ocultos, num
povo a desaparecer, justificam artificiosamente o crime proposto.
Luís Montenegro defende referendo à
eutanásia e pressiona Parlamento
O líder social-democrata entende que o
"processo de amadurecimento" da despenalização da morte assistida não
está suficientemente consolidado junto da sociedade portuguesa. Montenegro quer
referendo.
MIGUEL
SANTOS CARRAPATOSO: Texto
OBSERVADOR, 05 dez. 2022, 12:12 13
▲"Não
estamos a apresentar este projecto de resolução para fazer nenhum número
político"
Luís Montenegro entende que o Parlamento deve defender um referendo
à despenalização da morte medicamente assistida.
Numa altura em que os deputados se prepararam para votar a versão do diploma
sobre a eutanásia, que deve acontecer entre quarta e sexta-feira, o líder
social-democrata veio a público defender a realização de um referendo.
Em
declarações aos jornalistas, na sede do partido, em Lisboa, Montenegro começou
por argumentar que, apesar de discutida há muitos anos, esta continua a ser uma
“matéria muito controversa”.
“Uma coisa é haver um processo de reflexão no Parlamento, outra coisa é
haver um processo de amadurecimento na sociedade portuguesa”, defendeu.
Montenegro
reconheceu, ainda assim, que a margem para ver aprovado este referendo é
reduzida, uma vez que o PS, que esteve diretamente envolvido no desenho do
diploma, dificilmente dará seguimento à vontade dos socialistas.
“Não
estamos a apresentar este projecto de resolução para fazer um número político.
Queremos convencer a maioria dos deputados no Parlamento a poder dar a palavra
aos portugueses para decidir uma matéria cuja profundidade não vejo como os
deputados podem assegurar do ponto vista da representação da vontade dos
portugueses”, argumentou.
“Estamos
num tempo em que todos temos dúvidas. Falo por mim. Sou tendencialmente contra
esta legislação, dúvidas pessoais, que vêm do meu enquadramento familiar. É uma
discussão que todos vamos tendo dentro do nosso círculo e a melhor maneira de
todos estarmos mais cientes é precisamente dar a voz ao povo. Estou apenas a
concretizar aquilo que já defendo há muitos anos”, rematou.
No
projecto de resolução que entretanto fizeram chegar ao PSD, os
sociais-democratas defendem que “esta é uma questão de relevante interesse
nacional que implica directamente a assunção comunitária de um caminho de
não retorno e cuja decisão final, sem comprometer a liberdade democrática
que avaliza a discórdia, não admite tibiezas no cumprimento daquela que é a
vontade maioritária dos cidadãos”.
“Trata-se
de uma matéria que divide a sociedade portuguesa, sendo, por isso, convicção
dos(as) deputados(as) proponentes que legitimar a opção legislativa consignada
na proposta de substituição integral sob a forma de texto único, apresentada pelo
PS, IL, BE e PAN (…) através de um mandato claro e inequívoco dos cidadãos
eleitores, tão directo e imediato quanto possível apenas acarreta um evidente
ganho ao exercício do mandato parlamentar”, escrevem.
A
terminar, o PSD propõe a pergunta que deve ser referendada: “Concorda que a
morte medicamente assistida não seja punível quando praticada ou ajudada por
profissionais de saúde por decisão da própria pessoa, maior, cuja vontade seja
actual e reiterada, séria, livre e esclarecida, em situação de sofrimento de
grande intensidade, com lesão definitiva de gravidade extrema ou doença grave e
incurável?”.
Se
este projecto de resolução fosse aprovado, todo o processo legislativo seria
interrompido. A bola passaria depois para Marcelo Rebelo de Sousa, que teria de
decidir se convocava ou não a consulta popular. O referendo só tem efeito vinculativo quando o
número de votantes for superior a metade dos eleitores inscritos no
recenseamento.
Ainda
em junho, o Parlamento discutiu e votou uma proposta de referendo do Chega. O
resultado foi inequívoco: votos contra de PS, IL, PCP, BE, PAN, Livre e alguns
votos do PSD. A favor vota o Chega e a maior parte da bancada do PSD. Resultado
final foi: 147 votos contra, 77 a favor e 2 abstenções.
COMENTÁRIOS (de 10):
Daniel José: O Parlamento ao avançar contra o referendo já
realizado só resta o presidente dissolução do parlamento. Isto se tivéssemos um
presidente da república.
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