Além de em síntese clara, de uma oposição bem recuada no tempo, entre o
Ocidente democrático e o Oriente provocante e arrasante, joio avassalante da
seara acolhedoramente benfazeja – não foram os muitos exemplares desse joio a
corroer a seara. Gostei da síntese, mas receio que o optimismo não se
concretize – os ucranianos únicos, para já, na sua barreira heroica, únicos a
enfrentarem o joio, mau grado o apoio do trigo occitânico, estendido ao sol…
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 26.12.22
ou
O TRIGO E O JOIO
«A WWIII é um episódio da guerra
entre o império romano do ocidente que por mar foi a todo o mundo e o império
romano do oriente que por terra foi até ao Pacífico»
RICARDO
NUNES
* * *
Merece glosa, o mote acima que Ricardo Nunes me enviou.
Se na perspectiva militar,
esta guerra por que passamos não pode (ainda) ser objectivamente considerada
mundial, na perspectiva política, ela é-o tanto quanto foram as do Vietname e
do nosso Ultramar. Cada uma com as suas particularidades, sim, mas todas elas
tendo o ataque e a defesa do Ocidente como objectivo essencial.
As semelhanças e particularidades destas três guerras dariam para
escrever o livro a que por agora não deito mãos. Mas a tese é clara: Vietname,
Ultramar Português e Ucrânia, «é tudo farinha do mesmo saco», o do KGB.
Não
espero por um pedido de desculpas dos americanos por não nos terem ajudado no
esforço de guerra pois eles queriam o nosso petróleo de Angola e por isso
«fizeram» a FNLA. Também disseram que em Moçambique cheirava a gás… Mas isto é
outro livro.
* * *
Mas, deixando-me de prolegómenos, avanço para o cerne da questão
inicial, a bipolarização do Império Romano, Roma e Constantinopla/Istambul.
Passando pela História como cão por vinha vindimada, atenho-me a quatro
megaprocessos que refiro cronologicamente:
A
epopeia dos Descobrimentos Portugueses (seguida pela homóloga espanhola);
A
Revolução Francesa («Liberdade, Igualdade, Fraternidade»);
A
revolução industrial;
A
Revolução Soviética.
Tenho para mim que, só por si, a bipolarização do Império Romano não
teve grande influência na libertação das mentes, mas que o processo dos Descobrimentos gerou a primeira globalização que foi,
essa sim, libertadora do tacanhísmo medieval.
A Revolução Francesa deu substrato político às mentes
libertadas do fastidioso «Poder (descendente) de inspiração Divina»
fazendo prevalecer a legitimidade ascendente do Poder e, com a evolução
histórica, a prevalência das democracias parlamentares pluripartidárias na
Europa Ocidental (a «reboque» da realidade britânica).
A Revolução Industrial inglesa que fundou o capitalismo e o seu crítico
mais acérrimo, Karl Marx, que perdeu a razão logo que passou do diagnóstico à
prescrição de terapêuticas drásticas.
E foi no tratamento dado a
estas críticas que o fosso se aprofundou: no Ocidente, interpretámos as críticas e tomámos
medidas humanistas correctoras dos problemas identificados e fizemo-lo por consenso pluripartidário; no Leste, não
fizeram uma exegese liberal dos preceitos marxistas pelo que os boiardos foram
substituídos por aparitchniks tão autocráticos como os seus próprios
antecessores.
De tudo, para concluir que a abertura
ao mundo das sociedades ocidentais resulta da tradição libertadora e liberal
dos seus cidadãos livres; o
enclausuramento das sociedades
orientais – enquanto e sempre que sob o domínio autocrático de Moscovo –
não tiveram autorização de sonharem e o mais que lhes foi permitido foi transumarem…
até
Vladivostok. Nós, ocidentais,
sublimámos os nossos problemas pela libertação mental e geográfica; os
lestianos só começaram a sublimar os seus problemas quando se livraram da «bota
russa».
Num conflito entre uma sociedade
livre e de tradição voluntarista e uma sociedade oprimida, é impensável que o
joio domine o trigo.
Dezembro de 2022
Henrique Salles da Fonseca
ATÉ 2023 COM VOTOS DE
SAÚDE,
FIM DA GUERRA,
REDUÇÃO SIGNIFICATIVA DA INFLAÇÃO
FIM DA ESPECULAÇÃO NOS PREÇOS
Tags: "politica
de defesa"
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