quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Cuido que não, que o povo alinha


Até estamos habituados aos elogios do nosso presidente sobre o nosso comportamento de melhor povo do mundo, e ele não ia enganar-se nem querer enganar-nos. O mesmo se passa com o ministro da educação: se ele acha que as provas de aferição pós covid de ensino a distância melhoraram o desempenho discente, na sequência das informações do IAVE, não vamos duvidar da boa-fé dele ao sublinhar esses dados que nos elevam, pois tal não estaria contido nos registos da avaliação do nosso comportamento feita várias vezes pelo nosso presidente. Houve quem me dissesse que os alunos na distância caseira, ligados com os seus professores pela Internet, iam simultaneamente praticando os seus jogos ou outros seus desempenhos nos seus telemóveis, mas o certo é que tudo isso passou, e os resultados nem foram piores do que nos anos sem covid, e em presença assistida, segundo o IAVE. Quem se poderia ralar mesmo seriam os pais habitualmente raladores, e preocupados com a autenticidade dos ensinamentos dos filhos, mas devemos crer no IAVE em colaboração com o Ministro de que depende, e oremos para que a Covid desapareça, isso sim, mas ainda não é para já, ai de nós.

Quanto ao PS da Raquel Abecasis, nesse eu alinho mesmo, do fundo da minha alma, que está parva com tanta anomalia impune a que vamos assistindo, nós, o melhor povo do mundo.

Quando o IAVE não tem juízo, o povo é que paga

Milhares de alunos, particularmente os mais desfavorecidos, que sofreram mais com o fecho das escolas, vão ficar prejudicados para a vida por causa de uma conveniência política do Ministro da Educação

RAQUEL ABECASIS Jornalista e ex-candidata independente pelo CDS nas eleições autárquicas e legislativas

OBSERVADOR, 13 dez. 2022, 24:1712

“O desempenho dos alunos nas provas de aferição melhorou no ano passado face a 2019, a última vez em que se tinham realizado, devido à pandemia de covid-19, mas continua a ser em Matemática que revelam maiores dificuldades.

O balanço agora apresentado pelo IAVE revela uma melhoria global do desempenho dos alunos na maioria dos domínios curriculares avaliados nas várias disciplinas, indiciando “uma tendência de recuperação das aprendizagens”.

As boas notícias surgem do último relatório do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE). Tenho dois filhos adolescentes que fizeram algumas destas provas. Quando lhes perguntei pelas datas das provas e se tinham estudado, esta foi a resposta: “Oh mãe está a brincar? Ninguém estuda para estas provas, isto não conta para nada”. Admitindo que tenho uns filhos algo descontraídos, este é o estado de espírito com que os alunos encaram as ditas “provas de aferição”. Basicamente, estão-se nas tintas e alguns até respondem a brincar. Não os critico. Se não são provas a sério, não é para levar a sério. Eles são adolescentes, mas não são parvos e principalmente não querem gastar neurónios com algo que não conta para nada.

Com base nos resultados das últimas provas, o IAVE, supostamente uma entidade independente, diz que em Portugal se deu o milagre da recuperação de aprendizagens nos anos de pandemia. Ao contrário do que aconteceu no mundo inteiro, em Portugal, os alunos aproveitaram o tempo de ensino à distância para recuperar atrasos e chegaram ao fim da pandemia a saber mais do que sabiam antes de serem fechados em casa.

Não sei o que leva uma entidade independente, que é suposto funcionar como um regulador e avaliador do sistema, a expor-se ao ridículo desta forma. Só me ocorre uma razão: está a responder a uma encomenda do Ministério da Educação, a quem politicamente interessa enganar o país.

Este procedimento é grave e desacredita por completo os dados divulgados pelo IAVE. Mas o que é criminoso são as consequências de uma avaliação adulterada para servir interesses políticos. Com tão bons resultados não é preciso adoptar medidas para compensar as perdas de aprendizagem. Resultado: milhares de alunos, particularmente os mais desfavorecidos, que sofreram mais com o fecho das escolas, vão ficar prejudicados para a vida por causa de uma conveniência política do senhor Ministro da Educação. São estas as preocupações sociais do poder socialista.

Perante isto, resta-nos a avaliação internacional. Essa não está à venda, nem pode ser comprada pelo poder político. Por isso, ninguém se espante quando esses resultados chegarem e disserem rigorosamente o contrário do que diz o nosso IAVE.

PS: Pela terceira vez, uma maioria de deputados votou na Assembleia da República a despenalização da Eutanásia. Já aqui escrevi mais do que uma vez o que penso sobre este tema e os riscos gravíssimos para a nossa sociedade que julgo que advirão da entrada em vigor desta lei. Aqui chegados, subscrevo totalmente o que aqui escreveu Pedro Passos Coelho: a mudança que esta lei introduz na nossa sociedade tem consequências graves demais para darmos o assunto como encerrado. A partir de agora é obrigatório acompanhar a par e passo o que se vai passando em todo o país com a introdução da lei da Eutanásia e assim ir ganhando argumentos para reverter esta decisão assim que um novo quadro parlamentar o permita. Nada como a observação da realidade para esclarecer dúvidas àqueles que ainda as têm.

IAVE    EDUCAÇÃO    EUTANÁSIA    SAÚDE

COMENTÁRIOS (de 12)

Madalena Sa: Muito bem, Raquel Abecassis, muito mente este governo em relação à educação! Sobre a eutanásia, o descalabro instalou-se! Deus nos proteja!

 

 

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