Obreiro da destruição pátria. O primeiro a “ir para fora” a cavalo numa
tartaruga gigante, ou noutro brinquedo qualquer, da nova construção ideológica,
de desmandos e apelos à caridade alheia. E o país o aceita, comprometendo o
futuro dos sucessores, mau grado as advertências de alguns, preocupados com o “cá
dentro” resignado e incapaz de uma transformação exigente, apoiada em trabalho e competência num capitalismo de real solidariedade. Por enquanto, todos
somos ineptos para reverter o status, que nos convém, ao que se tem visto,
passivos que somos, e contentes com o óbolo que nos é distribuído.
Para já, e para reverter o pessimismo de Eugénia Vasconcellos, releiamos, a Toada de Portalegre da inspiração de José Régio, sobre a tal acaciazinha que nasceu da sementinha.
Poderá ser que um vento suão piedoso faça crescer a acácia de uma nossa nova ambição
de crescimento, baseada em mérito próprio, sejamos optimistas:
«…E
era então que sucedia
Que em
Portalegre, cidade
Do
Alto Alentejo, cercada
De
serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros
Aos
pés lá da casa velha
Cheia
dos maus e bons cheiros
Das
casas que têm história,
Cheia
da ténue, mas viva, obsidiante memória
De
antigas gentes e traças,
Cheia
de sol nas vidraças
E de
escuro nos recantos,
Cheia
de medo e sossego,
De
silêncios e de espantos,
- A
minha acácia crescia.
Vento suão! obrigado...
Pela
doce companhia
Que em
teu hálito empestado
Sem eu
sonhar, me chegara!
E a cada raminho novo
Que a
tenra acácia deitava,
Será
loucura!..., mas era
Uma
alegria
Na
longa e negra apatia
Daquela
miséria extrema
Em que
vivia,
E
vivera,
Como
se fizera um poema,
Ou se
um filho me nascera.
Vá
para fora cá dentro
O PS de Costa está a destruir o PS de
Soares. Isto, depois de ter dizimado a esquerda que lhe facilitou o poder e
enquanto inventa uma extrema-direita indistinta entre PSD, Iniciativa Liberal e
Chega.
EUGÉNIA DE
VASCONCELLOS Poeta, ensaísta, escritora
OBSERVADOR, 09 dez. 2022, 24:1511
Podemos
ter ideias de Estado diferentes. Um Estado maior ou menor. Mais ou menos
dirigista. Interventivo. Mais ou menos conservador. Ou soberanista. O
que não pode ser diferente é a ideia de termos um Estado Democrático onde se
promova o bem comum e a alternância no espectro dos partidos/coligações
democráticas.
O nosso Estado não está a promover o bem
comum. Não porque seja diferente da ideia de
Estado que defendo, e é diferente, mas porque a própria ideia de Estado
defendida tem sido sucessiva e ruinosamente gerida: é o novo
Xanadu, «o mais caro monumento que alguém construiu para si mesmo». E este si-mesmo é, não Charles Foster Kane,
mas o Partido Socialista.
O
PS de António Costa está a destruir o PS de Mário Soares. Isto, depois de ter dizimado a esquerda
que lhe facilitou o poder e enquanto inventa uma extrema direita composta pela
indistinção entre o PSD, a Iniciativa Liberal e o Chega. É,
para António Costa, irrelevante a lição francesa, a erosão
das forças democráticas, a subida do populismo que patrocina e através do qual
os movimentos extremistas se fortalecem –
se, para António Costa, a dificuldade em entender isto for a língua francesa,
mudamos para o português: sem
a degradação política do PT de Lula, Bolsonaro, essa vergonha para a
democracia, não se teria elegido, nem Lula reeleito, nem o Brasil fracturado. Este PS do poder pelo poder não é o PS
ao lado do qual o PSD e os democratas resgataram o Portugal de 25 Abril a 25 de
Novembro de 1975. Este PS não é confiável. É, se isto se pode dizer,
aparelhista: o que interessa Portugal, e os portugueses, diante da devoração da
coisa pública para satisfação própria?
Portugal
está a chegar ao limite. Dependentes da economia internacional, dos fundos
externos, dos apoios sociais, sem os quais a quase metade da população viveria
abaixo do limiar da pobreza, com a inflação e as taxas de juro somos empurrados
da pobreza para a miséria. Ao mesmo tempo, faz-se o sacrifício final da classe
média, que em Portugal, note-se, é pobre.
Junte-se a isto a percepção
aumentada da desigualdade social nas suas mais variadas formas: da crise da
habitação e do emprego com salário digno à imigração dos jovens; do
favorecimento dos jotas ao trânsito entre assessorias, secretarias,
ministérios; das relações familiares, filiais, conjugais, fraternais, de
amizade, aos contratos por proxy e por ajuste directo. Após um número escandaloso de casos e casinhos
públicos, com governantes, nomeações – até para entidades reguladoras, aquelas
que fazem parte do sistema de escrutínio do poder para a manutenção da
democracia -, este PS dá o dito por não dito, uma e outra vezes, e
mesmo no alargamento familiar do conselho de ministros.
É necessária transparência. É
preciso fazer um genograma governativo. Os vícios do aparelhismo são uma quebra
de confiança no pacto democrático.
A
excelente Adélia Prado tem, num
belíssimo poema, um verso que diz «este excesso de realidade me confunde».
O PS, pela razão oposta, também me deixa perplexa: há falta de realidade nos nossos
governantes, vindos eles próprios do aparelho sem passagem nem obra no mundo
onde os restantes de nós vivem e têm de se provar, de falhar, de resistir e
perseverar. O PS, à semelhança de qualquer
outro partido democrático, deveria ser o filtro dos seus aparelhistas, gente
que pulula no exercício do «venha a nós», não a sua incubadora. Os
interesses do PS, e os números demonstram-no à saciedade, nem vale a pena
voltar a falar da Roménia, não são os interesses do nosso país, não são os
nossos interesses.
É
do meu interesse, do nosso interesse, e do interesse da democracia, que os
partidos que a representam, ofereçam segurança na alternância democrática.
Ainda que tenhamos valores díspares. Discutamos, discordemos. Tenhamos de
negociar ponto a ponto. Mas isto, não. Isto é outra coisa.
O PS precisa de ser refundado.
Enquanto isso não acontece, sugiro que os nossos governantes saiam de Xanadu e
vão para fora cá dentro: procurem emprego fora das empresas e instituições
oferecidas pelo genograma. Vivam um par de anos com o salário médio de 1326
euros, sem perspectivas de progressão por mérito: arrendem casa, paguem o
carro, a gasolina, os livros dos miúdos, a conta da água e da luz. Ou passem só
pelo supermercado e vejam que meia dúzia de ovos e um litro de leite custam
dois euros e setenta e quatro cêntimos.
A
autora escreve segundo a antiga ortografia
COMENTÁRIOS:
Luis Miguel: Quem votou no PS? Andam desaparecidos... Onde anda a maioria? Estranho! Tudo caladinho. Seknevasse: Excelente! Mas este PS não lê. Fernando CE: Preferem começar por uma junta de freguesia como o filho do António Costa. Tal pai tal filho. Vai longe. bento guerra: A política é vender votos e o PS conhece o seu mercado Nuno Santos: Muito bom este artigo. É pena que não sirva de nada. A única forma de mudar este status quo será tirar o PS do poder o que deverá acontecer apenas no final da legislatura pois temos um presidente sem coragem para enfrentar o António Costa. Esperam-nos 4 anos de decadência, pobreza e mais impostos. Sérgio: Excelente! O peéxxe não serve o estado, mas SERVE-SE DELE! O "ilustre" e letrado e sábio e inteligente e "civilizado" portuga lá sabe o que escolhe... Américo Silva: O PS de Soares morreu com Soares, era um PS ao serviço de Soares. João Floriano: O doente Portugal está cada vez mais fraco, o diagnóstico está feito: trata-se de uma infestação pelo virus PS e outras estirpes de esquerda. À volta do enfermo gira um curandeiro incompetente, soltando constantes ladainhas por vezes incompreensíveis, lançando nuvens de fumos de ervas aromáticas sobre o desgraçado. Agora resta saber se ainda há cura possível e qual a terapia de choque. Mas já não temos muito tempo. Fernando Cascais: É preciso ter cuidado com o que se pede. Se por azar dos Távora alguém, político, encontrasse a desejada lamparina mágica com um génio das terras do Catar lá dentro e pudesse pedir três desejos, poderia pedir: 1. Muito dinheiro. O génio prendava-o com uns valentes maços de notas de quinhentos euros. O problema é que não os conseguia depositar nem os trocar, nem numa loja para comprar um Rolex os aceitavam 2. Viver até aos 150 anos O génio dava-lhe uma doença para a preservação das células mas que lhe paralisava as pernas e os braços deixando-o acamado uma eternidade a ouvir especialistas e a Anabela Neves na CNN 3. A refundação do PS O génio colocava à frente dos destinos do PS o excelso PNS assessorado por Ascenso Simões Américo Silva > Fernando Cascais: Bom dia. Muito bom. M Fnds: Artigo de opinião muito bem exposto uma vez mais. A importância da identificação de todos os pontos referidos, demonstra sem dúvida, que não é assim, que se alcançam objectivos de desenvolvimento do país, nem o próprio desenvolvimento de cada indivíduo.
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