Contra tão repugnante lei que lhes deveria
afectar as consciências, transformando-os em hipotéticos assassinos? Lei brilhantemente
desmascarada por HELENA MATOS, desta vez ironizando sobre os tempos de espera
no SNS, superiores aos da própria eutanásia solicitada, o que trará,
absurdamente, aumento de pedidos de eutanásia, por via da urgência…
O
fémur partido e a espinha dobrada
O absurdo a que os deputados nos
conduziram é este: solicitar a eutanásia é a forma mais rápida que os
portugueses têm ao seu alcance para serem tratados com respeito pelo SNS.
HELENA MATOS: Colunista do Observador
OBSERVADOR, 11 dez. 2022, 02:16102
Um
fémur cicatrizado com 15 mil
anos foi o símbolo quase perfeito da civilização humana: afinal para que
sarasse aquele osso alguém teve de cuidar daquele corpo incapaz de se mover,
alimentá-lo, garantir-lhe segurança, dar-lhe de beber… Isto durante várias
semanas. Ou seja alguém pondo em causa a sua sobrevivência não deixou para trás
aquele ferido e cuidou dele. A humanidade estava ali.
A
imagem do fémur cicatrizado foi utilizada pela antropóloga Margaret Mead quando inquirida por um estudante sobre o que ela
considerava ser o primeiro sinal de civilização. A antropóloga não se deteve nos machados e pinturas
rupestres que geralmente surgem quando se aborda esta questão e invocou o fémur
partido. Aquele osso curado simbolizava a diferença entre o animal e o humano.
O dilema que a aprovação da eutanásia
em geral coloca é o do fémur partido: até quando devemos cuidar do outro? A resposta não é fácil. Mas a aprovação da eutanásia em Portugal coloca este
dilema a um nível ainda mais perturbante: que sociedade é esta cujos eleitos se
mobilizam para assegurar mais meios a quem manifesta a vontade de morrer do que
àqueles que querem viver? A lei agora aprovada na Assembleia da República
garante a quem declarar a sua vontade de ser eutanasiado o direito a escolher
um médico orientador. Este médico orientador tem vinte dias para produzir um
relatório sobre o pedido do doente. Caso o parecer seja favorável,
ao pedido do doente segue-se uma consulta com um especialista da patologia que
afecta o doente. Este especialista tem 15 dias para fazer um parecer. Pode
existir intervenção de um psiquiatra que também ele tem 15 dias para emitir a
sua decisão.
Comparemos estes tempos de espera e
procedimentos com o que acontece a quem quer simplesmente ser tratado: no Hospital de Faro, para uma consulta muito
prioritária de Urologia a espera é de 95 dias. (Os “apenas” prioritários
têm 323 dias de espera pela consulta!) Na Oftalmologia prioritária espera-se
108 dias e na não prioritária 630. Quanto à Psiquiatria, a melhor forma
de os utentes deste hospital conseguirem uma consulta é declararem a sua
vontade de ser eutanasiados: a espera varia entre 62 a 94 dias. Já
em Setúbal, no Hospital de São Bernardo, tem de se esperar 129 dias por uma
consulta de Cardiologia Prioritária, repito Cardiologia Prioritária. No
Garcia da Orta os muito prioritários esperam 30 dias por uma consulta de
Neurocirurgia e 96 na Pediatria muito prioritária. Note-se que a estes
tempos de espera se deve adicionar o tempo de passagem do processo do médico de
família para o hospital. E se das consultas passarmos para as cirurgias
verifica-se que até no que se imagina absolutamente prioritário, como é o caso
da Cirurgia Vascular, os prazos ultrapassam os garantidos a quem pedir
eutanásia: no Hospital de Faro esperam-se longos 19 dias por uma Cirurgia
Vascular muito prioritária (por uma normal são 940 dias).
Já
se asseguraram melhores cuidados de saúde em Portugal. E quando
nos confrontamos com esse facto, em vez de o enfrentarem, os deputados, para
iludirem a crescente divergência entre o anunciado e o vivido, produzem
legislação que é um insulto para quem aspira a ser medicamente assistido para
viver.
O
absurdo a que os deputados nos conduziram é este: a forma mais rápida que os
203.051 portugueses que no início deste ano estavam inscritos para cirurgia
(e muito particularmente os 42 mil que já aguardavam por essa cirurgia há muito
mais tempo que o máximo estabelecido) têm ao seu alcance para serem observados
por um especialista é manifestar o seu desejo de ser eutanasiados. Na
verdade assim conseguiriam ser medicamente assistidos de forma rápida na
especialidade de que precisam, como ainda seriam assistidos no estabelecimento
público, privado ou de índole social que escolhessem, pois os senhores
deputados acharam por bem determinar que “Cumpridos todos os procedimentos o
doente pode escolher o local onde quer que seja concretizada a eutanásia”. E
esta poderá ser praticada “nos estabelecimentos de saúde do Serviço Nacional de
Saúde e dos sectores privado e social que estejam devidamente licenciados e
autorizados para a prática de cuidados de saúde, disponham de internamento e de
local adequado e com acesso reservado”.
Porque
não estendem os senhores deputados às grávidas que andam a contar contracções enquanto procuram uma
urgência aberta o direito a ir “aos estabelecimentos de saúde do Serviço
Nacional de Saúde e dos sectores privado e social que estejam devidamente
licenciados e autorizados para a prática de cuidados de saúde, disponham de
internamento e de local adequado”? Ou só temos parcerias público-privadas para
assegurar o cumprimento da ideologia?
Estas
perguntas são a nossa versão do dilema do fémur partido. Esse dilema que nos liga a esse alguém caído por
terra, revolvendo-se na dor e na condenação à morte mais que certa que aquela
fractura então representava. E também a esse outro alguém que durante dias zelou
para que aquele corpo recuperasse. Esse dilema que nunca resolveremos porque
ele é inerente à nossa condição humana mas a que esperávamos ir respondendo o
melhor possível em cada época.
O que perturba é saber que estamos a viver tempos em que deixámos de fazer o
melhor que as circunstâncias do nosso tempo nos permitiriam para passarmos a
fazer o que a ideologia determina.
O
fémur cicatrizado vai dando lugar à espinha dobrada.
PS. Como
é óbvio não faltam polémicas em torno das circunstâncias em que esta explicação
terá sido dada por Margaret Mead e do seu alcance. São polémicas a acrescentar às
muitas em torno desta antropóloga e de muitos dos antropólogos que como ela
preencheram o imaginário dos “bons selvagens” que tanto animaram o século XX.
Não deixa de ser irónico que os relatos de Mead sobre o pensamento das crianças
da Nova Guiné ou a sexualidade das jovens da Samoa, que tanto entusiasmaram os
progressistas pretéritos, se tenham tornado agora alvo de críticas pelo
progressismo contemporâneo. O facto de a antropologia cumprir no mundo
pós-comunista de hoje o papel que a economia desempenhou para os marxistas até
à queda do Muro de Berlim explica este revisionismo: os antropólogos sucederam
aos economistas na criação da grelha através da qual se está autorizado a ver a
sociedade, onde antes estavam classes estão agora comunidades.
EUTANÁSIA SAÚDE SERVIÇO
NACIONAL DE SAÚDE PAÍS
COMENTÁRIOS:
Pedra Nussapato: Para não variar, desonestidade
intelectual pura e dura de HM, ao misturar alhos com bugalhos, só para dizer
que é contra a legalização da eutanásia. Toda a gente tem direito e
legitimidade a ser contra a eutanásia, mas é lamentável este tipo de argumentação
que em nada dignifica o lado de quem está contra a lei agora aprovada. António Lamas: Não tem nada a ver, ou talvez
tenha. No meio do bruaá da bola e da eutanásia, passou ao lado, a maior
vergonha a que Marcelo nos sujeita e um insulto aos portugueses, guineenses e
cabo-verdianos que perderam a vida na Guiné A condecoração com a Ordem da
Liberdade a Amilcar Cabral. E a seguir? Vai condecorar Samora Machel e
Agostinho Neto? Respeite os portugueses Carlos Almeida: Mas alguém irá cumprir algum
prazo neste país? Deixe-me rir. Os únicos prazos que se cumprem são o do
pagamento de impostos. De resto, é tudo uma palhaçada grotesca!!! Vitor Batista: Sinto imensa vergonha de todos
aqueles que tornaram isto possível, e de todos aqueles que os acompanham. Será que não seria possível
eutanasiar corruptos e nepotistas? seria uma forma "digna" de evitar
o mal de alastrar. Vitor Batista > Pedra Nussapato: E o seu argumento é?.......uma
mão cheia de nada! Mais um adepto da espinha dobrada. Filipe Paes de
Vasconcellos: Um dos seus melhores textos. Parabéns. Este seu artigo
tem ainda o mérito de ser um óptimo argumentário para a condecoração que mais
cedo ou mais tarde o presidente irá prestar à ex-ministra da saúde. E quanto ao
assunto da eutanásia permitam-me que transcreva o meu comentário ao artigo do Senhor
Dr. Pedro Passos Coelho: “E quem não quer
ser eutanasiado não tem direito à dignidade humana? Onde tem estado o PS no que
se refere os cuidados paliativos, e que investimentos tem feito o PS ao
longo destes 20 anos de governação socialista? Pois é, torna-se bastante mais
fácil pôr um ponto final no assunto e receber o que houver a receber, até
porque todos nós temos as nossas vidas e assim vamos todos em paz na bondade da
dignidade humana de quem parte e assim também se limpam de ter desistido de quem
nunca deles desistiu. Invistam em força nos cuidados paliativos e nos
cuidadores informais a bem da dignidade humana. E, por último, porque não se
pergunta a quem está no fim da vida o seguinte: Quer ser eutanasiado, quer
morrer com hora marcada, ou prefere continuar a viver com cuidados paliativos
de qualidade e na companhia de cuidadores informais?” António Lamas:
A mais abjecta
das nacionalizações. O Estado
dono da vida, e da morte, dos cidadãos. Joaquim Rodrigues: Com o SNS pelas ruas da
amargura, o que preocupa os nossos Governantes e seus acólitos na Assembleia da
República é a aprovação da Lei da Eutanásia! Triste País este! Coronavirus corona
> Fernando Cascais: "Quem se candidata a ser
eutanasiado é porque está num sofrimento incomparável" Quem está num
sofrimento incomparável (ao quê?) é porque não recebeu os cuidados paliativos
que existem hoje. Ninguém precisa de estar em sofrimento físico. Existe
resposta para isso. O sofrimento emocional resulta do acompanhamento (ou falta
dele), da solidão, das condições em que o doente está depositado num qualquer
sítio. Obviamente que quem tiver bons seguros de saúde, dinheiro e poder, terá
acesso a cuidados paliativos, a boas respostas para mitigar o seu problema.
E não vai querer morrer. Stephen Hawking, um ateu militante e defensor da
eutanásia, nunca pediu a morte. Porquê? Porque tinha as melhores máquinas para
lhe garantirem ter capacidade de comunicabilidade, alguma locomoção, que
proporcionam o equilíbrio mental necessário. Deixado numa cama ao canto de um
quarto de um hospital, deitado longas horas, lavado por enfermeiras e voltado à
sua posição, sem interação, sem relacionamento, é óbvio que ele pediria para morrer.
Ninguém sob sofrimento atroz ou abandonado longas semanas ou meses, dá um
consentimento cabal. Os militares que ficavam feridos nas matas pediam,
muitas vezes, aos seus colegas para os matarem. Os sobreviventes hoje contam
esses episódios mas nunca vi nenhum dizer que a partir daquele dia nunca mais
falou com o colega que não atendeu o pedido. Pelo contrário, agradecem a
determinação daqueles que recusaram fazê-lo, continuando a ajudar com o auxílio
possível. Outro exemplo: a inquisição foi o primeiro tribunal a abolir a
tortura como meio de obtenção de prova (era uma realidade transversal em todos
os tribunais e em todas as sociedades). Sabe porquê? Porque os monges faziam um
trabalho de acompanhamento, análise e registo escrito dos réus. E houve relatos
confirmados que muitos réus confessavam os crimes estando inocentes. Para
quê? Para fugirem ao sofrimento atroz e serem rapidamente executados. Ninguém
sob sofrimento ou psicologicamente afectado tem equilíbrio mental suficiente
para dar um consentimento que se possa dizer ser pleno. É condicionado. E se
apanhar um médico pró-eutanásia, rapidamente ele irá pedir a morte. Basta
não lhe dar sedativos suficientes para as dores ou deixá-lo sem grande
acompanhamento. Ah isso é um exagero! É? Veja-se as polémicas da Holanda e
da Bélgica. O Fernando diz que (obviamente) "um psiquiatra não vai
aprovar a MMA a uma sujeita traída pela namorada que entrou em depressão".
Veja, a título de exemplo, o polémico caso da jovem belga Shanti De Corte.
Terá presenciado um atentado terrorista e entrou numa depressão pelas imagens
que viu, tentando inclusive o suicídio. Pediu aos psiquiatras que fosse
eutanasiada e dois psiquiatras assinaram prontamente o relatório. Tinha 23
anos. Muitos outros psiquiatras tentaram reverter colocando em causa o
relatório polémico daqueles dois. Mas nada havia a fazer. Ela já tinha morrido.
Gerou enorme polémica e alcançou grande mediatismo nos órgãos de comunicação
social. E é apontado muitas vezes como exemplo da rampa deslizante que é esta
lei. Primeiro começa-se com todos os cuidados e mais alguns. A seguir
vem uma alteração porque este e aquele aspecto estão a fazer demorar o
processo. Depois discute-se se a esposa, a mãe ou os filhos podem consentir
pelo doente que não se pode expressar. Aconteceu assim na Bélgica e aconteceu
assim na Holanda. De tal forma que, à excepção
deste soviete esquecido em que se tornou a península Ibérica, mais nenhum país
da UE aprovou. E já lá vão vinte anos de
experiência da Bélgica e Holanda. Ah, mas trata-se de ampliar a liberdade. Devemos poder escolher
morrer. Outra falácia. O suicídio não é permitido. Quem o faz tem de o
executar à revelia. Se o Fernando estiver na sua casa prestes a engolir soda
cáustica e um vizinho o souber e ligar à polícia, a polícia não só pode como
deve arrombar a porta e impedi-lo de o fazer. E a seguir conduzi-lo a um
hospital, pela força se necessário for. Porquê? Porque o conhecimento
milenar da humanidade nos diz que o suicida precisa de ajuda e não de um
empurrão para a frente, nos diz que o suicida não está bem e precisa de ajuda.
Então se a pessoa saudável não o pode fazer porque permitir ao doente que está
há longos meses entravado, a ocupar uma cama de um hospital e a necessitar de
cuidados hospitalares? Numa palavra (às vezes há palavras que, pese soem a
alguma crueza, devem ser ditas para avivar memórias) porque só os inúteis o podem
pedir? Não é estranho? Que liberdade é essa afinal, que só aqueles que menos
predisposição mental para fazer a escolha podem exercer essa liberdade? A eutanásia é engodo. É um
caminho perigoso. A sociedade não é de inox. Nós não somos peças de uma
fábrica que, uma vez com defeito, se mandem fora. Nós não somos
instrumentos de uma nação. A nação é que é o instrumento encontrado para nós
nos organizarmos. O quarto pode estar limpo e arejado, o doente pode comer um
bife como última refeição, pode ser injectado ao som de Mozart, que não há
dignidade nenhuma nessa acção. A frieza, a ausência de humanismo, não comportam
qualquer ideia de dignidade. Quando passarmos a ser coisas não temos
dignidade nenhuma. José
Carvalho: Excelente análise. Dado que os
meios do SNS são limitados, os prazos para a eutanásia decididos pelos
deputados têm como corolário: atrase-se (ainda mais) o atendimento a quem quer
viver, para dar prioridade a quem quer morrer! jose basilio > Pedra Nussapato: Pedra no cérebro...há muito que
um calhau deve estar na sua carola.
José B. Dias: O que todos sabemos de antemão é que nenhum dos prazos
ou procedimentos previstos na lei agora aprovada na AR algum dia virão a ser
cumpridos (ou talvez o sejam nos primeiros meses para encher o olho do povão e
criar cenário para uns acontecimentos mediáticos ...)! Não há risco. No
Portugal socialista a eutanásia irá estar de facto disponível para quem tenha
seguro e ADSE. Os demais serão "naturalmente" eutanasiados pelo
correr do tempo de espera ... como já é a norma! Carlos Chaves:
Caríssima Helena Matos, através da
excelente exposição que acabou de fazer, só posso concluir que o “fémur
cicatrizado” definindo o início da Civilização, digamos da Humanidade, a
eutanásia nestes termos e condições, marca o início da barbárie e
decadência da Humanidade. Se juntarmos a isto as recentes leis aprovadas de
“defesa” dos animais, nós Humanos estamos objectivamente a descer na escala! José Leite: Um artigo excecional! Parabéns. João Ramos:
Mais uma vez Helena Matos produz um
excelente artigo sobre um problema que a todos nos toca e não pertence a
um conjunto de pessoas, os nossos deputados, que se arrogam direitos que
manifestamente não têm e para o qual não estão minimamente preparados, por
outro lado põe a nu as incongruências de raciocínio daquele parlamento, grandes
facilidades para quem quer morrer e entretanto desprezam e pura e simplesmente
ignoram quem quer ser tratado para sobreviver… e ainda nos admiramos que este
país esteja cada vez mais decadente… Maria Tubucci: Diz a HM que, “O fémur cicatrizado vai dando lugar à
espinha dobrada”. Eu acho que a agora já não temos políticos, temos moluscos, o
cálcio da espinha há muito foi corroído e eliminado. Os politiqueiros
enchem a boca que a abolição da pena de morte foi uma grande conquista
civilizacional, à socapa, fora dos seus programas eleitorais e na altura das
“futebolices”, aprovam a pena de morte embrulhada com um laço cor-de-rosa. Se o
Tribunal Constitucional der o sim à lei, o PR assinará a lei no dia seguinte,
iremos passar a ter no SNS mais especialidades: o médico carrasco, o especialista
carrasco e psiquiatra carrasco. Boa, estamos a regredir para a Idade média!
Bem, agora só falta mesmo colocar os pelourinhos a funcionar para pendurar: os
traidores à pátria, aqueles que empobrecem o país de propósito; os vendilhões
de nacionalidade por “dez reis de mel coado”; os corruptos que sugam e
escravizam os nativos com a maior carga fiscal de sempre. Há muito por onde
escolher é só começar, tal como a eutanásia, o plano é deslizante, sabe-se como
começa, mas não se sabe como acaba. Alguém confia num SNS com especialistas em
eutanásia? João
Floriano > João A: Bom dia João. Mas
o problema é mesmo esse: «.......apoiadas de acordo com as suas
vontades.» Tal será possível se a vontade for a eutanásia. Se forem
cuidados paliativos muito dificilmente os conseguirá. Em 2018 mais de 80%
dos doentes em condições de receber cuidados paliativos não tinham acesso
a eles. Em 2022 com o SNS de rastos devemos ter piorado a percentagem. Não
lhe sei dizer qual a percentagem de cuidados paliativos assegurados pelo
estado. No privado só quem tem boas contas bancárias pode recebê-los.
Ouvi uma opinion maker da nossa praça justificar subtilmente os benefícios da
eutanásia com o arruinar dos «negócios da morte». Portanto o SNS não oferece
escolhas: ou se sofre ou se pede a eutanásia. Concordo com Helena Matos: o
que nos está a ser apresentado como um avanço civilizacional é uma
maneira de esconder falhas desumanas do nosso SNS. Mesmo assim, se a lei
for bem aplicada, poucos serão os que estão mesmo em condições de sanidade
mental para de modo autónomo decidirem o fim da vida. José Miranda
> Pedra Nussapato: Grande lógica Pedra! É a lógica do calhau. Fernando Martins: Excelente. Desmascara a ideologia que está por trás da
falsa humanidade e ainda mais falsa compaixão.
TIM DO Ó: Um
tema muito caro a Helena Matos. A RTP noticiou que o ex-modelo português de 20
anos foi assassinado em Setúbal com uma facada por 2 suecos. As televisões
andam a enganar o povo por racismo anti-branco. Os assassinos são imigrantes
sírios. É este tipo de gente que está a invadir a Europa e a substituir a sua
população por não europeus. Veja-se a selecção de futebol dos Países Baixos:
não tinha praticamente nenhum holandês. Um dia os brancos vão ficar sem terra,
tal como os judeus até haver Israel. Nessa altura poderão ser perseguidos no
espaço que foi a sua terra e sofrerem genocídio. Jose Moura: Extraordinário texto que põe a nu a podridão da
sociedade em que vivemos. E
igualmente extraordinários são alguns dos comentários aqui produzidos, em crítica
ideológica pura, que nem sequer tem um único argumento. Pobre país
em que até o dar a vida e cuidar dos vivos é preterido com relação a dar a
morte. Censurado sem
razão: Mas
desde quando a esquerda se preocupa com o bem-estar do povo? A sua preocupação
é controlar o povo. E o povo, infantilizado e devidamente imbecilizado aceita
isto tudo candidamente. O que a Helena Matos descreve é o retrato de uma
sociedade socialista. O topo da hierarquia do partido tem direito a tudo. Vivem
a grande e a francesa. A ralé divide as migalhas que a elite permite. E
boquinha calada. Caso contrário descobres rapidamente que mesmo sem asas
consegues voar. José
Paulo C Castro > Pedra Nussapato: Se nunca poderia ser decidida
por pessoas sem competência, então porque foi decidida por deputados eleitos em lista, sem competência
na matéria? E que fizeram ouvidos moucos aos pareceres de todas as ordens
profissionais especializadas no assunto, bem como a constitucionalistas? Ah,
dizem que são representantes... De quem ? Ora do povo incompetente que não
poderia votar num referendo. Belo elitista você... Maria Emília
Ranhada Santos: Este governo faz tudo o que os globalistas financeiros
querem e mandam, porque têm medo deles, porque querem os subsídios, porque
querem ficar bem na foto, e os portugueses que se tramem! Temos que mudar de governantes
rapidamente, ou afundaremos definitivamente! Para os oligarcas mandatários, é
urgente acabar com a civilização cristã, para imporem a ditadura da nova ordem
mundial, mas infelizmente, muitos portugueses mesmo instruídos, ainda não se
convenceram que eles são maus, muito maus! Eles tudo fazem, não para proteger
os portugueses, mas para os destruir. Os esquerdistas seus tentáculos, ainda
não entenderam que estão a cavar a sua própria sepultura! Triste, mas real! José Paulo C > Castrojoão Melo: Mas então, se têm 15 meses de
'sofrimento intolerável' pela frente, para que serve a proposta? Que 'avanço civilizacional'
é este? O de contrariar a tradição mais conservadora no papel? Andamos a fazer
leis para brincar aos jovens políticos de causas irrealistas? Ou pior: a abrir
a porta para a privatização do 'serviço' a eito, não? Miguel Ramos: Como espectador razoável da
cena política posso afirmar que não sei nada do alcance da nova lei da
eutanásia, foi um processo obscuro e longe da discussão pública. Por princípio,
acho que as situações de sofrimento extremo merecem uma solução terminal, não
imagino como se tipifica isto. Escandaliza-me mais vivermos num País com um
povo tão acéfalo, que convive alegremente com um socialismo empobrecedor, que
todos os dias destrói mais um pouco da capacidade do Estado de providenciar um
serviço de saúde digno. Portugal todos os dias torna-se um País mais pobre,
mais doente e mais infeliz, calculo que para cada vez mais portugueses a morte
seja a única solução digna, uma vez que padecem dum sofrimento atroz causado
pela sua inépcia e acefalia. Manuel
RB > Pedra Nussapato: Conversa
de tasca. Argumentar dá muito trabalho. Basta deitar lama. Antonio Sennfelt: Repito o que repetidamente tenho repetido: Helena
Matos, sempre oportuna e excelente! Rui
Pessoa: O tema altamente complexo da eutanásia
abordado de uma forma curiosa e interessante e que nos leva a reflectir ainda
mais sobre essa complexidade. Ao ler este artigo somos quase levados a exigir
que os senhores deputados legislem sobre a obrigatoriedade do SNS cumprir
prazos semelhantes quanto à obrigatoriedade de atendimento dos doentes urgentes
e prioritários. Não colocando em causa a bondade que tenha porventura existido
da parte de quem liderou esta legislação, justo será esperar que agora o façam
de modo idêntico para atendimento dos mencionados casos prioritários e/ ou
urgentes.
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