terça-feira, 21 de maio de 2019

A falar - e a abraçar – é que a gente se entende



De facto, eu também vi António Costa agarradinho ao E. Macron, devem ter estado a combinar estratégias, para ver se aquilo dos nacionalismos lá por França e ailleurs possa ser alterado, com estratégias convenables. Teresa de Sousa esclarece, e mais ainda os comentários de pessoas experientes. António Costa tem tudo bem combinadinho, por cá, com o seu parceiro Pedro Marques, que defende com unhas e dentes, isso bem visível também nas almoçaradas e nas discursatas da sua – e nossa - predilecção, que não quer perder o mando. O pobre Rangel está muito aquém, as sondagens também o afirmam. Mas, como sempre, admirei a nobre cabeça de Passos Coelho, falando alto e bom som de ilusionismo socialista. Com exemplos. Mas sem almoço, solidão que os maus ventos criaram, por não saber abraçar, talvez. Mau grado as escolhas do país, naquela altura
I - - CONSELHO EUROPEU: As “emendas” de António Costa aos 10 mandamentos de Sibiu
A duas semanas das eleições europeias, os líderes querem evitar qualquer matéria sensível, para darem uma imagem de unidade.
           PÚBLICO, 9 de Maio de 2019oto
Ainda não é mais do que um conjunto de boas intenções, expressas em 10 compromissos genéricos, o documento que líderes europeus vão hoje discutir em Sibiu, na Transilvânia, numa cimeira informal para lançar a reflexão sobre as prioridades estratégicas da União para os próximos cinco anos. A cimeira é informal. A duas semanas das eleições europeias, os líderes querem evitar qualquer matéria sensível. O objectivo é dar uma imagem de unidade que não piore o cenário já de si muito pouco animador das eleições.
Mesmo assim, são ainda múltiplas as “emendas” que o primeiro-ministro português leva consigo, sendo as mais significativas as que dizem respeito à reforma da zona euro, às políticas de imigração (tema polémico entre todos), à nova política industrial, aos direitos sociais e ao papel da Europa no mundo. Há dois dias, Jean-Claude Juncker acusava expressamente a Holanda, Áustria e “demasiadas vezes” a Alemanha, de impedirem uma maior integração da zona euro, numa entrevista jornal alemão Handelsblatt. António Costa quer sublinhar no documento a importância que atribui à conclusão desta reforma, tornando mais explícita a necessidade de a “completar” e acrescentando, no capítulo dedicado à promoção das condições de concorrência, a dimensão da convergência económica (da qual o orçamento da zona euro seria um dos instrumentos).
Esta dimensão prende-se com uma outra, a da nova política industrial, uma velha ideia francesa que agora os alemães resolveram abraçar, e que os países mais pequenos receiam que se traduza no apoio à criação de “gigantes europeus”, normalmente com a marca dos grandes países. O primeiro-ministro quer ver sublinhado o apoio às PME (Micro e Pequenas Empresas)— que são a espinha dorsal das economias europeias e o seu sector mais inovador. No capítulo sobre a dimensão social da Europa, a sua ideia é substituir um título demasiado vago — promover a inclusão — por outro que é uma das prioridades do grupo dos Socialistas e Democratas: desenvolver o Pilar dos Direitos Sociais.
Quanto ao papel da Europa no mundo, que Donald Tusk diz ser a base para esta reflexão, entre “promover os nossos interesses e valores”, “promover as regras mundiais” e “enfrentar os desafios mundiais”, não há no documento qualquer referência à NATO, às Nações Unidas ou sequer às relações da União com os outros grandes pólos de poder mundiais. Portugal gostaria de ver sublinhada a cooperação com a NATO no compromisso de “estimular o investimento e a cooperação da Europa em matéria de defesa”. Quando o documento fala no “desenvolvimento de uma ordem multilateral assente em regras” — um objectivo louvável, mas cada vez mais longe da realidadeesquece-se de mencionar o compromisso da União Europeia com as Nações Unidas, que Costa propõe que fique explícito. Da mesma maneira, Portugal gostaria de acrescentar no compromisso com os desafios mundiais, que já inclui a liderança nas alterações climáticas ou a cooperação com os países de origem da imigração, a “promoção do diálogo e as parcerias com outros actores globais em diferentes continentes”.
Outra ausência significativa do documento é a referência à imigração legal, num continente que precisa dela como nenhum outro. Os 10 mandamentos de Tusk apenas referem o combate à imigração ilegal, a reforma da política de asilo e o bom funcionamento do espaço Schegen. Portugal propõe que se acrescente a necessidade deassegurar canais para a migração legal”.
Mais duas omissões curiosas no capítulo da protecção dos cidadãos e das liberdades, incluindo a salvaguarda das democracias: não havia qualquer menção à igualdade de género nem a outro princípio normalmente bastante popular, “da subsidariedade e a da governação a vários níveis” que Portugal propõe que se acrescente. Ou então, na defesa dos valores europeus, incluir uma menção explícita aocombate ao racismo e à xenofobia” que também não figurava na redacção inicial. Apesar do esforço, as eleições europeias, os desentendimentos entre Paris e Berlim, a próxima substituição de Juncker de Tusk não contribuem para que de Sibiu saia alguma coisa de particularmente exaltante.
II - ELEIÇÕES EUROPEIAS : Socialistas e liberais ensaiam um novo “bloco” para retirar a maioria ao PPE
Quando estão em causa as escolhas para os cargos mais importantes das instituições da UE, socialistas, liberais, Macron e Tsipras decidiram em Sibiu que vão negociar em bloco com o PPE o “pós-eleições europeias”.
PÚBLICO, 11 de Maio de 2019
A cimeira informal de Sibiu, na Roménia, parece ter sido bastante produtiva, pelo menos para uma parte dos líderes europeus que se deslocaram à Transilvânia na quinta-feira para lançarem um debate sobre os objectivos estratégicos da União Europeia nos próximos cinco anos. A ideia de Donald Tusk, o presidente do Conselho Europeu, era também (ou principalmente) lançar o processo de escolha de quem deverá ocupar os cargos principais das instituições europeias – um processo que se inicia depois das eleições para o Parlamento Europeu (PE). As circunstâncias destas escolhas são particulares, se se confirmarem as previsões das sondagens, com uma maior presença dos partidos populistas e nacionalistas em Bruxelas e com a queda mais ou menos acentuada dos grandes partidos tradicionais pró-europeus.
As declarações dos líderes em Sibiu ainda revelaram que se mantêm fieis à lógica dos Spitzenkandidaten ou seja, cada grupo político apresenta-se às eleições europeias com o seu candidato a presidente da Comissão –, tentando repetir a lógica adoptada nas eleições de 2014, em que a repartição de lugares no PE é a primeira condição dessa escolha. Muitos líderes europeus rejeitam este método, insistindo em que a decisão cabe em primeiro lugar ao próprio Conselho Europeu, cuja composição não é o espelho da do PE. Angela Merkel insistiu em que o seu candidato continua a ser Manfred Weber, escolhido pelo Partido Popular Europeu (PPE). Tal como António Costa disse que o seu éaquele que foi escolhido pelos Socialistas e Democratas – o holandês Frans Timmermans. Mas isto foi o que aconteceu à luz do dia.
À margem da cimeira, os primeiros-ministros socialistas e liberais mais o Presidente Emmanuel Macron e o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras decidiram negociar entre si “em bloco” o que designam como “pós-eleições” antes de iniciarem as negociações com o PPE. Trata-se de uma novidade que, a confirmar-se, vai obrigar a uma negociação mais vasta em torno dos cargos que estão em discussão – presidentes da Comissão, do Conselho Europeu e do Parlamento Europeu e Alto representante para a Politica Externa e de Segurança da União Europeia.
No PE, este bloco pode traduzir-se no somatório dos eurodeputados eleitos pelos Socialistas e Democratas, pelos Liberais e pelos eurodeputados da lista Renaissance de Macron, bem como aqueles que elegerá o Syriza de Alexis Tsipras, convertido nos últimos anos à moderação e ao consenso pró-europeu.
Se seguirmos os resultados apontados pelas sondagens, esse compromisso pode superar facilmente em número os eurodeputados do PPE, retirando-lhe a chave das nomeações. A experiência anterior indica que a escolha do presidente da Comissão e dos outros cargos mais relevantes – incluindo a sucessão de Mario Draghi à frente do Banco Central Europeu (BCE) que, desta vez, é praticamente simultânea – resulta normalmente de um entendimento entre as capitais dos grandes países, mesmo levando em conta os equilíbrios entre regiões e entre “pequenos” e “grandes”.
Mas as regras não escritas da União Europeia estão, também elas, a sofrer os efeitos de uma crise prolongada que criou divergências inesperadas mesmo entre os governos ainda largamente maioritários liderados pelo centro-direita, pelo centro-esquerda e pelos liberais. Admitia-se até recentemente um entendimento entre Merkel e Macron no sentido de entregar o BCE a um alemão e a Comissão a um francês, restando apenas encontrar uma figura para substituir (ou não) a italiana Federica Mogherini como chefe da diplomacia europeia e outra para substituir Donald Tusk à frente do Conselho Europeu. O relacionamento cada vez mais difícil entre a chanceler alemã e o Presidente francês – que não escondem hoje as suas divergências em vários dossiers da agenda europeia – pode eventualmente pôr em causa estes entendimentos prévios. É o que parece estar a acontecer com a criação informal deste “bloco” que envolve directamente o Presidente francês. Aliás um dos mais fortes opositores à ideia dos Spitzenkandidaten.
Seria, apesar de tudo, uma aliança inédita, porque envolveria governos como o português ou o espanhol, liderados por socialistas, os sociais-democratas que lideram os governos sueco e (em breve) o finlandês, com liberais como o primeiro-ministro holandês Mark Rutte ou o próprio Macron, que poderá vir a integrar o grupo liberal do PE, mas que reserva uma decisão final para depois das europeias. A cooptação de Alexis Tsipras já era esperada – embora o Syriza faça parte de um dos grupos que se situam mais à esquerda no PE, o primeiro-ministro grego tem alinhado quase sempre com o grupo dos Socialistas e Democratas.
Nestes reequilíbrios políticos, ainda falta saber o que tenciona fazer Angela Merkel, que muita gente veria com bons olhos à frente do Conselho Europeu. A própria diz que não. Mas isso também vai depender da altura em que decida abandonar a chancelaria de Berlim – disse que ficava até ao final do mandato (2021), mas há quem pense, na Alemanha, que pode sair antes.
Devolvendo ao Presidente francês o apoio que lhe deu na Convenção do PS para as europeias, António Costa enviou um vídeo de apoio a uma Europa “progressista, fundada na paz, na democracia, nos direitos humanos (…) e na convergência económica e social” que foi difundida num grande comício convocado para sábado em Estrasburgo. A 20 de Maio, o primeiro-ministro português terá um encontro com Macron no Eliseu e participará no dia seguinte como orador convidado no Congresso da Convenção Europeia de Sindicatos, em Viena.
COMENTÁRIOS:
Carlos Félix, Oeiras / Beja 12.05.2019 :  Mesmo antes das eleições em toda a europa já estão a amarrar-se. Nunca mais aprendem. Ao menos esperassem pelas votações e resultados. A continuarem assim, no futuro será o engenho artificial a governar-nos, pois o humano persevera no erro. Em vez de incluírem, recriam blocos e autossatisfazem-se julgando-se pássaros que voam. Da edição impressa de hoje na rubrica “escrito na pedra: Teoricamente, se a percepção é finita toda a acção é finalmente fútil e devidamente grátis. Ana Hatherly”. Somos meros instrumentos e é o fim último que dá o sentido a tudo.
Francis Delannoy, 11.05.2019: os socialistas europeus anti social e pro gran financeiros a querer mandar no mundo.. de socialismo não têm nada, de luta pela protecção social europeia ainda menos são todos pro grande capital pro bancos mundialistas fmi troikas etc .só pro imigração e ajudas à imigração..são todos pelo " grande remplacement "como dizem os franceses
mail, 11.05.2019: Imposto europeu a vista, português abra os bolsos!
filipeluis.marques, 11.05.2019: Centralão europeu?!?!??!
Jonas Almeida, Stony Brook NY, Marialva Beira Alta 12.05.2019: De facto para quê fingir que alguma vez houve diferença entre as duas versões de aparatchik. Para completar a palhaçada só faltava ter Berlusconi a escolher o presidente do Parlamento europeu... esperem, não é que é mesmo o António Trajano?!
vinha2100, Santarem 11.05.2019: Normal em democracia. Transparente q.b. Em linha com o voto dos cidadãos. Os trolls russos de mentes achonesadas esquecem-se de mencionar nos seus comentários que na terra dos patrões tal não seria possível, claro. E que a democracia por lá não existe, e eleições são uma farsa.
Vasconcelos Vasconcelos, 11.05.2019: Há duas formas de alterar tudo isso. Uma é criar um movimento que acelere a entrada da Turquia na UE. 80 milhões de pessoas alteram os dados do parlamento; A outra possibilidade é a de garantir a existência do voto electrónico. A participação é uma necessidade e a imprevisibilidade e surpresa dos resultados são o garante das democracias. Os resultados eleitorais estão tão viciados actualmente na Europa como estavam no tempo das ditaduras. E não existe democracia com os dados viciados.
filipeluis.marques, 11.05.2019: A UE é um projecto falhado, foi pela força e será a continuidade do sonho, falhado pela via social e econômica. Ratarda-se a inevitabilidade. Por outro lado, com alinhamento de forças pelo esquerda, aí sim, bastante enraizada socialmente, apenas recalcada, a direita externa ADN nos países nos países da Europa Norte, não permitirá esse tipo de derivas. No início do século dizia-mos que vinham tempos interessantes, hoje não evitamos e claramente di
zemos, vêm aí tempos preocupantes!
Lourenço, Coimbra 11.05.2019: Ainda se alimentam tais ilusões? A Turquia nunca fará parte da UE.
mail, 11.05.2019: Turquia na ue? E porque não Israel? E um país mais ocidental que a Turquia.
Manuel Caetano, Faro 11.05.2019: Esta recomposição faz sentido porque o partido socialista europeu (PSE) já não está em condições de disputar, de igual para igual, o poder nas instituições da UE com o partido popular europeu (PPE). Há muito que a crise do bipartidarismo na "europa" rompeu esse equilíbrio de forças pelo lado dos partidos da internacional socialista (IS). Em síntese: a recomposição é uma tentativa para minorar os estragos provocados pelo descabro dos sociais-democratas ("socialistas"). Se o novo "bloco" tiver sucesso a resposta natural do PPE será uma aproximação à extrema direita, mas isso só saberemos quando forem contados os votos no dia 26.
Manuel Caetano, Faro 11.05.2019: Uma pequena nota apenas para sublinhar a presença de Tsipras no novo "bloco". Uma manobra (à Costa) para ter efeitos eleitorais internos? Haverá eleições legislativas na Grécia ainda este ano.                  Manuel Caetano, Faro 11.05.2019: descalabro
Jose, 11.05.2019 : Um verdadeiro espectáculo. Uns andam nas feiras a vender mentiras à procura de votos para o Parlamento Europeu e outros, totalmente à margem dos eleitorados, dividem entre si o poder como senhores feudais.

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