sábado, 4 de maio de 2019

Todos sorvemos desse sorvedouro



Vem o título a propósito de um comentador de VPV – Nelsonfari, o primeiro da lista – que previu o descalabro com a entrada na CEE. Mas o descalabro começara muito antes da adesão, e esta serviu já para acerto de algumas contas juntamente com o ver se te avias de mergulhos no saco sem fundo. Destruíram-se riquezas que havia, e poucas se criaram, os negócios depressa convertidos em negociatas entre pares (ou mesmo ímpares), hoje assiste-se às demonstrações disso, quer nos tribunais, quer nos meios informativos impressos e audiovisuais. É certo que toda a gente – e os profs também – cujos vencimentos tinham sido favorecidos – a dada altura teve que ver esses mesmos largamente reduzidos, com a entrada da Troika, que exigiu soberanamente o pagamento das dívidas do empréstimo clamoroso. Como era por uma causa de Justiça maior, eu achei por bem pagar a parte que me cabia da culpa da nossa ruína e confiei que Passos Coelho acabaria por sanar o problema. Mas não o deixaram continuar e cada vez mais nos apercebemos de que vamos deslizando ruidosamente para o abismo. Porque, sabendo nós que devemos pagar, exigimos só receber, com retroactivos e tudo o mais, manipulados que somos pelos tais sindicatos dos partidos nossos amigos que nos ajudam a cerrar fileiras, partindo à conquista do pão e da paz, actualmente com a bênção do ministro Costa.
Mas Vasco Pulido Valente diz tudo à sua maneira caprichosa, às vezes parecendo estouvada e houve quem se amofinasse, por conta das experiências e decepções pessoais, ao longo destes tempos de bancarrotas contínuas, que não se romperam sozinhas, naturalmente, e criam espectáculos incómodos, que servirão de lições de vida aos nossos jovens. Não há, pois, como escapar ao labéu nunca, está-nos na massa do sangue, nos nossos egoísmos, na educação que, à partida, carece de princípios e de disciplina.

OPINIÃO
Diário
O CDS e o PSD legitimaram os nove anos, quatro meses e dois dias dos professores. E com isso a contagem do tempo perdido durante a troika. O oportunismo e a estupidez desta decisão não têm medida”, escreve Vasco Pulido Valente
4 de Maio de 2019 -27 de Abril: Apetecia-me pôr este anúncio nos jornais e na televisão: Se ler ou ouvir as seguintes expressões: “como eu escrevi”, “como eu já disse”, “como eu previ”, largue tudo e fuja. Trata-se evidentemente de um idiota. E, se reparar bem, há muitos.
28 de Abril: A discussão sobre a lei de bases da Saúde não passa de uma rixa teológica entre o PS e o Bloco. Qualquer reforma tem de começar pelas carreiras médicas, e entendo aqui por “carreiras médicas” as de todo o pessoal da indústria da saúde. É preciso separar cuidadosamente as profissões, graduar as carreiras, dar oportunidades de progressão, de estudo, e de investigação tecnológica e científica. Sem se fazer isto, e sem se pagar bem, tão bem como na Europa, não se faz nada.
Observação. As PPPs são relações contratuais. Qualquer governo pode modificar e rescindir à sua vontade qualquer contrato. Como pode revogar e substituir qualquer lei de bases. A argumentação do sr. Presidente da República presume que existe um mítico contrato “consensual”, que toda a gente respeitará. Esta presunção não é admissível.
29 de Abril: O culto de Arnaut, o “pai do SNS”, irrita-me. Onde pára nessa história um cavalheiro, pelos vistos supérfluo, chamado Mário Soares, que nomeou Arnaut e politicamente o sustentou? Soares cresceu num mundo em que o grande homem de esquerda da Europa era Aneurin Bevan, e o NHS o grande triunfo do socialismo. Para ele, Arnaut estava certíssimo. E Arnaut nunca teria existido se não fosse por esta opinião de Mário Soares.
30 de Abril: Golpe de estado? Parte de um processo que Guaidó inventou? Os peritos não sabem como devem chamar ao que se passa na Venezuela. Em bom português, há um nome técnico para as patéticas correrias de hoje – sargentada. Ou seja, um tumulto popular à mistura com alguma tropa amotinada por sargentos. Não se pode levar aquilo tudo a sério.
O multiculturalismo e a retórica bem pensante que nos cobre não nos deixam ver a realidade das coisas. Mas, tendo visto o que vimos, quem se atreve a dizer que a democracia é possível na Venezuela? Verdade que o centro de Caracas tem lindos prédios e até supermercados e avenidas. Não é por isso que a Venezuela deixa de ser um país sem identidade nacional. Ou que a república bolivariana deixa de ser uma coisa caricata. Ou o chavismo uma imbecilidade lorpa. Guaidó pede eleições e o Ocidente acredita que eleições são o remédio para a velha desordem da Venezuela, uma sociedade frágil, que entrou nos tempos modernos aos trambolhões e que nunca mais se conseguiu endireitar. Os preconceitos que nos rodeiam já se entranharam tanto, por simples contágio, que começamos a perder toda a lucidez.
1 de Maio: Debate entre eurodeputados: uma das cenas mais tristes a que assisti na minha vida. Não percebo por que razão António Costa decidiu dar importância à eleição deste deslavado candidato. Só por si, o Tozé não explica tanto ruído e tanta fúria. E, se explica, o nosso homem continua a confundir a família do Rato com o país.
2 de Maio: O CDS e o PSD legitimaram os nove anos, quatro meses e dois dias dos professores. E com isso a contagem do tempo perdido durante a tróica. O oportunismo e a estupidez desta decisão não têm medida.
Colunisra

COMENTÁRIOS:
nelsonfari, Portela-Loures: qualquer pessoa, minimamente informada, aquando da adesão ao euro, podia vaticinar com grande segurança, a derrocada da economia, ainda antes de 2008. Mas tal não foi percebido pelos "gurus" caseiros (ou não quiseram ver?). Logo, não se pode generalizar a aplicação da idiotia. Os tais "gurus" é que, na verdade, sofreram de idiotia localizada (ou não?). E, em 2019, vemos a economia portuguesa a cada vez dar menos às pessoas que cá vivem. É uma embrulhada monumental com os bancos a comerem a parte de leão. O passado do país pode contar, mas, não só em termos absolutos mas também relativamente aos seus parceiros, está a perder terreno. E vivemos no maior forrobodó com estas lutas partidárias estéreis e que nada solucionam.
Filipe Azyral, Lisboa: Margarida Mano que é Professora e está a negociar, como Deputada, os seus Vencimentos e a Futura Reforma dela...!!!??? Tal qual como a Francisca Van Dunem que é Juíza e está de uma forma Corporativa, como Ministra da Justiça, a negociar os seus Futuros Vencimentos...!!!??? Em qualquer País Civilizado estas Situações seriam Proibidas e Altamente Condenadas...!!!
Fernando Costa, Lisboa: Sobre o SNS e Mário Soares, só mais uma nota: Mário Soares NUNCA utilizou o SNS por si criado. Sempre preferiu ser tratado nos hospitais "dos grandes grupos", tal como, sendo defensor do ensino público, fez fortuna com uma empresa familiar: o elitista Colégio Moderno. Responder
Margarida Paredes, Lisboa 11:02: Concordo com o VPV, com tantas mulheres fortes que Costa podia ter nomeado escolheu um homem "deslavado". Vou votar no LIVRE e no Rui Tavares, um europeísta convicto e crítico que advoga a reformulação da UE.
bento guerra: Convém estudar, antes de mandar bocas. Por duas vezes, o PS aprovou, com os outros, o tempo integral. Ainda ontem a Cristas apresentou perante os jornalistas o Diário da República onde tal está registado, Até o esperto VPV embarca na manobra chantagista e mentirosa do Costa.
Fernando, Coimbra: Caro VPV, que viva muitos mais anos e consiga continuar a pensar e a escrever(-nos)!!!!
Armando Heleno, MOGOFORES (Anadia): Para dissipar dúvidas de sequências que não controlo, o meu comentário é dirigido a Urbi et Orbi.
ana cristina, Lisboa et Orbi: A contagem do tempo dos professores não precisava do psd nem do cds para ser legítima, a menos que tivesse havido uma reforma dos estatutos FP, que não houve. Quanto ao pagamento é matéria de outra ordem. E é simplesmente isso que espelha o diploma assinado pelos 4 partidos. O resto é ficção.
ALRB, às armas, às armas, pela Pátria lutar, contra os LADRÕES marchar, marchar: Assim o entendo também: é ficção. A manobra visa justificar eleições antecipadas antes que o PS, continuando a perder votos como as sondagens indicam, chegue a perder a maioria relativa que tem.
Armando Heleno, MOGOFORES (Anadia): Mas não é ficção a vida de todos aqueles que ficaram despojados dos seus empregos, que tiveram que imigrar e outros que nunca mais os recuperaram aos 50 anos. Os empregados do estado continuaram com os seus, mas querem sempre mais e os outros nem com as sobras ficaram, para acudir ao patrão dos professores. Para não falar de milhares de pequenas empresas que não tiveram hipótese de sobrevivência, mesmo sem trafulhices. O seu radicalismo, para além de demagogo, é irritante e naif.
ana cristina, Lisboa et Orbi: lamento causar-lhe irritação, armando. mas as coisas são o que são. o costa assinou, comprometeu-se e comprometeu-nos.

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