Dos muitos comentadores de JMT. “Gente grossa é outra coisa”. Um “OldeVic” para explicar. Em vão será.
OPINIÃO: O capital político de Pedro
Passos Coelho
Mesmo
que tenhamos tendência para o pessimismo, a verdade é que Passos Coelho e
António Costa foram o melhor que politicamente nos aconteceu no
último quarto de século.
JOÃO MIGUEL TAVARES PÚBLICO,
23 de Maio de 2019
Pode
parecer surpreendente o entusiasmo com que foi acolhida a participação de Passos Coelho na campanha para as europeias. Afinal, há quem nos queira convencer de que ele é o
“cúmplice da troika” e o homem que
a esquerda ama odiar. Mas não há
qualquer surpresa naquela recepção, nem nos ataques que fez ao Governo. É
necessário recuar até 1995 e à derrota do PSD após duas maiorias absolutas de
Cavaco Silva para encontrar outro primeiro-ministro que tenha terminado uma
legislatura com o capital político de Pedro Passos Coelho.
Na
era pós-Cavaco, o que tivemos foi isto: António Guterres, que se afundou no
“pântano”; Durão Barroso, que fugiu para Bruxelas; Pedro Santana Lopes, que se
despenhou da incubadora; e José Sócrates, que foi preso ao regressar de Paris. Entre desistentes, incompetentes e prováveis
delinquentes, não sobra quase nada. Mesmo que tenhamos tendência para o
pessimismo, a verdade é que Passos Coelho e António Costa foram o melhor que
politicamente nos aconteceu no último quarto de século. Sei que a esquerda não
concorda com esta frase (por causa de Passos Coelho), e a direita também não
(por causa de António Costa), mas ela parece-me bastante evidente.
E o que é que Passos Coelho e António
Costa tiveram em comum? Simples: o cumprimento religioso das regras orçamentais
impostas por Bruxelas. E o que é que Passos Coelho e António Costa tiveram de
diferente? Igualmente simples: a forma como geriram a necessidade de impor uma
forte austeridade no país. Na prática, ambos fizeram o que tinham a fazer; em
teoria, fizeram-no com atitudes opostas. A dupla Gaspar-Passos disse sempre ao
que vinha. A dupla Centeno-Costa não só não disse como desdisse. Os primeiros
optaram pela frontalidade (por vezes a roçar a ingenuidade política). Os
segundos optaram pela dissimulação. É uma grande diferença.
Mas
essa diferença tem a vantagem de distribuir dividendos com o passar do tempo.
Aproveitando a presença de Passos Coelho na campanha, Paulo Rangel não
perdeu a oportunidade de enfiar mais uma canelada ao PS: “Não somos os
socialistas, não precisamos de esconder os nossos antigos líderes”, disse ele.
Na verdade, até precisam: Durão Barroso está no seu exílio dourado na Goldman
Sachs, e Santana Lopes decidiu mudar de partido. Ainda que por razões
distintas, nenhum deles é especialmente recomendável, nem o PSD os anda a
exibir na lapela. Já o estatuto de Passos é outro. Ele acabou por
afastar-se da liderança do PSD tarde e desgastado, mas saiu pela porta
grande, com um imenso prestígio acumulado no partido, que reconhece o seu
esforço e sacrifício nos anos de chumbo 2011-2014, e a vitória nas eleições
legislativas de 2015, que tinham tudo para correr mal.
Jerónimo de Sousa, em registo
marxista-leninista, veio logo a correr afirmar que Passos Coelho “tem pouco com
que se gabar, tendo em conta o que fez ao nosso povo”. A saber: “Infernizou a
vida a milhões de portugueses, com as sequelas de desemprego, emigração,
injustiça e empobrecimento.” Nós
conhecemos a cassete. Mas não somos parvos. Toda a gente sabe que quem nos
empurrou para esse inferno foi o Governo socialista de José Sócrates, e que Passos Coelho, mesmo cometendo muitos
erros, fez o mais importante (a saída limpa), deu mostras de uma enorme coragem
(a queda do BES) e nunca perdeu o sentido de Estado (a crise do “irrevogável”).
Estas não são qualidades que se encontrem facilmente por aí — e muitos
portugueses sabem-no muito bem.
Jornalista
COMENTÁRIOS
Conde do Cruzeiro, Assinante. 23.05.2019: "O programa eleitoral de Governo que agora
apresentamos aos Portugueses é a Missão para o período de 2011--2014" Deve
de ser a este panfleto, que o comentador JMT se refere como capital politico do
PPC.
OldVic, Música do dia: "Murmurando"
(Jacob do Bandolim) Liberdade para a Venezuela!23.05.2019 Não, refere-se à saída da bancarrota,
regresso ao crédito, recomeço do crescimento económico e vitória nas
legislativas de 2015. … Subscrevo a sua avaliação de Passos, fico com dúvidas
sobre a sua avaliação do bom senso dos portugueses, sobretudo se os entendermos
como um todo. As sondagens continuam a indicar que a maioria do eleitorado se
deixa enganar por mentiras que estão à vista de todos…. O "Pafioso Mor" evitou a bancarrota do Estado,
recolocou a economia em crescimento, recuperou o acesso normal aos mercados, e
mesmo depois de passar 4 anos a limpar a sujeira alheia conseguiu ganhar as
legislativas. Isto não são cenários hipotéticos de ficção científica em
universos paralelos, são factos.
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