sexta-feira, 24 de maio de 2019

Críticas, críticas…



Dos muitos comentadores de JMT. “Gente grossa é outra coisa”. Um “OldeVic” para explicar. Em vão será.
OPINIÃO: O capital político de Pedro Passos Coelho
Mesmo que tenhamos tendência para o pessimismo, a verdade é que Passos Coelho e António Costa foram o melhor que politicamente nos aconteceu no último quarto de século.
JOÃO MIGUEL TAVARES      PÚBLICO, 23 de Maio de 2019
Pode parecer surpreendente o entusiasmo com que foi acolhida a participação de Passos Coelho na campanha para as europeias. Afinal, há quem nos queira convencer de que ele é o “cúmplice da troika” e o homem que a esquerda ama odiar. Mas não há qualquer surpresa naquela recepção, nem nos ataques que fez ao Governo. É necessário recuar até 1995 e à derrota do PSD após duas maiorias absolutas de Cavaco Silva para encontrar outro primeiro-ministro que tenha terminado uma legislatura com o capital político de Pedro Passos Coelho.
Na era pós-Cavaco, o que tivemos foi isto: António Guterres, que se afundou no “pântano”; Durão Barroso, que fugiu para Bruxelas; Pedro Santana Lopes, que se despenhou da incubadora; e José Sócrates, que foi preso ao regressar de Paris. Entre desistentes, incompetentes e prováveis delinquentes, não sobra quase nada. Mesmo que tenhamos tendência para o pessimismo, a verdade é que Passos Coelho e António Costa foram o melhor que politicamente nos aconteceu no último quarto de século. Sei que a esquerda não concorda com esta frase (por causa de Passos Coelho), e a direita também não (por causa de António Costa), mas ela parece-me bastante evidente.
E o que é que Passos Coelho e António Costa tiveram em comum? Simples: o cumprimento religioso das regras orçamentais impostas por Bruxelas. E o que é que Passos Coelho e António Costa tiveram de diferente? Igualmente simples: a forma como geriram a necessidade de impor uma forte austeridade no país. Na prática, ambos fizeram o que tinham a fazer; em teoria, fizeram-no com atitudes opostas. A dupla Gaspar-Passos disse sempre ao que vinha. A dupla Centeno-Costa não só não disse como desdisse. Os primeiros optaram pela frontalidade (por vezes a roçar a ingenuidade política). Os segundos optaram pela dissimulação. É uma grande diferença.
Mas essa diferença tem a vantagem de distribuir dividendos com o passar do tempo. Aproveitando a presença de Passos Coelho na campanha, Paulo Rangel não perdeu a oportunidade de enfiar mais uma canelada ao PS: “Não somos os socialistas, não precisamos de esconder os nossos antigos líderes”, disse ele. Na verdade, até precisam: Durão Barroso está no seu exílio dourado na Goldman Sachs, e Santana Lopes decidiu mudar de partido. Ainda que por razões distintas, nenhum deles é especialmente recomendável, nem o PSD os anda a exibir na lapela. Já o estatuto de Passos é outro. Ele acabou por afastar-se da liderança do PSD tarde e desgastado, mas saiu pela porta grande, com um imenso prestígio acumulado no partido, que reconhece o seu esforço e sacrifício nos anos de chumbo 2011-2014, e a vitória nas eleições legislativas de 2015, que tinham tudo para correr mal.
Jerónimo de Sousa, em registo marxista-leninista, veio logo a correr afirmar que Passos Coelho “tem pouco com que se gabar, tendo em conta o que fez ao nosso povo”. A saber: “Infernizou a vida a milhões de portugueses, com as sequelas de desemprego, emigração, injustiça e empobrecimento.” Nós conhecemos a cassete. Mas não somos parvos. Toda a gente sabe que quem nos empurrou para esse inferno foi o Governo socialista de José Sócrates, e que Passos Coelho, mesmo cometendo muitos erros, fez o mais importante (a saída limpa), deu mostras de uma enorme coragem (a queda do BES) e nunca perdeu o sentido de Estado (a crise do “irrevogável”). Estas não são qualidades que se encontrem facilmente por aí — e muitos portugueses sabem-no muito bem.
Jornalista
COMENTÁRIOS
Conde do Cruzeiro, Assinante. 23.05.2019: "O programa eleitoral de Governo que agora apresentamos aos Portugueses é a Missão para o período de 2011--2014" Deve de ser a este panfleto, que o comentador JMT se refere como capital politico do PPC.
OldVic, Música do dia: "Murmurando" (Jacob do Bandolim) Liberdade para a Venezuela!23.05.2019 Não, refere-se à saída da bancarrota, regresso ao crédito, recomeço do crescimento económico e vitória nas legislativas de 2015. … Subscrevo a sua avaliação de Passos, fico com dúvidas sobre a sua avaliação do bom senso dos portugueses, sobretudo se os entendermos como um todo. As sondagens continuam a indicar que a maioria do eleitorado se deixa enganar por mentiras que estão à vista de todos…. O "Pafioso Mor" evitou a bancarrota do Estado, recolocou a economia em crescimento, recuperou o acesso normal aos mercados, e mesmo depois de passar 4 anos a limpar a sujeira alheia conseguiu ganhar as legislativas. Isto não são cenários hipotéticos de ficção científica em universos paralelos, são factos.

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